Investimento "copia-cola" #EURUSD
Você certamente já investiu por meio de uma dica de alguém.
Essa atitude pula todas as etapas necessárias de análise independente, seja
você adepto da análise fundamentalista ou da análise técnica. Também deve ter
sentido na pele que, imediatamente após a compra, não tem ideia do que fazer.
Na minha vida profissional, quando percebi que, ao dar uma dica, a pessoa passa
a fazer parte da gestão da sua posição, me recusei a continuar. Digo que não
dou dicas porque posso mudar de ideia durante a noite e não tenho como avisar.
Mas o investimento “copia-e-cola” existe de diversas formas.
A mais sofisticada são os investidores que copiam através de relatórios
publicados por seus gurus, que às vezes as atualizações podem ser de períodos
longos. Fico pensando quem será culpado se der errado, e tem muito para dar
errado.
Falando em gurus, o que você diria de seguir Warren Buffet,
considerado the best na área de investimentos? Sem dúvida, seu track
record é invejável. Seu modelo pode ser resumido em uma frase: comprar barato
empresas boas segundo seu critério. Ele demorou muito para entrar nas empresas
de tecnologia, pois elas ferem o princípio acima, mas foi vencido pelo cansaço
e comprou uma posição importante da Apple em seu fundo no ano de 2016. Na
verdade, como poderão ver a seguir, estava dentro de seus parâmetros (ou quase,
pois não era tão barato quanto ele estava acostumado). Um burburinho ocorreu na
última reunião de acionistas de sua empresa, a Berkshire, quando se notou a
venda de metade da posição nos seus livros. O que aconteceu? Nir Kaissar
comenta na Bloomberg sua visão sobre essa venda.
A última reestruturação de portfólio do Oráculo de Omaha é
um alerta contra investir a qualquer custo.
No encontro anual da Berkshire Hathaway Inc. em maio, Warren
Buffett revelou que havia reduzido sua participação na Apple Inc.,
indiscutivelmente uma das melhores empresas do mundo. Buffett assegurou aos
fiéis da Berkshire que ele continua entusiasmado com a empresa, chamando o
iPhone de um dos maiores produtos de todos os tempos e a Apple de um negócio
ainda mais maravilhoso do que a American Express Co. e a Coca-Cola Co., dois
investimentos importantes no portfólio da Berkshire.
Isso acabou sendo apenas o começo. No início deste mês, a
Berkshire anunciou que vendeu quase metade de sua posição na Apple,
presumivelmente não porque a fabricante do iPhone tivesse ficado menos
maravilhosa nos três meses decorridos. Buffett sugeriu em maio que o
planejamento tributário estava por trás da venda. Alguns observadores
especularam que Buffett está simplesmente reduzindo a posição desproporcional
da Apple no portfólio da Berkshire.
Desconfio que haja outra razão mais importante: a Apple
ficou cara demais.
Quando Buffett começou sua carreira, ele era um investidor
focado em valor, comprando, nas palavras de Munger,” negócios razoáveis a
preços maravilhosos”. Nos anos 1960, Munger persuadiu Buffett a inverter a
fórmula e comprar “negócios maravilhosos a preços justos”. Os investidores
começaram a adotar a estratégia de colocar a qualidade à frente do valor. Eu
contei 115 fundos mútuos e fundos negociados em bolsa com "qualidade"
no nome. A grande maioria tem menos de 10 anos, mas os investidores já
injetaram US$ 141 bilhões até agora, e esse número está crescendo.
Essencialmente, a qualidade busca empresas altamente
lucrativas, que geram ganhos confiáveis e têm pouca dívida, ou alguma
combinação desses atributos. A avaliação é menos importante. De fato, os
maiores fundos de qualidade seguem índices que buscam empresas de alta
qualidade com pouca ou nenhuma consideração pela avaliação.
A estratégia tem muitos dados a seu favor. As ações de 30%
das empresas americanas mais lucrativas, classificadas pelo retorno sobre o
patrimônio líquido e ponderadas pelo valor de mercado, superaram as 30% menos
lucrativas em 4,1 pontos percentuais por ano desde 1963 até junho, incluindo
dividendos, de acordo com dados compilados pelo Professor Ken French, da Tuck
School of Business. Elas também ganharam 92% das vezes em períodos de 10 anos
consecutivos. Assim, em termos relativos, as ações de qualidade venceram na
maioria das vezes, independentemente da avaliação.
Em termos absolutos, no entanto, a avaliação era mais
importante. As ações mais lucrativas dos dados são ainda divididas com base no
índice preço/valor contábil. A média ponderada do índice P/VC do grupo mais
barato não varia muito e parece não ter impacto nos retornos futuros
(correlação mensal de -0,08 com retornos totais de 10 anos à frente). O índice
P/VC do grupo mais caro, por outro lado, varia amplamente e é fortemente
correlacionado negativamente com os retornos subsequentes de 10 anos (-0,67), o
que significa que um índice mais alto foi, na maioria das vezes, seguido por um
retorno mais baixo, e vice-versa.
Quando se trata de ações de alta qualidade, em outras
palavras, quanto mais os investidores pagam, menos eles devem esperar ganhar.
