Mr.Google #usdbrl

 


Tenho um amigo cujo apelido antigo é Mr. Google. Vocês já podem imaginar o motivo: ele sempre tem respostas para qualquer assunto. A memória humana é muito complexa e o processamento dos insights do dia a dia de forma automática e múltipla ainda desafia a ciência. Os testes de QI parecem ter caído em desuso, pois pouco se fala sobre eles. Acredito que a inteligência emocional, que combina com a racional, ganhou mais peso, onde a primeira não é medida nesta métrica.

Quando você responde uma pergunta, não é claro o processo que sua mente realiza. Se é algo específico, como a que horas acordou ou quando foi à praia, a qualidade da resposta é elevada. Porém, em assuntos mais complexos, não fica claro se a resposta foi baseada em informações reais ou em nossas expectativas. Jason Zweig publicou no Wall Street Journal um artigo cujo título expõe a dúvida: "O que nossos cérebros sabem sobre as ações, mas não nos dizem."

Pensar que sabemos mais do que realmente sabemos—excesso de confiança—pode ser nosso maior obstáculo como investidores. Saber mais do que percebemos, mas não conseguir usar esse conhecimento, é outro obstáculo. É um mistério que finalmente está recebendo alguma atenção.

Para ser um investidor, em vez de um especulador, você deve fazer uma pesquisa profunda e deliberada antes de comprar um ativo. Como o falecido investidor Charlie Munger gostava de dizer, você deve ser “racional”.

Isso não significa que você deve ser tão insensível quanto o Spock de “Star Trek”. Uma das regras mais famosas de Warren Buffett— “tente ser medroso quando os outros são gananciosos e ser ganancioso apenas quando os outros estão com medo”— está enraizada em sua capacidade de responder à emoção.

Spock não teria medo da ganância dos outros ou seria ganancioso diante do medo deles; ele simplesmente acharia o comportamento deles inexplicável.

Buffett não é desprovido de emoção; ele é emocionalmente inverso. Ele pega os sentimentos de outras pessoas, os vira do avesso e faz com que as emoções resultantes sejam suas.

Na verdade, você não pode ser racional a menos que também seja emocional.

Pessoas com danos na amígdala, uma região do cérebro envolvida no processamento do medo, seguem “um curso de ação desvantajoso” ao escolher entre apostas mais seguras e mais arriscadas, relatou um estudo em 1999. A incapacidade de sentir medo leva-os a buscar ganhos sem considerar as consequências das perdas.

Outra região do cérebro que tem sido estudada dessa maneira é a ínsula anterior, que transmite a consciência dos estados corporais, como a frequência cardíaca, e processa reações como ansiedade e desgosto. Em um experimento, em que as pessoas tinham que decidir se continuariam comprando uma ação que subiu até pelo menos 10 vezes seu valor fundamental antes de despencar, aquelas cuja ínsula se ativou mais intensamente venderam mais cedo e ganharam mais dinheiro.

Uma pesquisa publicada em 2016 descobriu que traders profissionais que eram mais hábeis em estimar sua própria frequência cardíaca tendem a gerar lucros diários médios mais altos ao longo do tempo e ter carreiras mais longas.

Presumivelmente, isso ocorre porque eles estavam mais sintonizados com seus sentimentos instintivos; a excitação pode dizer-lhes para fazer uma negociação lucrativa, enquanto o medo pode sinalizar que eles devem cortar uma perda antes que ela se aprofunde.

Nos últimos anos, pesquisadores têm investigado a “neuroprevisão””. Essa é a aparente capacidade da atividade no cérebro de prever resultados — mesmo quando as pessoas não estão cientes disso.

Neurocientistas pediram a participantes que previssem quais solicitações de microcrédito levantariam mais dinheiro online, quais empreendimentos receberiam mais financiamento coletivo, quão populares seriam clipes de vídeo ou músicas, ou se uma ação subiria ou cairia.

Consistentemente, as escolhas conscientes das pessoas, quando confrontadas com esses tipos de perguntas, não são significativamente melhores do que o acaso. Mas a intensidade da ativação no nucleus accumbens, uma área do cérebro que processa subconscientemente a antecipação da recompensa, revela-se um bom preditor do que as pessoas coletivamente decidirão que gostam.

Isso mesmo: um lampejo de atividade eletroquímica em seu cérebro — tão fraco que você pode não perceber — prevê como as pessoas reagirão a algo potencialmente recompensador.

Em um estudo publicado no mês passado, 36 investidores profissionais holandeses tentaram escolher ações vencedoras e perdedoras enquanto seus cérebros eram escaneados em uma máquina de ressonância magnética funcional.

Entre as ações avaliadas estavam: AT&T, Carrefour, Ralph Lauren, Sanofi e Teva Pharmaceutical.

Para cada ação, os investidores visualizaram um perfil básico, incluindo setor industrial e capitalização de mercado; um gráfico de preços; dados sobre vendas e lucratividade; avaliação relativa aos seus pares; e um resumo das notícias recentes. Os investidores não foram informados dos nomes das ações e disseram que não as reconheciam.

