Encontraram o morto vivo! #ibovespa

 


Depois que as taxas de juros no Brasil tiveram quedas expressivas, ficou famosa a expressão “as viúvas do CDI”. Durante muitos anos sendo o melhor investimento no aspecto risco x retorno, a taxa do CDI perdeu toda sua atratividade ao cair para 2% a.a.

O Mosca alertou em vários posts, muito antes das expressivas quedas, que os investidores deveriam migrar para aplicações indexadas ao IPCA, que rendiam na época ao redor de IPCA + 4% a.a.

Mas recentemente a inflação veio estragar a festa. A partir do segundo semestre do ano passado, os índices medidos pelo IPCA começaram a subir de maneira a tornar a meta de inflação inexequível. O BCB demorou a reagir, acreditando que alta era um fator temporário, desculpa da moda usada em larga escala pelos banco centrais. Como se pode observar na ilustração a seguir, para uma meta de inflação de 4%a.a., equivalente a uma variação mensal de 0,33% a.m., em nenhum mês foi atingido esse nível — ao contrário, o mesmo foi suplantado de forma expressiva.



Muito se comentou que os causadores da alta de preços estavam relacionados à alta do dólar e à elevação dos preços das commodities no exterior. Se esses eram os motivos, a alta de juros seria questionável pelo elevado nível de desempregados: se assim agisse o banco central, uma retração na atividade econômica seria esperada.

Mais recentemente um novo vetor se agregou como fator de elevação. A culpa nesse caso foi São Pedro, que não propiciou chuvas suficientes e ocasionou um elemento de pressão na inflação em função das altas nas tarifas de energia. O gráfico a seguir ilustra que esses fatores foram os principais na elevação da inflação. Diferentemente, porém, de outros países que também sofreram do mesmo mal, a magnitude aqui foi muito superior.



O BCB está reunido hoje e ao final do dia será anunciada a nova taxa SELIC, que se encontra hoje em 6,25%, conforme relata Maria Eloisa Capurro em reportagem na Bloomberg.

O Banco Central do Brasil está pronto para anunciar sua maior elevação da taxa de juros em quase duas décadas, dado o risco de que planos de maiores gastos públicos comprometam os esforços para reduzir a inflação à meta.‎

‎A maioria dos economistas concorda com a necessidade de intensificar uma já agressiva campanha de aperto monetário, mas estão divididos sobre o tamanho do aumento. A maioria dos 47 analistas pesquisados pela Bloomberg espera que a Selic de referência salte 150 pontos-base para 7,75%. Treze projetam um aumento de 125 pontos-base, enquanto cinco ainda preveem um terceiro aumento consecutivo de 1%.

‎O Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, tem motivos para se tornar ainda mais rígido depois que o governo disse que iria burlar as regras de gastos para impulsionar o auxílio aos pobres antes da eleição do ano que vem. A notícia abalou os investidores e levou o real a despencar na semana passada. Também complicou uma perspectiva de inflação que já é pressionada por custos mais altos de alimentos, eletricidade e combustível.


Enquanto a maioria das apostas está em um aumento de taxa de 150 pontos-base, alguns traders estão apostando em um aumento de até 2 pontos percentuais, de acordo com opções negociadas no mercado de ações local. A última vez que os formuladores de políticas apresentaram um aumento de mais de 100 pontos-base foi no final de 2002, quando os mercados entraram em pânico com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. (– Estão antecipando as eleições de 2022? Hahaha ...)

‎Diante dos novos gastos sociais, a visão é que a melhor opção da diretoria do BC é agir com maior pressa nas taxas, mostrando que cumprirá sua promessa de fazer o que for preciso para trazer a inflação de volta à meta. Os preços ao consumidor subiram 1,2% em meados de outubro em relação ao mês anterior, mais do que todas as previsões de uma pesquisa da Bloomberg e o maior resultado para esse período desde 1995. ‎

‎"A falta de confiança nas perspectivas de política de médio prazo deve levar a uma resposta mais agressiva da política monetária pelo Banco Central", escreveu Cassiana Fernandez, economista-chefe do Brasil na ‎JPMorgan Chase & Co.‎ Ela prevê duas subidas consecutivas de 150 pontos-base, seguida por dois aumentos de 100 pontos-base no início de 2022‎

‎Analistas consultados pela autoridade monetária preveem uma alta nos preços ao consumidor de 8,96% este ano e 4,4% em 2022 — acima das respectivas metas de 3,75% e 3,5%. ‎

‎É provável que a autoridade monetária indique o tamanho do aumento do custo do empréstimo a ser anunciado na última reunião do ano em dezembro. As autoridades monetárias também poderiam dar indicações para onde a taxa de juros pode ir em 2022. Analistas olharão para as últimas projeções de preços ao consumidor do banco, bem como qualquer indicação de que o banco está começando a se concentrar mais na inflação de 2023 — um sinal de que está desistindo da meta do próximo ano.

