A busca por uma porta de saída #ouro #gold

 


Os investidores estão estacionados dentro de suas posições, à busca de respostas para as dúvidas criadas recentemente, que podem ser resumidas em uma única: se a economia americana está (ou vai estar) em recessão. Os indicadores para essa prova são usados pelos analistas, cada qual com sua interpretação. Nessas últimas 48 horas, alguns bancos refizeram suas contas em relação à probabilidade de uma recessão, dos quais destaco: Goldman Sachs subiu de 15% para 25%, enquanto o JPMorgan atribui 35% de chance.

Quando as posições são “gordas”, uma opção pela diminuição do risco é lógica e saudável, e essa era a situação anterior; as posições foram diminuídas. Segundo o JPMorgan, ¾ das posições de carry trade com o yen foram liquidadas. Ou seja, os mercados estão mais leves. Mas se uma recessão acontecer, existe muito prêmio na maior parte dos mercados.

Para saber o que ocasionou essa chacoalhada, muitos são os argumentos, mas, segundo os analistas, o grande culpado é o carry trade. Como comentei ontem, essa operação existe há mais de 20 anos, e embora eu não acompanhe de perto essas operações, o mercado pode ter exagerado na dose. Mohamed El Erian comenta na Bloomberg que os mercados são bons em intimidar os bancos centrais.

Os mercados financeiros são hábeis em pressionar os bancos centrais, como evidenciado recentemente pelo Banco do Japão (BOJ). Na semana passada, o BOJ aumentou as taxas de juros e reduziu suas compras de títulos, tentando retornar à disciplina financeira. No entanto, essa medida provocou uma forte reação negativa nos mercados, resultando na queda mais severa de ações e títulos japoneses em décadas. Sob intensa pressão, o vice-governador do BOJ, Shinichi Uchida, fez declarações que acalmaram os mercados, mas que também indicaram uma possível concessão às demandas do mercado.

Mohamed El-Erian alertou que a postura do BOJ poderia ser vista como um sinal de fraqueza, comparando a situação à época de Paul Volcker, que manteve uma postura firme contra a inflação, apesar das repercussões econômicas negativas. El-Erian argumenta que os bancos centrais devem resistir à tentação de ceder às pressões do mercado para evitar o que ele descreve como "risco moral", onde os agentes do mercado se tornam dependentes de intervenções contínuas.

A situação atual reflete um dilema de longa data entre os objetivos dos bancos centrais e as expectativas dos mercados. Embora o BOJ tenha conseguido estabilizar temporariamente o iene, a ação também destaca a vulnerabilidade das políticas monetárias às reações dos mercados financeiros globais. Esta dinâmica de "intimidação" dos mercados não é nova e remonta a décadas, desde os esforços do Fed para combater a inflação na era Volcker até as respostas contemporâneas às crises financeiras. A interação contínua entre os bancos centrais e os mercados permanece um desafio crítico na formulação de políticas econômicas eficazes.

Esse raciocínio está de acordo com as ideias que expus no post de ontem senta-que-o-leão-e-manso do qual destaco alguns trechos: ... “Entendo que, com uma dívida sobre o PIB de deixar qualquer Ministro das Finanças envergonhado, criou-se um monstrengo que não permite ajustes” ... ... “Olhando para frente, podemos ver dois cenários: a inflação retrocede aos níveis anteriores e o BOJ não precisa mexer muita coisa; ou a inflação persiste” ... ... “Que o juro está errado, não precisa nenhum PHD em economia para perceber” ... As declarações do BOJ vão em sentido contrário ao que tem que ser feito.

Como comentei recentemente, Bill Dudley, que tinha a visão de que o Fed estava errando para baixo – deveria subir mais os juros – deu uma guinada e sugeriu que uma redução da taxa de juros deveria ter ocorrido na semana passada. Como não ocorreu, ele comenta na Bloomberg que o caminho selvagem do Fed apenas começou.

O Federal Reserve dos Estados Unidos pode ter ido longe demais em sua luta contra a inflação, possivelmente mergulhando a maior economia do mundo em uma danosa recessão. Há duas semanas, mudei minha postura de "hawk" para "dove", deixando de apoiar taxas de juros mais altas e defendendo cortes imediatos para evitar uma recessão. Desde então, evidências de um mercado de trabalho enfraquecido e inflação moderada se acumularam rapidamente, indicando fortemente que o Fed está atrasado.

