A utilidade da História #IBOVESPA
Quando eu era adolescente, odiava as matérias de História e
Geografia. Eu pensava: por que eu precisaria decorar tantas datas, locais e
nomes de situações que não iriam influenciar meu dia a dia? Gostava mesmo de matemática
– e ainda adoro. Hoje em dia, entendo o gosto pelas ciências exatas: você tem a
oportunidade de estar 100% correto, e navegando no mercado financeiro, é o que
todos desejamos.
Com o passar do tempo, fui me interessando mais por essas
matérias e, hoje, gosto muito de história. Uma grande utilidade que encontrei
foi nas sessões de terapia: quando alguma situação me preocupava ou angustiava,
minha terapeuta contava alguma situação ou passagem de um livro que tinha certa
semelhança. Isso me trazia um certo conforto. Compreendi que esse conforto
vinha do fato de saber que você não é o único no mundo a passar por aquela
situação. Uso essa abordagem constantemente com meus filhos e enteadas.
Na área financeira, percebo que muitos analistas buscam
associar eventos passados a situações atuais. Dessa forma, se você acredita que
esses eventos vão se repetir, isso te traz uma certa “segurança”. Sou muito
cético com esses raciocínios; eles podem ou não ser semelhantes desta vez, e
como não podemos repetir essas situações inúmeras vezes, não é muito diferente
de jogar no preto ou vermelho na roleta – e ainda tem o zero! Mas mesmo assim,
me interesso pelo passado, especialmente se não o vivi ao vivo – e já passei
por muita coisa!
Muitos analistas associam a situação atual ao que ocorreu nos anos 70. Eu acho muito diferente, mesmo não tendo vivido integralmente essa época – entrei no mercado de trabalho em 1976. Tyler Cowen, que é colunista da Bloomberg e professor de economia na Universidade George Mason, comenta na Bloomberg questionando: Quando efetivamente aconteceu a Grande Estagnação?
Nos últimos anos, economistas e analistas têm discutido
sobre um fenômeno conhecido como a “Grande Estagnação”, caracterizado por um
crescimento econômico lento e uma aparente falta de inovação disruptiva em
comparação com as décadas anteriores. Mas determinar o momento exato em que
essa estagnação começou é uma tarefa complexa e sujeita a interpretações
variadas.
“O que aconteceu em 1971?” Essa é uma das perguntas mais
importantes e debatidas na história econômica dos EUA, e novas pesquisas
sugerem que a resposta pode estar escondida algumas décadas antes –
especificamente em 1948.
No início da década de 1970, o crescimento dos salários
desacelerou, as taxas de crescimento da produtividade caíram, e o desempenho
econômico dos EUA se deteriorou. Houve algumas interrupções nessas tendências,
como o otimismo de meados dos anos 1990, mas, na maioria das vezes, elas se
mantiveram por mais de 40 anos. Muitas partes dos EUA, especialmente as que
passaram por desindustrialização, continuam a lutar com esse legado até hoje.
Existem várias teorias para explicar isso: choques nos
preços do petróleo, regulamentações governamentais mais rígidas, um maior
ênfase na proteção ambiental em detrimento do crescimento econômico, e o
colapso da ordem monetária internacional de Bretton Woods. Em meu livro de
2011, *"The Great Stagnation" (A Grande Estagnação)*, culpo o
desaparecimento dos "frutos ao alcance das mãos", que resultaram de
máquinas poderosas e combustíveis fósseis abundantes.
Alguns desses fatores provavelmente contribuíram. Agora, um
economista, Nicholas Reynolds, da Universidade de Essex, afirma ter encontrado
um novo vilão nessa história econômica: um choque negativo na qualidade do
capital humano na América.
Americanos nascidos após 1947 e antes de meados da década de
1960 – os primeiros dos quais estavam apenas entrando em seus anos de trabalho
mais produtivos em 1971 – não viram ganhos econômicos comparáveis aos de seus
predecessores. Mas os problemas dessa coorte são mais amplos. Eles enfrentaram
mais dificuldades quando crianças pequenas e tiveram um desempenho pior na
escola nos anos 1960, o que explica o declínio educacional daquela época, como
pontuações mais baixas nos testes e taxas de abandono escolar mais altas.
.. E alguns anos depois pararam de crescer tão rapidamente quanto a produtividade
A lacuna entre a produtividade e a compensação de um
trabalhador típico dos EUA também aumentou dramaticamente nas últimas décadas.
Os pesos ao nascer também diminuíram nos anos 1980, um sinal de que a coorte pós-1947 era menos saudável, especialmente no que diz respeito à saúde materna. Pode-se pensar que esse desenvolvimento é devido a fatores econômicos intervenientes. Mas o mundo pós-1947 ainda é mais rico do que o anterior, então não é óbvio por que uma desaceleração econômica, mas não um declínio absoluto, teria criado problemas de saúde tão significativos.
