O esperado inesperado

 

Esse vírus é perigoso, quem não considera dessa forma está sujeito a consequências imprevisíveis. Esta semana um amigo muito próximo, que havia testado positivo na semana passada, teve que ir para a UTI. Felizmente seu quadro agora não requer preocupações, mas provavelmente terá um longo período de recuperação.

Ontem foi a vez do Presidente americano e sua esposa testar positivo, isso depois de ter ridicularizado seu oponente na campanha eleitoral, Joe Biden, por usar máscara. Agora ficará de quarentena na reta final da corrida pela reeleição. Nos diversos diários de notícias, foi publicado um compendio de opções do que poderá ocorrer, coisa de americano. Na minha opinião o que importa, além da saúde de ambos, e quanto isso poderá afetar no resultado das eleições. A maioria acredita ser negativo, pois tanto o site de apostas de vencedor a presidência, bem como as bolsas, aponta nessa direção.

Segundo uma estatística elaborada sobre o universo de casos de infecção pela Covid-19, o presidente tem uma probabilidade de 5% de morrer, enquanto sua esposa menos de 1%.

Nos próximos dias saberemos da gravidade de sua infecção e isso poderá afetar os mercados, caso seu estado piore e tenha que ser hospitalizado, como ocorreu com o primeiro ministro britânico, Boris Jonhson, esse seria o pior caso. Se ao contrário for um processo mais tranquilo onde terá que ficar somente em repouso, vai ter muito tempo para Tweetar contra seu oponente. Considerando que os debates têm pouca influência na decisão dos eleitores, e que a grande combustão é a mídia eletrônica, parece que a infecção não deveria ter um impacto que altere significativamente o que era esperado antes.

Por último, aqui em casa eu conversei com minha esposa há 2 semanas para decidir como iriamos nos posicionar daqui em diante. Nossa decisão foi a de ir a locais onde os riscos são mais baixos (abertos e sem aglomeração), e ficar consciente que o risco aumentou mesmo que ficássemos trancados em casa, afinal meus filhos e minhas enteadas voltaram ao trabalho.

Usar máscara 100% do tempo em que houver algum contato com terceiros e em locais públicos, acredito que esse seja um item de grande proteção. Ao presidente Trump tenho a dizer que ocorreu o esperado inesperado – inesperado pela proximidade da campanha, não foi inteligente sua atitude de não usar máscara!

Hoje foram publicados os dados de emprego relativo ao mês de setembro. Os ganhos de contratação dos EUA desaceleraram para 661 mil em setembro, sugerindo que as melhorias no mercado de trabalho devido à crise do coronavírus estão moderadas. A taxa de desemprego caiu para 7,9%.

A economia recuperou 11,4 milhões dos 22 milhões de empregos perdidos em março. O crescimento do emprego, porém, está esfriando, e setembro marcou o primeiro mês desde abril que as contratações líquidas foram inferiores a 1 milhão.

O desemprego está agora em linha com as recessões anteriores e permanece bem acima dos níveis vistos antes da pandemia. A taxa de desemprego ficou em 3,5% em fevereiro, uma baixa de meio século, pouco antes da crise do coronavírus.  

Grandes ganhos salariais ocorreram nos setores de lazer e hospitalidade, varejo e saúde, alguns dos mais atingidos no início da pandemia. Os empregos do governo diminuíram em setembro, principalmente em escolas públicas.

Os empregadores continuam a trazer de volta os trabalhadores, e o mercado de trabalho recuperou empregos mais rápido do que muitos economistas projetaram, mas alguns fatores estão dificultando o impulso econômico. Por um tempo, a recuperação inicial das contratações das reaberturas de negócios está diminuindo à medida que os estados levantam restrições em um ritmo mais lento do que no início do verão. Além disso, as demissões e os pedidos resultantes de compensação do desemprego permaneceram elevados em comparação com os picos pré-pandemias, embora estejam abaixo das altas alcançadas no início da crise.

