A Teoria e o Investimento #nasdaq100 #NVDA
As bolsas americanas praticamente completaram o round trip, situação em que se recupera
de uma queda recente. Como comentei durante a semana, o Mosca está
cautelosamente otimista, acreditando que é possível que estejamos rumando a
novas altas – contra todos os argumentos contrários, como veremos a seguir.
Quero destacar que ainda é possível uma retração que se aproxime das mínimas
recentes, mas, se isso ocorrer, seria um bom ponto de entrada. Sugiro
acompanhar o post para se posicionarem.
Aprendi, pela minha experiência, que esperar por argumentos
fundamentalistas para comprar ou vender um ativo normalmente não funciona.
Talvez o melhor exemplo de uma categoria de fundos que nem devem ler o jornal
para tomar decisões sejam os Fundos Quant, definidos da seguinte forma pelo
Investopedia: “Os fundos de investimento quantitativos são aqueles que usam
algoritmos, dados estatísticos e inteligências artificiais extremamente
avançadas para encontrar padrões no mercado que apontam para uma boa oportunidade
de investimento”, ou seja, zero de fundamentos.
Vou fazer um breve resumo de dois artigos publicados pela
Bloomberg por John Authers e Bill Dudley, e por fim o que os fundos Quant estão
prestes a fazer, segundo Natalia Kniazhevich.
John Authers analisa a recente volatilidade nos mercados
financeiros, comparando-a com a crise financeira de 2008. Nas últimas semanas,
houve uma queda acentuada seguida de uma recuperação quase tão rápida,
levantando questões sobre as causas subjacentes. Authers sugere que, embora não
haja uma única explicação para a volatilidade, fatores como o colapso do
"carry trade" (empréstimos em ienes para investir em ativos de maior
rendimento) e a influência de dados econômicos dos EUA e do Japão desempenharam
um papel crucial.
O artigo também destaca a semelhança com a dinâmica de 2008,
em que diferentes mercados começaram a se mover em sincronia, aumentando a
incerteza. A força do iene japonês e o enfraquecimento da economia chinesa são
apontados como possíveis catalisadores dessa volatilidade recente.
A recuperação foi impulsionada por dados econômicos
positivos nos EUA, mas a situação ainda é instável, com a incerteza sobre as
políticas futuras do Federal Reserve e a economia chinesa permanecendo como
fatores de risco. O autor conclui que o atual equilíbrio dos mercados é frágil
e pode ser facilmente desestabilizado por novos eventos.
Comentário meu: John Authers tem uma visão otimista já de
longa data. Eu acompanho seu trabalho devido à qualidade e ao detalhamento de
seus artigos, mas por enquanto ele não conseguiu encontrar uma porta de saída
para suas crenças – espera uma recessão. A queda recente deve ter criado algum
alento, mas a maneira violenta da recuperação o deixou novamente sem direção.
Lógico que não expressa isso diretamente em palavras, mas é fácil de notar.
Nesse artigo citado, ele buscou a Grande Recessão de 2008 e o que ocorreu com o
iene, que, segundo seu gráfico, existe uma certa semelhança ao movimento
recente, criando uma falsa correlação, no meu entender.
O que aconteceu naquele momento e também por alguns dias recentemente foi a busca pelo que se chama nos mercados de Safe Haven [porto seguro]. Essa correlação existe enquanto o receio de uma grande recessão está por vir e se descola quando esse receio retrocede. Portanto, buscar esses dados daquela situação para comparar com o que estamos vivendo é errôneo.
O artigo da Bloomberg escrito por Bill Dudley aborda cinco
grandes questões que o Federal Reserve deve considerar durante a conferência
anual de Jackson Hole. Apesar da expectativa de que o presidente do Fed, Jerome
Powell, possa não oferecer detalhes específicos sobre o próximo movimento nas
taxas de juros, o artigo destaca temas mais amplos que merecem atenção:
1. Política monetária mais preventiva: O Fed deveria ter
começado a remover os estímulos monetários mais cedo durante a pandemia para
evitar a necessidade de políticas mais restritivas depois. Comentário meu: já
aconteceu e nada a fazer sobre isso a não ser guardar como experiência.
2. Meta de inflação mais alta: Alguns sugerem aumentar a
meta de inflação de 2% para 3%, mas Dudley argumenta que isso poderia
desestabilizar as expectativas de inflação. Comentário meu: concordo
plenamente, não seria o momento.