Não é apenas que os americanos nascidos após 1955 pararam de
crescer mais, enquanto os europeus não. Existem problemas mais profundos, como
o aumento alarmante da taxa de mortalidade na meia-idade desde 1999. Essas
*“mortes por desespero”* também podem ser um legado dessa ruptura de 1947 na
qualidade da saúde dos americanos.
A lição mais ampla é simplesmente que muitos dos problemas
do passado recente estão enraizados em um passado menos recente. E esses
resultados são válidos para todos os principais grupos de americanos nativos,
tanto brancos quanto negros, em todas as partes do país.
Essa hipótese focada em problemas de saúde se ajusta a
vários fatos, mas até que ponto ela explica a situação? A pergunta óbvia é: o
que exatamente aconteceu por volta de 1947 para colocar os EUA nesse caminho
menos construtivo? Não há uma causa óbvia, mas o declínio da coorte parece
começar na adolescência, antes de entrar no mercado de trabalho. Então, talvez
seja algo na estrutura da sociedade americana ou nas práticas de saúde pública
dos EUA, em vez de fatores macroeconômicos tradicionais.
Uma possível causa é o aumento do uso de automóveis no
pós-guerra e, portanto, níveis mais altos de exposição ao chumbo, devido aos
aditivos de chumbo na gasolina na época. Não há evidência direta para essa
afirmação, mas sabe-se que o chumbo tem impactos negativos significativos no
desenvolvimento humano, e alguns pesquisadores o culpam pelas taxas mais altas
de criminalidade nos EUA posteriormente.
Ainda assim, não é óbvio porque o chumbo deveria levar a uma
ruptura tão acentuada nos dados. E se o chumbo for o principal culpado, então
grandes melhorias devem estar por vir, já que os aditivos de chumbo foram
totalmente proibidos da gasolina americana em 1996, com uma eliminação progressiva
iniciada nos anos 1970.
Uma segunda possibilidade é que a geração do *baby boom* era
tão grande que houve um declínio na qualidade do cuidado dado a cada criança.
Novamente, essa é uma hipótese não comprovada, mas se ajusta ao momento dos
efeitos. E alguns teóricos econômicos da família enfatizaram um *trade-off*
entre o número de filhos e a qualidade de sua criação.
No entanto, esse efeito, na medida em que é relevante,
também deveria estar diminuindo, à medida que os *boomers* envelhecem e as
taxas de natalidade nos EUA caem.
Também me pergunto se há algum tipo de ritmo natural para a
vitalidade social de uma nação, aumentando e diminuindo junto com mudanças de
esforço e inspiração. Esta era uma ideia popular no início do século 20, embora
para muitos pareça mais uma conjectura do que uma explicação científica.
Em qualquer caso, esse mistério sugere que a saúde pública
continua sendo uma área subvalorizada de investigação. E, embora seja tarde
demais para resolver muitos problemas sociais e econômicos, sempre é
construtivo focar no tipo de ambiente de crescimento que os EUA estão criando
para seus filhos hoje.
Comentário do meu parceiro Alberto Dwek:
Quanto aos motivos da derrocada da saúde americana, tenho
minhas convicções. No início da década de 1960, cerca de 13% das pessoas eram
consideradas obesas pelas diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC). Números recentes sugerem que uma taxa de obesidade nacional
atual está mais próxima de 43%. Além disso, quase 10% de todos os americanos
eram obesos mórbidos durante a pesquisa de 2017-2018, em comparação com menos
de 1% em 1960-1962. As taxas de obesidade infantil triplicaram de 5% no início
dos anos 1970 para mais de 19% em março de 2020.
Talvez o articulista da Bloomberg não tenha falado da
alimentação ruim que tem formado gerações de obesos americanos (comecei a
perceber isso em 1975, aliás) para não mexer em vespeiro, mas tenho certeza de
que a incidência de câncer, AVCs e infartos está diretamente correlacionada ao
excesso de açúcar, gordura e amido na dieta americana, sem falar no tamanho
absurdo das porções.
Nesse ponto, a desatenção às crianças pode ser motivo
mesmo. Muito mais fácil encher a criançada de pizza, hambúrguer, sorvete e
fritas do que cuidar direito da família. (Isso também pode explicar a vantagem da
Europa, onde se come com mais qualidade.)
