Modismos do mercado #ouro

 


Quando eu comecei a publicar o Mosca, o assunto que mais se ventilava era o ouro. Em 2011 depois que os governos resolveram enfrentar a grande recessão através da emissão de moeda —quem acompanha o Mosca lembra das inúmeras citações sobre o dinheiro do helicóptero. O grande receio naquele momento era que o dólar iria virar pó. Eu inclusive instituí um serviço de retirada desse “pó” para quem não queria mais a moeda americana.

O ouro chegou à cotação máxima de U$ 1.920 justamente nesse período. Depois de um tempo —quando as cotações caíram, lógico — deixou de ser notícia. Poderia citar outras tantas, como o bitcoin — esse ainda permanece na mídia, embora não tanto como no final de 2017.

Hoje em dia o assunto da moda é inflação, ou estagflação, uma forma mais perversa da elevação de preços com queda da atividade econômica. Até hoje não vi ninguém definir esse estado com dados concretos, do tipo inflação de x% e atividade em y% equivale uma economia em estagflação.

O gráfico a seguir chamou muito minha atenção. Nele está espelhada a taxa de juro real considerando 2 parâmetros: o Fed funds, irmão mais velho do CDI brasileiro, e a taxa dos títulos do governo de 10 anos. Notem como a partir de 1980 elas vêm decrescendo de forma contínua, sendo que a queda mais recente se deve à alta da inflação em confronto com a política monetária adotada pelo Fed.



É verdade que na última década o crescimento não foi lá essas coisas, o que conceitualmente implica em juros reais baixos. Mas talvez seja outro o motivo: o excesso de capital disponível num mundo que não precisa mais de tanto capital. Vocês devem lembrar minhas citações nesse sentido, quando exemplifiquei as startups como meia dúzia de jovens numa sala em casa — agora, depois da pandemia — criando inovações que desafiam os grandes conglomerados.

Hoje participei de um call do JPMorgan sobre tecnologia e cada vez que isso acontece fico bastante excitado com as inovações que estão surgindo. Segundo seu apresentador citou, a Microsoft estima que o volume total investido em tecnologia, nos últimos anos em 5% do PIB, deverá atingir 10% do PIB nos próximos 10 anos.

Depois do call, fiquei pensando no aumento de produtividade que toda essa inovação está trazendo. Não acredito que os modelos consigam capturar, por exemplo, o fato de eu estar participando desse evento do meu escritório sem precisar me locomover para outro país, o que não iria ocorrer se fosse a única forma de assistir. E isso é apenas um simples exemplo.

Será que a inflação — ou a estagflação, da forma clássica como é conhecida —será desafiada pela revolução digital que vivemos? Recebo diariamente vários relatórios indicando que a inflação não é temporária — sendo assim, o Fed já deveria ter agido.

Entre ontem e hoje, os principais indicadores americanos foram publicados: o CPI — índice de inflação ao consumidor — um pouco mais alto; o PPI — índice de inflação ao produtor — um pouco mais baixo; e o mercado de juros ficou praticamente estável.

Um indicador importante para avaliar como o mercado está interpretando a situação atual é a diferença entre os juros dos títulos de 10 anos menos o de 2 anos — já comentei sobre isso no passado. Por esse ponto de vista, o mercado não espera que o cenário seja de estagflação, pois se esse fosse o caso, o diferencial deveria estar subindo e não caindo como ocorreu. Em outras palavras, espera-se que o Fed vá subir os juros em breve, e que não espera estagflação.



Acredito que ninguém consegue dizer com um mínimo de convicção o que vai acontecer com a inflação, e aqui não quero dizer inflação benigna ao redor de 2%, um pouco para cima ou um pouco para baixo. Observar os níveis de curto prazo e projetar é um pouco arriscado, com todos os problemas ocorridos pela parada brusca das economias mundiais de forma discricionária, em função da política de cada governo. Melhor ficar sem opinião e atento ao que ocorre, pode ser que daqui algum tempo se esqueça a estagflação ou ela seja manchete de todos os diários econômicos.

No post httpeconomistas-acertam-2-vezes fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Os parâmetros calculados levam o ouro ao nível de U$ 1.575, onde se espera ocorra uma reversão. Agora, precisa combinar muito bem com os russos, pois existem vários pontos a serem observados. Enquanto isso permanecemos como observadores” ...



Se eu tivesse de combinar com os russos, a bola deveria ser passada conforme a linha verde do gráfico a seguir — notem que está tão detalhado que termina com a bola no gol adversário! Hahaha ..., mas combinar com os russos nem sempre ou quase nunca é confiável. Sendo assim, anotei o nível de U$ 1.833 onde teria que refazer essa última sequência.



- Opa David, até que enfim algo de útil, dá para ganhar uma graninha vendendo o ouro.

Você tem razão, do ponto de vista risco x retorno, se pode vender o ouro a U$ 1.805 com o stop loss 1.834, um pouco menos de 2% de perda, com um potencial ganho de 10%. Não é muito meu estilo, mas vamos nessa, sugiro vender ½ da posição normal nesses parâmetros. Boa ideia!

O SP500 fechou a 4.438, com alta de 1,71%; o USDBRL a R$ 5,5172, sem variação; o EURUSD a 1,1595, sem variação; e o ouro a U$ 1.796, com alta de 0,21%.

Fique ligado!  

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