3. Meta de inflação como uma faixa: Introduzir uma faixa de
inflação, como de 1,5% a 2,5%, poderia ajudar o Fed a lidar com pequenas
variações sem a necessidade de ajustar a política monetária. Comentário meu:
uma boa ideia.
4. Compras de ativos (Quantitative Easing): O Fed precisa de
uma estrutura melhor para avaliar os custos e benefícios do QE, especialmente
devido ao impacto no balanço patrimonial do banco central.
5. Taxa dos fundos federais: Dudley sugere que o Fed deveria
parar de focar na taxa dos fundos federais e, em vez disso, usar a taxa de
juros sobre reservas bancárias como referência.
Essas questões não só refletem os desafios atuais do Fed,
mas também apontam para mudanças potenciais na forma como a política monetária
pode ser conduzida no futuro.
Em relação ao movimento que se poderá observar dos Fundos
Quants, Natalia enfatizou que eles estão prestes a desencadear uma onda de
compra no mercado de ações.
A maior liquidação de ações nos EUA desde a pandemia de
Covid-19 chegou ao fim, e agora os fundos quantitativos que seguem tendências
estão prontos para retornar ao mercado de ações.
No último mês, os chamados fundos sistemáticos, que compram
ações com base em sinais de mercado e movimentos de volatilidade, em vez de
fundamentos das empresas, venderam o maior volume em dólares de ações em quatro
anos, de acordo com Scott Rubner, diretor-gerente da divisão de mercados
globais e especialista tático do Goldman Sachs Group Inc.
Mas agora que os mercados se acalmaram, com o Índice de
Volatilidade Cboe (VIX) sendo negociado em torno de 15 e dados econômicos
sinalizando que o Federal Reserve pode estar próximo de alcançar um pouso
suave, espera-se que os fundos sistemáticos voltem a comprar ações.
"Os fundos provavelmente aumentarão a pressão de compra
de forma mais significativa se os mercados estabilizarem e os dados econômicos
se tornarem mais favoráveis", escreveram estrategistas do Barclays PLC em
uma nota para clientes na segunda-feira.
Considere os fundos de controle de volatilidade, que se posicionam em oposição à volatilidade realizada. Quando o VIX disparou na semana passada, isso desencadeou uma enorme venda por parte dos fundos de controle de volatilidade, cuja alocação em ações caiu de cerca de 110% para aproximadamente 50%, de acordo com o Barclays. Agora, com o VIX retornando aos níveis anteriores à liquidação, espera-se que esses fundos voltem a aumentar suas posições.
Esses fundos normalmente vendem suas posições rapidamente, mas levam tempo para reconstruí-las. No entanto, o último salto na volatilidade foi tão rápido que o aumento nas alocações pode ocorrer mais rapidamente.
"Acreditamos que desta vez o processo de normalização
pode ser mais rápido, é uma questão de semanas em vez de meses", disse
Anshul Gupta, chefe de Derivativos Europeus e QIS Global, em uma entrevista.
Os Commodity Trading Advisers, ou CTAs, também podem adicionar pressão de compra, já que praticamente descontinuaram suas posições compradas em ações devido a temores de crescimento, segundo o Barclays. Para os CTAs, o fator mais importante é a direção do mercado e os inúmeros sinais que ele envia, acompanhando médias móveis de índices e ajustando suas posições quando atingem certos limiares. Quanto mais otimista for a tendência dos preços, maiores serão suas posições e, potencialmente, mais rigoroso será o gatilho de venda.
Finalmente, há os fundos de paridade de risco, que normalmente precisam que a volatilidade e as correlações com uma classe de ativos específica sejam as mais baixas possíveis. Com a volatilidade aumentando e as ações caindo na semana passada, eles reduziram drasticamente suas alocações em ações, enquanto suas alocações em títulos provavelmente permaneceram estáveis. Com a estabilização do mercado, espera-se que comecem a comprar ações.
O S&P 500 subiu 6,8% desde 5 de agosto, acumulando seis
sessões consecutivas de alta e eliminando as quedas que começaram em 1º de
agosto. Os ganhos vêm à medida que aumenta a especulação de que o Fed poderá
começar a cortar as taxas de juros em sua reunião de setembro e com o
crescimento dos lucros nos EUA se estendendo além das maiores empresas de
tecnologia.
Claro, o ritmo gradual dos ganhos do índice e os fluxos dos
fundos sistemáticos podem significar que levará algum tempo para que as compras
se reflitam nas médias do mercado. Um movimento diário de 0,5% no S&P 500
durante o próximo mês traria cerca de US$ 59 bilhões de compras mensais dos
fundos, de acordo com a Nomura Securities International.
