Velório político



Neste último final de semana o Brasil acompanhou as cenas do Lula dentro de seu bunker, o sindicato dos metalúrgicos em São Bernardo. Como uma clara encenação, buscando irritar a Policia Federal, o tempo passava fazendo parecer que a prisão não aconteceria no sábado. Foi quando a autoridade impôs um horário limite, que foi cumprido com pequeno atraso.

Para quem acompanhou o desenrolar, ficava a imagem que a Policia Federal estava “dando muita moleza”, aceitando a demora para que Lula se entregasse. Mas na verdade o estrategista por trás dessa operação, Juiz Sergio Moro, usou suas sofisticadas técnicas de negociação e deixou que todos os participantes esgotassem suas forças. Por que iria correr o risco de entrar em confronto, se era uma questão de tempo que caíssem no seu colo? Foi uma prisão a custo zero!

Agora aquele ambiente no Sindicato parecia um velório, onde todos faziam a vigília para o morto político, o Lula. A mente humana é incrível, pois por mais que o objetivo fosse outro, o clima era de velório. E foi o que provavelmente aconteceu. Daqui em diante, na prisão, a solidão será o grande inimigo do companheiro, sem companheiro. Para uma pessoa como ele, que provavelmente não lê nenhum livro, não pratica esportes, como serão as suas 24 horas de isolamento? É bem provável que entre em forte depressão.

Na próxima quarta-feira, seus advogados fazem mais uma tentativa para mudar o entendimento da prisão em segunda instancia, e caso a Ministra Weber, que disse ser a favor dessa medida, mas que também acredita que mudanças tão importantes não podem acontecer em espaço de tempo tão curto, não deva ser aprovada. Mas não tenho segurança, tudo pode acontecer por lá.

Se tudo continuar como está agora, daqui a 1 mês todos vão esquecer do Lula, será uma página virada de nossa história, e a partir de agora, que se cuidem os outros políticos, principalmente de outros partidos, que o fogo vem contra eles. O que está muito difícil é escolher em quem votar, será que surgirá um outlier? Um salvador da pátria.

Agora que os dados de emprego americano foram publicados, as atenções se voltam aos níveis de inflação. O gráfico a seguir mostra que esse indicador não foi um problema durante os últimos 20 anos, a maioria dos operadores nem sabem o que significa viver num ambiente inflacionário. Por esta razão, qualquer elevação indesejada será novidade para essa geração. Na parte inferior do gráfico a seguir, se encontra a evolução da inflação num prazo mais curto, e como quer fazer indicar esse analista, agora está próxima da banda superior.


A atividade Industrial está próxima de níveis elevados, indicando que o setor vem recuperando o terreno perdido. No passado, e de forma lógica, um aquecimento mais forte deveria fazer o FED subir os juros, o que parece não estar acontecendo agora.


O Mosca vem alertando para o risco de uma alta de juros indesejada para quem tem uma carteira de bonds internacionais, principalmente, com títulos de países emergentes. Esses títulos poderão ser afetados por dois vetores, primeiro uma elevação dos juros pelo FED superior ao que o mercado espera, uma alta na taxa de risco desses títulos.

Nos últimos anos, os investidores, a busca de quaisquer juros, compraram papeis de menor qualidade e com prazos longos. A ilustração a seguir mostra o explosivo crescimento das emissões dessa categoria.


Uma fotografia instantânea dos juros ao redor do mundo se pode ver a seguir. Na parte superior, o Brasil já não é mais o campeão nesse quesito e se encontra na parte intermediaria. Notem que esses juros estão expressos em moeda local. Na parte inferior, o mesmo comparativo e feito com os países desenvolvidos. Pode se notar que, são muito baixos, exceção aos que tem problemas de credibilidade.


No post fumaça-na-cozinha, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” No caso da alternativa apontada em vermelho anteriormente, destaquei no gráfico que, tecnicamente existe uma convergência nesse patamar de R$ 3,50, sob duas óticas distintas, o que dá um pouco mais de força para esse nível” ...


Depois de uma leve visita ao nível de R$ 3,35 e um “last kiss” a R$ 3,30, na reta do triangulo que conteve as cotações nesses últimos 2 anos, o dólar resolveu mostrar suas forças e busca novas cotações.

Fiquei surpreso na semana passada, com a quantidade de pessoas que acreditavam ser a prisão do Lula um evento que faria a bolsa subir e o dólar cair. A esses que acreditavam nessa possibilidade sugeri que lessem o Mosca.


Meu cenário preferido é uma alta até o nível de R$ 3,50, para que em seguida, o dólar volte a cair. Mas tenho que trabalhar com cenários alternativos e nesse caso, R$ 3,50 passa a ser muito importante. Se por acaso não houver essa reversão e o dólar continuar subindo, anotei no gráfico acima, os dois próximos níveis - R$ 3,65 e R$ 3,80. Acima de R$ 3,80 as coisas começam a se complicar bastante, pois a chance de ultrapassar R$ 4,25 se eleva. Tudo vai depender do shape dessa alta.

Não vale a pena gastarmos tempo e nem ficar preocupados com esse cenário alternativo, pois em ano de eleições, Lula preso, muitas especulações podem ser feitas. Vamos em frente, e aguardar um pouco. Quem quiser se aventurar na compra, aconselho um stoploss ao redor de R$ 3,32/ R$ 3,30, o Mosca vai ficar de espectador.

O SP500 fechou a 2.613, com alta de 0,33%; o USDBRL a R$ 3,4173, com alta de 1,45%; o EURUSD a 1,2318, com alta de 0,30%; e o ouro a U$ 1.337, com alta de 0,35%.

Fique ligado!

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