O mercado venceu #USDBRL
O estrategista do banco Morgan Stanley, Michael Wilson,
clamava em 2022 que a bolsa americana iria cair. Com a queda ocorrida nesse
ano, passou a ser considerado o “guru”. Normalmente, às segundas-feiras,
publicava suas ideias, e seus comentários eram muito aguardados. Em 2023,
reiterou seu pessimismo, mas, diferentemente do ano anterior, suas previsões se
mostraram erradas, uma vez que a bolsa americana subiu.
Para o ano em curso, manteve um tom negativo, não tão
negativo como antes, mas projetava que o S&P 500 terminaria o ano em 4.500,
o que representaria uma queda de 5% em relação ao nível de 4.697 de fechamento
do ano. Hoje, ele jogou a toalha e reviu seu objetivo para 5.400, uma pequena
alta de 20% em relação ao seu objetivo anterior. Esperamos que agora ele
acerte! Hahaha... Esse é mais um caso da minha frase: os economistas — e também
estrategistas — trocam de opinião como eu troco de camisa.
Porém, não é só a bolsa americana que está subindo, como
comenta Jan-Patrick Barnert e outros na Bloomberg: das 20 principais bolsas, 14
estão muito próximas da alta histórica.
De Nova York a Londres e Tóquio, se há uma semelhança entre
os mercados de ações globais, é esta: recordes históricos.
Dos 20 maiores mercados de ações do mundo, 14 atingiram
máximas históricas recentemente. O Índice MSCI ACWI, que rastreia mercados
desenvolvidos e emergentes, tem tido uma sequência recorde, estabelecendo um
novo recorde na sexta-feira. Nos EUA, os índices S&P 500 e Nasdaq 100
bateram recordes nesta semana, enquanto o Dow Jones Industrial Average
ultrapassou 40.000 pela primeira vez na história. Enquanto isso, as maiores
bolsas da Europa, Canadá, Brasil, Índia, Japão e Austrália estão atualmente em seus
picos ou próximos a eles.
Cortes iminentes nas taxas de juros, economias saudáveis e lucros corporativos estão impulsionando a atividade. E mais, há muitos motores potenciais para manter o rali, como os US$ 6 trilhões parados em fundos do mercado monetário, enquanto os riscos permanecem escassos.
“Do ponto de vista macroeconômico, não há sinais vermelhos”,
disse Salman Ahmed, chefe global de macro e alocação estratégica de ativos da
Fidelity International, que está com sobrepeso em ações globais em seus
portfólios multiativos. “O quadro cíclico está se mantendo forte e a alta está
se ampliando.”
A retração em abril nas ações globais não durou muito, pois
os compradores na queda apareceram consistentemente. Isso ajuda a explicar por
que o S&P 500 não teve uma queda de 2% em 311 dias, sua maior sequência
desde 2017-2018. E até as ações chinesas, que têm tido dificuldades desde que
atingiram um pico em fevereiro de 2021, estão começando a se recuperar.
Com tudo isso em mente, aqui está o estado dos principais mercados de ações ao redor do mundo:
Rali de US$ 12 Trilhões
O S&P 500 estabeleceu 24 novos recordes históricos em
2024, depois de passar dois anos sem nenhum, já que as ações dos EUA têm tido
um rali de US$ 12 trilhões desde o final de outubro. Parte disso é devido às
esperanças de um pouso suave, com a economia permanecendo forte enquanto a
inflação esfria, o que está estimulando apostas de que o Federal Reserve
relaxará a política monetária ainda este ano.
Outra parte é o entusiasmo pela tecnologia de inteligência
artificial. A gigante dos chips de IA, Nvidia Corp., sozinha é responsável por
cerca de um quarto dos ganhos do S&P 500. E junto com a Microsoft Corp.,
Amazon.com Inc., Meta Platforms Inc. e Alphabet Inc., controladora do Google,
cerca de 53% do aumento do índice de referência vem de apenas cinco ações.
Então, talvez o novo marco do Dow esta semana tenha sido o
desenvolvimento mais significativo, já que ele é menos ponderado por esses
grandes gigantes da tecnologia, de acordo com Dave Mazza, CEO da Roundhill
Investments.
“Embora a força do setor de tecnologia tenha sido
incrivelmente importante para ajudar os mercados a alcançar novos patamares,
está longe de ser o único setor que está indo bem”, disse ele. “Enquanto alguns
apontavam que o mercado estava muito concentrado no ano passado, não se pode
dizer o mesmo em 2024.”
Surpresa nos Lucros da Europa
As ações europeias também estão em uma sequência de
recordes, à medida que os dados econômicos mostram sinais de fundo em meio a
surpresas positivas este ano. Isso está impulsionando os lucros corporativos e
aumentando as expectativas de que os mercados continuem a construir sobre o
rali.
“A temporada de lucros, que se esperava ser fraca, acabou
sendo melhor do que o temido”, disseram estrategistas do BNP Paribas liderados
por Georges Debbas, observando que três quartos das empresas europeias
atenderam ou superaram as expectativas de lucros, com as margens melhorando.
Isso está impulsionando as estimativas dos analistas para os lucros futuros,
elevando as ações.
