Bons ventos ou tempestade? #nasdaq100

 

Tenho acompanhado a temporada de resultados trimestrais das empresas. Foram inúmeros casos em que ocorreram quedas expressivas superiores a 20% num único dia. Ao observar isso fico mais convencido que a melhor forma de investir nas bolsas é através de ETF de indicies, que tem as seguintes vantagens: menor custo quando comparados aos fundos; possibilidade de venda a qualquer momento do dia o que não acontece com os fundos e principal ganham na comparação de rentabilidade no longo prazo.

Voltando ao resultado, essa semana as grandes cadeias de lojas foram duramente impactadas, sendo que, a Walmart e Target amargaram quedas superiores a 20%. Saber como anda o consumidor americano é fundamental para se avaliar o crescimento da economia, afinal o consumo representa 70% do PIB. Andrea Fested publicou matéria na Bloomberg analisando os resultados dessas empresas.

Quase da noite para o dia, os varejistas passaram de ver seus lucros presos em um navio no Pacífico para definhar na prateleira.‎

‎Walmart Inc. e Target Corp. estão experimentando a desvantagem de navegar com sucesso as interrupções da cadeia de suprimentos e manter suas lojas bem abastecidas. Assim, além de custos crescentes para coisas como mão-de-obra e combustível, ambos os varejistas foram ‎ ‎pego de surpresa‎‎ por uma rápida retração entre os consumidores em um momento em que eles estavam carregando um nível de estoques mais alto do que o habitual.‎

‎A Target na quarta-feira disse que esses fatores significariam uma margem operacional para todo ano de cerca de 6%, em comparação com os 8% ou mais previstos no início de março. As ações da empresa sediada em Minneapolis caíram cerca de 25% em sua pior queda de um dia desde a infame queda da bolsa de valores black monday de 1987. Na terça-feira, as ações do Walmart ‎ ‎caíram até 11,4%‎‎, também o maior desde outubro de 1987.‎

‎Os problemas atuais têm suas raízes nos gargalos da cadeia de suprimentos no final do ano passado, que viram os varejistas lutando para garantir bens e estocar produtos. A estratégia fazia sentido, haja visto que a demanda era reforçada pelos consumidores com poupanças excessivas de programas de estímulo fiscal da era pandêmica. Os estoques do Walmart no final do primeiro trimestre foram cerca de um terço maior do que há um ano, em US$ 61,2 bilhões. A Target estava carregando US$ 15,1 bilhões em estoques em 30 de abril, cerca de 43% a mais do que um ano antes.‎

Embora ambas as empresas antecipassem alguma desaceleração na demanda, o Walmart disse que a inflação dos preços dos alimentos significava que os clientes estavam desviando mais de seus gastos para o essencial do que o esperado. Consequentemente, eles tinham menos sobra para mais discricionárias, e maior margem, itens como roupas e móveis domésticos. Assim, enquanto as vendas da Target na mesma loja aumentaram 3,3% no trimestre, ela foi pega por uma rápida mudança nos tipos de produtos que seus clientes estavam comprando.‎

‎Em outras palavras, depois de remodelar suas casas nos últimos dois anos, os compradores se afastaram de itens de valores maiores, como móveis, utensílios de cozinha e televisores, e se concentraram em itens menores, como velas. Eles compraram mais brinquedos quando as crianças voltaram para festas de aniversário, além de produtos relacionados a viagens, como bagagem. Os consumidores também têm menos necessidade de bicicletas e roupas casuais, voltando-se para trajes mais elegantes à medida que a socialização se torna mais popular novamente.‎

‎Esse pivô deixou Target com muito estoque em categorias que muitas vezes eram volumosas para armazenar. Em vez de bagunçar suas lojas, decidiu cortar os preços desses itens para abrir espaço para produtos mais demandados, mas de menor margem, como mantimentos e beleza. O diretor financeiro Michael Fiddelke disse que marcas adicionais são prováveis no trimestre atual, informa a Bloomberg News.‎

‎O trimestre foi um raro erro para um dos melhores varejistas dos EUA, que está fazendo muitas coisas certas para atrair e reter consumidores, como reformar suas lojas, desenvolver um forte conjunto de ofertas de marcas privadas e usar suas lojas para cumprir pedidos online. Mas enquanto Target e Walmart estão sentindo a dor, os consumidores podem ver em breve os benefícios.‎

‎No ano passado, como os produtos estavam em escassez, os varejistas não tinham necessidade de cortar os preços. Na verdade, eles os elevaram bruscamente, contribuindo para as maiores taxas de inflação desde o início da década de 1980. Agora, porém, se os níveis de estoque excessivos são indicativos do setor varejista de forma mais ampla e outros seguirem a liderança da Target marcando preços baixos, a inflação na parte varejo da economia pode começar a aliviar.‎

‎E se isso se provar verdade, pode aliviar parte da pressão sobre o Federal Reserve para aumentar as taxas de juros e apertar a política monetária tanto quanto é precificado pelos mercados, espalhando um pouco de magia "Tarjay1" na economia. ‎

1 Tarjay – apelido dada a cadeia de loja Target

Ao analisar os dados tenho a impressão de que foi mais um erro de gestão que um problema de queda no consumo. Claro que com a alta da inflação o consumidor tem que se ajustar, haja visto que, os salários não estão acompanhando a alta de preços. Mas o problema maior foi que essas cadeias não imaginaram que na abertura da economia haveria uma retração nos itens que predominava naquela época (bens de consumo em geral) para serviços (restaurantes, viagens etc.). Por outro lado, os aumentos de custos não foram repassados aos consumidores, o que não é muito bom.