O conjunto de informações visualizadas pelos investidores datava de vários períodos entre 1999 e 2011. Os investidores foram solicitados a dizer se achavam que cada ação superaria ou ficaria aquém do seu setor nos 12 meses após cada período de medição.

Suas previsões conscientes não foram melhores do que o cara ou coroa. No entanto, os pesquisadores também mediram a ativação no nucleus accumbens dos selecionadores de ações. E isso permitiu aos pesquisadores prever quais ações teriam melhor desempenho — com cerca de 68% de precisão. Quanto mais intensa a ativação, maior a probabilidade de a ação acabar desempenhando melhor.



É como se esses investidores profissionais tivessem conhecimento útil sem saber disso. Enquanto isso, o que eles acreditam saber—sua previsão consciente—é praticamente inútil.

Esses resultados são “absolutamente fascinantes e contraintuitivos”, diz Brian Knutson, professor de psicologia e neurociência na Universidade de Stanford. (Ele foi revisor do estudo, mas não esteve envolvido de outra forma.)

Muitos fatores podem influenciar as decisões de investimento, incluindo nossa experiência passada, nosso humor atual e quanto risco queremos ou precisamos assumir. É por isso que indivíduos acabam fazendo escolhas amplamente divergentes, mesmo que seus cérebros mostrem respostas iniciais semelhantes ao mesmo estímulo.

“O sinal cerebral é mais igual em uma amostra do que as previsões”, diz Leo van Brussel, neurocientista da Universidade Erasmus em Roterdã, coautor do novo estudo. “Portanto, o sinal cerebral é um melhor preditor em toda a população.”

Você não vai correr para um scanner cerebral toda vez que estiver prestes a fazer um investimento, então como pode aplicar essa pesquisa?

Se você pode detectar, canalizar e moldar suas emoções, elas podem reforçar, em vez de impedir, sua capacidade de ser racional.

Eu aprendi que meus sentimentos são bons indicadores contrários: quando estou com medo, devo ser ganancioso, e quando estou ganancioso, devo ser medroso.

Na crise financeira global, finalmente perdi a coragem em 6 de março de 2009. Mas eu conhecia meus sentimentos instintivos o suficiente para ouvir meu medo—e fazer o oposto. O mercado de ações atingiu o fundo três dias depois, mas continuei comprando.

Brian Posner, um investidor que teve uma carreira distinta na Fidelity, Warburg Pincus e ClearBridge Investments, diz que seus maiores sucessos foram em reviravoltas — empresas à beira do fracasso.

“Nessas situações, quase por definição, alguém está principalmente ou totalmente sozinho em reconhecer o potencial”, diz ele. “Esses investimentos são perturbadores.” Nesses casos, ele sugere, um bom sinal de que você está no caminho certo é “querer vomitar”.

Inverter as emoções de outras pessoas funcionou para Warren Buffett. Inverter suas próprias emoções pode funcionar para você.

O leitor pode se perguntar qual a utilidade prática desse artigo. Acredito que o mais importante revelado por esse estudo é que a decisão racional não levou a melhores decisões que um cara ou coroa, ou seja, um risco-retorno ruim. Mas existe uma parte de nosso cérebro, que o estudo chamou de “nucleus accumbens”, uma área do subconsciente associada à recompensa. Seria essa o que se denomina de "feeling"?

Em relação à forma sugerida por Jason, tenho minhas ressalvas. Em resumo, comprar quando ninguém quer e vender quando todo mundo quer comprar é a sistemática do investidor de valor: “comprar barato e vender caro” nem sempre dá certo. Por exemplo, seguramente nos dias de hoje já teria vendido a Nvidia há muito tempo.

Acredito que a análise técnica pode fornecer parâmetros melhores no processo decisório. O preço de um ativo é a expressão do valor que o mercado acredita ser justo naquele momento. Esse valor se altera no tempo conforme mais pessoas aderem a essa ideia—ou não—formando uma trajetória.

Para o leitor que não é conhecedor da Teoria de Elliott Wave, preparei um resumo dos principais pontos:

A Teoria das Ondas de Elliott é uma forma de análise técnica que busca prever movimentos futuros do mercado financeiro através do estudo de padrões repetitivos de preços. Desenvolvida por Ralph Nelson Elliott na década de 1930, a teoria é baseada na observação de que os mercados se movem em ciclos previsíveis, que ele chamou de "ondas".

 

Paralelos com as Proporções Humanas

A Teoria das Ondas de Elliott tem paralelos interessantes com as proporções encontradas na natureza e nas proporções humanas, em particular com a Sequência de Fibonacci. Aqui estão os pontos principais:

1. Sequência de Fibonacci:

   - A sequência de Fibonacci é uma série de números onde cada número é a soma dos dois anteriores: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, etc.

   - Essa sequência está presente em muitas formas naturais, como o crescimento de plantas, a disposição das folhas em um caule e até mesmo na estrutura do corpo humano.

