A ilógica política #nasdaq100 #NVDA
Os políticos, na sua maioria, acham que entendem de tudo,
inclusive de economia. Minha formação é em engenharia, mas como passei toda a
minha carreira profissional no mercado financeiro, fui levado a entender dessa matéria.
Fiz alguns cursos que me deram uma boa base, mas tenho consciência de que
conheço o essencial. Não me arrisco a entender profundamente os modelos
econométricos amplamente usados pelos economistas, inclusive pelos bancos
centrais, que auxiliam na formulação da política monetária.
Um exemplo claro disso pode ser observado no Brasil, onde os
“entendidos” dizem que a taxa de juros está absurdamente alta. É verdade que,
com uma conta simples, subtraindo o juro praticado pela inflação corrente, hoje
se chega a cerca de 6% a.a. (Selic = 10,5% e inflação anual pelo IPCA até julho
= 4,5%), o que não é baixo. O que muitos não entendem é que, para trazer a
inflação ao centro da meta de 3% a.a., é necessário um aperto maior,
especialmente se a inflação na margem, junto com as expectativas, aponta para
alta. O BCB não usa chutômetro; ele se apoia em modelos.
Tenho grande receio do que ocorrerá quando Campos Neto for
substituído por Galípolo no comando do Banco Central. Embora o presidente Lula
tenha dito que não vê problema em subir os juros, desde que sejam explicados os
motivos, essa declaração não reflete sua real opinião. Sua fala foi claramente
uma provocação ao atual presidente do BCB, uma atitude quase infantil. O
mercado está convencido de que os juros devem subir, com base nos últimos dados
de inflação. As contas públicas estão indo de mal a pior, com o governo
buscando novas tributações não recorrentes para tapar o buraco no curto prazo,
sem tomar as medidas necessárias para reduzir as despesas. Isso coloca ainda
mais pressão sobre a política monetária.
Mas as besteiras dos mandatários não são exclusividade
nacional. Por exemplo, Trump, em seu plano de governo, pretende aumentar
brutalmente as tarifas de importação – principalmente em relação à China – e
incentivar um dólar mais fraco, acreditando que isso trará os produtos
fabricados no exterior de volta para os EUA. Mas a economia não funciona de
forma tão simplista, como comenta Bill Dudley na Bloomberg, cujo título já
antecipa o resultado: Tarifas altas e dólar fraco? Uma receita para o desastre.
Não se deve ficar muito preocupado com o que Kamala Harris
ou Donald Trump dizem que planejam fazer como presidentes. Candidatos sempre
fazem promessas que sabem que não poderão cumprir.
Mas, quando Trump diz que vai impulsionar a manufatura nos
EUA aumentando as tarifas de importação e pressionando para que o valor do
dólar caia, vejo motivos para preocupação: o presidente tem o poder de tentar
ambos por decreto, mas o plano é inerentemente contraditório.
Para entender o problema, é preciso primeiro compreender a
natureza dos desequilíbrios comerciais. Se o investimento doméstico dos EUA
excede as economias combinadas das famílias, empresas e governo dos EUA, o
déficit deve ser preenchido tomando empréstimos do exterior. Isso requer
dólares, que os estrangeiros obtêm principalmente vendendo mais bens e serviços
para os EUA do que compram do país. Também exige que o dólar seja valorizado a
um nível que, do ponto de vista dos EUA, gere um déficit comercial suficiente
para cobrir a escassez de poupança doméstica. Um dólar mais forte, por exemplo,
aumenta o déficit ao tornar as exportações dos EUA menos competitivas e as
importações mais acessíveis.
Agora, considere o que acontece quando os EUA aumentam as
tarifas de importação (vamos supor, por enquanto, que não haja retaliação
estrangeira). Importações mais caras tornam os produtores dos EUA mais
competitivos no mercado interno. Mas, enquanto a escassez de poupança doméstica
não mudar, o déficit comercial não pode cair. Em vez disso, o dólar deve se
valorizar para restaurar o equilíbrio, reduzindo as exportações dos EUA. Como
resultado, as vendas totais dos produtores dos EUA não mudam: eles apenas vendem
mais internamente e menos no exterior.
Em outras palavras, enquanto os EUA continuarem a tomar
empréstimos no mesmo ritmo, as políticas de tarifas mais altas e um dólar mais
fraco estão fundamentalmente em desacordo. Uma forma de sair desse dilema seria
reduzir a escassez de poupança doméstica diminuindo o déficit orçamentário
federal. Mas os cortes de impostos propostos por Trump fariam o oposto,
aumentando o déficit em cerca de US$ 4 trilhões na próxima década. Tudo o mais
constante, um déficit maior significa menos poupança, o que implica que o dólar
teria que se valorizar ainda mais.
Há outra maneira, menos desejável, de reduzir a escassez de
poupança doméstica: provocar uma recessão nos EUA para reduzir o investimento
em relação à poupança. As políticas de Trump poderiam, sem querer, alcançar
isso, caso o impacto negativo de importações mais caras no consumo das famílias
de baixa e média renda fosse maior do que o impulso dos cortes de impostos para
empresas e famílias de renda mais alta, que tendem a poupar mais de seus
ganhos.
Os danos potenciais não param por aí. Tarifas mais altas
também aumentariam a inflação, à medida que os preços das importações subissem
e os produtores domésticos ganhassem poder de precificação. Governos
estrangeiros provavelmente retaliariam, tornando as exportações dos EUA ainda
menos competitivas no exterior. O atrito econômico aumentaria à medida que as
empresas americanas fossem forçadas a ajustar sua produção para acomodar as
mudanças nos preços internos e externos. A produtividade sofreria, pois, a
produção mudaria de áreas onde os EUA têm vantagem comparativa para áreas onde
as tarifas forneciam proteção contra a concorrência estrangeira.
