Caiu a ficha do Mosca #nasdaq100 #Nvidia #ouro #gold

 


Um leitor do Mosca enviou uma mensagem ontem discordando de meus comentários sobre a decisão do Copom. Respondi diretamente no site, elencando meus argumentos – caso tenha interesse, acompanhe no blog, pois considero saudável essa troca de ideias. Hoje, o Ministro Haddad busca explicar que não existe a divisão dentro do Banco Central como vista pelo mercado: a turma do Bolsonaro versus a turma do Lula. Até acredito na boa vontade do ministro, mas vale aqui a famosa frase “não basta ser honesto; precisa parecer honesto”. No caso deste governo, faria uma adaptação: “não basta parecer honesto; precisa ser honesto”, e isso, parece que não é!

Meus comentários sobre o ouro ultimamente vieram com um grau de desconfiança quanto à solidez das altas que ocorreram. O motivo é que, enquanto o ouro subia, o estoque de ETFs desse ativo caía, o que mostra uma certa incoerência e poderia levar a crer que a alta não tinha sustentação. John Authers – ele de novo, o que posso fazer? Gosto de seus artigos! – comenta sobre o metal.

 

Razões Douradas

Dá para se divertir com estatísticas sobre o mercado de ouro. Uma das minhas favoritas, que aprendi em um museu, é que se fosse derretido todo o ouro que já foi extraído na história da humanidade, caberia em um cubo com lados de 20 metros. Esse objeto valioso caberia confortavelmente em um moderno petroleiro. No entanto, como o ouro é excepcionalmente denso, esse petroleiro afundaria.

Isso ilustra o ponto essencial de que a escassez sustenta o preço do ouro. Também limita o que pode ser possível. E isso ajuda a avaliar porque o ouro alcançou um recorde histórico nas últimas semanas, apesar do aumento dos rendimentos reais dos títulos que normalmente pressionaria seu preço. Geralmente, um alto preço real do ouro tem, ao longo do tempo, prenunciado retornos futuros fracos. Então, por que ele subiu. e há alguma razão para acreditar que seja mais sustentável desta vez?



A China tem sido o motor mais óbvio do rali do ouro, pois aumentou significativamente suas reservas (de acordo com números oficiais que muitos suspeitam ser subestimados) enquanto reduzia sua acumulação de reservas cambiais.



O preço do ouro tem subido devido à tentativa da China de se libertar do dólar, acumulando reservas de ouro. Uma maneira de acelerar a desdolarização ou destronar o dólar como a única moeda de reserva global seria a China respaldar o yuan com ouro, de maneira muito semelhante à que o acordo de Bretton Woods do pós-guerra baseou-se em um dólar conversível em ouro.

Claude Erb e Campbell Harvey da Universidade Duke argumentam em "Is There Still a Golden Dilemma?" que isso não vai acontecer — embora se acontecesse, impulsionaria bastante o mercado. Sua hipótese é que a China teria que acumular reservas de ouro per capita pelo menos iguais às dos EUA antes que sua moeda pudesse ter a mesma credibilidade. Este gráfico estabelece a matemática do que precisaria fazer para alcançar isso. Supondo que as reservas de ouro dos EUA permaneçam constantes, a China precisaria aumentar suas atuais 7,3 milhões de onças de ouro para 1,1 bilhão de onças:



Para alcançar a paridade, nas palavras de Erb e Harvey, "seria um empreendimento significativo uma vez que a quantidade total de ouro extraído em 2022 foi de 116,6 milhões de onças, de acordo com o Conselho Mundial de Ouro." Para chegar a 1,1 bilhão de onças, teria que comprar cada onça de ouro extraída pelos próximos quase nove anos. Isso pode não afundar um superpetroleiro, mas seria muito caro. Se a China quisesse contar com o ouro que ela mesma mina para compensar a diferença, isso levaria 85 anos (embora isso pudesse ser reduzido se aumentassem a produção anual).

