Autoritarismo Tupiniquim # usdbrl

No Brasil muito se tem falado do risco de progredirmos para um sistema autoritário. O motivo são as atitudes que o atual presidente tomou, bravateando que vai usar o exército caso ocorra algo que não considere “natural” (ou diferente de seus desejos?). Sua tara são as urnas eletrônicas, onde elucubra que irá ocorrer violação dos votos. Não sei se é verdadeiro seu temor— acho que não pois na eleição passada ganhou o primeiro turno —, mas é indiscutível que o voto físico é mais passível de verificação (e de fraude também).

Neste final de semana terminou o 20º Congresso do partido comunista na China, onde Xi Jinping se tornou o líder mais poderoso desde Mao Tsé Tung, garantindo seu terceiro mandato e trocando diversos membros que não seguiam muito seus pensamentos por outros mais na sua linha, o que indica que o estado autoritário ganhará ainda mais poder.

A Bloomberg destacou que um certo sentimento de exasperação varreu os mercados chineses quando o presidente Xi Jinping passou a preencher os cargos de liderança com seus aliados, com as ações encerrando seu pior dia em Hong Kong desde a crise financeira global de 2008 e o yuan enfraquecendo para a mínima de 14 anos.

O colapso do mercado após o reaparelhamento, que destacou o controle inquestionável de Xi sobre o partido no poder, mostra uma profunda decepção com uma provável continuação das políticas apostadas no Covid Zero e nas empresas estatais. Os gigantes da tecnologia Alibaba Group Holding Ltd., Tencent Holdings Ltd. e Meituan caíram mais de 11%, já que os investidores permaneceram céticos de que Xi e seus aliados buscarão um rejuvenescimento da iniciativa privada.


Os estrangeiros venderam 17,9 bilhões de yuans (US$ 2,5 bilhões) em ações do continente por meio de ligações comerciais com Hong Kong na segunda-feira, um recorde desde os dados desde 2016.

A queda nas ações chinesas contrasta com as ações globais, que tiveram seu melhor desempenho semanal desde julho da semana passada. O índice Hang Seng China está sendo negociado no menor nível em relação ao S&P 500 desde 2001, segundo dados compilados pela Bloomberg.


Mas o que mais pode preocupar para o Brasil foi relato em outro artigo de David Fickling publicado na Bloomberg que sugere um futuro mais lento para as comodities.

Ao longo dos últimos anos, os observadores da China muitas vezes aproveitaram as declarações do primeiro-ministro Li Keqiang para procurar indícios de diversidade ideológica (ou mesmo, em momentos febris, disputa de liderança) entre a elite do país. O quadro de antigos partidários de Xi Jinping revelados como o novo Comitê Permanente do Politburo no fim de semana passado deve colocar essa especulação de lado.

A nova liderança pode não ser tão impassível como alguns a pintaram. Li Qiang, o secretário do partido em Xangai que provavelmente herdará o cargo do não relacionado Li Keqiang, certamente é um tenente de longa data de Xi e o homem que implementou o impopular bloqueio de dois meses da Covid-19 na cidade este ano.

Ao mesmo tempo, ele vem de Wenzhou, a capital não oficial do empreendedorismo do país; tem raízes profundas governando Xangai e suas duas províncias vizinhas, um coração da indústria chinesa inovadora; e cultivou laços com líderes de tecnologia proeminentes, como Elon Musk, da Tesla Inc., Jack Ma, cofundador da Alibaba Group Holding Ltd., e o presidente da Baidu Inc., Robin Li.

O problema para a indústria de commodities é que nenhum dos caminhos à frente parece atraente.

Se o novo Politburo for capaz de infundir na economia chinesa um pouco da genialidade disruptiva das províncias de origem de Li Qiang, isso será negativo para a demanda. Uma mudança para serviços e manufatura de alta tecnologia, embora extremamente necessária, transformará a China em uma economia menos intensiva em recursos.

