Tempos estranhos
Sempre existe um conflito entre gerações de pais e filhos.
Em nosso tempo, nossos pais eram “quadrados”, o que queria dizer
desatualizados. Hoje em dia é um pouco diferente, com o argumento de maior
interação com os filhos se busca uma “amizade”. Tenho grande dificuldade de
entender esse conceito. Mas é através dele que muitas amarras foram quebradas,
até demais. Entretanto isso é uma realidade, alguns pais menos outros mais, é
indiscutível a mudança.
Em qualquer categoria que seu filho se enquadre, Milênios,
Geração X, Geração Y ou sei lá mais o que, todos observam algumas semelhanças
de atitude. Acostumados a acreditar que tudo pode ficar seguro nas nuvens, que
o telefone é coisa para velho, postar sempre momentos felizes, e viver o agora
é mais importante que poupar, distinguem-se da minha juventude.
Não vou entrar na discussão dos três primeiros, meu objetivo
é comentar a ultima colocação. Recebo vários WhatsApp da minha filha reclamando
que deixa o escritório muito tarde “não quero uma vida assim para mim”, uma
frase que é repetida por boa parte dos jovens “quero viver o momento”. Com essa
mentalidade, frequentam restaurantes caros quando comparados a seus salários,
além de viajar com bastante frequência. Não era assim na minha época, trabalhei
muitas vezes virando a noite, sábados, domingos, além de começar minha poupança
logo cedo, era um objetivo.
Vou falar de investimentos. Ontem o post versou sobra a nova
investida dos robôs na área de gestão de portfolios. Hoje vou comentar sobre
como alocar os recursos para as pessoas, também está sendo robotizado.
Nos EUA existe a figura do Financial Advisor” é bastante difundida, o que não acontece aqui. A
razão no meu entender é que, os americanos gostam de investir na bolsa, assim
precisam de alguém para auxiliar na escolha, enquanto aqui o pessoal gosta
mesmo de juros, e altos! Hahaha ... Mas mesmo essa função aqui está sendo
substituída por robôs.
A inovação financeira está acontecendo em um ritmo
vertiginoso. Mais opções de investimento estão disponíveis hoje do que nunca,
abrangendo muitos tipos diferentes de ativos, geografias e estilos de
investimento, e novos produtos estão chegando ao mercado o tempo todo.
Esse é um desafio para uma indústria que está envelhecendo.
A idade média dos consultores financeiros é de 50 anos, de acordo com a Cerulli
Associates, e apenas 11,7% dos consultores têm menos de 35 anos. Quaisquer
conselheiros que tenham sido treinados há décadas, provavelmente estão
desatualizados. O perfil desse Financial
Advisor pode ser visto a seguir.
Está é uma categoria que tende a ficar diminuta no futuro.
Com cada vez mais os investidores migrando para fundos passivos, e o uso de
robôs. A geração jovem de hoje, daqui a 20/30 anos não vai querer conversar com
ninguém em termos de investimento. Isso se tiverem alguma poupança necessária
para se aposentar.
Vou fazer um exercício de futurologia, vamos supor que
estamos em 2058, e o jovem de 30 anos hoje está aposentado. Na média deverá ter
menos recursos que seu pai tinha com a mesma faixa etária. Como está costumado
a “viver bem” vai consultar seu robô advisor para verificar como alocar seus
recursos, a fim de obter uma renda mensal X.
Naquele momento, imagino que vão existir ETF de qualquer
coisa: apostar que o ouro não passa de U$ 25.000, mas o Ibovespa vai
ultrapassar 725.000, sem que o dólar atinja R$ 0,95, é isso gera uma renda de
35% a.a. Assim, o robô vai montar um portfólio que com 99% de probabilidade,
permitirá viajar 6 meses por ano para o exterior – Marte, Vênus! Hahaha ...
O robozinho será tão convincente que ainda vai propor um
stoploss, de tal forma que, se alguma coisa der errado, ainda poderá viver bem.
