O Paraíso #ibovespa

 


Em qualquer lugar do planeta, o Mosca poderia usar o mesmo tema para 2022. Não existe noticiário onde a alta de inflação não é apontada como um problema para os governos. O gráfico a seguir dá uma dimensão de como esse indicador saiu do controle.



Um trabalho extenso elaborado pelo JPMorgan busca encontrar as mudanças ocorridas desde a eclosão da pandemia. Uma tendência importante que estamos monitorando: o aumento nos gastos com bens versus serviços que desencadeou a confusão na cadeia de suprimentos. Nos EUA e na Europa, já estamos vendo uma mudança de volta para serviços e o crescimento de estoque já contribuiu para o crescimento do PIB dos EUA no terceiro trimestre de 2021. Mas enquanto isso a pressão inflacionária está se ampliando.



Essa é mais uma mudança de comportamento que pegou os mercados no contrapé. Durante os últimos anos os consumidores vinham substituindo a compra de jeans por telefone celular, e de repente eles mudaram radicalmente sua preferência, criando um excesso de demanda não projetada em nenhum modelo.

Além deste fator, a mão de obra, principalmente no mercado americano, atingiu o nível de pleno emprego em dezembro último. O trabalho elaborado pelo JPMorgan elenca os motivos que dariam razão aos céticos que ainda usam os parâmetros históricos. Na ilustração a seguir a queda do participation rate pode justificar porque não voltaria para os padrões anteriores.



Esses fatores são globais, tendo em vista o modelo de produção just in time e a globalização que imperava: o movimento das empresas em busca de mão de obra mais barata faz essa pressão bater à porta de todos os países.

Mas, pasmem vocês, existe um país que a inflação está contida a níveis antigos — e não é pequeno não, é a segunda economia do mundo. De novo a China! Não só seu banco central não planeja subir os juros, mas, ao contrário, essa inflação mais baixa permite uma ação no sentido da queda dos juros — afinal, o setor imobiliário está em frangalhos. Segue o artigo a respeito publicado pela Bloomberg.

As pressões inflacionárias na China amainaram em dezembro, dando espaço ao banco central para cortar as taxas de juros e amortecer a desaceleração da economia, bem na hora em que a maioria das principais nações procuram apertar sua política. ‎

‎O índice de preços ao produtor subiu 10,3% em relação ao ano anterior, abaixo dos 12,9% de novembro, enquanto o índice de preços ao consumidor aumentou 1,5%, em comparação com 2,3% em novembro. Ambos vieram abaixo do que os economistas esperavam.‎




 A surpresa da inflação agrega impulso ainda maior aos apelos  pelo primeiro corte do Banco Central em sua taxa básica de juros a partir de abril de 2020, possivelmente já na próxima semana. As autoridades mudaram para um viés mais pró-crescimento este ano, com as perspectivas ameaçadas por uma queda no mercado imobiliário e surtos repetidos de vírus.

‎O Banco Popular da China poderia reduzir o custo dos empréstimos de médio prazo — uma taxa básica de sua política — já na próxima semana, de acordo com o estrategista de moedas do Scotiabank Qi Gao. Ele prevê uma redução de 5 a 10 pontos-base de 2,95%.

Um corte de taxa colocaria o PBOC em um ‎‎caminho divergente‎‎ em relação ao Federal Reserve dos EUA, que deve começar a elevar as taxas de juros para conter a inflação mais forte em quatro décadas.

‎O governo da China tomou recentemente uma série de medidas para conter o aumento da inflação dos preços à indústria, aumentando o fornecimento de commodities-chave e reprimindo a especulação. Há ‎‎sinais de que‎‎ esses passos podem estar tendo o efeito desejado. ‎

‎A inflação ao consumidor também permanece contida, em grande parte devido ao efeito superdimensionado da queda dos custos com carne suína. Os preços dos alimentos caíram em dezembro, com os preços da carne suína caindo quase 37% e os ganhos dos preços dos vegetais desacelerando.‎


A disseminação de casos de omicron na China permanece uma ‎nuvem‎ sobre a perspectiva de inflação. A China é o maior produtor mundial e consumidor de matérias-primas, e se os surtos continuarem a se espalhar e provocarem mais bloqueios, algumas interrupções do lado da oferta podem ocorrer. Os próximos feriados de Ano Novo Lunar também verão um aumento na demanda por alimentos básicos e, possivelmente, preços mais altos.

‎O pesado Índice ChiNext da China subiu até 2,4% após a divulgação dos dados de inflação, seu maior ganho desde 22 de novembro. O medidor vinha caindo todos os dias desde o ano novo.‎

‎No ano inteiro, os preços industriais subiram 8,1%, enquanto os preços ao consumidor aumentaram 0,9%. Economistas esperam que os preços ao consumidor cresçam 2,2% em 2022, e os preços industriais ganhem 4% no ano inteiro, de acordo com as estimativas medianas de uma pesquisa da Bloomberg.

É verdade que a maior contribuição para a estabilidade da inflação é a queda expressiva do preço do porco, alimento muito consumido naquele país. Mas tenho certeza de que o Powell queria um porco por lá nos EUA, pois tiraria a pressão do curto prazo da alta mais generalizada dos bens de consumo. Por sorte ou não, essa situação coloca o banco central chinês numa situação sui generis onde pode até baixar os juros. Um paraíso!

No post diversificação, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Uma oportunidade calculada surge ao redor de 105.200 conforme se pode notar no gráfico a seguir pela confluência de vários pontos nesse patamar. Fique ligado nesse nível se ocorrer” ...



De novo a bolsa brasileira surpreendeu para baixo e as conclusões evidenciadas em gráficos com janelas menores sujeita a mudanças mais frequentes. Hoje na reunião da Rosenberg senti uma “torcida” no ar para que eu dê um call de compra, mas infelizmente minha sugestão é para que esqueçam por enquanto nossa bolsa.

Vou procurar me disciplinar e não criar expectativas também nos leitores focando no gráfico diário. Nessa janela ainda nada feito, por enquanto o movimento ainda é de queda.



Conforme o gráfico acima aponta o próximo objetivo para uma possível reversão se encontra ao redor de 95.000/94.000.

- David, tenho que confessar, estou com uma posição na bolsa e não aguento mais perder. Quando poderia mudar esse estado?

Espero que a posição seja pequena e tenha a maior parte em risco nas bolsas americanas. Se tivesse seguido o Mosca, estaria zerado e nem se preocuparia com o que acontece por aqui. Mas respondendo a sua pergunta, é necessário que seja rompido o canal em amarelo, e o nível de 109.500 ultrapassado. Só depois disso posso estudar algum trade no ibovespa.

Um quadro comparativo de ganhos nas diversas classes de ativos nos últimos anos pode mostrar como a performance dos mercados emergentes (amarelo) permanece mais na rabeira que na dianteira, e veja que o Brasil é um pedaço pequeno desse índice. Em contrapartida a americana está no topo quase todos os anos.



O SP500 fechou a 4726, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,5202 com queda de 0,87%; o EURUSD a 1,1448, com alta de 0,74%; e o ouro a U$ 1.826, com alta de 0,27%.

Fique ligado!

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