Seca financeira #ouro #gold
Está todo mundo preocupado com a taxa de juros. Ontem foi
publicada a ata da última reunião do Fed, e nela ficou expressa a tão desejada
queda de juros em setembro, com uma ressalva: se os dados a serem publicados
indicarem esse sentido. O mercado adorou e aproveitou para dar mais uma
puxadinha nos mercados futuros, que agora apontam mais de 100 pontos de corte
até o final do ano, o que implica cortes de 50 pontos em uma determinada
reunião.
Os leitores do Mosca devem lembrar da época em que os bancos centrais jogavam dinheiro pelo helicóptero – criou-se até fila para alugar os helicópteros, tamanha era a demanda. Acontece que esse dinheiro está sendo retirado do sistema por todos eles, como comenta Enda Curran e outros na Bloomberg.
Os principais bancos centrais do mundo estão implementando
uma abordagem global para restringir a oferta monetária através do aperto
quantitativo (QT). Esta estratégia está sendo adotada pelo Federal Reserve,
Banco Central Europeu, Banco da Inglaterra, entre outros, à medida que esses
bancos centrais buscam normalizar suas políticas monetárias após anos de
estímulos agressivos para combater crises anteriores, como a crise financeira
de 2008 e a pandemia de Covid-19.
Enquanto os bancos centrais aumentam suas taxas de juros para combater a inflação persistente, o QT adiciona outra camada de rigor ao ambiente financeiro. Este processo envolve a venda de ativos adquiridos durante os programas de flexibilização quantitativa (QE), que injetaram liquidez nos mercados financeiros em tempos de crise.
Agora, os bancos centrais estão reduzindo seus balanços,
retirando a liquidez que havia sido adicionada ao sistema financeiro. Essa
remoção de liquidez poderia potencialmente aumentar a volatilidade dos
mercados, diminuir a disponibilidade de crédito e desacelerar o crescimento
econômico global.
O impacto do QT ainda não é totalmente compreendido, dado
que a política é relativamente nova e não foi amplamente testada. Há
preocupações de que a combinação de QT com taxas de juros mais altas possa
resultar em um aperto excessivo das condições financeiras, exacerbando o risco
de uma recessão global.
Diferentes bancos centrais estão adotando abordagens
variadas em relação ao QT. Por exemplo, o Fed dos EUA tem sido mais proativo na
redução de seu balanço, enquanto o BCE adota uma postura mais cautelosa. O
Banco da Inglaterra, por outro lado, enfrenta desafios adicionais, como a
volatilidade no mercado de títulos e incertezas políticas domésticas.
Embora o QT seja uma resposta à necessidade de normalizar a
política monetária e combater a inflação, ele também levanta preocupações sobre
suas possíveis consequências não intencionais. A redução coordenada dos
balanços dos principais bancos centrais pode sinalizar o fim da era do
"dinheiro fácil" e o início de um período de maior volatilidade e
risco nos mercados financeiros.
Os mercados emergentes, que se beneficiaram da ampla
liquidez global durante os anos de QE, podem enfrentar desafios significativos
com a reversão dos fluxos de capital. Esses países podem ser forçados a
aumentar suas próprias taxas de juros para proteger suas moedas, agravando os
impactos econômicos internos.
Os próximos meses serão cruciais para observar como o QT
afeta os mercados financeiros e a economia global. Os investidores e
formuladores de políticas precisarão navegar por um ambiente cheio de
incertezas e riscos crescentes à medida que essa política avança.
Embora cada banco central esteja levando em consideração
suas variáveis para fazer o enxugamento, os mercados financeiros têm vasos
comunicantes; em outras palavras, têm um efeito local e global. Observando-se o
gráfico acima, e de forma grosseira, a retirada desde as máximas atingidas em
2021, durante a pandemia, representa 30% do total, o que não é pouca coisa.
Como também mencionado, é um experimento único, nunca
ocorrido na história, o que acarreta consequências desconhecidas. Essa liquidez
injetada encontra-se acomodada em diversos ativos, e é razoável supor que a
retirada vai levar ao caminho inverso. Não sei se os bancos centrais têm algum
modelo para estimar o aperto ocasionado por esse efeito ou, pior, se isso é
apenas “observado” nas suas reuniões.
Mas é plausível supor que tem impacto. Ruim é pagar por um
empréstimo caro, mas é muito pior não ter empréstimo. Durante minha breve
passagem pelo Banco BMC, ocorreu uma corrida financeira originada pelo receio
criado com a intervenção feita pelo BCB em três bancos: o Auxiliar, Bamerindus
e Comind, que ficou conhecido como o trio ABC. Acordava todos os dias com
saques dos depósitos de clientes. Com os depósitos à vista não havia o que
fazer, e os depósitos a prazocotávamos os do dia anterior com taxas de recompra.
Eu fui aumentando as taxas dessas recompras paulatinamente, mas os clientes
queriam o dinheiro de volta. Só cessou quando fiz uma venda jumbo de ativos do
banco. Qual foi a taxa? A taxa que o comprador pediu!
Se os bancos centrais continuarem nesse ritmo, acredito que,
em algum momento, isso será sentido no preço dos ativos de renda fixa e
variável. É verdade que rapidamente os BCs podem injetar novamente, mas espero
que, caso isso ocorra, não demorem para agir.
No post https://acertarnaa-busca-por-uma-porta-de-saida , fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ...” algumas opções em que a onda 4 verde possa
terminar. Um primeiro objetivo se situa entre U$ 2.347 / U$ 2.317, conforme
gráfico abaixo... ... “Como destaquei, uma alta que ultrapassa U$ 2.483 indica
que a alta está em curso” ...
Eu estava pronto para iniciar uma sugestão de compra quando o ouro ultrapassou U$ 2.483, mas acabei refazendo a contagem de ondas. Vocês devem notar que a onda 4 verde está posicionada em outro lugar. Nessa nova configuração, ela teria terminado no meio de junho, e, a partir daí, começou a onda 5 verde na forma diagonal. Quero relembrar que esse tipo de onda é cheio de idas e vindas, com pouca evolução nos preços. Destaquei no gráfico abaixo dois retângulos: o primeiro, com a evolução de preços íngreme; enquanto o segundo, lateralizado.
O objetivo, nesse caso, passa a ser entre U$ 2.548 / U$ 2.620, uma alta, na melhor das hipóteses, de 4.5%. Depois, um período de correção ao terminar a onda (3) azul no nível de U$ 2.246, uma queda de 14.5% da margem hipotética mencionada acima.
A onda cinco diagonal é um perigo: sabe-se quando começa,
mas não quando termina, e, via de regra, anula toda a alta na correção que se
sucede. Desta forma, até prova em contrário, vamos aguardar. Quero enfatizar
que não tenho muita segurança na contagem; o motivo é que algumas ondas,
principalmente a onda (3) azul, fogem do parâmetro ideal.
O SP500 fechou a 5.570, com queda de 0.89%; o USDBRL a R$
5,5869, com alta de 1.83%; o EURUSD a € 1,1109, com queda de 0,37%; e o ouro a
U$ 2.483, com queda de 1,15%.
Fique ligado
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