Cartão vermelho antes do jogo #nasdaq100
Nunca uma primeira-ministra britânica ficou tão pouco tempo como Liss Truss, como mostra a ilustração a seguir. Também vale ressaltar que George Canning teve a infelicidade de morrer subitamente no cargo e Frederick Robinson foi escolhido a contragosto para sucedê-lo e renunciou em lágrimas, enquanto Andrew Bonar Law renunciou ao ser diagnosticado com uma doença terminal. Para um primeiro-ministro com boa saúde chegar e ser forçado a sair tão rapidamente por motivos puramente políticos, e não pessoais, é sem precedentes.
John Authers traz uma boa explicação do que ocorreu em tão pouco tempo.
Truss renunciou, ao que parece, porque lhe disseram que não
poderia continuar. A perda de autoridade demonstrada quando os parlamentares
conservadores lutaram entre si na noite de quarta-feira provou ser a gota
d'água. Ela já não é a líder do partido, mas continuará no cargo até que seu
sucessor seja escolhido.
As regras para a escolha desse sucessor foram revisadas às
pressas para minimizar o risco de que os conservadores cometam mais um erro
embaraçoso. Este novo sistema força um fim de semana especialmente longo de safadezas
em Westminster. Atualmente, o ex-chanceler Sunak parece certo de ganhar 100
indicações, enquanto Penny Mordaunt, atualmente líder da Câmara dos Comuns,
também deve ganhar o mesmo.
Para os mercados, Mordaunt ou (particularmente) Sunak seriam
bons. Eles provavelmente poderiam montar um gabinete confiável, restabelecendo
algumas das baixas de anos de lutas internas pós-Brexit. Uma ressurreição de
Johnson ou um candidato de direita pode abrir caminho para ainda mais lutas e
instabilidade, e aumentar ligeiramente o risco de outro acidente financeiro. A
forte probabilidade de o Partido Trabalhista formar o próximo governo daqui a cerca
de dois anos permanece inalterada. Se o partido evitar erros, deve realmente
ser capaz de vencer as pessoas que nos trouxeram a palhaçada do mês passado.
O que esperar para a economia?
O ponto crítico aqui é que a política está quase fora da
equação. O desastre atual significa que não haverá grandes movimentos políticos
por um tempo. Enquanto isso, os tecnocratas estão de volta ao comando. Isso
significa uma mistura pouco apetitosa de política fiscal austera e
(possivelmente) uma política monetária mais frouxa do que se esperava.
A lição crítica desta crise, porém, é que os mercados
financeiros criam a realidade em que os ministros das Finanças têm de viver. Se
a moeda está em baixa histórica e as taxas de juros dispararam, isso muda o que
é possível. A reação dos mercados ao desejo declarado de Kwasi Kwarteng de
ignorá-los foi uma profecia autorrealizável. Era seu trabalho como chanceler
entender isso, e ele não o fez. Isso é significativo porque houve falhas de
mercado – na forma de um enorme e invisível acúmulo de alavancagem no sistema
previdenciário – que veio a distorcer a realidade que os mercados impunham ao
país.
Isso significa que a Grã-Bretanha entregou sua soberania não
a um superestado europeu, mas aos mercados de capitais internacionais? Não, mas
quem dirige uma economia aberta e capitalista precisa viver com os julgamentos
dos mercados. É difícil pensar em algo como os mercados forçando a saída de um
primeiro-ministro em seis semanas, mas há muito tempo impõem disciplina aos
políticos em todo o mundo emergente. Há uma década, Espanha, Portugal, Irlanda,
Itália e Grécia sofreram mudanças de governo em resposta à crise de confiança
em sua dívida soberana. Eles já haviam entregado mais de sua soberania ao
desistir de imprimir sua própria moeda, mas a dinâmica do que aconteceu com Liz
Truss não é tão diferente das crises da periferia da zona do euro.