Detalhe, o robô trabalha 24 horas por dia, 7 dias por semana, para “garantir”
que nada saia errado. Pronto, não tem quem não investiria nessas condições.
Mas será que isso será possível? Os jovens de hoje, vão
achar que, quem não acredita nessas tecnologias, está ultrapassado, faz parte
da velha guarda que não conhece a modernidade dos instrumentos financeiros.
Tudo funciona muito rápido, garantindo essas premissas.
- David, você está
ficando louco, de onde tirou tanta maluquice?
Lógico que deixei minha imaginação fluir, mas para dar um
exemplo atual, veja o que aconteceu com o bitcoin, as oscilações diárias
ultrapassam em muito qualquer outro ativo. E quem foi o seu maior
impulsionador? Os jovens.
Tenho receio que essa substituição indiscriminada de humanos
por robôs poderão levar a situações de elevado risco. Na manufatura parece
fazer sentido, pois trata-se de trabalhos repetitivos sem a necessidade de
julgamento. Na área financeira é diferente, ou será que estou novamente
defendendo a classe!
- David, fiquei com
uma dúvida, os níveis que você colocou no exemplo, são projeções do Mosca?
Não são, mas pode divulgar, pois só tenho a ganhar. Se
estiverem erradas ninguém vai lembrar do Mosca,
e se estiverem certas, irão dizer que o Mosca
é top. Estou pensando em mudar o logo por esse ao lado!
Eu tenho visto diversas pessoas, e porque não, até os
noticiários da imprensa, acreditando que o real teve uma queda expressiva.
Recomendo que eles leiam o Mosca. No gráfico a seguir, procurei
grifar alguns períodos entre a evolução do dólar contra o real e uma cesta de
moedas de países emergentes calculadas pelo banco JPMorgan.
Existem dois perdidos onde esses indicadores não andaram
relacionados. O primeiro em rosa, onde o real se valorizou e o índice ficou
praticamente estagnado; o outro em azul escuro, onde aconteceu o inverso. Os
níveis de hoje em ambos, se encontram o mesmo observado no 3º trimestre de
2016. Naturalmente que, o dólar em relação ao real seja mais arrojado, isso
vale para cima e para baixo.
No post a-escolha-certa, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ...” parece
que o final está se aproximando. Pela manhã os juros estavam a 2,93% muito
próximo da alta recente de 2,95%. Se essa máxima for rompida, a grande batalha
se aproxima, o nível de 3% a.a” ... ...” notem que, nas duas vezes que tentou
romper esse nível acabou retraindo. A batalha não será fácil, e será importante
observar um eventual false break. Mas se romper irá rápido para 3,30%” ...
Ontem os juros atingiram a máxima de 3,035% e hoje estão on sale a 2,99%. Chegou a hora de tomar
cuidado e elevar os stoploss. Como anotei abaixo, existem 2 pontos onde pode
haver uma reversão, o primeiro é ao redor de 3,0% e o outro a 3,3%.
Vamos elevar o stoploss para 2,90%, realizar metade da
posição caso atinja 3,07%, e o restante continuar. Amanhã será publicado a
primeira estimativa do PIB do 1º trimestre de 2018 onde a estimativa dos
analistas é de 2,9%, além do PCE, medida de inflação usada pelo FED na formulação
de sua política monetária, onde se espera 1,9% a.a. Ambos indicadores têm
potencial de mexer com os juros.
Hoje fomos stopados da nossa operação em euros. Era um trade
de curto prazo, especulativo, onde eu apostava numa triangulo que acabou
rompido para baixo. Se quiser relembrar veja o post veja-bem..
Em função do feriado da próxima semana, o Mosca não será publicado nem amanhã, nem
segunda-feira, voltando ao normal no dia 02 de maio, quarta-feira. Desse modo,
abaixo a tabela de resultados.
O SP500 fechou a 2.666, com alta de 1,04%; o USDBRL a R$
3,4745, com queda de 0,28; o EURUSD a € 1,2103 com queda de 0,47%; e o ouro a
U$ 1.316, com queda de 0,46%.
Fique ligado!
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