O risco da data marcada #EURUSD
Quando comecei na área financeira, poucos profissionais
sabiam fazer conta de juro composto. **Para o observador de hoje pode parecer
um absurdo, mas era assim (ainda bem! Hahaha...). Os papéis de renda fixa indexados
à inflação tinham alguns truques que podiam alterar significativamente o
retorno. Para que entendam, por exemplo, um título de seis meses só “recebia” –
era considerado no cálculo, quando virava o mês. Para ter um valor “justo”, um
fator de correção monetária estimado deveria ser acrescentado ao juro
negociado, o que não era feito na maioria dos casos.
Agora, imaginem um CDB que foi emitido no dia 10/07 e tem
vencimento em 31/01 do ano seguinte. Esse CDB terá direito a seis correções
monetárias, mas tem uma existência de aproximadamente 195 dias. No Banco
Francês e Brasileiro, essa situação era denominada de “CDB estendido”. No caso
oposto, um CDB emitido no dia 31/07 e vencimento em 01/02 terá direito a sete
correções monetárias, mas com apenas 187 dias. Este era chamado de “CDB
trombada”.
Posso dizer sem falsa modéstia que éramos muito bons nessas
arbitragens e tínhamos um programa em Apple I que fazia as contas certas, tanto
num sentido quanto no outro.
Certa vez, eu estava comprando papéis no mercado e pedi para
o Banco Chase Manhattan mostrar seu estoque. Notei que um deles era perfeito
para uma negociação favorável, mas que eu deveria comprá-lo somente dali a 15
dias. Inventei uma história que só teria caixa naquela data, mas poderíamos
negociar a termo. Como ofereci uma taxa de compra aparentemente vantajosa para
aquele banco, eles toparam. Era um lote grande. Tudo foi fechado na confiança;
não existia gravação naquela época, muito menos e-mail, valia a palavra.
Fiquei ansioso naqueles dias que precederam a liquidação,
pois tinha receio de que algo pudesse dar errado. Passada uma semana, recebo
uma ligação desse banco com a seguinte narrativa: inadvertidamente, um trader
vendeu esse papel e ele estava me oferecendo uma emissão nova para substituir.
Isso tiraria toda a vantagem da minha compra. Por sorte, eu tinha vendido parte
desse lote e disse que não teria como mudar as características da operação – o
que era verdade – e, caso não honrasse, eu teria que relatar como um caso de
Operações Abertas na Andima (acho que era lá). Rapidinho, eles “acharam” o CDB.
Conclusão: esperar pela liquidação em data futura sempre embute
o risco de algo acontecer no meio do caminho.
O Fed ontem decidiu pela manutenção da taxa de juros e só
faltou “fechar” uma redução em setembro, como comenta John Authers na Bloomberg
cujo título diz tudo: “Powell quer dizer setembro, não importa o que ele não
diga”.
O Rota do Voo Continua
Em meio a muita concorrência, a maior notícia financeira da
quarta-feira é que o Federal Reserve não está fazendo absolutamente nada e não
se comprometendo a fazer qualquer coisa no futuro — mas preparando todos para
um provável corte na taxa de juros em setembro. Mais um risco de uma surpresa
desagradável foi removido, mais um motivo adicionado para esperar e antecipar
um corte iminente, e isso é o que importou.
Isso foi um pouco como um retorno à era de Alan Greenspan,
quando não havia coletivas de imprensa ou gráficos de pontos. Em vez disso,
horas eram gastas analisando algumas palavras ambíguas de um comunicado do Fed,
geralmente escritas em uma prosa enigmática e prolixa — que, no entanto, levava
bilhões de dólares a mudarem de mãos. As alterações nesta declaração desde a
versão do mês passado apontam inegavelmente para cortes nas taxas, mas poderiam
ter ido mais longe nessa direção:
- "Os ganhos de emprego
moderaram [NÃO 'permaneceram fortes'], e a taxa de desemprego aumentou, mas
permanece baixa."
- "Nos últimos meses,
houve algum progresso adicional [NÃO 'progresso modesto'] em direção ao
objetivo de 2% de inflação do Comitê."
- "A perspectiva
econômica é incerta, e o Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de
seu duplo mandato." [NÃO 'altamente atento aos riscos de inflação'.]
