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Só o começo

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  A cada dia que passa fico mais convencido que estamos ainda no início do processo que denominei de revolução digital. Ontem participei de uma conferência oferecida pelo JP Morgan com gestores de tecnologia. Além das perguntas tradicionais se o setor está caro — e é claro que está —, as respostas que tenho observado nesse sentido se baseiam na ideia de que os juros se encontram em níveis muito baixos. Nesse evento, Manish Goyal fez um paralelo com o P/L dos bonds usando os juros pagos sobre o principal. Como a taxa de 10 anos se encontra em 1%, esse cálculo de P/L chegaria a 100. Não sei se compro muito essa ideia, pois como seria essa conta se o juro estivesse em 0,10%, comportaria um P/L de 1000? Com esse raciocínio ate as ações da Tesla estariam baratas! Mas não deixa de ser um fator a se considerar do ponto de vista relativo. O que mais marcou nessa apresentação, embora seja até bastante intuitivo, é o que está ocorrendo hoje em dia, com o tratamento de bancos de dados e uso d

Tema 2021: InouDe

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  O Mosca completa 10 anos em 2021, é um retrospecto de respeito. Afinal, nesta era digital, dificilmente um informativo desse tipo perdura por tanto tempo. Eu só tenho a agradecer aos leitores a confiança e o incentivo que me estimulam a escrever em bases diárias. Foram 2.220 posts num total de 361.663 visualizações (e contando!) espalhados pelo mundo, principalmente no Brasil, EUA e Europa. Quem é leitor antigo do Mosca sabe que não gosto de fazer previsões no final do ano. Não acredito que uma data específica seja suficiente para “obrigar” os analistas a terem uma opinião, se por acaso não as têm. Mas dou minha mão à palmatoria: se todo mundo faz, afinal, por que não o Mosca ? O ano de 2020 foi desafiador nesse aspecto, a Covid-19 alertou para a imprevisibilidade. O articulista Barry Ritholtz publicou em seu post um relato interessante sobre esse assunto. Previsões são  exercícios contraprodutivos  para investidores. Primeiro, são pouco mais do que palpites. Falo isso literalm

Efeito colateral

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  A vacina parece ser uma realidade que irá se concretizar no curto prazo. Agora, vacinar 7 bilhões de pessoas requer tempo e uma logística desafiadora. Outro fator que não está claro é a imunidade — ou a necessidade de se repetir a vacinação periodicamente. Mas vamos supor que tudo funcione a contento e o mundo adquira uma forma eficiente de combater a Covid-19 — e que fique por aí, sem Covid-20, 21 etc. Para se projetar as consequências nos diversos setores da economia, é fundamental saber se nesse novo momento tudo voltará ao normal. Recentemente, iniciou-se uma rotação das ações “prejudicadas” pela pandemia em detrimento das “beneficiadas”. Esse primeiro movimento é até mais razoável supor, pois a diferença entre ambas foi tão grande que parece lógico que aconteça. Hoje vou comentar sobre um aspecto que chamou minha atenção ao me deparar com um artigo do Wall Street Journal elaborado por Peter Grant, relatando a volta dos americanos aos escritórios, e principalmente o gráfico

Sem lastro

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  O Bitcoin está batendo na casa dos U$ 20 mil, nível que atingiu na mesma época do ano em 2017. Nem de perto o noticiário hoje é tão comentado sobre esse assunto quanto naquela data. Os preços-alvo eram jogados ao ar com níveis ridículos — U$ 50 mil, U$ 100 mil e outros até mais audaciosos. Não precisaria nem perguntar se essas pessoas estavam compradas até as tampas. Outros diziam que o dólar iria virar pó e não havia nada que o Fed pudesse fazer para evitar. Como brinde ainda se recebia o blockchain , que prometia ser a forma mais eficiente de transferir a propriedade de qualquer bem com toda garantia e facilidade. O mesmo aconteceu com a introdução da política monetária nos anos 1700, ferrovias nos anos 1800, a financeirização dos ativos na década de 1920 e o boom da Internet no final da década de 1990. Novas e excitantes tecnologias sempre têm e sempre causarão períodos de euforia. Não conseguimos evitar a empolgação. Bem Carlson articulista do site Common Sense, faz seu r

É uma miragem?

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  Depois que as vacinas Covid-19 se mostraram eficazes este mês, quase todos os cantos do  mercado sinalizaram que uma recuperação mais rápida está a caminho.  Ações economicamente sensíveis, metais industriais, petróleo bruto, os títulos de pior qualidade: todos dispararam, com exceção dos títulos do Tesouro. O vasto mercado de títulos públicos dos EUA costuma ter uma alta correlação com as perspectivas de crescimento, e especialmente com o que é conhecido como o " reflation trade ": a aposta de que a economia se recuperará rapidamente. Crescimento mais rápido quase sempre significa inflação mais alta, rendimentos mais altos e preços dos títulos mais baixos. A perspectiva de que as vacinas normalizem nossa vida injetou uma louca esperança em muitos dos ativos menos populares. A gigante petrolífera Exxon subiu 23% até agora em novembro, apontando para seu melhor mês desde pelo menos 1972. O índice Russell 2000 de pequenas e médias ações, com alta de 21%, caminha para seu

El encuentro com Dios

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Fiquei impressionado com a repercussão da morte do jogador Maradona. Que fosse limitada à Argentina seria compreensível, mas aqui no Brasil foi grande, sendo manchete de jornais, além de um bom tempo do Jornal Nacional. O Globo Esporte deu os seguintes destaques: “A despedida a Diego Armando Maradona se desenrolou numa quinta-feira que será lembrada nos livros de história. Velado na Casa Rosada desde as primeiras horas do dia, o corpo do ídolo argentino seguiu até o cemitério Jardin de Bella Vista no fim da tarde, a tempo de a cerimônia terminar ainda sob a luz do dia.” Indiscutivelmente, foi um craque diferenciado cujo auge ocorreu em 1986 durante a Copa do Mundo da Inglaterra. E foi lá que um lance muito comentado, aconteceu entre o anfitrião e a Argentina, nas quartas-de-final. Um gol de Maradona marcado com a mão deu a classificação a seu time. Ao final do jogo, questionado sobre se tinha feito o gol com a mão, Maradona assim respondeu: “ Lo marqué un poco con la cabeza y un poco c

O Xerife de ativos

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Os americanos comemoram hoje o Thanksgiving, data mais importante do calendário. Amanhã seria o dia quando se formavam filas imensas nas lojas para comprar os produtos com um bom desconto do Black Friday. Com a Covid-19, como será esse ano? Fila no computador? Hahaha ... A expansão monetária em excesso cria uma serie de distorções nos mercados. Esse é o caminho traçado no mundo hoje. Não existe praticamente nenhuma economia que não se tenha aventurado numa expansão monetária em conjunto com uma fiscal. Como sempre tem que ter um motivo, a Covid-19 caiu como uma luva nesse sentido. Afinal, era para o bem de todos os habitantes de um país. Não estou dizendo que não se devia fazer, parecia não haver outra solução para combater a interrupção total das economias mundiais. Mas o questionamento é mais antigo, pois esse processo de injeções maciças começou em 2008 depois da GFC – Great Financial Crisis. Se, por um lado, vivemos num momento com excesso de mão de obra e capital, aliado a u