Mas, a longo prazo, esses números começam a se somar. Por
exemplo, três meses de um movimento diário de 0,5% no S&P 500 trariam quase
US$ 191 bilhões de entradas.
"Os fluxos de compra de longo prazo são enormes",
disse Charlie McElligott, estrategista cross-asset da Nomura.
É fácil de perceber que quem tem o dinheiro não pensa como
Authers, nem considera as sugestões de Dudley em seu portfólio. O leitor pode
se perguntar: o que aconteceria se os Quants estiverem errados? Vão vender e
ponto. Não têm compromisso com posições, mas sim com seus parâmetros. Por outro
lado, se estiverem certos, serão recompensados, enquanto Authers vai procurar
novos argumentos, e veja, é possível que algum dia ele acerte, mas quando será?
O objetivo do Mosca no post de hoje foi o de mostrar que
quem faz o investimento em um número abrangente de estratégias não se deixa
levar pelos comentários dos analistas. Quem faz o preço é o fluxo, não a
opinião.
No post "Coincidência confundida com correlação"
fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq 100: "... Como podem notar
no gráfico a seguir, essa contagem esteve muito próxima de ser abortada, mas
não foi. Ondas 2 podem pregar esse tipo de susto, como no caso da onda (II)
laranja. Por enquanto, a recuperação é pequena. A confiança de que o movimento
de alta estaria em curso ultrapassando os níveis apontados no
retângulo..."
Durante esta semana, o Nasdaq 100 caminhou para a área que indiquei entre 19.370/19.932. Daqui em diante, definiria as seguintes possibilidades:*
Mercado em alta: supera a marca acima de 19.932 e, principalmente, 20.672, a máxima histórica.
Mercado de lado: ficaria mais um tempo no interior entre a máxima (20.672) e a mínima (17.426) em um movimento lateral – triângulo?
Correção mais extensa: Essa é a situação que requer mais cuidado; no entanto, não trabalho com quedas maiores como a que aventei em uma das hipóteses anteriores. Segundo minha visão, a queda poderia ultrapassar a mínima de 17.695.
Queria enfatizar para os leitores que usam análise gráfica a importância de separar o “eu desejo” do “o que o mercado memostra”. Muitos erros (e acertos) são feitos nessa indecisão, o que pode confundir sua cabeça. Minha sugestão é que se espere confirmação.
Em relação à Nvidia, meus comentários foram: ... "A
'queridinha' acabou encontrando um suporte um pouco mais abaixo do apontado
acima. Atingindo a mínima de U$ 90,69, ficou muito próxima do valor calculado
de U$ 86,40. Como no Nasdaq 100, pode ser que a Nvidia esteja no movimento de
alta..."
Poderia fazer um "cópia e cola" para os cenários possíveis da Nvidia. Como o retângulo abaixo aponta, é necessário que ultrapasse o nível de U$ 128,12 e, principalmente, U$ 140,76. Pode ficar ziguezagueando dentro dessa região U$ 140,76/U$ 90,69 ou ainda cair abaixo desse último. A variação entre os níveis do zigue-zague é de 35%, e não adianta reclamar que é muito grande, faz parte da evolução meteórica dessa empresa.
Como de costume, nas sextas-feiras faço alguns comentários diversos, e hoje queria comentar sobre as ideias do Lula para a situação da Venezuela. A primeira guinada, embora um pouco tardia, de não reconhecer a vitória de Maduro foi um passo. Também acredito que não tinha alternativa, pois ficaria isolado. Agora, uma outra eleição não é opção, pois alongaria o processo e daria tempo para Maduro fraudar diretamente as urnas, do tipo no caminho para a apuração trocar o caminhão real com o manipulado.
Não sei como vai terminar, mas se não existir uma ação
externa, será difícil ele largar a cadeira. Tenho pena dos venezuelanos que,
hoje, com as reservas de petróleo que esse país possui, combinado com um preço
bom, poderiam ter um elevado nível de vida.
O SP500 fechou a 5.554, com alta de 0,20%; o USDBRL a R$ 5,4740, com queda 0,16: o EURUSD a € 1,1027, com alta de 0,43%; e o ouro a U$ 2.506, com alta de 2,06%. Estou subindo o stop loss da posição em Ibovespa para 131.700.
Fique ligado
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