Me parece que parte dos responsáveis pela inflação começam a dar sinais de reversão. Quais são os setores em consideração que tem grande impacto nos indicies? Bens de consumo, residência e combustíveis são os principais.

Bens de consumo: Nesse segmento o maior impacto ocorreu por conta da quebra na cadeia produtiva acrescida pela mudança de preferência dos consumidores de serviços para bens de consumo, no início da pandemia. Em relação ao primeiro fator se nota uma normalização dos estoques como mostrado nos gráficos abaixo.


Ainda existem setores com grandes problemas de fornecimento, principalmente a falta de semicondutores e o lockdown atual da China, mas parece concentrar nesses casos.

Residência: Em relação aos preços dos imóveis, que subiram de forma expressiva, existem movimentos nos dois sentidos: o baixo nível de estoques ocorrido por fatores estruturais tende a limitar o recuo de preços, por outro lado a maior alta das taxas de juros para financiamento habitacional pendem para o lado oposto. Colocando na balança acredito que esse último fator deve pesar mais.

No quesito inflação o aluguel tem um peso de mais de 30% no índice, e como os reajustes acontecem mensalmente, é provável que irão impactar ainda por um tempo.

Combustíveis e energia: Nesse segmento não se espera grandes ganhos. O setor de petróleo ficou muitos anos sem investir enquanto a demanda cresceu de forma contínua. A ilusão por parte das pessoas que do dia para noite a frota de automóveis seria substituída por veículos elétricos acrescido da pressão da sociedade por diminuição na queima de carbono inibiu os executivos dessa área.

A queima de combustível pelos veículos e parte pequena quando comparado com as indústrias, e essa não tem uma solução fácil de substituição. A ilustração a seguir mostra um quadro para o futuro dessa área. Parece que aqui na melhor das hipóteses seria uma manutenção dos preços do petróleo.

Conclusão: Ainda é cedo para comemorar a vitória, mas pelo menos alguns setores irão parar de atrapalhar.

No post giro-de-360º, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “ nessa hipótese a nasdaq100 deveria atingir um possível ponto de reversão entre 11.000 e 10.650. Para saber se esse objetivo irá se concretizar, é necessária uma observação em janelas menores. Vou deixando os leitores informados” ...


Nessas duas semanas a bolsa continua na descendente sem, entretanto, ter atingido os níveis propostos acima. Conforme fica visível no gráfico abaixo, tudo aponta para um objetivo ao redor de 10.600. Desta forma, eu estava propenso a arriscar um trade de venda, mas meu bom senso me brecou. Por mais que pareça vantajoso uma venda nesses níveis, afinal são possíveis 11% de ganho, me lembrei de uma frase que meu antigo sócio, Ibrahim Eris, dizia “operar num mercado vendido é como retirar figurativamente os utensílios de um escritório como lucro, nesse caso, saia antes e deixe as lâmpadas para os outros”.

Qual o racional? Operar contra sua ideia central é perigoso pois se pode envolver num trade “emocional”. O que poderia acontecer nesses casos? Você vende o nasdaq100 esperando tirar uma lasca do mercado enquanto espera o momento de comprar, afinal o modelo indica 10% de ganho. Mas não temos garantia desse número. Pior, como está todo mundo negativo o mais provável é que a reversão seja forte. Aí você resolve esperar mais um pouco, afinal ainda faltam os 10% (agora um pouco mais se o mercado subir), e de uma ideia de compra você fica na “opereta” de venda - por motivos emocionais não pelo que os gráficos estão apontando. É bem provável que você perca o pé!

Vamos continuar sem posições!


Quando as bolsas caem, um sem-número de análises surge tentando adivinhar quando que a queda vai terminar. Fico observando e acho uma total falta de objetividade, afinal quem pode garantir que vai seguir algum padrão. Em todo caso, vou compartilhar uma delas que chamou minha atenção. A ilustração a seguir não é tão intuitiva. No eixo horizontal estão as diversas quedas que o SP500 sofreu durante sua história, e no eixo horizontal o subsequente retorno depois de um ano.


À primeira vista pode dar um certo conforto para as quedas maiores que 30% pois os pontos em sua maioria estão acima do zero no eixo vertical. Mas por exemplo, uma queda de 40% não compensa com uma alta de 40%. Me explico: Uma queda de 40% para um investimento de $ 100 leva para $60, ao subir 40% esse valor será de $ 84. Para compensar deveria subir 67%. Desta forma minha leitura para esse gráfico: sem valor e de certa forma enganosa!


O SP500 fechou a 3.901, sem alteração; o USDBRL a R$ 4,8803, com queda de 1,04%; o EURUSD a € 1,056, com queda de 0,25%; e o ouro a U$ 1.845, com alta de 0,21%.

Fique ligado!

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