Morte Lenta #usdbrl

 


Outro dia recebi de um banco uma tabela com o retorno de alguns fundos multimercados num horizonte de 7 e 10 anos. Observem a tabela a seguir e notem que, embora o retorno nominal pareça elevado, o indicador mais importante é o índice de Sharpe 1. O único que se salva talvez seja o SPX Raptor, os outros não compensam o risco.


1 Índice Sharpe = (Retorno da carteira – Taxa Livre de Risco) / Volatilidade - A volatilidade deve ser entendida como o risco do ativo avaliado.

Mas vamos ver melhor tudo isso com um exemplo:

Suponha que você quer descobrir o índice de Sharpe do fundo X e tenha os seguintes dados:

·         Retorno anual do fundo (investimento analisado) de 15%

·         Retorno anual da taxa DI (investimento livre de risco) de 10%

·         Volatilidade anual do investimento analisado de 10%

Com esses valores, vamos aplicar a fórmula: IS = (0,15 – 0,10) / 0,10 = 0,5

O resultado final é que para o fundo X o índice Sharpe é 0,5.

Tenho exaustivamente postado esse assunto, pois é um processo para o qual os investidores precisam acreditar nas estatísticas. Uma estratégia com fundos só se torna interessante se houver uma gestão ativa – troca com frequência de fundos, que é muito difícil de executar.

Um artigo de Nir Kaissar na Bloomberg vai além, ao dizer que a era dos fundos mútuos está morrendo. É natural, já que no mercado americano existe ETF para qualquer estratégia, o que não ocorre no mercado brasileiro. Mas garanto a vocês que será uma questão de tempo.

A batalha entre fundos mútuos e fundos negociados em bolsa acabou. Os ETFs ganharam.‎

‎Não foi fácil. ETFs existem há quase três décadas, e quase ninguém notou por muito tempo. O primeiro ETF, State Street's SPDR S&P 500 ETF Trust, estreou em 1993. Em meados dos anos 2000, havia cerca de 350 ETFs, mas a indústria havia reunido apenas US$ 320 bilhões de investidores de 1996 a 2006. Enquanto isso, os fundos mútuos ganharam cerca de US$ 2,3 trilhões no mesmo período, e suas fileiras aumentaram para 6.500 fundos no final de 2006.‎

‎De fato, a indústria de fundos mútuos era um adversário formidável quando os ETFs apareceram. Ela gerou consistentemente dezenas de bilhões de dólares por ano em comissões, principalmente nos caros fundos gerenciados de forma ativa, por isso foi bastante motivada para manter a captação ininterrupta. Ela desfilava seus gestores como estrelas para distrair os investidores de ‎‎evidências crescentes‎‎ de que a maioria deles não consegue atingir seus objetivos. Ela pagava comissões a uma rede de corretores e conselheiros que enchiam as carteiras dos clientes com fundos caros. Também foi uma sorte que a queda das ponto-com em 2000 atingiu as empresas de internet e as ações de crescimento com mais força, poupando gestores ativos que as haviam evitado e protegido seus investidores de grande parte dos destroços. ‎

‎O acidente seguinte não foi tão indulgente, e deu aos ETFs sua grande chance. A crise financeira rasgou os mercados a partir do final de 2007. Os consultores não tinham muito para onde ir, e os fundos mútuos gerenciados ativamente levaram uma surra. Investidores decepcionados começaram a procurar alternativas. "Houve uma enorme corrida ao investimento passivo", me disse Dave Nadig, diretor de pesquisa da ETF Trends. "Os investidores detonaram seus fundos ativos superfaturados e realocaram para os baratos e chatos, depois de queimarem as mãos. Eles também pagaram impostos sobre posições de décadas, dizendo 'basta' ou registrando perdas fiscais reais."‎

‎Os ETFs, com a sua estabilidade de fundos de índices de baixo custo que acompanhavam os mercados amplos, estavam perfeitamente posicionados para dar aos investidores o que eles queriam. Eles levaram mais US$ 300 bilhões em 2007 e 2008, e o dinheiro continuou chegando. Os investidores entregaram US$ 4 trilhões aos ETFs desde 2007 até agosto último, em comparação com US$ 1,6 trilhão para fundos mútuos. E agora existem mais de 2.500 ETFs, enquanto o número de fundos mútuos caiu modestamente para cerca de 6.300 desde 2006.



Olhando para trás, é de se espantar que os investidores levaram tanto tempo para descobrir ETFs. Embora sejam quase idênticos aos fundos mútuos, os ETFs diferem de duas maneiras que lhes dão uma vantagem clara. Uma é o custo. A taxa média de despesas para os ETFs com sede nos EUA é de 0,5% ao ano, em comparação com 0,93% em todas as classes de fundos mútuos de ações. A economia pode somar dezenas de milhares de dólares ou mais ao longo da vida de um investidor.

(No caso do Brasil a grande maioria dos fundos cobra performance fee, que é uma taxa que diminui o rendimento quando o fundo ultrapassa o benchmark definido. Nos fundos de ações, o benchmark é normalmente o Ibovespa, enquanto nos multimercados é o CDI.)

