O mico se transforma em ouro #SP500

 


Certa vez fui almoçar na casa de um amigo e estacionei meu carro no subsolo. Peguei o elevador que parou no térreo e uma senhora entrou. Ela já apresentava sinais da idade e, depois de alguns segundos, a reconheci e pensei: “Nossa, essa era aquela gata que eu venerava quando ia na piscina do clube? Está acabada.” Passados alguns segundos, refleti: “Será que ela acha o mesmo de mim?!” Ao mesmo tempo, outras meninas da juventude para quem você não dava nada ficaram maravilhosas.

Fiquei com receio de publicar essa passagem, pois as leitoras femininas do Mosca poderiam achar meu comentário machista. Mas, para vocês que possam achar isso, na vida de vocês também não aconteceu daquele gatão ter virado um mico? Com certeza sim. A evolução do tempo vale para os dois sexos (ou todos quantos atualmente existem).

No mercado de ações também acontecem coisas semelhantes. Setores considerados tediosos passam a ser coqueluche e vice-versa. Venho enfatizando que estamos entrando numa nova fase de desenvolvimento mundial, em que a IA irá revolucionar inúmeros setores. Como enfatizei, os primeiros a se beneficiarem são as empresas diretamente envolvidas—as megaempresas. As outras, como ilustrei, ficam na “sala de espera”. Eis que o setor de geração de energia, o mais tedioso de todos por exigir grandes investimentos cujo retorno se dá num horizonte de longo prazo, mas com boa estabilidade, surge como coqueluche, como comenta David Uberti no Wall Street Journal.

Um vencedor improvável no mercado de ações nesta primavera se destaca, mesmo em um ano cheio de surpresas em Wall Street. As empresas de energia—sim, elas—estão superando a concorrência.

A alta nas ações das empresas de energia é, em parte, uma recuperação após um sombrio 2023. Mas seu movimento ascendente também reflete a crença crescente de que a economia dos EUA pode superar as taxas de juros mais altas e transformar em realidade a euforia em torno da inteligência artificial.

Dados recentes mostraram um esfriamento no crescimento do emprego e a inflação retomando sua desaceleração gradual, sem deterioração alarmante nas condições econômicas. Isso transformou os geradores de energia, que estão prontos para fornecer uma onda de data centers cada vez mais ávidos por energia necessária para a IA, em uma aposta indireta no projetado boom tecnológico.

O setor de utilidades do S&P 500, tipicamente estável, avançou 18% nos últimos três meses, enquanto a indústria de energia, em segundo lugar, subiu 11%. Dos cinco maiores desempenhos do índice este ano, três são produtores de energia. A alta de 138% da Vistra, baseada no Texas, em 2024, fez o aumento de 91% da Nvidia parecer normal.

Poucos investidores, se é que há algum, acreditam que as ações de energia, valorizadas por seus dividendos estáveis, estão a caminho dos altos múltiplos preço/lucro exibidos pelos fabricantes de chips e grandes empresas de tecnologia que disputam a dominação da IA. Em Wall Street, no entanto, um número crescente sente que o setor subirá à medida que novos data centers impulsionam o que muitos analistas acreditam ser o primeiro crescimento significativo na demanda de eletricidade nos EUA em uma geração.

"É para onde a bola está indo", disse John Bartlett, presidente da Reaves Asset Management. Investidor de longa data em utilidades, Bartlett agora concentra grande parte de seu foco nos planos de desenvolvimento dos gigantes da computação em nuvem que canalizam bilhões para a IA incluindo Alphabet, Amazon.com e Microsoft.

“Esse é o pessoal em que você realmente precisa prestar atenção no que está acontecendo com a demanda por eletricidade”, acrescentou.

Os data centers podem representar 10,9% da demanda de eletricidade nos EUA até 2030, de acordo com analistas do Citi, ante 4,5% hoje. Se as necessidades de energia crescerem tanto quanto muitos esperam, isso também significará mais usinas, linhas de transmissão e outra infraestrutura—e mais retornos para as empresas que os constroem.

