Bateu na trave #SP500

 


O Mosca segue firme na sua ideia de que o mercado de ações tem um divisor de águas: quem está na IA e o resto. Literalmente, será dessa forma que denominarei as companhias daqui em diante. Seria essa uma atitude arrogante ou inovadora? Essa é uma boa pergunta, mas podem estar certos de que ficarei atento e, caso tenha que mudar de ideia, eu o farei. Ou melhor, o mercado irá me indicar se algo for diferente. A melhor maneira de saber será acompanhar os preços das ações. Se o caro ficar barato e o barato deixar de ser barato, provavelmente estou errado.

Antes de entrar no tema de hoje, alguns fatos políticos chamam a atenção nas últimas 24 horas. John Authers fez um bom resumo:

"Os mercados reagiram com horror quando os eleitores mexicanos deram à nova presidente Claudia Sheinbaum uma grande maioria no congresso. Consequência: queda na bolsa mexicana ontem de mais de 10% e 4% na moeda queridinha do mercado nas operações de carry trade.

Eles ficaram felizes quando as pesquisas de boca de urna indicaram uma vitória esmagadora de Narendra Modi na Índia. Depois, ficaram preocupados quando a contagem dos votos foi muito mais apertada. Consequência: queda na bolsa indiana de aproximadamente 7%.

Ninguém sabe o que pensar do veredicto de Trump. Consequência: nenhuma até o momento, mas se ele ganhar, as expectativas não são boas”

Se alguém tem alguma dúvida que o mercado não gosta de mudanças, estão aí dois casos claros.

James Mackintosh, colunista renomado do Wall Street Journal, publicou um artigo cujo título aponta sua surpresa com a cisão no mercado acionário: "Grandes empresas de tecnologia desconectam o mercado de ações da realidade". Comentário meu: não seria o inverso?

As ações das Big Techs não estão apenas dominando o mercado. Elas também estão escondendo o quanto os investidores estão preocupados com a possibilidade de o Federal Reserve manter as taxas de juros mais altas por mais tempo.

A média das ações no S&P 500 é mais impactada por rendimentos crescentes—e ajudada por rendimentos decrescentes—do que em qualquer outro momento deste século. No entanto, o próprio S&P é muito menos afetado pela perspectiva das taxas de juros porque as ações das Big Techs, que compõem grande parte do índice ponderado pelo valor, estão isoladas do Fed por suas enormes pilhas de dinheiro.

As maiores ações—Nvidia, Microsoft, Apple e Alphabet—foram impulsionadas em parte neste ano pelo entusiasmo em torno da inteligência artificial, como eu discuti na semana passada. Mas a divisão altamente incomum tanto na avaliação quanto na sensibilidade às taxas de juros entre o S&P e seu constituinte médio mostra como essas grandes ações estão distorcendo as medidas usadas por investidores 'macro' que se concentram na economia e no Fed.

A divisão de avaliação é clara. Divida o mercado em décimos por tamanho e a avaliação dos grupos sobe de forma bastante constante à medida que aumenta o valor da empresa. A avaliação também não é tão vertiginosa: a ação mediana no S&P é negociada a 18 vezes os lucros futuros, contra mais de 21 vezes para o índice dominado pelas Big Techs. (Para ser claro, isso ainda não é barato pelos padrões históricos.)




A sensibilidade às taxas de juros pode ser medida comparando o S&P 500 comum, que dá mais peso a empresas maiores, e a versão de peso igual, que trata as pequenas da mesma forma que as gigantes para medir a ação média. O S&P comum subiu mais de 10% este ano até sexta-feira, enquanto a versão de peso igual subiu menos de 5%.

A ligação com os rendimentos dos títulos também está dividida, com a ação média mais fortemente ligada aos rendimentos dos títulos—subindo quando eles caem e vice-versa—do que em qualquer momento desde 1999 em um período de 100 dias. A diferença entre essa correlação e a do S&P comum, que tem uma ligação muito mais fraca com os rendimentos do Tesouro, é sem precedentes nos dados desde 1990.

Além da IA, acho que isso é mais bem explicado pelos lucros corporativos e taxas de juros e, em menor medida, pela preocupação com a economia.

As ações das Big Techs que dominam o mercado têm enormes pilhas de dinheiro, enquanto as maiores empresas optaram por travar taxas de juros baixas por um longo tempo ao refinanciar seus títulos antes de o Fed começar a aumentar as taxas em 2022. Empresas menores tendem a não ter pilhas de dinheiro para ganhar juros altos de poupança e precisam mais emitir títulos para levantar dinheiro. As menores nem têm acesso ao mercado de títulos, uma das razões pelas quais o índice Russell 2000 de empresas menores ficou tão atrás do S&P este ano, conseguindo um ganho de apenas 16%.




