Emergente puro sangue #ouro #gold

 


Qual a definição de um país emergente? Segundo o Google: “são aqueles que não apresentam um nível de desenvolvimento econômico elevado como os países ricos, mas que estão em crescimento acelerado”. Na opinião do Mosca, dentre os países de maior destaque, a Índia sem dúvida se enquadra nesse significado. Há exatamente um ano explorei no post o-emergente-que-está-dando-certo os motivos para tanto.

Não deve ser fácil governar um país do tamanho da Índia, com a maior população mundial, recentemente ultrapassando a da China — administrar 1.417 bilhão de pessoas não é para qualquer um. Qual foi o seu segredo para apresentar um crescimento médio de 8% a.a. nas últimas décadas? Um ambiente propício para o investidor, com regras claras e postura pro-business, pragmatismo na política e sempre visando não atrapalhar o ponto anterior. Na última eleição, ocorrida neste mês, Narendra Modi, seu Primeiro-Ministro, venceu seus oponentes, garantindo mais um mandato. É verdade que não obteve maioria no parlamento, visto que parte da população ainda se encontra insatisfeita. Porém, não é do dia para a noite que a renda per capita, que era de U$ 1.000 em 1950, superou U$ 10 mil recentemente e, enquanto o Brasil patina, a Índia cresce exponencialmente.

 



Por outro lado, a China, que também alcançou taxas de crescimento da mesma magnitude, se transformando na fábrica do mundo, não teve a mesma atitude com os investidores, sempre favorecendo políticas internas em detrimento do lucro das empresas. Nos últimos anos, o mundo ocidental se apercebeu dessa política, associada a desconfianças na área geopolítica e também à suspeita de roubo de segredos corporativos, e está demonstrando desinteresse pela China. Jack Wong apresenta no Wall Street Journal a espetacular performance das ações indianas comparada com as chinesas.

Não muitos mercados de ações podem competir com o Nasdaq em alta, mas a Índia é uma exceção.

Um forte crescimento dos lucros, ventos geopolíticos favoráveis e uma demografia favorável têm sido argumentos convincentes para o investimento no país. Desde o final de 2019 até terça-feira, o índice MSCI India disparou 110%, superando o ganho de 99% do índice tecnológico dos EUA. Ainda mais surpreendente, porém, é o desempenho da Índia em comparação com o que é, pelo menos por enquanto, o maior mercado de ações emergentes do mundo: o MSCI China caiu 30% no mesmo período.

As fortunas contrastantes dos dois mercados asiáticos refletem suas realidades econômicas. O mercado imobiliário em colapso na China continua a ser um peso sobre sua economia, enquanto uma repressão regulatória afundou as empresas de tecnologia outrora em alta no país. A gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba, por exemplo, perdeu cerca de três quartos de seu valor desde o pico em 2020.




Por outro lado, a economia da Índia está impulsionada por poderosos ventos econômicos. Seu crescimento econômico foi de 7,8% ano a ano no primeiro trimestre, o mais rápido entre as principais economias. Isso se refletiu nos lucros corporativos: o lucro líquido das empresas listadas na Índia cresceu 17% ano a ano no trimestre encerrado em março, segundo o Morgan Stanley. O impulso dos países desenvolvidos para diversificar suas cadeias de suprimentos longe da China levou a um boom de investimentos em manufatura. Sua população jovem — a idade mediana da Índia é de 28,6 anos, comparada com 39,5 anos da China — também torna o país mais atraente.

Mas taxas de crescimento diferentes explicam apenas parte da discrepância no desempenho das ações: múltiplos mais altos também estão impulsionando o rali, e esses são propensos a exageros ou subavaliações. O fundo negociado em bolsa iShares MSCI India está sendo negociado a 23 vezes o lucro esperado, acima das 19 vezes no início de 2020, segundo a FactSet. Um fundo semelhante que rastreia ações chinesas caiu de 12 vezes para menos de 10 vezes.

O outro grande mercado de ações global com uma etiqueta de preço semelhante à da Índia é o dos EUA, liderado por queridinhos da IA como a Nvidia. Por outro lado, a China está perto do final da tabela, exibindo um múltiplo semelhante ao de economias lentas e altamente endividadas como a Itália. As ações indianas são negociadas com um prêmio de cerca de 60% em relação a outros mercados da região Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, segundo o Goldman Sachs, em comparação com uma média de 50% nos últimos cinco anos.

Os investidores estrangeiros têm sido vendedores líquidos de ações indianas este ano, após ingressos de US$ 21 bilhões em 2023, mas grande parte disso ocorreu depois de maio, quando o resultado das eleições indianas estava pendente. O índice MSCI India caiu 6% em 4 de junho, após pesquisas iniciais indicarem que o primeiro-ministro Narendra Modi, um reformador econômico e favorito dos investidores ocidentais, poderia não garantir a maioria parlamentar que o mercado esperava. O mercado se recuperou desde então, com o partido de Modi conseguindo manter o poder junto a seus aliados. Investidores estrangeiros começaram a voltar cautelosamente ao mercado na última semana.

A Índia está se tornando cada vez mais um mercado que os investidores globais não podem ignorar. No rebalanceamento efetivo no final do mês passado, o MSCI aumentou a ponderação da Índia, enquanto reduziu a da China em seu índice de mercados emergentes de referência. A Índia agora representa cerca de 18%, ante apenas 8% em 2020, enquanto a ponderação da China caiu de 40% para 27%, segundo a Northern Trust.

