Os Gastões #nasdaq100 #NVDA

 


Agora que o burburinho sobre quanto o Fed iria baixar de juros acabou — pelo menos por um tempo —, pouco se falou dos benefícios desta queda ao tesouro americano, que deve muito dinheiro para todo mundo: fundos de pensão, americanos, Fed (sim, são grandes credores ainda) e estrangeiros. Vale dizer que mais importante que a taxa de curto prazo definida como fed funds são os títulos mais longos com os quais o tesouro normalmente se financia.

O assunto sobre a dívida americana ser sustentável volta e meia vem à tona. Seria isso um problema? Sem dúvida. Dois fatores são importantes para essa evolução: a taxa de juros e o déficit. A primeira, segundo a projeção publicada ontem no SEP – Summary of Economic Projections, aponta para uma diminuição significativa nos juros, que passariam a 2,9% a.a. a partir de 2026 – vamos ver se acontece. Mas, sobre o déficit do governo, os dois candidatos à Casa Branca não parecem muito comprometidos, como comenta Richard Rubin no Wall Street Journal.

Atualmente, os Estados Unidos não enfrentam uma guerra, crise ou recessão, mas o governo federal está tomando empréstimos em níveis extraordinários. O déficit orçamentário para 2024 está projetado para ultrapassar US$ 1,9 trilhão, o que equivale a mais de 6% do PIB. Esse nível de déficit só foi visto em períodos críticos da história, como durante a Segunda Guerra Mundial, a crise financeira de 2008 e a pandemia de Covid-19.

 



A dívida federal pública, que é a soma de todos os déficits, recentemente superou a marca de US$ 28 trilhões, ou quase 100% do PIB. Se nenhuma ação for tomada pelo Congresso, espera-se que a dívida total aumente em mais US$ 22 trilhões até 2034. Além disso, os custos com juros sobre essa dívida estão prestes a ultrapassar os gastos anuais com defesa.




Custo com juros vs. gastos com defesa:

- Projeção de gastos com juros chegando a US$ 1 trilhão por ano até 2025, superando os gastos com defesa.

 



Embora o aumento da dívida já esteja gerando preocupações entre economistas, como possíveis aumentos nas taxas de juros e uma menor capacidade de o governo enfrentar crises futuras, o tema tem recebido pouca atenção dos candidatos à presidência. Tanto Kamala Harris quanto Donald Trump fizeram parte de administrações que contribuíram para o aumento do déficit, e ambos prometeram proteger os grandes motores de gastos crescentes, como a Seguridade Social e o Medicare.

 

Propostas de Donald Trump:

- Eliminação de impostos sobre gorjetas, benefícios da Seguridade Social e horas extras.

- Corte nas taxas de impostos para empresas que fabricam nos EUA.

- Um novo crédito fiscal para despesas de novos pais.

Essas propostas somariam cerca de US$ 2 trilhões em novos cortes de impostos, além dos US$ 4 trilhões necessários para estender os cortes de impostos de seu primeiro mandato, totalizando US$ 6 trilhões* em aumento da dívida ao longo de 10 anos.

 

Propostas de Kamala Harris:

- Expansão do crédito fiscal infantil, oferecendo até US$ 6.000 para pais de recém-nascidos.

- Apoio a novos subsídios para compradores de primeira casa e outras políticas sociais.

Harris também apoiou o último orçamento de Biden, que propunha US$ 3 trilhões em redução de déficits ao longo de uma década. No entanto, essa redução seria insuficiente para cobrir todas as novas propostas de políticas, além de proteger os cortes de impostos existentes para famílias que ganham menos de US$ 400 mil por ano.

Ambos os candidatos defendem a extensão dos cortes de impostos que expiram em 2025, com o apoio bipartidário de que os impostos sobre a maioria das famílias não devem subir. A projeção para o déficit nesse cenário é preocupante, especialmente considerando que os gastos do governo estão agora em US$ 1,21 para cada US$ 1,00 arrecadado, subindo para US$ 1,39 quando os juros da dívida são incluídos.

 



Essa situação de dívida crescente e déficits significativos coloca a economia em um caminho cada vez mais arriscado, e a expectativa é que, em algum momento, os mercados comecem a exigir taxas de juros mais altas para compensar os riscos associados ao aumento da dívida federal.