Para equilibrar isso, a conclusão permaneceu inalterada; o
Comitê Federal de Mercado Aberto perdeu a oportunidade de oferecer uma
orientação clara de que cortará em setembro:
- O Comitê não espera que seja
apropriado reduzir a faixa-alvo até que tenha maior confiança de que a inflação
está se movendo de forma sustentável em direção a 2%.
Portanto, o Fed não cortou imediatamente, como alguns
defendiam. Em seguida, Jerome Powell teve a oportunidade que não foi dada a
Greenspan, seu predecessor como presidente, de explicar-se à imprensa. Sem se
comprometer, ele deixou sua audiência confiante de que ele e seus colegas
teriam a "maior confiança" necessária na próxima reunião.
Powell fez isso dizendo que "o sentimento do comitê
está mais próximo de cortes, mas ainda não chegamos lá", admitindo
livremente que "os riscos de baixa para o mercado de trabalho são
reais", enquanto acrescentava que o emprego "não é uma fonte de
pressão inflacionária material", chamando a política de "restritiva,
não extremamente restritiva, mas restritiva", e descrevendo alegremente os
dados mais recentes de inflação como "muito melhores" do que há 12
meses. Um corte ocorrerá na próxima reunião se a inflação cair "de acordo
com as expectativas", que é uma maneira de dizer que devemos esperar um
corte.
Powell também negou fortemente que a política tornaria
impossível cortar as taxas a menos de dois meses antes da eleição, anulando um
dos maiores argumentos contra um corte — mas ele pareceu afastar a hipótese de jogar
a cautela ao vento e cortar em 50 pontos base.
Quanto ao mercado de ações, Powell não disse nada para atrapalhá-lo em um dia em que estava desfrutando de um grande salto. A percepção de um Fed pronto para aliviar ajudou a consolidar o melhor dia do Nasdaq 100 desde o início do ano passado, ao ganhar mais de 3%. Os resultados contínuos das Sete Magníficas estão levando as ações a uma caminhada bastante aleatória, com o anúncio da Microsoft Corp. de que já estava gerando receita com seus investimentos em inteligência artificial, provocando uma recuperação após a admissão da Alphabet Inc. na semana passada de que não estava.
O maior risco que o Fed enfrenta agora seria uma surpresa desagradável na sexta-feira com os dados de folhas de pagamento de julho. Powell deixou claro que o desemprego agora era tão preocupante quanto a inflação, mas também disse que o mercado de trabalho estava apenas "normalizando" em vez de se mover constantemente em direção a uma recessão. Nem todos concordariam com ele, e — como o Points of Return destacou no início desta semana — há um risco real de que os números de empregos possam acionar um indicador confiável de que uma recessão está começando.
Como está, porém, Powell poderia apontar para o índice de custo do emprego mais recente, uma métrica muito observada, que mostrou uma clara redução na pressão inflacionária sem indicar que o mercado de trabalho estava enfraquecendo demais:
Como no caso do Chase Manhattan, o Fed pode mudar de ideia
no meio do caminho até setembro e telegrafar que não vai cortar os juros.
Diferentemente da situação que vivi, não há um tipo de Andima para reclamar!
Hahaha ...
No post expectativa-alta fiz os seguintes
comentários sobre o euro: "uma nova configuração da correção se abriu.
O limite dessa opção se encontra entre € 1.0918 / € 1.1020. Acima disso, fico
desconfiado que possa estar no movimento de alta que eu vislumbro há algum
tempo. O stop loss mesmo é acima de € 1.1140".
Na configuração citada acima, o euro atingiu a máxima em € 1.0948, dentro do esperado. A partir daí, uma queda está se desenhando sem ainda ter convicção se é este o caso. Desde novembro do ano passado, a moeda única se encontra confinada num intervalo de aproximadamente 3% sem uma definição clara — destacado no retângulo abaixo. O Mosca continua com a visão de ocorrer uma queda que levaria ao patamar de € 1.041 / € 1.032. Se vai ser agora ou não, fica em aberto. Ficaria mais confiante abaixo de € 1.0664.
O SP500 fechou a 5.446, com queda de 1,37%; o USDBRL a R$ 5,7347, com alta de 1,48%; o EURUSD a € 1,0789, com queda de 0,33%; e o ouro a U$ 2.443, com queda de 0,20%.
Fique ligado!
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