Negociar como ações é a outra vantagem. Os ETFs negociam o dia todo, então os investidores veem o preço quando compram e vendem. Os fundos mútuos, por outro lado, são precificados no final do dia pelo valor líquido do ativo (NAV) do fundo, ou o valor de suas participações no mercado fechado. Os investidores devem, portanto, fazer negociações sem saber o preço, o que pode resultar em surpresas indesejadas em dias voláteis.

(No caso brasileiro não é incomum ter prazos de resgate superiores a 30 dias, o que torna o valor de resgate uma loteria.)

A queda provocada pelo Covid-19 no ano passado acelerou ainda mais os fluxos para os ETFs. Eles acolheram cerca de US$ 1,1 trilhão entre 2020 e agosto, em comparação com apenas US$ 24 bilhões para fundos mútuos. E essa tendência provavelmente aumentará. Os ETFs expandiram sua programação desde a crise financeira para incluir todos os estilos concebíveis de investimento — essencialmente, qualquer coisa que os fundos mútuos possam fazer, os ETFs agora podem fazer mais barato — e os ETFs de criptomoedas provavelmente não estão ‎muito longe.‎ Eles até têm a Cathie Wood da ARK Invest, provavelmente a única estrela que restou.‎

Na verdade, as empresas de fundos mútuos podem estar desistindo. Mais delas estão ‎lançando‎ seus próprios ETFs ou ‎convertendo‎ fundos mútuos existentes em ETFs em resposta à crescente demanda. Instituições e grandes investidores estão cada vez mais se voltando para ETFs. A família Walton, a mais rica do mundo, ‎revelou‎ US$ 5 bilhões em participações em junho, quase todas investidas em ETFs de ações e títulos.

Os consultores financeiros estão cada vez mais substituindo fundos mútuos por ETFs em carteiras de clientes. É uma maneira fácil de reduzir as taxas gerais dos clientes sem ter que cortar as suas próprias. É também uma maneira de atrair investidores mais jovens que ‎‎preferem‎‎ ETFs a fundos mútuos e estão para herdar‎ a maior transferência de riqueza da história.

‎Mesmo assim, os fundos mútuos estarão aí por um bom tempo. Ainda há mais de US$ 17 trilhões em fundos mútuos gerenciados ativamente, e as empresas de fundos não têm pressa em renunciar aos mais de US$ 100 bilhões por ano que geram em taxas.

‎Mas o futuro quase certamente pertence aos ETFs. A era de décadas de fundos mútuos caros e de baixo desempenho está terminando, e já não era sem tempo.

O mercado americano está muito mais avançado nessa questão; com um viés antigo mais voltado para ações, essa migração faz mais sentido. Em contrapartida, as taxas cobradas no mercado brasileiro estão totalmente fora do que ocorre no exterior, e com o mercado mais sofisticado e a geração jovem que prefere fazer suas escolhas usando seu celular, não tenho muitas dúvidas de que daqui a 10 anos os ETF brasileiros irão ter um peso muito maior que hoje. Se quiser se antecipar, ligue para seu banco para conhecer o que existe, ou pesquise no site da B3 etfs-listados.

No post por-traz-da-evergrande, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” a forma como esse movimento vem se sucedendo está de acordo com o denominado em Elliot Wave como ending diagonal. Agora, faltaria romper o nível estabelecido de R$ 5,4750, do qual se encontra próximo. Já a parte inferior o dólar não deveria recuar abaixo de R$ 5,1150” ...



O dólar acabou ultrapassando a barreira estabelecida acima, porém sem que houvesse um ganho de momentum, foi “devagarzinho”. Isso não descarta meu cenário, mas seria esperado um movimento mais pujante. Continuamos com o objetivo traçado anteriormente, mas sem deixar de frisar que não existe um grau de convicção muito grande. Por exemplo, seu tivesse que assumir alguma posição, colocaria stop loss bastante curtos.



Como comento, eu tenho na maioria das vezes cenários alternativos. Agir dessa forma me permite uma flexibilidade maior caso o cenário básico se mostre errado. As vezes são coincidentes, ou seja, na mesma direção, ou em certas circunstâncias divergentes. No primeiro caso, existe uma menor preocupação enquanto na segunda necessita mais diligência. No caso do dólar, eu não revelei a vocês, porém é possível uma situação em que o movimento atual desemboque numa queda do dólar de mais longo prazo.

- Epa David, escondendo o jogo? Assim, perco a confiança!

Não é o caso. Veja, se eu tiver que colocar todas as alternativas no Mosca, você vai ficar muito confuso e talvez isso te paralise — afinal, você não é especialista em análise técnica. Prefiro escolher o cenário mais provável e alertar dos riscos caso esteja errado.

Muito bem, se o dólar continuar subindo vamos ficar de olho nos níveis R$ 5,65/R$ 5,70. Não se preocupe, como eu sei que no seu caso você não larga do meu pé, e lê o Mosca com inside information, vai saber de antemão quando isso ocorrer. Para os outros leitores, sigam o Mosca!

O SP500 fechou a 4.361, com queda de 0,69%; o USDBRL a R$ 5,5377, com alta de 0,55%; o EURUSD a 1,1530, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 1.753, com queda de 0,17%.

Fique ligado!

Comentários