Durante minha vida profissional vivi vários momentos em que a sustentabilidade da dívida americana foi colocada em xeque. Em nenhuma dessas situações ocorreu algo mais significativo, somente um frisson temporário. O leitor poderia se perguntar: então por que tanto barulho aqui no Brasil? Citaria três motivos: elevação de gastos sem contrapartida de receita; juros elevadíssimos da dívida pública que são retroalimentados pelo primeiro motivo; e o número mágico de 100% do PIB se aproximando.

O nível da dívida pública em relação ao PIB se comporta, na física, como o*Equilíbrio instável – um conceito que se refere a uma situação em que um sistema, quando ligeiramente perturbado, tende a se afastar ainda mais de sua posição de equilíbrio, diferente do Equilíbrio estável, no qual o sistema tende a retornar à sua posição inicial após uma perturbação.

No caso dos países desenvolvidos, observamos casos em todo o espectro de risco. Entre os países com dívida pública acima de 100% do PIB, destacam-se os EUA, Itália e Japão, e nenhum deles está em crise. Isso significa que os EUA, que se aproximam de 120% do PIB, poderiam chegar à situação do Japão, com 250% do PIB, sem problema? Acho que não, mas não tenho um argumento claro para justificar. Qual seria o nível que levaria ao equilíbrio instável? Ninguém sabe, mas ficar provocando o "leão" é arriscado, e tudo indica que o próximo presidente será um gastador.

No post fed-cuidado fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq 100: "... Acontece que a **Nasdaq 100** está um pouco atrasada em relação ao índice acima que mostro a seguir. Esse atraso ainda coloca a opção de triângulo na mesa, embora eu não possa eliminá-la também no S&P 500. Como ficamos? Antes Show me as 5 ondas! É possível um índice ultrapassar e o outro não? Muito, muito pouco provável! Sigam o Mosca para uma eventual entrada."





O S&P 500 continua à frente da Nasdaq 100, atingindo novas máximas históricas ontem, enquanto o primeiro ainda está 4% abaixo desse marco. Nesta semana, entramos com um trade de compra no S&P 500, mas essa discrepância me deixa mais cauteloso. Gostaria que a opção do triângulo apresentada para a Nasdaq 100 fosse eliminada e, para isso, bastaria uma extensão da alta, mas o ideal seria que o nível de 20.691 fosse ultrapassado.




Sobre a Nvidia, meus comentários foram: "... Uma observação visual comparativa entre os gráficos mostra que o atraso da Nvidia em relação à Nasdaq 100 é ainda maior. Nos últimos dias, analistas criticaram bastante a 'queridinha', apontando vários riscos, além da frustração, não tanto pelos resultados, mas pelo atraso no novo chip."...

 




A opção de eliminar o triângulo no caso da Nvidia está cerca de 9% dos níveis atuais, o que, em termos de preço, corresponde a US$ 131,26. Assim como na Nasdaq 100, para "limpar o horizonte", é necessário ultrapassar os **US$ 146,11, um longínquo 15%. No entanto, para uma ação como a "queridinha", isso não é um grande problema, e pode, de repente, dar esse salto em pouco tempo. Por enquanto, seguimos observando.

 


Agora que os juros começaram a cair, muitos analistas olham o volume “astrofísico” de US$ 6.0 trilhões investidos em fundos de curto prazo, rendendo 5% a.a. sem esforço, como um potencial volume a ser redirecionado para as bolsas. Para esses otimistas, tenho duas más notícias: primeiro, historicamente, esse movimento só ocorre quando a taxa atinge 2% a.a., conforme publicação do Bank of America. Esse nível não só parece distante, como pouquíssimo provável. Segundo, mesmo que chegue a esse patamar, tendem a ir para a renda fixa. Sorry, melhor procurar outra fonte! Hahaha...




O S&P500 fechou a 5.702, com queda de 0,19%; o USDBRL a R$ 5,5214, com alta de 1,77%; o EURUSD a € 1,1160, sem variação; e o ouro a U$ 2.621, com alta de 1,34%.

Fique ligado!

Comentários