Há duas conclusões a partir disso. A primeira é que a desdolarização terá que envolver mais do que compras chinesas de ouro. Embora a direção da trajetória seja óbvia, o trabalho de Erb e Harvey sugere que o dólar ainda está longe de ser destronado. A segunda é que parece que há uma nova fonte constante de demanda por ouro. Como Erb e Harvey ilustram neste gráfico, o advento dos fundos negociados em bolsa de ouro quase 20 anos atrás ajudou a elevar o preço do ouro para um novo patamar mais elevado:




O que também é interessante é que o ouro ainda está em alta, mesmo com o início do declínio das participações em ETFs — o que é uma evidência circunstancial de que outra fonte de demanda está emergindo. Enquanto a China considerar as reservas adicionais de ouro como um meio para o fim da desdolarização, isso levará muito tempo. A questão é se pode ser confiável como uma fonte contínua de demanda. Isso, de acordo com Erb e Harvey, significa que o "dilema dourado" de hoje é o mesmo que foi provocado pelos ETFs: "Um influxo de compras de ouro inaugurou uma nova era de preços reais de ouro permanentemente e perpetuamente em alta ou simplesmente preparou os preços reais do ouro para uma queda significativa?"

Vou discordar da análise acima de Erb e Harvey: inicialmente, a conta elaborada do preço do ouro por habitante, extrapolando a proporção americana para a China, não quer dizer muita coisa – ou quase nada. Por quê? Porque a decisão de compra de ouro é feita pelo banco central e, como tal, independe do tamanho da população e sim das reservas existentes. Acredito que essa proporção seria válida se fossem os americanos e os chineses que estivessem comprando respectivamente, e mesmo assim seria necessário analisar os motivos de cada um.

Quanto à hipótese de o ouro cair mais à frente por conta da diminuição do estoque de ETF, isso pode não acontecer. O ETF é uma forma excelente de manter um ativo em seu portfólio com nenhuma dor de cabeça; no caso do ouro, para ter uma barra de ouro físico, é necessário confiar nos documentos de veracidade e ter um local para armazenar seguro. Agora, imaginem o volume que um banco central teria; a logística é muito mais complexa.

Se a China está comprando ouro, o que parece ser o caso, ela não compraria o ETF – nenhum gestor colocaria sua reputação em jogo ao ter que justificar que confiou num pedaço de papel – hoje em dia num PDF! Seguramente, está comprando ouro físico e armazenando. Com esse raciocínio, está pressionando a venda de ETF por parte do emissor desse ETF para compra do ouro que se encontra depositado – não levem a ferro e fogo o que está dito, pois não sei se é assim que está funcionando, mas o sentido é de desfazer os ETFs e receber o ouro físico correspondente. Sendo assim, a aparente lógica de queda de preço pode não acontecer. Caiu a ficha do Mosca!

No post how-much fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: ... “Por enquanto, as condições 1 e 2 foram satisfeitas, restando a opção 3 que ainda demanda tempo. No gráfico a seguir, aponto a trajetória de curto prazo – linha azul – que deveria seguir a bolsa. O objetivo final é 19.186.” ...



Passada uma semana, a opção 3 foi também satisfeita, restando agora que o mercado dê continuidade. O primeiro objetivo numa janela mais curta seria a complementação da onda (iii) azul em 18.418, depois uma pequena retração na onda (iv) azul para em seguida atingir o objetivo visto de hoje entre 19.050 / 19.160. Agora só falta combinar com os russos, ou melhor, com os americanos! Hahaha....




Meus comentários sobre a Nvidia foram: ...”No caso da NVDA, ainda existe uma congestão ao redor de US$ 950 e US$ 750; essa indecisão pode ser oriunda da publicação de seus resultados que ocorrerá em 22/05, daqui a duas semanas. É natural esse receio em função das elevadas expectativas embutidas no seu preço. Se tudo ocorrer bem, o objetivo calculado de agora, sujeito a revisões de elevada magnitude, seria entre US$ 1320 e US$ 1340. Se você seguiu minha sugestão, administre com cautela essa posição” ...



