Trumpvid-25: O Furacão de Uma Crise Financeira Fabricada #USDBRL
Em um mundo que ainda carrega as cicatrizes da Covid-19,
surge um novo vírus econômico, mais insidioso e, paradoxalmente, de origem
voluntária: o que chamo de “Trumpvid-25”. Não se enganem, leitores, essa não é
uma metáfora leviana. Assim como a pandemia global de 2020 desestabilizou
produtores e consumidores em escala planetária, as tarifas impostas pelo
presidente Donald Trump em abril de 2025 desencadeiam um efeito cascata de
proporções análogas – mas, desta vez, sem a promessa de uma vacina como
salvação. A cura, se houver, depende de um recuo que o próprio Trump parece
relutar em considerar, enquanto empresários, analistas e até aliados de Wall
Street imploram por racionalidade. O que temos diante de nós é um experimento
econômico temerário, uma obra-prima de caos auto infligido que ameaça
transformar um país em crescimento sólido em um epicentro de incerteza global.
Minha tese é clara: há uma semelhança econômica estrutural
entre os efeitos da Covid-19 e as tarifas de Trump. Ambos corroem as cadeias de
suprimento, pressionam os preços ao consumidor e lançam os mercados em um
vórtice de volatilidade. Durante a pandemia, vimos lockdowns paralisarem a
produção e o consumo, enquanto os governos injetavam trilhões para evitar o
colapso. Hoje, as tarifas de Trump – com uma média ponderada que pode
ultrapassar 25%, segundo Bill Dudley em sua coluna na Bloomberg – agem como um
bloqueio comercial auto infligido, elevando custos de importação e
desencorajando investimentos. A diferença? A Covid foi um acidente que escapou
de um laboratório; o “Trumpvid-25” é uma escolha deliberada, espalhada com a
convicção de um líder que prefere jogar golfe a enfrentar os alertas de seus
assessores.
Os números falam por si. Após o anúncio das tarifas em 2 de
abril de 2025, os mercados globais perderam US$ 5,4 trilhões em apenas dois
dias, um tombo que John Authers, em seu boletim na Bloomberg, compara aos
piores momentos da crise financeira de 2008 e dos lockdowns de 2020. O S&P
500 despencou mais de 10% em 48 horas, um evento raro que o coloca entre os dez
maiores colapsos de dois dias neste século. Gigantes como a Apple, vulneráveis
ao comércio trans Pacífico, viram sua capitalização de mercado encolher de
quase US$ 4 trilhões para menos de US$ 3 trilhões, apagando todos os ganhos de
2024.
A reação em cadeia é previsível, mas não menos devastadora.
Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, em sua carta anual aos acionistas, alerta
que os efeitos negativos dessas tarifas "aumentam cumulativamente com o
tempo e seriam difíceis de reverter". Ele prevê inflação não apenas nos
bens importados, mas também nos preços domésticos, à medida que a demanda por
produtos locais cresce sob a proteção tarifária. Bill Dudley vai além, pintando
um cenário de estagflação como o melhor caso: inflação próxima de 5% em seis
meses, combinada com crescimento real reduzido a 1% devido à queda na
produtividade e à deportação de trabalhadores imigrantes. O pior caso? Uma
recessão plena, com o Federal Reserve de mãos atadas, incapaz de combater a
inflação sem aprofundar o desemprego.
Trump, contudo, parece alheio ao furacão que desencadeou.
Enquanto os mercados derretiam, ele optou por um fim de semana de golfe,
descartando as preocupações com um aceno displicente: "esqueçam os
mercados por um segundo – temos todas as vantagens". Suas declarações,
como as citadas por Timothy O’Brien, revelam um homem movido por rancores
pessoais, não por estratégia. O “Trumpvid-25” não é um plano econômico; é uma
cruzada vingativa contra parceiros comerciais que ele acusa de explorar os EUA,
mesmo que isso signifique incendiar a própria casa. A fórmula tragicômica das
tarifas – que penaliza Camboja e Tailândia como ameaças econômicas enquanto
taxa ilhas desabitadas perto da Antártica – é prova de um processo decisório
caótico, finalizado, segundo o Washington Post, apenas três horas antes do
anúncio.
Wall Street, outrora um bastião de apoio a Trump, agora se
rebela. Bill Ackman, um de seus defensores mais vocais, chama as tarifas de
"um erro" e pede uma pausa de 90 dias para negociações estratégicas.
