Tormenta nas bolsas #SP500

 


Se ontem você ficou sem acompanhar os mercados americanos e no final do dia foi verificar o fechamento, chegaria à conclusão que foi um dia tranquilo com pequena recuperação no final. Agora, se ficou acompanhando durante o dia, observou uma real montanha russa. O mercado abriu em queda e não teve respiro até 12h00, quando o SP500 caía 4%. Daí em diante começou uma recuperação até o fechamento apresentando alta para o dia de 0,28%. Ou seja, entre a abertura, a mínima, e a máxima a bolsa oscilou aproximadamente 10%.

O noticiário de hoje buscou os culpados, e dentre todos os argumentos apresentados, me parece que que os investidores ficaram temerosos com a ação anunciada pelo Fed, que riscou o argumento da inflação temporária, além de anunciar o aumento de juros em conjunto com a diminuição dos ativos em seu poder, tudo isso dentro de um intervalo de 30 dias. Naturalmente, como as bolsas subiram muito nos últimos 3 anos, nada mais lógico que se proteger comprando opções de venda ou vendendo parte da carteira.

Joanna Ossinger e outra relataram essa segunda-feira na Bloomberg da seguinte forma: Estrategistas preveem problemas para as ações dos EUA após grande reviravolta.

A ação do mercado americano de segunda-feira foi mais selvagem do que a maioria em sua história, com o S&P 500 caindo cerca de 4% antes de terminar ligeiramente mais alto. ‎

Embora reviravoltas positivas sejam muitas vezes vistas como um bom sinal, este pode não ser o caso. De acordo com cálculos do Bespoke Investment Group, segunda-feira foi a sexta vez desde 1988 que o Nasdaq recuperou uma queda de 4% para fechar em alta no dia. Em ocasiões anteriores, o medidor de tecnologia teve uma queda mediana de 5,5% um mês depois e uma queda de 7,9% em três meses.‎

‎Enquanto os investidores tentam medir o impacto de tudo, desde o aperto do Fed até o impacto da pandemia e da geopolítica como a Rússia-Ucrânia, os mercados estão se tornando mais voláteis. O Índice de Volatilidade Cboe, ou VIX, fechou quase em 30, em comparação com sua média histórica em torno de 19,5. Os estrategistas rastreados pela Bloomberg ainda altistas, com sua previsão média para o S&P 500 em 4.982 até o final do ano, em comparação com seu fechamento de segunda-feira de 4.410 — mas como o indicador escapou por pouco de uma correção na segunda-feira, muitos observadores do mercado provavelmente estão ponderando suas expectativas.‎


Um outro artigo pela mesma fonte escrito por Akshay Chinchalkar aponta no histórico da nasdaq ocorrências semelhantes.

O ganho do Índice Composto Nasdaq na segunda-feira, após uma queda de quase 5% foi apenas a sexta vez neste século que ocorreu uma reviravolta dessa magnitude. Cada instância levou a uma recuperação bastante acentuada dentro da tendência de baixa predominante. ‎

‎Dados de negociação analisados pela Bloomberg mostram que nas outras cinco sessões desde 2000 que viram o Nasdaq Composite fechar no verde depois de reverter uma queda superior a 4%, o declínio chegou a uma parada e um forte rali se seguiu por alguns dias a algumas semanas. ‎

‎O pregão nos EUA na segunda-feira "teve uma sensação de capitulação de curto prazo", disse Thomas J. Hayes, presidente da Great Hill Capital em Nova York, em comentários enviados por e-mail. Os principais sinais para que um "fundo negociável seja confirmado" virão dos ganhos das empresas de tecnologia e de algumas orientações do Federal Reserve favoráveis ao mercado sobre a redução do balanço, disse ele.‎

As duas primeiras instâncias de recuperação da mesma sessão de mais de 4% vieram no meio da bolha das pontocom de 2000 a 2002. O próximo par apareceu em torno da Grande Recessão em 2007 a 2009. O evento mais recente antes do evento de segunda-feira ocorreu durante a chamada correção de 2015 a 2016, segundo os dados da Bloomberg. ‎

Excluindo a última ocorrência, o Nasdaq Composite subiu em média 3,5% após cinco dias — com o índice também mais alto em todas as cinco instâncias. O ganho médio após 20 dias aumentou para 5,2%, com o benchmark maior em quatro dos cinco casos.