Investidores preocupados com taxas de juros mais altas por mais tempo evitaram assim os degraus mais baixos do S&P, mesmo quando as maiores ações tiveram um bom desempenho. Nos dias em que os rendimentos dos títulos caem—como na quinta-feira, quando despencaram—, as ações menores sensíveis às taxas de juros geralmente se saem bem.

Mas o próprio S&P é arrastado pelo enorme peso de suas ações dominantes de Big Tech, então na quinta-feira o índice teve um dia ruim mesmo com apenas 139 ações caindo. O oposto aconteceu na sexta-feira, quando os rendimentos dos títulos caíram acentuadamente e os membros menores do S&P subiram mais de 15%, enquanto o índice como um todo subiu apenas metade disso, pois seus maiores membros o seguraram.

O fenômeno de grandes vs. pequenas ações reflete os mesmos desconexos que vemos na economia mais ampla. Se o Fed vai esperar mais antes de cortar, como vários formuladores de políticas sugeriram nas últimas semanas, haverá mais pressão sobre as partes da economia já lutando com altas taxas. Mutuários mais pobres e mais jovens já estão sentindo a pressão de taxas mais altas. Isso arrasta o crescimento: dados econômicos têm vindo abaixo das previsões por cerca de um mês, de acordo com o índice de surpresa econômica da Citigroup. As vendas das Big Techs não devem ser afetadas por uma desaceleração a menos que fique realmente ruim, ao contrário de varejistas tradicionais, instituições financeiras e produtores de bens.




A estranheza sobre a reação do mercado este ano é que é quase exatamente o oposto do que aconteceu em 2022. Naquele ano, as ações das Big Techs despencaram à medida que os investidores reduziram suas avaliações exuberantes, arrastando o S&P para uma queda de 19% ao longo do ano. Enquanto isso, a ação média caiu apenas 13%, pois empresas menores e de baixo valor eram consideradas menos dependentes de lucros futuros que valem menos em um mundo de taxas mais altas.

Por que a diferença? O entusiasmo pela IA compensa o impacto da avaliação. O choque das taxas este ano—de esperar seis cortes do Fed para apenas um ou dois—é de uma escala diferente de 2022, quando as taxas dispararam de zero para 4,5%. E os investidores acordaram para a dívida de longo prazo e as pilhas de dinheiro que protegem tantas das maiores ações.

Investidores fora do setor de Big Tech estão certos em se preocupar com taxas mais altas. Para aqueles que procuram pechinchas, a alta avaliação do S&P esconde o fato de que seus menores 50 membros são quase tão baratos, com uma mediana de 15 vezes os lucros futuros, quanto o índice como um todo estava no nadir do pânico do Covid-19 em 2020.

Se os cortes de taxas ocorrerem, os pequenos finalmente terão a chance de ofuscar as Big Techs.

Tenho muito respeito por esse colunista, mas acho que ele forçou a barra em seus argumentos para justificar a elevada precificação das Big Techs, como assim ele denomina. Não acredito que o mercado seja ingênuo e, por essas empresas possuírem grande volume de caixa, elas devam valer mais. Afinal, o horizonte, principalmente nesse segmento, observa um período de 10 anos e, nesse período, não se sabe se terão caixa e nem o que vai acontecer com os juros.

O pior é que ele se embriagou com seu argumento e alerta: olha aí, quando os juros caírem, essa distorção vai reverter. Não acredito mesmo nessa hipótese e mantenho minha ideia original. A razão é por conta de: quem está na IA e o resto. Seu tiro bateu na trave – pensando bem, achou que chutou muito fora do gol.

No post "qual-hora-do-bote", fiz os seguintes comentários sobre o SP500: "... Acredito que a onda iv verde deve ter terminado ou está em vias de terminar. O objetivo final se encontra destacado abaixo entre 5.437 / 5.452 ..."




Como mencionado acima, a onda 4 verde se estendeu e pode ser que tenha terminado. Onda 5 são marotas, pois indicam o término de uma sequência de altas. No caso em questão, são três delas terminando. Ela pode já ter terminado? Sim, mas não parece ser o caso. Em todo caso, anotei no gráfico o stop loss onde teria que alterar minha contagem. Muito cuidado daqui em diante, pois se é essa a contagem que irá prevalecer, eu aguardo uma queda nada agradável à frente.




O SP500 fechou a 5.291, com alta de 0,15%; o USDBRL a R$ 5,2853, com alta de 0,74%; o EURUSD a € 1,0880, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 2.326, cm queda de 1,01%.

Fique ligado!

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