A Índia tem sido há muito tempo anunciada como o "próximo China", mas teve muitos falsos começos. Com uma população maior e mais jovem e um vento reformista a seu favor, o gap de valoração acentuado da Índia com o outrora queridinho dos mercados emergentes pode não continuar se ampliando, mas certamente parece justificado.

Como podem perceber pelo artigo, e dado que não acompanhamos de perto, a bolsa da Índia está cara, com múltiplos semelhantes aos de países desenvolvidos. Mas, novamente, como no caso das empresas de tecnologia, o crescimento em níveis elevados justifica essa sobrevalorização na visão dos investidores.

Vamos voltar ao Brasil e à decisão do Copom de ontem, que manteve a taxa de juros no patamar atual de 10,5% a.a. Tão importante quanto essa decisão foi o fato de ter sido unânime, o que, na minha visão, fez com que o grupo recém-empossado, que chamei de “turma do Lula”, mostrasse qualidade, não se deixando levar pela pressão do presidente. Não deu outra: a tresloucada presidente do PT, Gleisi Hoffmann, cujo passado justifica atitudes como essa, meteu a boca no trombone dizendo que “não há justificativa técnica para manter a taxa de 10,5%”. Por que ela tem algum conhecimento de economia ou política monetária que lhe daria condição de julgar? Essa sua observação vale literalmente zero!

Pior para mim foi o presidente Lula, que se expôs desnecessariamente ontem com suas afirmações. Depois dessa decisão do Copom, a impressão que fica é: o BC está cag$%ndo e andando para o que ele acha. Se a sua intenção era apontar um culpado por não atingir as metas fiscais, não cola. Duvido que alguém vá fazer essa associação, ficando no seu colo toda responsabilidade.

Outro ponto de preocupação e acompanhamento foi expresso pela nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Embora ela tenha qualificação técnica, seu histórico profissional deixa dúvidas sobre sua postura ética. Como relata a Wikipédia, ela defendeu ontem alinhamento com o presidente e o track record não é nada bom nesse sentido. Vamos observar como essa empresa irá se comportar daqui em diante.

Estou preocupado com a sucessão no BC, que deve ocorrer no final deste ano. Ontem foram ventilados os nomes de Guido Mantega e Aloisio Mercadante, o que seria um desastre. Em todo caso, como a votação é composta por um comitê e ainda existe um grupo mais técnico, não sei se eles continuariam. Em todo caso, podemos esperar que a decisão dos juros passará a ser política e não técnica, ao contrário do que Gleisi disse.

O mercado gostou da decisão, fazendo o dólar recuar na abertura, mas com as considerações acima, o que podemos esperar para 2025 em diante?

O Brasil teria tudo para ser um emergente puro-sangue como a Índia, mas com presidentes como o atual, que não enxerga um palmo à frente e no máximo é um bom papo de botequim — o que ele conhece bem—, nesse sentido passamos a ser um país des-emergente, sem categoria!

No post Europa-sem-destino fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “Segundo meu 'best look', parece que ainda existe uma pequena queda para motivar a compra – outra possibilidade é que esteja se formando um triângulo na onda 4 verde. Como podem notar no gráfico, existem duas zonas de interesse: a primeira ao redor de U$ 2.293; e a outra U$ 2.245. Reitero meu alerta da sugestão de compra em breve” ...




Como podem notar, ainda não adotei a configuração de um triângulo, embora fique cada vez mais provável. Decidi postar uma área destacada em marrom onde essa figura deveria se desenrolar, além do mais, só se sabe ex-post quando ocorre. Esses limites são entre U$ 2.443 – U$ 2.276. Não tenho outra coisa a dizer que: 'Let the Market Speak'




Em relação à posição de euro, nenhuma grande evolução ocorreu, mantendo as premissas indicadas para esse trade com stop loss em € 1.0810. A situação da França, com eleições em breve, deve movimentar os preços caso o presidente Macron saia com uma derrota expressiva."

Venho alertando que a bolsa está em um ponto perigoso, do tipo "ou vai ou racha". Fico extremamente incomodado pelo fato de que, no cenário base até segunda ordem, estamos numa onda 5,5,5,5 – haja 5! Acrescentando o fato do término da onda 1 azul. Hoje, o mercado não me parece igual aos outros dias, entrou em uma correção mais acentuada. Resolvi zerar a posição do Nasdaq 100 no fechamento. Precipitado? Pode ser. Amanhã, mais sobre o assunto.

O SP500 fechou a 5.473, com queda de 0,25%; o USDBRL a R$ 5,4614, com alta de 0,46%; o EURUSD a € 1,0705, com queda de 0,34%; e o ouro a U$ 2.358, com alta de 1,35%.

Fique ligado!

Comentários

  1. David, não tem nada que desabone a Magda Chambriard. Não sei se ela será boa ou má, mas julgar alguém pelo que está exposto no Wikipedia é um grande erro de viés típico da Faria Lima. Agora, o fato é que a Petrobras voltará a investir no desenvolvimento do Brasil e os dividendos devem minguar.

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  2. Bem, o Wikipedia é uma fonte de informação mundial que eu uso com frequência considero fidedigna e não sei de onde você possa considerar que existe vies. Em todo caso, vamos esperar e ver como ela se sai, se tem uma postura independente visionando o interesse dos acionistas, ou vai ser manipulada olhando os interesses do governo.

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