Qual motor está falhando #IBOVESPA
Não assisti ao debate entre Kamala Harris e Donald Trump,
mas, de acordo com as pesquisas, ela foi a vencedora, o que acabou elevando um
pouco suas chances de vitória. O Mosca tem uma preferência por Harris, não concordando
integralmente com suas visões, mas uma vitória de Trump tumultuaria o cenário
econômico com sua versão equivocada de como "Make America First".
Para esse objetivo, nem seria necessário muito, pois a economia é sólida.
Perdi meu tempo assistindo ao jogo da seleção brasileira e
continuo insistindo que o problema são os técnicos brasileiros, e Dorival
Júnior não foge à regra. Mesmo com um poderoso trio de atacantes que jogam
juntos no Real Madrid, o jogo não fluiu. Mas pior ainda foi sua declaração
antes da partida: "Nós disputaremos a final da próxima Copa do
Mundo". Dorival, use um pouco do ensinamento do mercado financeiro que
diz: resultados passados não são garantia de resultados futuros. E no seu caso,
nem o passado você tem. Preocupante!
Há muitos anos, quando comecei a me inteirar dos principais
números econômicos, a parcela do consumo americano, que representa 70% do PIB,
chamou muito minha atenção. Desde então, esse é o indicador que mais observo.
Outro fator que mudou drasticamente é a importância do setor de serviços, que
também ocupa uma parte significativa. Notem que o ISM — indicador da área de
produção e serviços — tem mostrado a produção negativa há algum tempo, enquanto
o setor de serviços permanece positivo.
Com isso em mente, e observando o sinal do mercado de juros,
onde houve uma queda importante nas taxas de títulos mais longos, surge o
receio de que a economia americana esteja desacelerando, o que pode levar a uma
recessão. Por outro lado, a projeção do PIB para o 3º trimestre, apontada pelo
GDPNow — melhor indicador na opinião do Mosca — é de 2,5%, o que não é nada mau.
James Mackintosh comenta em artigo do Wall Street Journal, cujo título coloca em questão a possibilidade de uma recessão: "Um Sinal de Recessão Está Piscando em Vermelho. Está mesmo?"
Quando a curva de rendimentos se torna positiva, o país
geralmente está prestes a mergulhar em recessão. A esperança, desta vez, reside
em algumas exceções históricas.
Dois anos atrás, a inversão da curva de rendimentos — com os
títulos do Tesouro de curto prazo rendendo mais do que os de longo prazo — foi
vista pelos investidores como um sinal claro de recessão. Agora, os preocupados
de Wall Street têm uma nova preocupação: a curva de rendimentos voltou ao
normal, outro sinal claro de recessão.
Pode parecer estranho, mas ambos os movimentos da curva de
rendimentos são, de fato, bons indicadores de recessão, embora não infalíveis.
O que realmente importa é o motivo pelo qual os títulos do Tesouro estão se
comportando assim, e neste caso, a questão recai sobre o Federal Reserve (Fed).
Espera-se que o Fed inicie uma série de cortes na taxa de
juros a partir da próxima semana, o que explica a rápida queda nos rendimentos
dos títulos de curto prazo, revertendo a inversão da curva de rendimentos
quando medida pela diferença entre o rendimento de 10 anos e o de 2 anos. Se
esses cortes forem exclusivamente porque a inflação voltou a ficar próxima da
meta, isso seria o cenário ideal de um "pouso suave" para a economia
e, definitivamente, não um sinal de recessão iminente.
No entanto, na maior parte da história moderna, cortes
profundos nas taxas de juros pelo Fed têm sido um sinal de que o país está
prestes a entrar em recessão ou já está em uma, que os economistas não
perceberam.
Os investidores estão oscilando entre qual dessas interpretações está correta. Mas a curva de rendimentos é uma representação um tanto grosseira desse problema. A inversão dos últimos dois anos nos diz que os investidores acreditavam que o Fed mantinha as taxas temporariamente altas e que elas seriam mais baixas a longo prazo. Mas isso não nos diz o motivo.
Observando a ação recente do mercado, vemos que os
investidores estão oscilando entre as razões para os cortes nas taxas. Em
alguns dias, acreditam que uma economia mais fraca, especialmente um mercado de
trabalho mais enfraquecido, pressionará o Fed a estimular o crescimento com
cortes nas taxas. Isso é uma má notícia para as ações, porque um crescimento
mais fraco pode se transformar em uma recessão.
