Sem controle #usdbrl
Venho referindo frequentemente os problemas que a economia
chinesa tem enfrentado. São numerosos, e para obter mais detalhes, recomendo a
leitura do post intitulado a-china-esta-pagando-o-preço,
onde esses argumentos estão detalhados. No passado, o governo chinês costumava
intervir nos momentos de crise para conter uma tendência baixista, no entanto,
parece que essa abordagem não está mais surtindo efeito.
As notícias diárias têm relatado os desafios enfrentados
pela China, mas tudo indica que o país entrou em um ciclo vicioso no qual os
argumentos relacionados a preços não estão funcionando. Na visão de Mosca,
o principal erro foi cometido por Xi Jinping, cujas ações afastaram os
investidores internacionais do país. Não sei como isso pode ser interrompido,
mas certamente pode resultar na exportação de uma onda de deflação, dada sua
enorme participação nos mercados externos. O Brasil, ingenuamente ou talvez
pensando ser esperto (mas, no fundo, é a incompetência de nosso presidente),
preferiu se alinhar a eles em vez dos países ocidentais. Os chineses estão
focados em se salvar e pouco se importam com outros países, conforme relatado
por Juan Pablo Spinetto na Bloomberg.
Os fluxos de investimento chinês estão realmente diminuindo
drasticamente, mas o gigante asiático está mais ativo na busca por posições em
indústrias inovadoras, como energia verde e tecnologia, que ele considera
cruciais para suas próprias aspirações econômicas. Segundo um relatório do
Diálogo Interamericano, a China investiu US$ 6,4 bilhões em investimento direto
na América Latina e no Caribe em 2022, 17% abaixo da média anual para o período
de 2020-2021 e menos da metade dos US$ 14,2 bilhões investidos anualmente entre
2010 e 2019, em média.
Os investimentos chineses estão desacelerando, mas a China está concentrando mais esforços em indústrias de "nova infraestrutura", como tecnologia da informação, energia renovável, veículos elétricos e manufatura de ponta, entre outros setores estratégicos. Investimentos nessas áreas representaram quase 60% do total investido na região em 2022, cerca de US$ 3,7 bilhões.
Essas mudanças refletem uma alteração global na estratégia
chinesa, considerando as crescentes tensões políticas, a competição com os EUA,
uma economia doméstica desacelerada e outras dificuldades. Na América Latina,
essa mudança também reflete experiências passadas de projetos de infraestrutura
maciços com resultados ambíguos. A abordagem da China agora é "menos é
mais", reconhecendo a necessidade de agir com cautela em uma região
conhecida por sua política volátil.
Outra preocupação é o nível de endividamento do governo
chinês. Quando a economia está em crescimento, níveis elevados de endividamento
causam menos apreensão, pois os investidores em títulos não veem a ameaça de
default iminente. No entanto, com a desaceleração e, principalmente, a
deflação, esse problema vem à tona. O governo vem alertando as províncias e
bancos para reduzirem seus empréstimos, que estão em crescimento constante.
Em relação aos interesses atuais da China, o Brasil se apresenta como viável na área agrícola, mas tenho dúvidas sobre os minerais, pois nossas exportações baseiam-se em commodities tradicionais e não em elementos raros. Na tecnologia, estamos engatinhando, e em projetos de infraestrutura, tão necessários ao nosso país, também tenho dúvidas.
No curto prazo, garanto que o governo chinês não tem outro foco senão conter a queda das bolsas, bem como de sua moeda, conforme comentários da Bloomberg News.
O declínio nas ações chinesas listadas em Hong Kong se intensificou na segunda-feira, indicando um crescente pessimismo entre os investidores internacionais. O índice Hang Seng China Enterprises caiu 2,4%, se aproximando de um nível visto pela última vez há quase duas décadas, enquanto o índice de referência no continente, o CSI 300, encerrou 1,6% mais baixo.
As perdas mais acentuadas em Hong Kong, onde estão listadas algumas das empresas mais influentes e inovadoras da China, e onde a interferência de Pequim é menos percebida, pintam um quadro mais preocupante do sentimento global dos investidores em relação à segunda maior economia do mundo. Sinais de intervenção do governo para sustentar o mercado no continente aumentaram nas últimas semanas, apesar de uma Wall Street mais otimista, onde o índice S&P 500 atingiu um recorde na sexta-feira.
Vários fatores contribuem para a aparentemente interminável
venda de ações chinesas, desde uma desaceleração profunda no mercado
imobiliário até pressões deflacionárias persistentes, além de incertezas sobre
a trajetória das taxas de juros nos EUA. A decisão mais recente dos bancos
comerciais chineses de manter suas taxas de empréstimo inalteradas, seguindo a
decisão recente do banco central de manter os custos de empréstimo, também pode
ter decepcionado investidores que esperavam um estímulo mais agressivo.
O desânimo se reflete em uma fuga de investidores
institucionais estrangeiros das ações listadas em Hong Kong para mercados como
o japonês. As ações chinesas listadas em Hong Kong são frequentemente
consideradas um indicador mais preciso da saúde da segunda maior economia do
mundo e do sentimento geral do investidor. Em comparação, as negociações em
Xangai e Shenzhen são constantemente influenciadas por intervenções dos
reguladores chineses.
A queda recente pode ser atribuída a uma "falta de
catalisadores no curto prazo e saídas para alternativas mais atrativas na
região", segundo Marvin Chen, analista da Bloomberg Intelligence. A
fragilidade também é observada no mercado chinês continental, onde o índice de
referência CSI 300 atingiu uma nova mínima de cinco anos.
Menos de um mês no novo ano, o índice de ações chinesas
listadas em Hong Kong já perdeu 13%, tornando-se o pior desempenho entre os
principais benchmarks globais. Em comparação, o S&P 500 ganhou 1,5%. Eva
Lee, chefe de ações da Grande China na UBS Global Wealth Management, destacou
que os benefícios do afrouxamento monetário do Banco Popular da China já foram
precificados e políticas mais agressivas são necessárias para reviver as ações.
Tenho sérias preocupações sobre o desenrolar dos
acontecimentos naquele país. Fico com a impressão de que os analistas confiam
em uma solução milagrosa do governo chinês, afinal, foi assim que aconteceu no
passado. Outra preocupação é a contaminação nos países emergentes, o que não
ocorreu até agora, mas o mercado resolveu simplesmente desconectar a China,
acreditando que agora é diferente. Será que vai continuar assim?
No post intitulado conselhos, fiz os
seguintes comentários sobre o dólar: "Passou mais uma semana e nada de
definição; o retângulo só continua se estendendo. Fico me questionando se não
está ocorrendo a formação de um triângulo, como o apresentado a seguir. Não que
essa seja minha preferência, mas não fica muito atrás da opção que estou
seguindo. Talvez o que se poderia esperar nesse caso é uma queda depois que o
triângulo termine, levando o dólar para algo entre R$ 4,80 / R$ 4,74 / R$
4,70"...
Posso fazer um "copy-paste" da forma como início meus comentários, ao invés disso, vou usar: "já sabem! Hahahaha...". Mas isso vai terminar em algum momento; o dólar vai ter que definir seu rumo, e enquanto isso não acontece, não há nada a fazer. Na semana passada, aventei a hipótese de formação de um triângulo, como se pode ver no gráfico acima. Não estou usando como cenário principal, porém, se continuar, será minha preferência.
O SP500 fechou a 4.850, com alta de 0,22%; o USDBRL a R$ 4,9855, com alta de 1,11%; o EURUSD a € 1,0882, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 2.020, com queda de 0,44%.
Fique ligado!
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