O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu em cinco dos últimos
seis meses, com a divergência na política monetária dos EUA provavelmente sendo
um vento a favor para as ações da região. O Banco Central Europeu adotou um tom
mais dovish do que o Fed nos últimos meses, e os mercados de títulos
esperam que o BCE corte as taxas antes de seu homólogo dos EUA pela primeira
vez na história.
Enquanto a alta estava fortemente concentrada em um punhado de ações, ela está se ampliando desde fevereiro, com 16 ações contribuindo para 50% dos ganhos anuais do Stoxx 600. A Novo Nordisk A/S é a maior, representando 10% dos retornos do índice este ano, enquanto a ASML Holding NV e a SAP SE respondem por 7,7% e 4,3%, respectivamente.
Commodities Impulsionam Ações
O índice FTSE 100 do Reino Unido superou o Euro Stoxx 50 em
termos de dólar nos últimos três meses, recuperando grande parte de seu
desempenho inferior do início do ano. Os preços crescentes das commodities
foram um motor chave, ajudando um dos mercados de ações desenvolvidos mais
baratos do mundo a começar a alcançar seus rivais.
O setor de commodities sensível à economia também
impulsionou o principal índice de ações do Canadá, o S&P/TSX Composite
Index, para um recorde histórico. Ouro e cobre estabeleceram recordes
repetidamente este ano, dando um impulso ao enorme setor de mineração do país,
que representa mais de 12% do peso do índice.
“Os preços dos metais preciosos estão se aproximando das máximas da década estabelecidas há apenas algumas semanas, o que pode manter o índice canadense sustentado por enquanto, embora uma reversão possa significar problemas”, escreveram os analistas da Bloomberg Intelligence, Gillian Wolff e Gina Martin Adams, em uma nota.
O Japão Está de Volta
O índice Nikkei 225 do Japão subiu 16% este ano, adicionando
um ganho de 28% no ano passado. O país atraiu investidores e impulsionou ganhos
com uma campanha para melhorar os retornos aos acionistas, um iene fraco e o
fim das taxas negativas no Japão.
Os estrategistas da BlackRock Inc. disseram que o iene em
queda poderia afastar investidores estrangeiros. Mas também acham que as
perspectivas são boas a longo prazo, devido às reformas corporativas,
investimentos domésticos e crescimento dos salários.
A Índia também tem tido uma forte trajetória, com o índice de referência S&P BSE Sensex estabelecendo recordes e superando a China, graças às promessas de investimento do governo e uma economia em expansão. No entanto, os investidores ficaram cautelosos nas últimas semanas devido às incertezas eleitorais e altas avaliações.
Enquanto isso, o índice S&P/ASX 200 da Austrália atingiu
uma alta em 28 de março, após os dados de inflação reforçarem as apostas de que
as taxas atingiram o pico. Desde então, as expectativas mudaram, com um
ex-funcionário do banco central prevendo que os cortes podem vir apenas no
final de 2025. No entanto, as ações australianas estão de volta a pairar perto
desse recorde.
O que impressiona é o fato de esse movimento estar ocorrendo em uníssono num mundo onde duas guerras acontecem com riscos elevados, considerando que seus participantes têm artefatos nucleares. Por outro lado, o controle da pandemia, que também afetou os quatro cantos do planeta, originou uma atitude que não poderia ser mais bem expressada que a música “Viva La Vida” do estupendo Coldplay, cujo lançamento em 2008 antecipou esse período de angústia. Essa onda de consumismo foi inicialmente financiada pela injeção de recursos propiciada pelos governos, cuja exaustão deve ter acontecido, sobrando outras formas de consumir. Notem que os bancos centrais se encontram neste momento em movimento contracionista, enxugando os recursos injetados durante a pandemia, como mostra o gráfico abaixo.
Não bastasse isso, a política monetária também propiciou de forma uníssona a alta de juros “across the border” dos bancos centrais, que os mantinham próximos, perto e abaixo de 0%. As elevações ocorridas a jato bateram recordes tanto de níveis como de velocidade, levando os consumidores a protelarem a onda de consumo e as empresas a se adaptarem a esse novo cenário. Mas o que ocorreu, pelo menos até agora, foram resultados parciais, com problemas em áreas onde havia alavancagem, como o setor imobiliário.
No post estátua fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Uma análise mais atualizada do movimento pode indicar uma onda 5 verde de forma diagonal. Fazendo o cálculo de risco x retorno e considerando que o stop loss nessa opção deveria se localizar em R$ 5,20 do nível atual em R$ 5,13”...
A cada semana que passa, fica mais desafiador encontrar uma análise técnica que melhor se enquadra nos movimentos observados. Como mencionado acima, na semana passada vislumbrava uma possível queda do dólar, agora já não acho tanto – para quem seguiu minha sugestão, sugiro liquidar nos níveis atuais a R$ 5,12 com um lucro diminuto. A principal razão é a lateralização durante a semana, ao invés da queda.
Para essa semana, uma nova ‘soupe du jour’ surgiu, com um cenário de alta do dólar ganhando tração. Nessa nova composição, a onda (B) azul teria terminado e o dólar rumaria na onda (C) azul, cujo objetivo seria R$ 5,798. Qual a convicção? Baixa! Não recomendo fazer nada.
O SP500 fechou a 5.308, sem variação; o USDBRL a R$ 5,1033, sem variação; o EURUSD a € 1,0869, com queda de 0,10%, e o ouro a U$ 2.426, com alta de 0,51%.
Fique ligado!
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