O ovo ou a galinha, ou ambos?



Na última sexta-feira, como de costume, fiz comentários sobre os juros de 10 anos americanos a-escolha-certa. Com a aproximação desse ativo hoje aos níveis de 3% a.a., é manchete na grande maioria dos informes internacionais. Mas o que poderia estar ocasionando este despertar do mercado, que teimava num cenário aonde o FED não implementaria as altas de juros que planeja? Vou buscar alguma pista.

Como costumo enfatizar, os juros podem subir pelo bom motivo ou pelo mal motivo. No primeiro caso quando acontece de a economia crescer de forma mais robusta, assim, a autoridade monetária tende a subir os juros para evitar um superaquecimento, a segunda quando a inflação sobe mais que o desejado. Vamos avaliar incialmente a primeira hipótese.

A referência mais para avaliar o crescimento do PIB, é o modelo elaborado pelo Fed de Atlanta. Como se pode verificar a seguir, esse indicador aponta para um PIB de 2% para o 1º trimestre. Não parece que aí seja uma razão suficiente para empurrar os juros para cima, embora é sabido que nesse período do ano, a economia sofre consequências do inverno, que tem sido muito rigoroso.

Outro indicador é o nível Industrial. Para avalia-lo usei o PMI publicado pelo Instituto Markit. No gráfico abaixo não parece que esse setor está muito aquecido, por outro lado, se pode afirmar que está firme.
Minha desconfiança é que o mercado está preocupado com a inflação que poderia surgir através da alta das commodities, principalmente o petróleo. Além de um mercado de trabalho bastante apertado, beirando o pleno emprego.

O Indicie que acompanha os metais publicado pela Bloomberg está em plena ascensão desde 2016. Esse indicador subiu 55% desde essa data, e mais recentemente ganhou novo impulso.

Agora se tem uma commoditie que subiu expressivamente é o petróleo. Em 2016, quando atingiu a mínima de U$ 25, comentava-se que seria o final do “ouro negro”. Agora se encontra ao redor de U$ 67, uma alta de 170%, padrão bitcoin! Hahaha ... do ponto de vista técnico, como o gráfico a seguir sugere, tenho os seguintes níveis como objetivo: U$ 72 (meu preferido); U$ 86 (aceito sem problemas); U$ 100 (a partir daí fico preocupado).
 
Presumo que seja através da expectativa de alta da inflação que os juros estão subindo, pois não acontece somente nos EUA, mas em boa parte dos mercados, como mostrei no post mencionado acima.

Agora tem um posicionamento extremo que poderá levar uma chacoalhada. Nos últimos meses a aposta mais vista nos mercados era contra o dólar. Existe um consenso entre a grande maioria dos analistas que a moeda americana deveria continuar perdendo valor. Essa decisão desafiou uma tônica que existia no mercado, a de que, a moeda que tivesse juros mais elevados em relação a outra, tenderia a se valorizar. Nesse momento, os juros em dólares são os mais elevados em relação ao todos os países do G-10, com folga. Veja a seguir o posicionamento da moeda americana em relação a essas outras.

Para completar, o FED está retirando liquides do sistema de forma gradual, enquanto os outros BCs continuam na mão inversa.

- David, nem precisa continuar pois já imagino que você acredita que o dólar poderá subir. Então por que sugeriu um trade de compra de euro, que deve ter sido executado hoje?
Puxa fico feliz com suas perguntas, evoluiu muito! Hahaha ... O trade que propus é de curto prazo, pois como você sabe bem como um assíduo leitor, acredito numa retração da moeda única para depois voltar a subir.

As posições não são liquidadas do dia para noite, o mercado precisa se convencer da mudança, só em casos excepcionais isso acontece. Assim, vamos usando a análise técnica para dirigir nossos trades, sempre tendo em vista o movimento de mais longo prazo, sem paixão, ou viés.

No post em-quem-votar, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Do ponto de vista técnico, o real parece pronto para enfraquecer até o nível aproximado de R$ 3,50. Não me disponho a colocar um trade antecipado. Prefiro esperar e avaliar se esse nível será suficiente para conter a alta, ou se novas altas poderão ser alcançados” ...

A cotação do dólar atingiu a máxima de R$ 3,4430, seguramente, amanhã será noticia dos jornais. Como havia antecipado, meu objetivo inicial é entre R$ 3,47 – R$ 3,49, onde devermos observar se haverá uma reversão ou continuidade desse movimento.
Uma visão de mais longo prazo, outros níveis se tornam possíveis, conforme relatei no post: ...” Meu cenário preferido é uma alta até o nível de R$ 3,50, para que em seguida, o dólar volte a cair. Mas tenho que trabalhar com cenários alternativos e nesse caso, R$ 3,50 passa a ser muito importante. Se por acaso não houver essa reversão e o dólar continuar subindo, anotei no gráfico acima, os dois próximos níveis - R$ 3,65 e R$ 3,80. Acima de R$ 3,80 as coisas começam a se complicar bastante, pois a chance de ultrapassar R$ 4,25 se eleva. Tudo vai depender do shape dessa alta” ...
Como anotei no gráfico, acima de R$ 3,80 um alerta importante se ascende. Motivos para que o dólar suba, existem de sobra. Só para citar dois: as eleições e os juros nos EUA. Mas não fiquem preocupados, não existe motivos para se atentar agora. Estou trabalhando com uma reversão no nível ao redor de R$3,50, especificado acima. Isso não significa que eu vou sugerir uma venda se o dólar atingir, mas é possível. Fiquem atentos.

O SP500 fechou a 2.670, sem variação; o USDBRL a R$ 3,4515, com alta de 1,25%; o EURUSD a 1,2207, com queda de 0,60%; e o ouro a U$ 1.324, com queda de 0,80%.

Fique ligado!

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