A certeza incerta #ouro #gold

 


Resumo: Visão Econômica dos EUA e Perspectiva do Ouro

1. **Federal Reserve e Taxa de Juros:** As recentes minutas da reunião do Federal Reserve (Fed) e a conferência de Jerome Powell indicaram uma improbabilidade de cortes nas taxas de juros em março. Contrariando as expectativas do mercado de dezembro, que previam início de um ciclo de redução da taxa, houve um reajuste das previsões, com um olhar mais cauteloso sobre a política monetária.

2. **Impacto no Mercado Financeiro:** A revelação de que cortes de juros são improváveis em março gerou um desânimo no mercado de ações, desencadeando uma onda de vendas. O declínio de 38% nas ações do NYCB, após uma provisão de perdas de $550 milhões, exacerbou a incerteza, refletindo a volatilidade e os riscos inerentes ao setor bancário.

3. **Expectativas Futuras e Inflação:** Apesar da cautela imediata, Powell mostrou otimismo sobre o controle da inflação, deslocando as expectativas do mercado para cortes mais agressivos de taxas até o final do ano. A curva de futuros das taxas de juros sinaliza essa mudança de percepção.

4. **Indicadores Econômicos e Emprego:** Dados recentes apontam para um "pouso suave" da economia, com o Índice de Custo de Emprego mostrando o menor aumento em dois anos. A melhoria nos dados de inflação é vista como positiva, mas o Fed precisa de mais evidências antes de iniciar cortes nas taxas.

5. **Ouro e Projeções de Mercado:** Quanto ao ouro, mantém-se a perspectiva de alta a longo prazo, apesar da correção desde o pico de $2.135. Os níveis intermediários a serem observados são: para alta, entre $2.067 e $2.096; e para baixa, entre $2.000 e $1.972. Entretanto, somente o rompimento dos níveis de U$ 2.135 ou U$ 1.972 podem indicar uma mudança de tendência no mercado do ouro.

 

Ontem foram publicadas as minutas da reunião do Fed, bem como a secção de Powell com os jornalistas. Em dezembro, o mercado tinha muita certeza de que na próxima reunião de março o Fed iniciaria o ciclo de corte de juros, era quase uma certeza, como mostra a evolução do cálculo de probabilidade extraído das taxas futuras. É verdade que durante janeiro essa certeza foi se esgotando, mas ainda havia a expectativa de que o Fed sinalizaria nesse sentido.



Acompanhei a seção de perguntas e respostas onde Powell respondia às perguntas de forma telegráfica; ele deve estar cansado de perguntas que não pode ou não sabe responder. No entanto, no meio desse evento, resolveu falar o que não deveria, na minha opinião: Para quem estava esperando um corte em março, pode tirar o cavalo da chuva, pois é improvável que ocorra. Daí em diante, o mercado, principalmente o da bolsa, ficou desanimado, e uma onda de vendas se iniciou.



Para piorar a situação, o banco NYCB, que assumiu parte dos ativos do falido Signature Bank no ano passado, desempenhou um grande papel. Uma provisão para perdas em empréstimos de US$ 550 milhões, principalmente para o setor imobiliário, foi um choque desagradável e provocou uma grande mudança na alocação de ativos. Suas ações caíram 38%, criando um mal-estar no segmento de bancos pequenos americanos. Essa situação me lembrou que ações de bancos são boas porque têm múltiplos altos, mas que podem desmoronar da noite para o dia, afinal, o banco é um **negócio arriscado**, como sempre achei.




Como de costume, quando o mercado coloca uma ideia na cabeça, já que não haverá corte em março, jogou suas expectativas para o futuro, pois Powell demonstrou entusiasmo suficiente sobre as chances de que a inflação tenha sido controlada, e as expectativas realmente se moveram em direção a uma série de cortes mais agressivos. A curva de futuros das taxas de juros terminou a quarta-feira prevendo mais cortes até o final do ano do que na terça-feira - agora está próxima do otimismo registrado no início de 2024.