Stanley Druckenmiller, Ray Dalio e Dan Loeb ecoam o coro, alertando para uma
onda de falências e uma recessão iminente. Até mesmo Scott Bessent, agora
Secretário do Tesouro, defende as tarifas como "atrasadas", mas sua
negação de uma recessão soa como bravata diante dos dados. O mercado de futuros
do S&P 500 sinaliza mais quedas, e o VIX, índice de volatilidade, atingiu
níveis não vistos desde a Covid, conforme Authers aponta.
A ironia é gritante: Trump, que prometeu "Make America
Great Again", pode estar escrevendo o epitáfio de sua própria economia. A
probabilidade de uma recessão cresce com a queda das bolsas – uma relação de
causa e efeito que ele parece ignorar. Se os americanos já culparam
laboratórios chineses pela Covid-19, o “Trumpvid-25” é um vírus doméstico,
disseminado com orgulho e sem antídoto à vista. A solução, como sugerem Dimon e
outros, seria uma reversão rápida, mas Trump insiste em dobrar a aposta,
desafiando o Fed a cortar juros em um momento em que Jerome Powell sinaliza
cautela hawkish.
Nada mais, nada menos que o Secretário do Tesouro, Scott
Bessent, recorre a argumentos cujos próprios dados desmentem categoricamente.
Ao afirmar que 10% da população detém 88% das ações e que, por isso, uma queda
no mercado não seria preocupação da equipe econômica, já que não é objetivo do
governo proteger essa minoria, ele escorrega em falácias gritantes. Primeiro,
62% dos americanos possuem ações, direta ou indiretamente – um colapso nas
bolsas fere muito mais quem tem menos patrimônio, não o contrário. Segundo,
como o gráfico deixa evidente, o mercado acionário mantém uma forte correlação
com a atividade econômica, especialmente em quedas acentuadas. Não sei se a
declaração de Bessent é mera retórica política ou se ele realmente acredita na
própria narrativa – em ambos os casos, o equívoco é constrangedor.
Trump transformou uma economia robusta em um campo minado em
questão de dias. O “Trumpvid-25” não é apenas uma crise; é um marco histórico
de como a arrogância pode superar a razão. Resta saber se os republicanos no
Congresso ou a pressão dos mercados forçarão um recuo. Até lá, preparem-se: o
contágio já começou, e o prognóstico é sombrio.
Análise Técnica
No post “a-coragem-e-sabedoria-de-dizer-não”, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “Em uma janela de 1 hora, pode ser que o dólar esteja completando uma correção conhecida como ‘flat’. Se esse for o caso, a oportunidade de compra deve surgir em torno de R$ 5,69. Fiquem atentos ao Mosca!”
O leitor sabe que evito incluir gráficos de 1 hora. Os
motivos são dois: eles amplificam visualmente movimentos que não se refletem
nas janelas maiores e podem levar a conclusões precipitadas, especialmente em
mudanças de direção.
Conforme mencionado, iniciamos um trade de compra de dólar
que não implica, necessariamente, que uma alta esteja em curso, embora o
movimento tenha sido bastante vigoroso. Vejamos a seguir as condições
necessárias para sua continuidade.
O Mosca espera que o nível de R$ 5,9177 seja testado, agora
que o mercado acordou para o fato de que as tarifas não são boas para ninguém e
podem ser especialmente prejudiciais aos mercados emergentes, onde a
desvalorização da moeda favorece as exportações apesar das novas barreiras
tarifárias. Caso o dólar recue, a região entre R$ 5,7458 e R$ 5,7065 deve
conter a queda.
Se a tendência de alta estiver em curso, podemos esperar
níveis que superem a máxima de R$ 6,3139, com um objetivo inicial de R$ 6,73, a
ser mais bem definido adiante. E, embora o Jornal Nacional tenha apontado Trump
como culpado na última sexta-feira, podem ter certeza de que o principal motivo
dessa fraqueza é a nossa própria debilidade fiscal.
O S&P500 fechou a 5.059, com queda de 0,34%; o USDBRL a
R$ 5,9100, com alta de 1,16%; o EURUSD a € 1,0918, com queda de 0,35%; e o ouro
a U$ 2.969, com queda de 2,20%.
Fique ligado!
Se o fiscal brasileiro está ruim, imagina o americano.
ResponderExcluirKkkk comparando alhos com bugalhos..deve ser esquerdo4patas..se no USA espirram aqui vira pneumonia..e o PT quebrando o pais pra continuar no poder
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