Em outros dias, acham que o crescimento está bem, mas que a
inflação mais baixa permitirá que o Fed corte as taxas de qualquer maneira.
Isso é bom para as ações, pois significa financiamento mais barato, combinado
com lucros decentes após a inflação.
A história nos diz que, no passado, quando o Fed aumentou as
taxas de juros de forma significativa, quase sempre causou uma recessão. E
também nos mostra que, quando o Fed iniciou uma grande série de cortes de
taxas, quase sempre foi devido a uma recessão. Comentário meu: em nenhuma das
situações passadas o aumento de juros partiu de um nível tão baixo quanto o
atual, além de ser necessário combater o enorme excesso de liquidez injetado na
pandemia.
Essa combinação nos traz a peculiaridade de que curvas de
rendimentos invertidas parecem prever recessão, já que geralmente resultam do
Fed aumentando significativamente as taxas de juros. Curvas de rendimentos que
deixam de ser invertidas também parecem prever recessão, pois geralmente
resultam de cortes profundos nas taxas pelo Fed. No momento, os operadores de
futuros estão precificando cortes de taxas de 2,5 pontos percentuais ou mais
até o final do próximo ano, o que seria um corte significativo sem uma
recessão.
A esperança desta vez repousa nas exceções históricas. Houve pousos suaves em meados da década de 1960, meados da década de 1980 e meados da década de 1990, apesar dos grandes aumentos de taxas. Nos meados da década de 1960 e, brevemente, nos meados da década de 1990, algumas medidas da curva de rendimentos se inverteram, embora não por tanto tempo ou com tanta profundidade quanto nos últimos dois anos. Nos meados da década de 1980, houve um pouso suave sem uma inversão da curva de rendimentos, após grandes aumentos de taxas que se transformaram em cortes, tão grandes quanto os que os mercados estão prevendo até o final do próximo ano.
Também há a questão de qual curva de rendimentos escolher.
Economistas preferem comparar o rendimento de 10 anos com o rendimento de três
meses, que capta apenas os cortes iminentes de taxas e tem um histórico melhor
do que o rendimento de dois anos, usado por muitos investidores. A curva de 10
anos menos três meses ainda está longe de deixar de ser invertida, confundindo
ainda mais o cenário.
Nenhum dos exemplos históricos envolveu tanto uma curva
invertida quanto cortes tão rápidos como os previstos agora. O mercado pode
estar errando. Há boas razões para acreditar que os investidores possam estar
exagerando ao precificar cortes tão profundos, combinados com um pouso suave,
dado o aumento nas pressões sobre as taxas de longo prazo, vindas de enormes e
aparentemente permanentes déficits fiscais, do aumento do protecionismo e da
necessidade de maiores gastos globais com defesa e energia.
Entretanto, se a inflação se estabilizar próxima da meta de 2% do Fed, taxas de juros de 3% são perfeitamente viáveis por um tempo. Isso nos traz de volta ao dilema central que os investidores precisam enfrentar. A desaceleração da economia é o início de uma queda em direção à recessão ou um retorno à normalidade após o ciclo de boom e queda da pandemia?
Os dados econômicos têm sido indiscutivelmente decepcionantes, mas, por outro lado, não sugerem que a economia esteja em apuros no momento.
Infelizmente, se uma recessão estiver a caminho, mesmo
cortes agressivos nas taxas podem não a evitar. É verdade que taxas mais altas
têm dificultado alguns investimentos corporativos, atingido tomadores de
empréstimos mais pobres e mais jovens e dificultado a situação de empresas
endividadas quando suas dívidas de taxa fixa vencem.
Mas a economia como um todo é muito menos sensível às taxas
de juros do que costumava ser, porque grande parte da dívida está com taxas
fixas e baixas por longos períodos, tanto para hipotecas quanto para grandes
empresas. As empresas têm investido fortemente na construção de novas fábricas,
apesar do Fed, graças aos subsídios do governo. Além disso, cortes nas taxas
demoram para afetar a economia.