A situação para o BCB se complicou bastante. Não bastasse a alta da inflação que está se disseminando, a decisão tomada pelo presidente Bolsonaro e endossada pelo Ministro Guedes, indicaram ao mercado que o rigor fiscal foi afrouxado, colocando em questão a trajetória da dívida brasileira.

Em termos de investimento, será que o morto ressuscitou voltando o CDI a ser o melhor investimento? Muitos bancos estão sugerindo esse retorno, imaginando que a taxa Selic deva em breve. atingir 10% a.a., ou mais. Aqui existe uma tecnicidade que é necessário explicar. Quando se compra um título de prazo mais longo, por exemplo 5 anos, fixa-se a taxa de remuneração neste momento. Se a partir daí as taxas de juros sobem, significa que se você investir depois da alta terá um retorno mais elevado, o que é bastante lógico.

Esse raciocínio é mais importante nos títulos pré-fixados que nos indexados à inflação, em que a parcela de juros reais é sempre menor que no pré-fixado.

Desta forma, num aumento de juros da Selic, os títulos pré-fixados serão afetados diretamente, enquanto os indexados à inflação não necessariamente o serão — vai depender da expectativa de inflação.

Acontece que os juros reais sofreram substancial alta no decorrer deste ano, ocasionado perdas aos detentores de papeis com remuneração indexada ao IPCA. Por exemplo, a NTNB 2026 estava com juros ao redor de 3% a.a., no início do ano, e agora em 5% a.a. Para os leitores terem uma ideia, o impacto de queda no valor desses títulos adquiridos no início do ano, é de aproximadamente 10%.

O que deveria fazer o investidor neste momento? Se você acredita que estamos numa espiral inflacionaria e que o banco central não vai controlar a inflação, ficar no CDI é sem dúvida mais seguro. Agora, se acreditar que a autoridade monetária vai conseguir controlar a inflação, ficar no CDI só será mais vantajoso até um certo ponto, pois como eu não acredito que a taxa de juros no CDI irá incluir juros positivos além da inflação, em algum momento se deve investir em pré-fixado ou, se quiser ser mais conservador, no atrelado ao IPCA.

O Mosca vai estar de olho e dará a dica sobre esse eventual momento. Por enquanto, fique como o morto que ressuscitou.

No post geração-precoce, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” embora eu não possa descartar totalmente o cenário de alta, a queda foi forte, colocando em xeque essa hipótese. Caso a bolsa continue a queda e ultrapasse o nível de107.520, o cenário que estou trabalhando fica eliminado”



A bolsa brasileira foi muito “machucada” e está tentando ganhar alguma estabilidade. Como havia comentado antes, minha hipótese foi descartada. Trabalho com alguns cenários onde no gráfico a seguir apresento um deles, sem que haja uma grande preferência.

Vamos buscar encontrar algum ponto que nos permita a sugestão de um trade.



No gráfico acima demarquei a área no retângulo onde a bolsa atingiu alguns níveis que podem prenunciar um mínimo. Antes que meu amigo pergunte, não estou sugerindo comprar, apenas ressaltando esse fator. Da mínima atingida esse mês em 102.854, houve um progresso positivo quando observado numa janela menor de 1 hora. De novo não é um indicador de alta apenas que, se alguém se aventurar a comprar, poderia colocar o stop loss em 102.854, que nos níveis atuais, representa um potencial prejuízo de 4,2%.

Para começar a ficar mais animado seria necessário ultrapassar a área balizada em verde 110.300/114.700.

- David, quanto pior pode ficar? Acho que vou dar uma “especuladinha”

Fique à vontade, você já é maior de idade e deveria saber o que faz, se seguir meu stop loss limita sua perda em 4,2%, o que não é pouco. Pelo menos, eu faria com um tamanho menor de aposta.

Em relação ao nível que pode chegar, em outro cenário, quantifico nos seguintes níveis - 98.300/89.600/82.300.

E aí, ficou mais preocupado?

- Puxa que merda! O que teria que acontecer nesse caso?

Como sabe, não vínculo situações a preços, mas seguramente a situação deveria piorar bastante. O mercado rejeitou veementemente o furo no teto seguido a preocupação pela elevação da inflação.

Acho que no pior caso que tal se o Bolsonaro demite Paulo Guedes e resolve assumir a economia? Em todo caso, é melhor não dar a ideia! Hahaha ...

O SP500 fechou a 4.551, com queda de 0,51%; o USDBRL a R$ 5,5425, com queda de 0,43%; o EURUSD a 1,1600, sem variação; e o ouro a U$ 1.796, com alta de 0,19%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Como não sou o André Esteves, só volto para a Bolsa depois do congresso encerrar as votações do IR e dos precatórios. Dessa cartola ainda sai coelho, que pode inclusive fazer o PG pedir as contas com a narrativa que a culpa é do congresso e não do Bolsonaro.

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  2. PG não pede demissão, com o Panamá Papers tendo feito algo errado ou não vai quer ter Bolsonaro do seu lado, no cálculo dele melhor do que ver o Biroliro juntar-se ao coro dos que o esculacham. Que fase!

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