Ou, nas palavras de Munger, ”compre empresas maravilhosas, mas fique de olho no
preço”. O que nos leva de volta a Buffett. Quando ele começou a comprar ações
da Apple em 2016, não era apenas uma empresa maravilhosa a um preço justo — era
uma pechincha. Prefiro índices P/L a P/VC ao avaliar empresas de tecnologia,
pois elas geralmente possuem menos ativos do que, por exemplo, bancos ou
fabricantes, o que pode fazer com que seus índices P/VC pareçam cronicamente
altos em comparação.
No início de 2016, a Apple era, sem dúvida, de alta qualidade. Seu retorno sobre o patrimônio líquido, uma medida comum de lucratividade, foi de 43% no ano mais recente, mais de três vezes o do Índice S&P 500. Incrivelmente, também era uma empresa de valor profundo, negociando a apenas 10 vezes seus lucros operacionais mais recentes de um ano, menos da metade do índice P/L do S&P 500.
Esse negócio não está mais disponível. A Apple é ainda mais
lucrativa agora, mas com um índice de 34 vezes os lucros, também é mais de três
vezes mais cara.
Não é apenas a Apple. O Índice MSCI USA Quality era negociado
a apenas 12 vezes os lucros mais recentes de um ano em 2013. Era ainda mais
barato do que o S&P 500 na época, apesar de apresentar quase o dobro do
retorno sobre o patrimônio líquido. Ainda é mais lucrativo hoje, mas também
mais caro, com um índice P/L quase tão alto quanto o da Apple.
Uma maneira de comparar o trade-off entre valor e qualidade em diferentes investimentos é
calculando o que chamo de índice PEP, que é a razão entre P/L e lucratividade —
quanto menor, melhor.
O índice do S&P 500, de 1,4x, é maior do que o do índice de qualidade e da Apple porque a maior lucratividade compensa mais do que as avaliações mais altas em ambos os casos. Isso sugere que os investidores ainda obtêm mais pelo seu dinheiro da Apple e de outras ações de qualidade do que do mercado acionário em geral. No entanto, a lucratividade de qualquer empresa individual pode ser instável. A história também mostra que, quando as avaliações estão elevadas, elas tendem a influenciar mais os retornos futuros do que a lucratividade — uma consideração que tenho certeza de que Buffett não ignorou.
É fácil ignorar as avaliações quando as empresas registram
grandes lucros e os preços das ações disparam, como as ações de qualidade dos
EUA fizeram na última década. A venda da Apple por Buffett, seja qual for sua
motivação, é um lembrete de que “qualidade é ótima, mas não a qualquer custo”.
Não sei se Buffett usa o critério mencionado por Kaissar,
mas seguramente há alguma semelhança com esses critérios. Não acredito que a
razão tenha sido simplesmente “subiu muito, vende”; ele é bem mais sofisticado
que isso.
Agora, como ficam aqueles que investiram no *copia-e-cola?
Devem vender ou não? Aliás, muita coisa pode acontecer desde o anúncio até essa
informação chegar a esses investidores — no caso, as ações acabaram subindo.
Dilemas como esse ocorrem segundo essa técnica, e eu desaconselho seu uso na
maioria das vezes; não vai funcionar. No caso de Buffett, é até fácil: compre
as ações da Berkshire e pronto. Agora, quando a execução é feita através de
dicas, como proceder? Lembrem-se de que o menor tempo ocorre na compra, quando
se está esperançoso, e a infinidade de tempo acontece no minuto seguinte.
- David, você está indo contra você mesmo. O que o Mosca
faz além de dar dicas?
Engano seu. O que o Mosca faz são sugestões de trade,
ficando a seu critério entrar ou não — como aconteceu recentemente ao comprar
dólar sem minha recomendação. Além disso, forneço o principal parâmetro para
ser bem-sucedido em investimentos: stop loss. O Mosca não pode ser
classificado como investimento “cópia-e-cola”!
No post o-risco-da-data-marcada, fiz os seguintes
comentários sobre o euro: “...Desde novembro do ano passado, a moeda única
se encontra confinada num intervalo de aproximadamente 3% sem uma definição
clara — destacado no retângulo abaixo. O Mosca continua com a visão de ocorrer
uma queda que levaria ao patamar de € 1,041/ € 1,032. Se vai ser agora ou não,
fica em aberto. Ficaria mais confiante abaixo de € 1,0664”...
Antes que meu amigo pergunte, "nunca vi um ser humano com dois ombros esquerdos e dois direitos", pode acontecer nessa configuração. O que não pode é ter duas cabeças. Até prova em contrário, ainda fico com o cenário de queda, cujo objetivo seria ao redor de € 1,0315.
Hoje foram publicados o resultado a venda ao varejo bem como
os de auxílio desemprego, o primeiro foi muito superior a expectativa – 1,0%
contra um projetado de 0,4%, e o segundo que é semanal diminuiu o temor de uma
desaceleração nos dados de emprego. Eu já tinha hesitado na terça feira
conforme comentado. Tudo indica que as
bolsas devem testar as máximas em breve. É de se acrescentar que os níveis a
serem superados observado no post é-para-comprar-ou-para-vender está
muito próximo: ...” importante seria ultrapassar os níveis de 5.448 / 5.548”
... Uma pequena retração é esperada ao redor de 5.467 / 5.414. Fiquem de
olho no Mosca.
O SP500 fechou a 5.543, com alta de 1,61%; o USDBRL a R$
5,4830, com alta de 0,18%; o EURUSD a € 1,0974, com queda de 0,34%; e o ouro a
U$ 2.455, com alta de 0,31%.
Fique ligado!
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