2. Proporções Áureas:

   - A proporção áurea (aproximadamente 1.618) é derivada da sequência de Fibonacci e é considerada esteticamente agradável. Esta proporção aparece em muitas estruturas naturais, incluindo o corpo humano.

   - Na Teoria das Ondas de Elliott, muitas vezes as ondas de preço se relacionam umas com as outras em proporções que são múltiplos ou frações da proporção áurea. Por exemplo, a extensão da Onda 3 pode ser 1.618 vezes a extensão da Onda 1.

 

Por Que o Mercado se Move em Ciclos Previsíveis?

A ideia de que o mercado se move em ciclos previsíveis é central na Teoria das Ondas de Elliott. Existem várias razões para isso, baseadas em psicologia de massa e padrões históricos:

1. Psicologia do Investidor:

   - Os mercados financeiros são reflexos das ações coletivas dos investidores, que são guiados por emoções como medo e ganância.

   - Essas emoções tendem a se manifestar em padrões repetitivos de comportamento, criando ciclos de alta (bull markets) e baixa (bear markets).

2. Fractalidade e Auto-Similaridade:

   - A Teoria das Ondas de Elliott propõe que os mercados exibem padrões fractais, onde cada ciclo de mercado é composto de sub-ciclos que seguem a mesma estrutura.

   - Isso significa que padrões de preço menores (intradiários) se parecem com padrões maiores (mensais, anuais), criando uma previsibilidade baseada na auto-similaridade.

3. Memória do Mercado:

   - Os mercados tendem a "lembrar" de níveis de preços anteriores, criando áreas de suporte e resistência.

   - Isso leva a padrões recorrentes de comportamento, onde os preços reagem de maneira previsível a certos níveis históricos.

4. Ciclos Econômicos e Financeiros:

   - Além dos ciclos emocionais, existem ciclos econômicos que afetam os mercados, como ciclos de negócios, ciclos de crédito e ciclos de inovação.

   - Esses ciclos tendem a se repetir ao longo do tempo, contribuindo para a previsibilidade dos movimentos do mercado.

O ser humano é um composto de decisões racionais e emocionais. O estudo em questão demonstra que as emocionais têm uma taxa de sucesso superior às racionais, e não poderia ser diferente, pois eu acredito que as primeiras se sobrepõem às últimas. A Teoria de Elliott Wave tende a quantificar segundo esse princípio, fornecendo objetivos e tendência. Ao mesmo tempo, com as 3 regras básicas, mostra quando sua análise está errada.

Vou citar um exemplo real da minha vida de investidor. No passado, eu participava ativamente do mercado de moeda G-10, as principais dos países desenvolvidos. No final de um ano, resolvi fazer uma estatística para saber se existia algum par com performance melhor que o outro. Notem o seguinte: no par EURUSD, o resultado foi desprezível, enquanto no par AUDCAD (dólar australiano versus dólar canadense) foi o de melhor retorno. Como foi isso possível se eu acompanhava muito mais a economia europeia e americana que a desses outros países? Exatamente essa foi a razão: existiu um viés no EURUSD, pois eu “entendia” mais, enquanto no outro par utilizei somente os gráficos.

Meu amigo Mr. Google hoje perdeu muito de seu valor. Inclusive, usando o aplicativo, conseguimos respostas mais precisas às dúvidas, tanto é verdade que ele perdeu esse apelido. Para os mercados, ele usava seu “nucleus accumbens” mesmo sem saber que estava usando, com uma boa taxa de sucesso; em contrapartida, um outro amigo, seu “nucleus accumbens” está com defeito! Hahaha ... Sem nada melhor que isso, fico com os gráficos, pois o estudo reforçou ser melhor que os fundamentos – desculpe os fundamentalistas!

Os mercados internacionais estão fechados hoje para comemoração do Memorial Day, uma homenagem aos homens e mulheres norte-americanos que tombaram em combate. Desta forma, não existe muita movimentação dos mercados em geral.

No post o-mercado-venceu fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Para essa semana, uma nova ‘soupe du jour’ surgiu com um cenário de alta do dólar ganhando tração. Nessa nova composição, a onda (B) azul teria terminado e o dólar rumaria na onda (C) azul cujo objetivo seria R$ 5,798. Qual a convicção? Baixa! Não recomendo fazer nada” ...




Passada uma semana, essa estratégia fica um pouco mais provável, apenas um pouco! Consigo contar cinco ondas de alta num intervalo mais curto, nada além disso, pois podem se tornar sete e mudar de alta para correção. No gráfico a seguir, coloquei dois níveis a serem seguidos: vou ficar “animado” acima de R$ 5,1936 e “desanimado” abaixo de R$ 5,0431. Lógico que essa qualificação é em função do cenário traçado aqui, pois se romper o “desanimado”, mudamos. Nunca ficar desanimado com o mercado; basta mudar!




O SP500 não operou hoje; o USDBRL a R$ 5,1710, sem variação; o EURUSD a € 1,0858, com alta de 0,12%; e o ouro a U$ 2.350, com alta de 0,73%.

Fique ligado!

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