Também há estudos sobre o efeito do ar-condicionado na
piora da saúde alimentar. O ser humano foi feito para se adaptar ao meio
ambiente, e o metabolismo funciona de acordo. No calor, bebe-se mais e come-se
menos, e há uma natural aversão a gorduras, com preferência para frutas e
folhas hidratadas. No frio, a gordura ingerida é rapidamente queimada para manter
a temperatura do corpo e o maior gasto calórico, então faz sentido se alimentar
mais. O ar-condicionado, que começou a se espalhar a partir dos anos 50-60 nos
EUA, acabou com isso, e de repente começaram a comer no verão da mesma forma
que no inverno, com o corpo mantido numa zona térmica neutra.
Tudo isso coincidiu com o surgimento dos grandes grupos
alimentícios e da distribuição maciça de alimentos via supermercados, onde
rapidamente verificaram que o que mais vendia eram gorduras, açúcares e amidos,
justamente as gôndolas mais estimuladas pela propaganda. O resultado em
obesidade crescente é visível até no cinema, é só verificar a magreza dos
atores nos filmes antigos. E hoje, com a defesa do politicamente correto, o
próprio combate à obesidade por motivos terapêuticos é acusado de “fat shaming”
e gordofobia.
Para mim o "mistério" mencionado no artigo da
Bloomberg não existe. A culpa maior é da comida. "Somos o que
comemos" é conhecido no mínimo desde Maimônides.
Naturalmente, essas informações não vão ajudar a decidir se
você deve comprar ações da Nvidia antes ou depois do anúncio de resultados, mas
é um enfoque que eu não tinha considerado até hoje. Se for verdadeiro, a
solução não está na alta ou baixa dos juros pelo Fed.
Estamos vivendo um momento difícil no mundo, dos quais cito
alguns problemas: a polarização de opiniões, fruto das redes sociais, leva as
pessoas a escolher candidatos pela emoção – Pablo Marçal, do nada, vira o mais
provável a assumir a Prefeitura de São Paulo; as crises climáticas – aumento de
temperatura, queimadas, enchentes, etc.; e o aumento da violência. Não estamos
num ambiente positivo.
Acredito que a política monetária adotada nas últimas
décadas concentrou ainda mais a riqueza. Será que isso é consequência do motivo
citado acima? Poucos com atributos intelectuais, e muitos pouco preparados.
E aqui no Brasil, o que originou tanta pobreza e,
consequentemente, tanta violência? Com certeza, considerando o QI dos últimos
governantes, essa situação tende a se agravar.
No post --- completa mais ---, fiz os seguintes comentários
sobre o IBOVESPA: ... “O objetivo acima de 141,7 mil fica mantido” ... “As
ondas menores indicam o término da onda 3 verde muitooooo acima. Mantenho o
mesmo critério” ...
Continua uma incógnita nas ondas menores. Tento de uma forma, tento de outra, mas não chego a uma conclusão satisfatória. Vou atualizando o *stop loss* usando outras técnicas. Estou consciente de que isso pode me levar a abandonar o mercado prematuramente, mas não posso deixar a posição ao acaso. O compromisso maior sempre foi o bolso. Mantenho o objetivo de 141,7 mil.
Vou trazer a vocês uma visão mais adiante, e minha análise aponta para níveis muito superiores. Inicialmente, concentrem-se na onda (3) laranja – destacada com elipse. O nível de 164,6 mil é o objetivo mínimo para uma onda 3 – vale ressaltar que pode ser menor, mas em casos raros. Assumindo essa hipótese, a onda 3 verde, de acordo com minha contagem, está muito distante; deveria se localizar mais acima – essa situação é bem plausível. Como comentei nos posts anteriores, numa janela menor, o desdobramento da onda 3 verde aponta para níveis bem superiores. No entanto, adotei uma abordagem conservadora e não a estou utilizando.
- David, você acha que nós te pagamos para aulas de
Elliot Wave? Não quero saber desses detalhes, vai logo à conclusão!
Está bem, o IBOVESPA
tem chance de subir muito!
O SP500 fechou a 5.592, com queda de 0,60%; o USDBRL a R$
5,5664, com alta de 1,06%; o EURUSD a € 1,1120, com queda de 0,57%; e o ouro a
U$ 2.502, com queda de 0,88%.
Fique ligado!
Para mim, o exemplo da comida é caso clássico em que o livre mercado nem sempre é a melhor opção. Temos mais muitos outros casos, como cigarros, poluição (esse bem complexo, como a comida, por sinal), drogas, produtos perigosos (causadores de câncer), redes sociais (onde há claros prejuízos a qualidade de vida mental) e etc.
ResponderExcluirBem lembrado, são casos onde o controle estatal/social é imperativo. No caso dos cigarros, demorou 70 anos entre as propagandas de médicos exaltando o fumo e os processos bilionários vencidos nos EUA, e drogas, cancerígenos e poluidores já são sancionados. Ainda estamos bem devagar no controle da comida e engatinhando no das redes sociais. Mas é bom continuar brigando, os danos são imensos e crescentes.
Excluirexato!
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