O índice de desemprego dos últimos três meses atingiu 4,13%, ultrapassando o limite de 50 pontos base reconhecido pela regra de Sahm, o que sempre indicou uma recessão nos EUA e maior desemprego por vir. Além disso, o crescimento da folha de pagamento diminuiu junto com as taxas de contratação e demissão, enquanto os pedidos iniciais e contínuos de seguro-desemprego aumentaram. A medida preferida do Fed para a inflação, o deflator de consumo pessoal, registrou seu terceiro aumento mensal benigno consecutivo em junho, enquanto os ganhos salariais médios por hora desaceleraram. Apesar disso, muitos economistas, incluindo Claudia Sahm, argumentam que a regra de Sahm pode não se aplicar desta vez devido ao forte crescimento da força de trabalho.

Então, o que o Fed deve fazer? Quanto mais ele esperar, maior será o potencial de danos: a política monetária está apertada e se tornando mais apertada à medida que a inflação de preços e salários modera. O Fed precisa chegar a uma posição neutra, com as estimativas dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto para a taxa de juros neutra variando entre 2,4% e 3,8%. Isso significa que há um longo caminho a percorrer a partir da taxa atual de 5,3%. Um corte imediato na taxa de juros é necessário, mas improvável, pois não seria consistente com a postura deliberativa do presidente Powell. Portanto, prepare-se para mais volatilidade nos mercados de ações e títulos à medida que a incerteza sobre a trajetória da política monetária permanecer alta por muitos meses.

Com um tom ameaçador, Bill Dudley reforçou seus argumentos a favor de iniciar imediatamente os cortes de juros, como se tivesse tido pesadelos indicando nesse rumo. Não estou querendo menosprezar suas colocações, mas ele, como todo bom economista, trocou de camisa numa boa e, nesse caso, do casaco de inverno para uma T-shirt. Pode estar certo? Claro que sim, é sem dúvida um economista de respeito, mas não deixa de ser uma previsão.

Eu imagino que, se tivesse meus 30 e poucos anos, estaria vidrado nos computadores e modelos matemáticos para me auxiliar no posicionamento ou, melhor, na especulação; afinal, nessa idade vale mais o “guts” que buscar situações perfeitas.

Me recordo que, quando estava na Planibanc, montamos uma posição enorme comprada em ouro futuro durante o Plano Cruzado. A aposta não foi no ouro, pois compramos o vencimento de uma data futura e vendemos o de vencimento do mês presente. Certo dia, o diretor de risco pediu uma reunião urgente para analisar essa posição. O motivo: estávamos perdendo 1% na posição, um valor razoável em função do tamanho. Ele colocou os diversos riscos envolvidos.

Terminado a reunião, eu e meu colega, ambos envolvidos no trade, resolvemos dobrar a posição, tamanha nossa convicção de que a inflação iria disparar, fazendo essa operação final de juros se tornar vencedora. Passado um tempo, começou a ficar mais claro e o mercado começou a pender a nosso favor.

Não me esqueço de que, num determinado dia, os contratos longos entraram numa sequência de limites de alta, pois a mineradora que tinha vendido esses contratos viu que não estava num país de primeiro mundo e sua operação de hedge, na verdade, era mais de juros que de ouro. Para concluir, ganhamos o equivalente em valor a um contrato de ouro de lucro; ou seja, o preço futuro duplicou!

Por que toda essa introdução? Veja o gráfico a seguir mostrando a correlação entre o índice da Nasdaq e o yen. O que tem a ver c* com as calças? Do mesmo jeito que essa correlação pode estar existindo hoje, vai deixar de existir logo, pois não posso imaginar que alguém em sã consciência venda yen para comprar Nasdaq! Mas, se eu tivesse os 30 e poucos anos, embarcaria nessa? Bem provável, pensaria “vamo que vamo!”.




No post momento-critico  fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “Se tudo sair de acordo, o ouro deveria chegar a U$ 2.249 / U$ 2.235 para depois voltar a subir. Mas não nos enganemos: o movimento é de alta mais à frente; o que estamos buscando é um ponto de entrada” ...




A correção do ouro, que pode estar em seu estágio final, aponta para algumas opções em que a onda 4 verde possa terminar. Um primeiro objetivo se situa entre U$ 2.347 / U$ 2.317 conforme gráfico abaixo. Um segundo que não aparece na figura entre U$ 2.270 / U$ 2.249. Não tenho uma preferência no momento, vai depender de como o ouro evolui nos próximos dias. Como destaquei, uma alta que ultrapassa U$ 2.483 indica que a alta está em curso.



 

O SP500 fechou a 5.319, com alta de 2,30%; o USDBRL a R$ 5,5743, com queda de 1,05%; o EURUSD a € 1,0916, sem variação; e o ouro a U$ 2.423, com alta de 1,78%.

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