Os investidores devem ser cautelosos ao tirar conclusões
precipitadas da curva de rendimentos. No momento, ela nos diz o que já sabemos
— que o Fed está prestes a cortar as taxas — sem nos revelar o que realmente
queremos saber: se uma recessão é iminente.
Ed Yardeni tem uma visão diferente — coincidente com o Mosca
— de que quem está gerando ondas de deflação no mundo é a China. Abaixo estão
os principais pontos de seu relatório:
Esqueça uma recessão nos EUA. Atualmente, é a
recessão/depressão da China que está pressionando os preços do petróleo, os
rendimentos dos títulos globais e o dólar. A fraca demanda chinesa por petróleo
fez com que a OPEP revisasse para baixo as previsões de demanda global de
petróleo, deprimindo ainda mais os preços. O Brent caiu abaixo de 70 dólares
por barril, seu menor nível desde dezembro de 2021 (gráfico).
A queda nos preços do petróleo também reduziu o rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos para 3,65%, o menor nível desde o início de 2023, quando os mercados temiam que a mini-crise bancária regional desencadeasse uma recessão (gráfico).
O estouro da bolha imobiliária na China criou um enorme efeito negativo sobre a riqueza dos consumidores chineses. O Partido Comunista Chinês (PCC) contraiu grandes empréstimos para financiar projetos que se revelaram inúteis. Isso criou um grande fardo de dívida, o que pode explicar por que o governo não forneceu mais estímulos econômicos. A demanda doméstica está muito aquém das metas de crescimento econômico do PCC. Assim, o governo decidiu subsidiar seu setor manufatureiro e despejar produtos baratos no mercado global. Isso está impulsionando as exportações da China, enquanto as importações permanecem fracas, pressionando os preços globais (gráfico). A China está exportando deflação.
A queda nos preços do petróleo também deprime o dólar, já
que os estrangeiros precisam comprar menos dólares para financiar suas
importações de energia (gráfico). Energia mais barata reduzirá os custos de
manufatura, construção e produção de alimentos nos EUA. Preços mais baixos da
gasolina significam mais gastos do consumidor em outros bens e serviços, o que
reduz as chances de uma recessão nos EUA.
Também não houve sinais de recessão na pesquisa da NFIB,
divulgada hoje, sobre pequenas empresas. A porcentagem de pequenas empresas com
vagas de emprego subiu para 40% em agosto (gráfico). Esta série está altamente
correlacionada com os dados de vagas do JOLTS e sugere uma normalização, em vez
de queda acentuada. Houve um aumento significativo para 56% de pequenos
empresários que não conseguem encontrar trabalhadores qualificados para suas
vagas.
Esse ponto de vista está em consonância com o post publicado
ontem: mosca-greatest-hits. Se o Mosca errar, está em boa companhia!
Portanto, o motor que estaria falhando não é o americano, e sim o chinês,
embora seus efeitos sejam sentidos globalmente, afinal, trata-se da segunda
maior economia do mundo.
No post https://acertarnamosca.bpowell-sorte-ou-competência, fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: Estou desconfiado de que a onda 3 verde terminou abaixo do esperado — 141,7 mil. Se for isso, corremos o risco de sermos estopados na posição, mesmo considerando que a bolsa ainda tem potencial de alta. Destaquei no retângulo os possíveis níveis, bem como o 'stop loss' dessa análise, em 129,6 mil.
Na semana passada, ao observar a bolsa com janela de 1 hora, parecia nítido que uma onda B de menor porte havia terminado em 05/09 e que uma onda C deveria estar em curso. Fiquei propenso a liquidar a posição, mas me segurei, pois a principal razão seria a dificuldade em entrar novamente. Por enquanto, e SE a onda 4 verde terminou, a bolsa estaria rumando para o nível de 146,3 mil. Ficamos na torcida.
O S&P500 fechou a 5.554, com alta de 1,07%; o USDBRL a R$ 5,6485, com queda de 0,15%; o EURUSD a € 1,1016, sem variação; e o ouro a U$ 2.512, com queda de 0,14%.
Fique ligado!
Incrível a resiliência do IBOV, que caiu muito pouco mesmo com quedas razoáveis nas commodities e nos índices internacionais. So o PIB explica essa resiliência.
ResponderExcluirPois é!
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