Se, por outro lado, Li simplesmente agir como o executor da vontade de Xi, sobrará muito pouco impulso no modelo de crescimento que ele tem seguido ultimamente. A força de trabalho da China está encolhendo, seu estoque de capital está superdimensionado para uma economia em seu estágio de desenvolvimento e o crescimento da produtividade vem enfraquecendo há algum tempo.

As importações de petróleo, carvão e minério de ferro da China atingiram o pico em 2020 e mostram poucos sinais de renascimento, apesar da impressão do PIB melhor do que o esperado de segunda-feira (o cobre, um metal importante da nova economia, é uma exceção). Se as mudanças do fim de semana puderem levar a China a um caminho de crescimento mais sustentável econômica e ambientalmente, isso é uma boa notícia para o país – e para o mundo. Uma indústria de recursos que engordou por décadas com seu apetite insaciável por matérias-primas, no entanto, deve tomar cuidado.

Comentei algumas semanas atras que a China estava tendendo para a economia de alta tecnologia em detrimento da elevada participação do setor imobiliário no seu PIB – ao redor de 25%. Essa indicação pode ser vista na forma como esse país conduziu a crise imobiliária que eclodiu no último ano. Essas mudanças feitas agora comentadas nesse sentido tendem a essa direção. O Brasil é muito dependente das comodities na geração de superavit comercial, é verdade que as agrícolas não estariam dentro dessa estratégia, mas as metálicas poderiam sofrer.

No campo geo político é possível que Xi esteja almejando algo mais bélico em relação a Taiwan, as últimas medidas tomadas pelos EUA restringindo a venda de chips estratégicos para a China pode forçar esse país a controlar esse segmento, que se torna mais relevante notando as mudanças efetuadas.

Observando tudo isso se nota o que se pode chamar de autoritarismo padrão, onde as diretrizes ficam na mão exclusiva de uma única pessoa, não a forma tupiniquim que as pessoas imaginam aqui! 

No post o-medo-predomina fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Quais os objetivos desse trade? No caso em que o dólar caia mais forte, seria R$ 4,38 e na outra situação R$ 4,91. Esse é um caso interessante que vale mencionar. Com uma visão mais longa no primeiro caso depois dessa queda (R$ 4,38), deveria haver uma correção para em seguida uma nova queda, ou seja, esse cenário é negativo para dólar num prazo mais longo; já no segundo o dólar estaria em alta até que atinja R$ 6,06. Com essas opções, a princípio, não se deveria sugerir um trade de venda pois tem direções opostas, porém no curto prazo ambas são de queda, razão do trade” ...


Na última sexta-feira atualizei o stop loss para R$ 5,22 apontado na planilha semanal. Confesso que durante a semana fui tentado diversas vezes a zerar a posição, porém fui deixando a onda me levar, já que as cotações foram caindo. Por outro lado, não fiquei torcendo e subi o stop loss pois notava possíveis revezes, como venho enfatizando ultimamente. Hoje não deu outra, o mercado deve estar preocupado com a aproximação de Bolsonaro nas pesquisas mais recentes e temeroso, caso perca, de arrumar confusão na apuração aliado ao mal humor nos mercados emergentes por conta da China. Fomos estopados pela manhã.

Essa correção tem se mostrado mais desafiadora, fornecendo pistas para um lado ou outro que são eliminadas rapidamente.



Vou ficar fora desse mercado até que surja alguma oportunidade. No curto prazo, chamo a atenção para o nível atual ao redor de R$ 5,30 que está ameaçando a linha destacada com o símbolo em verde. Caso o dólar ultrapasse, fico de olho no intervalo entre R$ 5,37/R$ 5,44, sendo que, se esse último for ultrapassado, o “Stop Loss” apontado em vermelho R$ 5,51 vai ser fundamental comprometendo a hipótese de novas quedas.

O SP500 fechou a 3.797, com alta de 1,19%; o USDBRL a R$ 5,3021, com alta de 2,75%; o EURUSD a 0,9872, com alta de 0,12%; e o ouro a U$ 1.649, com queda de 0,46%.

Fique ligada!

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