Em time que está ganhando não se mexe #EURUSD

 


Essa frase é muito conhecida no meio futebolístico. À primeira vista faz muito sentido, mas parte da premissa de que os outros times irão permanecer estáticos, o que raramente acontece. Mas o recado por trás desta frase é que se deve pensar muito bem antes de mudar algo que está dando certo.

Recentemente comecei a seguir o economista Ed Yardeni, que acompanha a economia americana produzindo relatórios e um extenso banco de dados. Tudo começou com um podcast de que ele participou, e suas ideias e experiencias passadas conquistaram minha atenção. Sua visão é de que a economia americana está muito bem, a inflação vai voltar à casa dos 2% e a bolsa continuará a subir. Sobre a inflação, ele mostrou por A + B que o que importa é a produtividade refletida no custo unitário, enquanto os outros parâmetros não apresentam uma correlação tão evidente. Completando, ele acredita que estamos numa revolução digital – mesma nomenclatura que o Mosca vem usando, e que irá impactar positivamente a produtividade.




O que o mercado mais espera nesse momento é que o Fed comece a diminuir os juros – eles e o Lula! – e assim poder justificar a alta das bolsas no padrão “antigo”, em que a bolsa só poderia subir se os juros fossem baixos. Durante este ano, as expectativas foram diminuindo, e hoje o que está precificado nos futuros é de 1 a 2 cortes. Mesmo sendo pouco, não tem importância, pois o resto viria em 2025. Em sua última publicação, Yardeni tem uma opinião diferente em seu relatório, cuja chamada deve intrigar boa parte do mercado: corte de juros este ano é improvável à medida que a inflação se aproxima do objetivo de 2%. Como isso é possível?

Ainda esperamos que a medida de inflação preferida pelo Fed, o núcleo do PCED (Índice de Despesas de Consumo Pessoal), caia para a meta de 2,0% do Fed até o final deste ano (gráfico). Em abril, já estava em 2,8% a/a. O número de maio será divulgado na sexta-feira e deve mostrar um progresso adicional.




Não prevemos que o Fed corte a taxa dos fundos federais (FFR) este ano, o que deve manter o rendimento do título de 10 anos acima de 4,00% na segunda metade de 2024. Aqui está nossa visão sobre os últimos desenvolvimentos relevantes e os discursos do Fed:

1.                            1. **Inflação de Aluguéis:** A inflação de aluguéis continuou moderada até maio no CPI                     (gráfico). Deve ocorrer o mesmo no relatório do PCED de maio na sexta-feira.

 



2. **Reveses de Inflação no Exterior:** Surpreendentemente, impressões de inflação altas na Austrália (4,0% a/a em maio, de 3,6%) e no Canadá (2,9% de 2,7%) assustaram os mercados de renda fixa e câmbio, elevando o rendimento do título de 10 anos acima de 4,30% e o dólar americano hoje. As notícias de inflação do exterior podem ter assustado também os oficiais do Fed.

3. **Mandatos Duelantes:** Alguns oficiais do Fed sugeriram recentemente que seu duplo mandato (estabilidade de preços e máximo emprego) está mais equilibrado, significando que é mais provável que facilitem se a taxa de desemprego aumentar. Aqui estão alguns de seus comentários recentes:

- **Governadora Lisa D. Cook:** "Com progresso significativo na inflação e o mercado de trabalho esfriando gradualmente, em algum momento será apropriado reduzir o nível de restrição da política para manter um equilíbrio saudável na economia."

- **Governadora Adriana D. Kugler:** "Se a economia evoluir como espero, provavelmente será apropriado começar a afrouxar a política em algum momento ainda este ano."

- **Presidente do NY Fed John Williams:** "Os riscos para alcançar nossos objetivos de máximo emprego e estabilidade de preços se moveram para um melhor equilíbrio ao longo do último ano."

No passado, a taxa de desemprego tendia a subir após o Fed apertar a política, principalmente porque taxas de juros mais altas desencadeavam uma crise financeira que se transformava em um aperto de crédito e uma recessão (gráfico). Mas o Fed lidou rapidamente com a mini-crise bancária regional em março passado. Por enquanto, não vemos uma recessão no horizonte.



Se a inflação continuar diminuindo para 2,0% enquanto a taxa de desemprego permanecer em torno de 4,0%, como esperamos, os oficiais do Fed provavelmente esperarão até que a inflação realmente chegue a 2,0% de forma sustentável. Aqui está uma diretora do Fed que concorda conosco:

- **Governadora Michelle Bowman:** "Reduzir nossa taxa de política muito cedo ou muito rapidamente poderia resultar em um retorno da inflação, exigindo futuros aumentos da taxa de política para retornar a inflação a 2% a longo prazo."

Conclusão:

Os cortes de juros este ano parecem improváveis à medida que o Fed se aproxima de sua meta de inflação de 2,0%. É provável que os oficiais do Fed adotem uma abordagem cautelosa para evitar um retorno da inflação, mesmo que o mercado de trabalho continue a esfriar gradualmente.

O que diferencia a visão de Yardeni da de outros economistas e mesmo da do mercado? O último acredita que é fundamental baixar os juros assim que a inflação ceder, pois caso contrário o Fed levaria a economia para uma recessão. Já os primeiros esperam que a inflação rume para a meta por fatores estruturais, e o fato de a economia estar em pleno emprego e crescendo torna desnecessário mexer nos juros – aqui vale a dúvida do Mosca: o juro está alto porque a economia está bem ou porque tem inflação?

Yardeni não deve conhecer muito sobre futebol mas, se soubesse ,poderia usar como título de sua matéria hoje: “Em time que está ganhando não se mexe!”

Fiz os seguintes comentários sobre o euro no post brigar-por-nada: ...”  um movimento de 5 ondas de queda ocorreu numa janela menor. Vou arriscar uma venda a €1.0810 com stop loss a €1.0915. Nada maravilhoso ainda, mas dentro do meu cenário de queda oferece um bom risco x retorno. O objetivo, ainda muito prematuro, se localiza dentro do retângulo abaixo” ...




Eu já tinha movido o stop loss para € 1,0810 nível de entrada e vou promover mais um ajuste para € 1,0760. Até o momento a moeda única está refletindo a repercussão da votação que deve ocorrer em dois turnos nos dois próximos finais de semana. Macron tomou uma decisão perigosa e aparentemente errada, pois a pesquisa coloca Le Pen (direita na frente com 33% dos votos) enquanto seu partido fica em terceiro lugar com 20% seguido perdendo mesmo para o partido de esquerda. Uma derrota de goleada!

Segundo minha contagem, o euro não teria nada o que fazer acima de € 1,0760 e abaixo de € 1,0664 abre as portas para novas quedas. Quero enfatizar que mesmo acima do stop loss não elimina novas quedas à frente, diria que somente acima de € 1,09295 muda o panorama.




O SP500 fechou a 5.482, sem variação; o USDBRL a R$ 5,4990, com queda de 0,38%; o EURUSD a € 1,0703, com alta de 0,22%; e o ouro a U$ 2.326, com alta de 1,25%.

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