Até agora, pode ter havido a impressão de que o Brexit
liberaria a Grã-Bretanha para fazer coisas como grandes cortes de impostos não
financiados. A UE nunca foi um impedimento para isso, mas os mercados de
capitais ainda são. Em vez de deixar a UE, a Grã-Bretanha poderia ter se
comportado com maior independência econômica ao tomar medidas sérias para
regular seu setor financeiro e livrá-lo do tipo de estruturas opacas nos fundos
de pensão que quase derrubaram a economia. O país ainda teria de enfrentar a
relutância do mercado em financiar empréstimos excessivos; mas provavelmente
não teria que lidar com um quase colapso em resposta a um movimento fiscal que
não era tão grande. E as dificuldades para o primeiro-ministro provavelmente
não teriam sido terminais.
Livrar-se do demônio da alavancagem excessiva é um trabalho
árduo e chato, principalmente depois de uma década em que as baixas taxas de
juros o incentivaram. Este não é um caso de financistas perversos. Os
incentivos funcionam e eles estão seguindo os incentivos que as autoridades
lhes dão. Mas se você quer assumir o controle, precisa enfrentar a árida tarefa
da regulação financeira. Essa é uma lição que todos os outros deveriam levar a
bordo.
Eu concordo plenamente com Authers quando diz que os
mercados financeiros criam a realidade e qualquer tentativa heterodoxa mirabolantemente
é fadada ao insucesso, não existe milagre. Por outro lado, ou Liz Truss é muito
ingênua acreditando que poderia propor uma miragem econômica diminuindo os
impostos num momento em que a inflação na Inglaterra é superior a dois dígitos,
ou não entende absolutamente nada de economia — o que já seria uma razão para
não ter sido escolhida.
Porém ela não tem toda a culpa; a principal foi o grande erro cometido no evento denominado de Brexit, uma escolha que colocou o país em trajetória descendente, cuja solução é mais sofrimento sem aparente solução. Não é para menos que a Grã-Bretanha vem observado períodos cada vez mais curtos para os primeiro-ministro, indicando ser missão impossível crescer num cenário onde as empresas estão mudando seu domicílio, não sobrando nem o setor financeiro que ocupa o segundo lugar em termos mundiais de importância e movimentação financeira. Mas não teve jeito, a primeira-ministra Liz Truss levou cartão vermelho antes do jogo começar.
Mas que beleza o sistema de primeiro-ministro. Nesse sistema não é necessário esperar quatro longos anos quando um político é colocado no poder e resolve fazer experimentos fora da realidade. Lógico que o parlamento não tem um Centrão que troca favores por qualquer aprovação. Também é necessária uma população esclarecida que opta por políticos segundo suas visões.
Mudando de assunto, mas mantendo o sempre recorrente, como saber quando a bolsa vai bater na mínima? O banco JPMorgan apresentou uma constatação que merece acompanhamento. Comenta que as ações tendem a atingir um fundo muitos meses antes das vítimas da recessão, onde considera as vítimas: lucros, emprego e crescimento. Coletou a história para esses indicadores que se encontram a seguir.
No post extra-para-o-fim-de-semana fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “ é fundamental que saibamos qual dos dois caminhos a bolsa vai trilhar: O laranja vai dar um grau de segurança maior que a mínima já ocorreu (não é certeza absoluta); já o azul não seria nada bom, pois além de indicar novas mínimas aumenta a chance do cenário de queda mais severo” ...
Continuamos com um quadro muito semelhante ao da semana anterior, entretanto a chance de a mínima ter sido atingida diminuiu. No gráfico diário não fica perceptível, porém em janelas menores se nota melhor.
Como mostrado acima no gráfico, espero uma queda até 9.800 equivalente a 15% de queda caso atinja o nível apontado em amarelo a 11.500. Caso atinja esse patamar devo me entreter com um trade de venda da bolsa. Acompanhe o Mosca.
O SP500 fechou a 3.752, com alta de 2,37%; o USDBRL a R$ 16,05 com queda de 1,07%; o EURUSD a € 0,9860, com alta de 0,82%; e o ouro a U$ 1.654, com alta de 1,69%.
Fique ligado!
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