A difícil tarefa de primeiro lugar #SP500

 


Nos últimos dois dias, a Nvidia levou um tombo de 13%. Isso é muito? Não para quem está subindo sem parar, mas sem dúvida machuca quem está no “oba-oba”, como poderão verificar mais adiante a posição no mercado de opções. Eu sempre enfatizo que, ao ficar em primeiro lugar, o próximo movimento é perder esse posto. Depois de quanto tempo? Ninguém sabe. Manter a liderança é sempre mais difícil que conquistar — não que seja fácil qualquer um dos dois!

A imprensa está na expectativa da queda. Afinal, o jornalista que acertar uma reversão nos preços vai ganhar destaque como o visionário que previu a queda. Podem estar certos de que é pura sorte, mas vale a pena ele arriscar. Por exemplo, eu destaquei duas matérias, ambas publicadas na Bloomberg no mesmo dia, por Jeran Wittenstein e Nir Kaissar, com as seguintes chamadas, respectivamente:

“O futuro obscuro da IA da Nvidia não se reflete em seu preço” e

“As vendas da Nvidia crescem tão rápido que Wall Street não consegue acompanhar”.

Vejam a seguir um resumo que mixei para melhorar a compreensão dos assuntos.

A Nvidia Corp. tem se destacado como uma das empresas mais dominantes e de rápido crescimento no mercado de tecnologia, especialmente no setor de inteligência artificial. Suas ações dispararam 4.000% nos últimos cinco anos, tornando-a uma das três empresas mais valiosas do mundo, ao lado de Microsoft Corp. e Apple Inc. A Nvidia possui uma participação de mercado de 90% em chips de IA e uma margem de lucro de 57% sobre uma receita de US$ 80 bilhões, apresentando o maior crescimento de vendas entre as empresas do índice S&P 500 nos últimos cinco anos.

Ela é a ação mais cara do índice S&P 500, com suas ações sendo negociadas a aproximadamente 23 vezes as vendas projetadas da empresa para os próximos 12 meses. No entanto, há um problema com essa avaliação. Na era do boom da inteligência artificial, ninguém consegue determinar quais serão as receitas reais da fabricante de chips — nem os analistas de Wall Street que cobrem a Nvidia, nem os próprios executivos da empresa. Isso dificulta a avaliação sobre se as ações estão caras ou não.




Nos últimos cinco trimestres, a demanda por chips da Nvidia, impulsionada pela euforia em torno da IA, tornou as estimativas financeiras trimestrais de Wall Street uma piada. Mesmo os executivos da Nvidia estão lutando para prever quanto dinheiro a empresa vai gerar nos próximos meses. Desde que as vendas da Nvidia começaram a explodir no trimestre fiscal encerrado em abril de 2023, a receita excedeu o ponto médio da própria previsão da empresa em uma média de 13%, mais do que o dobro da média da última década. Analistas estão constantemente ajustando suas previsões, com alguns aumentando significativamente seus preços-alvo.

No entanto, a avaliação da Nvidia levanta questões sobre seu futuro como investimento. Atualmente, suas ações são negociadas a 76 vezes os lucros operacionais dos últimos doze meses, mais de três vezes a avaliação do S&P 500 e duas vezes mais cara que Microsoft e Apple. A taxa de crescimento de longo prazo projetada para a Nvidia é de 43% ao ano, significativamente maior que a de outras gigantes de tecnologia. Contudo, a incerteza sobre as receitas futuras e a variabilidade nas estimativas de crescimento dos analistas tornam difícil justificar o preço elevado das ações.




Apesar do crescimento impressionante da Nvidia, a incerteza em torno de suas receitas futuras e a variabilidade nas estimativas dos analistas tornam difícil justificar o preço elevado das ações. Enquanto a empresa continua a se beneficiar de um mercado promissor, há riscos associados ao seu tamanho e às expectativas de crescimento contínuo. Investidores preocupados com modelos de fluxo de caixa descontado devem considerar que, embora os múltiplos de avaliação da Nvidia sejam elevados, eles parecem mais razoáveis, dado o crescimento da empresa. No entanto, o estrategista-chefe de mercado da Jonestrading, Michael O’Rourke, alerta que o grau de superação das expectativas de crescimento pela Nvidia pode começar a diminuir, dificultando a justificativa do alto preço das ações.