As promessas de Trump podem soar bem para os eleitores que
esperam que tarifas mais altas fomentem um renascimento na manufatura
americana. Se ao menos fosse tão simples. Infelizmente, os EUA acabariam em uma
posição pior.
Os motivos apontados por Dudley são extraídos dos livros de
economia, que tratam a economia como um todo, em vez de concluírem que a
estratégia simplista de aumentar tarifas aumentará a produção interna sem
considerar outras variáveis. O Mosca não é muito gentil quando comenta sobre
economistas, dizendo que eles mudam de opinião como eu troco de camisa, mas não
tenho intenção de desvalorizar a profissão. Pelo contrário, acredito nela.
Minha crítica é à maneira como alteram suas previsões. Seria melhor se assumissem
seus erros; afinal, economia não é uma ciência exata.
Administrar a economia de um país não é tarefa fácil. Melhor que esteja nas mãos de quem entende, e não de palpiteiros. Via de regra, os políticos só atrapalham, propondo políticas ilógicas.
O resultado dos dados de emprego publicados pela manhã foi
médio, mas, por enquanto, afastaram o receio de que pudessem indicar uma
desaceleração indesejada da economia. O total de vagas criadas foi de 142 mil,
um pouco abaixo da expectativa do mercado, que era de 165 mil. A taxa de
desemprego recuou para 4,2%. O que não foi tão positivo foram as revisões dos
dois meses anteriores, que reduziram o total em 86 mil, e o aumento salarial
anual, que subiu para 3,8%.
O Deutsche Bank publicou uma estatística identificando que,
no passado, uma recessão costumava começar quando a criação de empregos ficava
negativa. Isso foi antes da divulgação do dado de hoje.
Se olharmos para todas as 13 recessões dos EUA no pós-Segunda Guerra Mundial, há um padrão bastante claro: o início de uma recessão está fortemente alinhado ao primeiro mês em que os empregos se tornam negativos. A boa notícia é que ainda não chegamos a esse ponto neste ciclo, e a desaceleração do mês passado pode ter sido, em grande parte, causada por fatores climáticos. O gráfico sugere que, quando ocorre a primeira leitura negativa, ela tende a surgir de repente e geralmente marca o início de uma tendência. Ou seja, um movimento não linear, sem um aviso claro nos meses anteriores. Por isso, é difícil usar dados passados como fonte de segurança.
Uma ressalva: dependendo de futuras revisões, o quadro atual pode parecer muito melhor ou muito pior para os historiadores do futuro, pois estamos lidando com dados imperfeitos em tempo real. No entanto, temos a série original pré-revisão, “no dia”, desde 1979, e o formato do CoTD de hoje é semelhante se usarmos esses números relatados pela primeira vez na época. Ou seja, o primeiro mês da recessão ainda é o primeiro dado negativo do ciclo, considerando as medianas.
Portanto, quanto mais perto de zero chegarmos, mais devemos
nos preocupar. Se ficarmos confortavelmente acima de +100 mil, podemos adiar as
preocupações para o mês seguinte.
No post o-ticket-de-balada-que-micou fiz os
seguintes comentários sobre a Nasdaq100:
... “Eu enxergo duas possibilidades no curto prazo: a correção destacada
está 'terminada' ou em vias de; ou ainda vai perdurar mais um pouco, onde a
retração pode chegar aos níveis dentro do retângulo: 18.942 / 18.645 / 18.352.
Vou adotar essa última por ser a mais conservadora” ...
Fiz uma mudança na contagem das ondas que parece mais adequada ao momento atual de indecisão – e existem várias: Fed, eleições, guerras... tudo característico de triângulos e onda 4. No gráfico abaixo, de acordo com essa ideia, a onda (4) azul deveria consumir mais tempo, pois estaríamos na onda C verde. A onda E verde deveria culminar com os resultados das eleições, quando a onda (5) azul começaria – só falta combinar com quem, mesmo! Hahaha... a onda C verde deveria reverter ao redor de 17.9 mil, mas em triângulos, há pouca previsibilidade.
Em relação à Nvidia, meus comentários foram: ... “Da mesma forma que na Nasdaq 100, existem duas possibilidades, e, mantendo a coerência, seria a seguinte a 'receita de bolo':
- Acima de $121,43 – o mercado deve continuar subindo;
- Correção em andamento: $113,97 / $109,11 / $104,45;
- Não gosto – abaixo de $104,45 e, principalmente, $90,69”
...
Efetuando uma estratégia semelhante à da Nasdaq100, a 'queridinha' estaria dentro do triângulo, conforme o gráfico a seguir. Em relação aos níveis citados acima, não vou gostar de ver abaixo de U$ 100,00, mas, principalmente agora, abaixo de U$ 90,69, inviabilizaria a ideia do triângulo.
Os leitores devem ter percebido que estou, aos poucos, migrando para gráficos com fundo branco, pois acredito que fica melhor para a visualização. Parece que a decisão de ficar fora das bolsas internacionais se mostrou acertada.
O SP500 fechou a 5.406, com queda de 1,76%; o USDBRL a R$ 5,5906, com alta de 0,35%; o EURUSD a € 1,1086, com queda de 0,22%; e o ouro a U$ 2.494, com queda de 0,85%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário