Virando gente grande



Um artigo publicado pela Gavekal, aponta para uma evidencia que ocorreu este não nos mercados emergentes. Embora seu trabalho visa enfatizar uma visão positiva no setor de energia, me despertou uma possibilidade de uma mudança que pode estar ocorrendo, com consequências positivas aos mercados emergentes, onde o Brasil se inclui.

Quais as características que definem os mercados emergentes em comum? Mercados emergentes são países em desenvolvimento com o objetivo de se tornar economias avançadas, normalmente com a assistência de poderosos ventos demográficos. Mas embora eles apreciem o crescimento rápido a longo prazo, sua arquitetura institucional ainda está em construção. Como resultado, os mercados de ações emergentes são mais voláteis do que os dos países desenvolvidos. Quando os tempos são bons, eles superam o retorno dos países desenvolvidos. Mas quando as coisas globais ficam difícil, suas desvantagens são mais profundas. Em resumo, os mercados emergentes é uma aposta alavancada relativo aos mercados desenvolvidos.

Exceto que até agora em 2018, isso simplesmente não tem sido verdade. Isto foi sempre uma tentativa única dos analistas, para juntar um grupo diferente de países que na realidade compartilhavam poucas características em comum. Alguns países têm perfis atraentes de população: a Índia, por exemplo, e na Indonésia. Mas em muitos países as vantagens demográficas morreram há anos atrás. Hoje, a taxa de natalidade da Coréia do Sul é menor do que a do Japão, A Rússia está abaixo da dos EUA, da China abaixo do Reino Unido.

Como resultado, as únicas característicos em comum dos mercados emergentes, é a falta de poupança interna - fundos de pensões, Endownment e outros. Mais frequentemente significou que o comprador ou vendedor era o investidor doméstico ou uma instituição estrangeira. Infelizmente, ambos tendiam a fazer a mesma coisa ao mesmo tempo. Quando os mercados sobem, eles compram; quando os mercados caem, eles vendem. Tradicionalmente isso significava que, quando as ações eram vendidas nos mercados desenvolvidos, nos mercados emergentes despencavam.

Até agora, 2018 foi uma exceção a essa regra. Em um ano, quando o SP 500 oscilou violentamente, com rendimento acumulado no ano em 0%, não só os mercados emergentes superaram, como o fizeram com menos volatilidade do que mercados desenvolvidos, apresentando flutuações diárias consideravelmente inferiores as das ações americanas (veja o gráfico abaixo).
Duas possíveis explicações possíveis explicam esse comportamento:

1)      O primeiro e mais simples é que os mercados emergentes ainda estão saindo de um longo trecho de desempenho baixo no período compreendendo entre 2010 a 2017. Embora o desempenho relativo dos mercados emergentes atingiu a mínima no ano passado, muito poucos investidores estrangeiros se preocuparam em aumentar significativamente sua exposição.

Sem dúvida, isso acontece porque até algumas semanas atrás, todas as empolgações dos mercados financeiros estavam centradas no setor de tecnologia. Por que se preocupar em visitar Indonésia, Rússia ou Brasil, quando você pode ir a uma conferência em San Francisco? Então, talvez o principal motivo seria que havia muitos pouco estrangeiros para vender.

2)      Uma segunda explicação possível é que no mês passado, as ações de energia superaram as ações de tecnologia em cerca de 13%. Agora, é fácil descartar esta súbita explosão de desempenho do setor de energia, como um caso de “ cada um tem seu dia de gloria”. Mas a pujança do setor de energia combinado com o mau desempenho do setor de tecnologia, favorece os mercados emergentes. Os índices de mercado (fora do Norte da Ásia) contêm poucas empresas de tecnologia, e as de energia tende a ser um componente maior dos índices de mercados emergentes.
Já passei muitos momentos difíceis nos mercados financeiros, e sempre que havia uma situação de stress nos mercados internacionais o impacto aqui era multiplicado, mesmo que não houvesse razão para tamanha queda. A seguinte frase expressava bem esses momentos “ quando os mercados internacionais pegavam um resfriado, o Brasil pegava uma pneumonia”. Me lembro bem da crise da Ásia em 1997, que praticamente destrocou os ativos brasileiros.

Mas o movimento este ano me surpreendeu, é visível que o índice Bovespa vem tendo uma performance muito mais tranquila que o SP500, e era de se esperar muito mais volatilidade. Ainda mais que, o quadro eleitoral ainda se mostra bastante incerto por aqui.

Não me sinto seguro para afirmar que estamos entrando em outra fase, até o momento os sinais são bastante promissores. Porém, o grande teste deverá ocorrer se um dia, a bolsa americana mudar de um mercado de alta para um mercado de baixa. Não sei quando, mas um dia ocorrerá.

No post e-se-der-errado?, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Os leitores do Mosca sabem que eu quero comprar ouro, mas nenhuma das minhas condições foi satisfeita: ou superar o nível de U$ 1.370, ou retornar a U$ 1.310, sendo que esse último pode estender a queda até U$ 1.280. Porém, o viés é de compra” ...
 
O ouro se encontra dentro deste intervalo desde o início do ano. Quanta coisa não aconteceu nesse período e ele não se definiu para aonde quer ir. Resumidamente, tem as forças de alta a fraqueza do dólar juntamente com o conceito de porto seguro, e de baixa a elevação dos juros.

O gráfico abaixo fornece uma visão de mais longo prazo nos permite visualizar que a barreira de U$ 1.370 perdura por um bom tempo. Notem o que frisei em rosa, nesse momento o ouro estava num movimento de queda e por algumas vezes tentou “recuperar” essa região, porém foi vencido levando as cotações para U$ 1.050. Em seguida, um movimento de alta se sucedeu (em verde), onde até o momento não conseguiu ultrapassar esse nível.
Tracei em azul o que eu estou esperando para comprar o ouro, mas não posso perder essa oportunidade caso o nível de U$ 1.370 seja ultrapassado. Pacientemente vou aguardar, afinal para quem esperou mais de 2 anos isso acontecer, não serão mais algumas semanas que farão diferença.

O SP500 fechou a 2.634, com queda de 1,34%; o USDBRL a R$ 3,4718, com alta de 0,56%; o EURUSD a 1,223, com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 1.330, com alta de 0,47%.

Fique ligado!

Comentários