Eu sou mais pragmático nessa questão, ninguém vai saber o que ocasionou essa recuperação em V. Mas alguns pontos podem ser levantados: as bolsas estão em queda já alguns dias, e provavelmente os profissionais venderam a descoberto.

Houve uma capitulação por parte dos investidores individuais —fato corriqueiro nessas situações, como mostra a ilustração a seguir. O pessoal que estava vendido sabe que quando isso ocorre é o momento de zerar suas posições. Provavelmente esse volume não foi suficiente para cobrir o que levou a alta mais forte no final da tarde.

Agora, é mais provável que cada um desses grupos agiram com uma composição desses argumentos, o que também tem pouco valor neste momento. Essa queda foi superior à que eu estava esperando, como será relatado a seguir. Talvez a razão mais simples, e de certa forma esdrúxula, é que tinha mais vendedores que compradores durante esses dias, sendo que não eram do mesmo grupo — os profissionais primeiro, e as pessoas físicas no final. A tarde houve uma série de ordem para zerar.

Como podem ver, nada disso ajuda você decidir o que fazer daqui em diante se você não tiver um plano de voo nem tampouco souber o que os agentes irão fazer!

No post profissão-day-trader, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “As consequências serão um movimento de queda para os próximos dias que pode levar o SP500 a 4.440/4.410 uma queda dos níveis atuais de 4% ou, caso não se sustente o próximo ponto, seria 4.330 uma queda de 6%” ...

A queda acabou acontecendo, porém ultrapassou mesmo o nível mais extremo de 4.330, atingindo ontem 4.222. O que isso pode significar? Primeiro, que a extensão foi maior do que seria o mais “provável “mas não inviabiliza a ideia de alta esperada na sequência; segundo, como a queda foi bastante íngreme, não se pode descartar a hipótese da onda 2 mencionada no post de final de ano tropeço-no-caminho-sp500 estar em curso em função de uma onda 1 que terminou precocemente. O primeiro ainda é o preferido, e vou explicar como poderíamos saber da ocorrência desse segundo.

Como mostrado em laranja no gráfico, uma série de idas e vindas deveria levar o índice ao nível aproximado de 4.100. Sem entrar na tecnicidade, as extensões que ocorreram, bem como sua forma, são bem inusitadas, mas nada que viole alguma regra mais rígida. Se esse for o caso, o mercado deveria recuperar o movimento de alta em algum momento em fevereiro, sendo que os objetivos só poderão ser estabelecidos após a confirmação.

Agora, na segundo alternativa, vamos observar o que ocorre depois que essa queda termine— é aí que, dependendo da configuração, podemos estar no primeiro ou no segundo caso. Se a alta se der em 5 ondas, ok: estamos no primeiro; agora, se for em 3 ondas, deverá acontecer uma nova queda de magnitude semelhante a esta que ocorreu agora.

- David, complicou o meio de campo, não entendi?

É um pouco difícil de explicar para quem não conhece a teoria de Elliot Wave. Mas o que posso adiantar é que a extensão da queda faz com que eu me torne mais cauteloso. Sendo assim, os trades, se forem sugeridos, estarão por enquanto sujeitos a esses dois cenários.

Por outro lado, os leitores não podem ficar totalmente surpresos, pois eu estava (ou estou) aguardando uma correção que deve ocorrer, só não esperava que fosse dessa forma e agora.

O SP500 fechou a 4.356, com queda de 1,22%; o OUSDBRL a R$ 5,4395, com queda de 0,87%; o EURUSD a 1,1303, com queda de 0,17%; e o ouro a U$ 1.847, com alta de 0,25%.

Fique ligado!

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