"Infelizmente, as demissões não parecem estar diminuindo, então você está correndo contra um arrasto negativo realmente persistente", disse Marianne Wanamaker, economista trabalhista da Universidade do Tennessee, Knoxville. "É muito difícil contratar tão rápido para recuperar tudo o que está perdendo."

Grandes demissões corporativas estão varrendo os EUA Walt Disney. no início desta semana anunciou demissões permanentes para 28 mil trabalhadores de parques temáticos que anteriormente estavam em licença temporária. American Airlines e United prosseguirão por enquanto com um total de mais de 32 mil cortes de empregos.

As demissões que ocorrem hoje refletem uma mudança na mentalidade dos empregadores desde o início da crise. As empresas que estavam segurando os trabalhadores estão agora enfrentando a realidade de que as receitas são mais fracas do que imaginavam anteriormente.

Observando as consequências da pandemia nos diversos setores da economia, algumas mudanças de atitude, tanto do consumidor como dos empresários, devem ter impacto nos empregos de forma mais estrutural. Empregos de restaurantes, companhias áreas e tanto outros não deverão retornar. Como a eliminação é instantânea, ou seja, o corte e no momento zero, esses empregos deverão ser substituídos por outros em outras áreas, e isso demora tempo. Não acredito que se deva esperar boas notícias neste front por um bom tempo.

No post tudo-vai-virar-commodity, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” continuo com a mesma ideia de que o Ibovespa deverá atingir novas máximas, quando essa correção em curso terminar” ...

No último post, e de acordo com que o gráfico acima mostra, o leitor pode ter sido induzido a concluir que, o Ibovespa estaria pronto para reagir. Como houve uma pequena queda dos níveis acima, ficaria tudo invalidado?

Eu tenho enfatizado a dificuldade de acertar na mosca, o ponto de reversão, não existe tal fato a não ser por sorte. O que a análise técnica fornece são pontos mais prováveis para que aconteça, além de níveis onde seu trabalho tem que ser revisto.

Desta forma, nunca leve a ferro e fogo níveis de reversão numa correção. Uma outra questão que o leitor pode levantar, seria então, qual a utilidade desses pontos. Primeiro que ao atingir esses níveis, deve se estar preparado para eventual ação, que será confirmada com os passos seguintes, ou, caso não aconteça, qual o novo patamar.

Com essas considerações, não consigo afirmar que a correção terminou, não existe evidência para tanto – veja que também não posso eliminar; caso a correção está ainda em curso, os próximos clusters estariam entre 91.500/90.000.


- David, é verdade que o Ibovespa não está derretendo, mas desde agosto já caiu mais de 10%, de forma cruel, como a tortura chinesa, um pouco por dia. Como você pode estar tão seguro que a bolsa vai subir?

Boa pergunta (fui eu mesmo que fiz! Hahaha ...). Mas sério, é uma pergunta bem relevante, o motivo, apontei no gráfico acima dentro do retângulo. A característica desse movimento, dentro desse período e característico de uma correção. Sendo assim, tudo indica que depois de cessar esse movimento, a bolsa voltaria a subir.

Mas quero enfatizar que essa assunção perde a validade se as quedas atingirem níveis muito inferiores, o que não parece no momento, então continuo seguindo por esse caminho.

O SP500 fechou a 3.384, com queda de 0,96%; o USDBRL a R$ 5,6720, com alta de 0,49%; o EURUSD a € 1,1713, com queda de 0,31%; e o ouro a U$ 1.900, com queda de 0,26%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Sendo bem sincero, espero que Trump e Bolsonaro não se reelejam, pois não merecem. Chega de extrema direita, precisamos de pessoas com responsabilidades e que levem a política como uma questão de Nação ou Estado e não como política pessoal. A crise do Coronavirus mostrou que ambos são despreparados e que serão enquadrados pelos chineses!

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    1. Bolsonaro "Extrema direita"?! kkkkkkkkk
      Esquerdista teriam feito diferente né

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    2. Rir para não chorar!

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