A alta das ações de utilidades marca uma inversão do ano passado, quando os aumentos nas taxas de juros do Federal Reserve criaram um mundo repleto de investimentos de alto rendimento tentadores. A mudança transformou os títulos do Tesouro, basicamente isentos de risco, em máquinas de dinheiro, afastando os investidores das utilidades e seus sólidos dividendos.




Essa dinâmica não diminuiu este ano; os investidores ainda ganham menos renda com dividendos de utilidades do que com a dívida do governo. Mesmo assim, mais traders migraram para o setor após analistas de tecnologia e fornecedores de energia divulgarem uma série de projeções de demanda crescente de eletricidade nos próximos anos. Isso transformou as empresas de energia, geralmente vistas como ações defensivas, em uma aposta surpreendente no crescimento.

A alta começou no início deste ano com produtores de energia independentes que vendem eletricidade nos mercados de atacado e, desde então, se expandiu para as fornecedoras regulamentadas.

Os analistas alertam que empresas com menos exposição a data centers e negócios que fabricam equipamentos para a rede podem ficar para trás. Também existe a possibilidade de que a economia dos EUA desacelere ou a euforia da IA desapareça antes que as fornecedoras de energia — um raro setor onde os investidores geralmente aplaudem os gastos de capital — possam entrar em modo de construção.

“Nada no mundo da energia elétrica é uma corrida de velocidade”, disse Pavel Molchanov, analista da Raymond James.

A ameaça de longo prazo para os investidores: preços mais altos de eletricidade ou geração de energia mais suja podem pressionar os reguladores a intervirem.

Em estados como a Geórgia, os planos das fornecedoras para construir novas usinas de energia a combustíveis fósseis têm atraído a ira de grupos de consumidores e defensores do clima. Se as projeções de crescimento da demanda de energia não se concretizarem, os críticos alertam que os pagadores de tarifas ficariam presos a custos mais altos por décadas.

“O risco é sempre que essa expansão seja muito inflacionária”, disse Jim Lydotes, vice-diretor de investimentos em ações da Newton Investment Management. “Isso terá que recair sobre as contas dos consumidores.”

Essa tensão entre as preocupações dos pagadores de tarifas e os retornos dos acionistas pode crescer à medida que mais fornecedoras propõem construções. Os reguladores podem efetivamente limitar os retornos das fornecedoras, prejudicando o apelo do investimento em empresas que provavelmente terão que emitir ações para financiar projetos.

“As fornecedoras terão que autofinanciar esse crescimento”, disse Lydotes. “Os reguladores precisam manter os retornos aceitáveis.”

De imediato, pode-se concluir que dois setores, além das megaempresas, devem se beneficiar da IA: a fabricação de computadores quânticos, necessários para processar as informações — em uma velocidade de sei lá qual unidade poderiam definir! — assim como a geração de energia, pois o setor consome em alta demanda. Nesse segmento, irá existir uma questão importante que se refere à substituição da queima de carbono por energia limpa. A maioria dos estudos feitos não contemplava o aumento oriundo da IA, que é muito grande. Não sei como os modelos irão se comportar, mas seguramente os retornos desse segmento não serão mais os imaginados pela forma figurativa como é conhecido — “ações para a velhinha de Taubaté.” Os hedge funds vão estragar a festa dela!

Quem diria que as meninas que eram despercebidas passariam a ser top models. Mais uma razão para não acreditar que existem ações para toda a vida!

No post paciência-de-jó, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Os dois primeiros foram ultrapassados e a bolsa caminha para o nível de 5.260 – ajustado para completar a onda iii) verde. O objetivo final continua ao redor de 5.416 / 5.452.” ...




Por enquanto, o SP500 caminha de “forma ordenada” segundo a teoria de Elliot Wave. Tudo indica que a onda iii verde deve atingir o nível estendido em 5.383, uma pequena retração da onda iv verde até 5.227 para atingir no final 5.433 / 5.452. Tudo combinado? Muito cuidado, como venho frisando, ondas finais são “tricky.”




O SP500 fechou a 5.321, com alta de 0,23%; o USDBRL a R$ 5,1200, com alta de 0,33%; o EURUSD a € 1,0854, sem alteração; e o ouro a U$ 2.421, com queda de 0,14%.

Fique ligado!

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