Existiu uma pressão sobre as ações da Nvidia por conta da venda feita por um “Maven” [bambambã] de Wall Street, noticiado na Bloomberg por Jonathan Levin. Vejamos seus argumentos:

No mercado de ações dos EUA, os investidores foram condicionados a manter suas ações vencedoras. As Sete Magníficas foram assim nomeadas porque a maioria delas — tanto individualmente quanto coletivamente — entregou retornos extraordinariamente consistentes por uma década ou mais. Mas quando sua participação na Nvidia Corp. sextuplica em apenas um ano e meio, provavelmente vale a pena retirar alguns lucros da mesa, não importa o quanto você acredite na história da empresa. Basta perguntar ao bilionário Stanley Druckenmiller.

Segundo Druckenmiller, ele adquiriu sua posição na Nvidia em 2022 e esperava mantê-la por 2 a 3 anos. Ele decidiu que era hora de reduzir a participação no final de março, depois que as ações passaram de cerca de $150 para mais de $900 por ação. Eis como o ex-gerente de recursos de George Soros colocou isso em uma entrevista no "Squawk Box" da CNBC (ênfase minha):

"A longo prazo, estamos tão otimistas sobre a IA quanto sempre estivemos... Se estivéssemos todos aqui em 1999 falando sobre a Internet, ou alguém estivesse falando sobre isso, eu não acho que alguém teria estimado que seria tão grande quanto se tornou em 20 anos. Não tínhamos o iPhone, não tínhamos Uber, não tínhamos Facebook, e por aí vai. E ainda assim, se você comprasse o Nasdaq em '99, ele teria caído 80% antes que tudo isso se concretizasse. Isso não vai acontecer com a IA, mas pode ficar parecido. A IA pode ficar parecida com a Internet. À medida que passamos por todos esses gastos de capital que precisamos fazer, o retorno, embora esteja chegando incrementalmente dia após dia, o grande retorno pode estar a 4-5 anos de distância. Então, a IA pode estar um pouco superestimada agora, mas subestimada a longo prazo."

Será que o fato de Druckenmiller ter vendido sua posição é um sinal de alerta? Um sinal de alerta é. Mas vamos pensar um pouco sobre suas palavras. Ele não acha que a ação tem algum problema ou coisa parecida, simplesmente achou que está cara. Muito bem, ele já vendeu e essas ações foram absorvidas pelo mercado. A partir de agora, ele é um torcedor para que caia e possa entrar de novo. Será que vai conseguir? Se conseguir, vai dizer “eu disse”; se não cair, vai ficar jogando m%3rda em cima da empresa mais por raiva que por razão. O Mosca sugere seguir a análise técnica; ela é que vai nos dizer se está cara ou barata para o mercado e não para uma determinada pessoa, seja ela quem for.



Tudo indica que o movimento de alta está em curso; para que isso possa se provar verdadeiro, a Nvidia não deveria retroceder até US$ 812,55 e principalmente US$ 753,38. Acredito que se o Nasdaq100 continuar andando, não existe razão para o mesmo não acontecer com essa ação turbinada. Se não acontecer, comento depois.

No post sucessão fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “Vamos ser compradores se chegar lá? Vai depender de qual foi o “shape” nesse percurso. Mesmo assim, um movimento de 5 ondas para cima será uma obrigação, pois nenhuma garantia que haverá reversão nesse nível, bem como essa onda 4 verde deveria durar por mais tempo – não é um must, só uma possibilidade” ... Eu estava propenso a entrar agora, porém ainda não foi completada as 5 ondas. Vou esperar e não me precipitar como das outras vezes que ocorreu este ano. Disciplina!



O SP500 fechou a 5.222, com alta de 0,16%; o USDBRL a R$ 5,1555, com alta de 0,28%; o EURUSD a € 1,0770 com queda de 0,10%; e o ouro a U$ 2.363, com alta de 0,78%.

Fique ligado!

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