Comparações com a Cisco Systems na década de 1990 destacam os riscos de apostar em previsões otimistas em um mercado emergente e em rápida evolução. Assim como a Nvidia hoje, a Cisco experimentou um crescimento explosivo e uma alta valorização antes de sofrer uma grande correção após o estouro da bolha da internet. Embora isso não signifique que a Nvidia terá o mesmo destino, demonstra os perigos de depender de um futuro brilhante em uma indústria nova e incerta. A crescente preocupação com a sustentabilidade do crescimento da Nvidia reflete os desafios de manter seu valor elevado à medida que o mercado de IA evolui.




Dentro deste cenário, seria mais que normal esperar uma onda especulativa nessas ações. Afinal, os “late comers” sempre acham que o céu é o limite. O gráfico a seguir mostra o aumento no volume de opções negociadas, fazendo uma separação entre as MGC — Mega Cap Growth, onde a Nvidia e as grandes se encontram — e o restante do S&P 500. Vale ressaltar que, atualmente, mais de 50% das opções negociadas na bolsa americana vencem no dia, um verdadeiro Cassino!




Na última sexta-feira, quando fiz a análise técnica dessa empresa a-prova-dos-nove alertei para uma eventual correção: “... em qual dos cenários podemos crer? Continuidade para novas altas ou uma retração mais abrangente? A segunda opção parece mais favorável no momento, dada a extensão do movimento. Eu colocaria o stop loss em US$ 11.700. Se a onda (3) azul terminou, pode-se esperar uma retração apontada no gráfico que levaria a ação para US$ 10.041 / US$ 8.641”...

1. Houve um erro nessa cotação que foi devidamente corrigido, embora no gráfico postado não deixasse dúvidas.

Acabou a festa? Não para o Mosca! Novas altas devem ocorrer mais à frente, mas, por enquanto, não consigo dizer qual a extensão dessa correção. Essa é a difícil tarefa de estar no primeiro lugar. Com a queda desses dois dias, a Nvidia perdeu a pole position — agora vai ficar mais fácil! Hahaha...

No post bull-market fiz os seguintes comentários sobre o S&P 500: “Está chegando o momento de decisão: abandonar a opção mais conservadora para assumir a mais agressiva?”. Nesse post, postei quais seriam os objetivos nesse cenário mais altista.

 



Houve uma leve retração nos últimos dias, o que deixa o quadro incerto à frente: novas altas ou correção em andamento? Tentar buscar o ATH — “all time high” — é praticamente impossível, só acontece por sorte. Na última sexta-feira, liquidamos a posição no Nasdaq100, cujos argumentos vão na mesma linha de dúvida. No cenário mais altista, ainda teria uma pequena alta até 5.551, completando a onda (v) verde e (iii) azul, conforme apontado no gráfico. Em contrapartida, no outro cenário, essa correção é bem maior.




Não tenho muito mais a acrescentar e nem vou expor limites alternativos neste momento. Relaxem e aguardem o mercado. “Let The Market Speak”. Fiquem também atentos ao Mosca, pois uma sugestão de trade pode acontecer.

No post mencionado acima, o Mosca fez um call agressivo ao assumir que podemos estar dentro de um Bull Market na acepção da palavra. Queria acrescentar um gráfico que justifica tamanho otimismo, cuja razão é o crescimento dos lucros das empresas que tem uma trajetória sólida, segundo estimativas do Banco Goldman Sachs.




Uma outra ilustração preparada por esse banco compara a evolução do S&P 500 no ano de 1995, quando um Bull Market estava em andamento, com o que ocorre atualmente. Não gosto muito dessas comparações, mas me sinto na obrigação de mostrar esta em especial. Não desgosto muito, pois no mínimo dá uma ideia de como evolui a bolsa num ambiente desses.




O SP500 fechou a 5.469, com alta de 0,39%; o USDBRL a R$ 5,4526, com alta de 1,13%; o EURUSD a € 1,0712, com queda de 0,19%; e ouro a U$ 2.319, com queda de 0,59%.

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