Quanto aos dados do dia, eles geralmente se alinharam com um pouso suave. Mais importante ainda, o índice de custo de emprego, que abrange todos os gastos com a contratação de pessoas, teve o menor aumento em dois anos no último trimestre de 2023. Foi a aceleração dessa medida no final de 2021 que pareceu levar o Fed a aumentar as taxas, então isso é significativo.




Segundo John Authers, em última análise, Powell repetiu várias vezes que achava que a melhoria nos dados de inflação era boa, mas que ele precisava de mais - não necessariamente dados melhores. O subtexto é que ele está determinado a não repetir os erros da década de 1970 e cortar as taxas cedo demais, especialmente quando (ao contrário daquela época) não há problemas no mercado de trabalho. Uma vez que o Fed tenha visto o suficiente, ele deixou claro que o FOMC provavelmente cortará as taxas várias vezes este ano (ele mencionou que, no "dot-plot", o membro médio do FOMC previu três cortes). Em outras palavras, ele está fazendo um bom trabalho de equilíbrio e calibrando uma resposta que permitirá um pouso suave na economia.

Stephen Stanley, economista-chefe do Santander, ofereceu, acredito eu, um resumo razoável:

Powell foi muito claro. Os dados vistos nos últimos seis meses sobre a inflação principal (deflator PCE principal em execução a uma taxa anualizada de 1,9%) são exatamente o que o Fed espera ver, mas os formuladores de políticas simplesmente precisam ver mais. A passagem do tempo e leituras continuamente benignas são necessárias para levar o Fed a começar a cortar as taxas. Posso prever com confiança que o tempo passará, mas duvido que os dados de inflação sejam tão bons nos próximos seis meses quanto foram nos últimos seis, o que é por isso que acredito que o afrouxamento virá mais tarde do que o mercado está atualmente precificando.

Stanley aponta que os riscos não desapareceram. Surpresas nos dados macroeconômicos podem mudar as coisas em qualquer direção, e se o NYCB se mostrar um presságio de sérios problemas para o setor bancário, as taxas precisarão cair mais rapidamente.

Como comentei no início, Powell se colocou numa posição delicada ao praticamente afirmar que não haverá corte em março. Como se diz no mercado, passou da posição comprada para vendida, pois antes disso, poderia baixar ou não os juros em março; agora, se tiver que baixar, será pelo mau motivo: desaceleração da economia mais forte; problema financeiro grande em alguma empresa ou banco. Posso apostar que se arrependeu!

No post sobre **forte-concorrência**, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: "... Não alterei minha perspectiva de alta a longo prazo; apenas estou prolongando a correção que se arrasta desde agosto de 2020. Qual é minha convicção? Ainda baixa. Não me arrisco a sugerir nada no momento, pois a queda desde a máxima de U$ 2.135 não é impulsiva, nem tampouco extensa. Sendo assim, considere os seguintes níveis como importantes: a) na alta acima de U$ 2.135; e b) na baixa U$ 1.981" ...



Nas últimas duas semanas, o ouro tentou subir, mas sem muita força, retornando aos níveis que se encontravam antes, indicando que não sabe para onde ir. Ficou restrito ao intervalo apontado acima. Uma pequena correção em relação aos valores mencionados anteriormente: a) na alta acima de U$ 2.135; e b) na baixa U$ 1.972.



- David, com um intervalo de 8% entre seus extremos, de que vale sua projeção?

Estava sentindo sua falta, acho que é a primeira vez este ano. Já que você quer, vou estreitar: a') para alta entre U$ 2.067 / U$ 2.096; b') na baixa U$ 2.000 / U$ 1.972. Agora, quero enfatizar que os rompimentos dos níveis acima podem indicar uma mudança de tendência. Essas alternativas são apenas para te deixar mais feliz! Hahaha ...

O SP500 fechou a 4.906, com alta de 1,25%; o USDBRL a R$ 4,9120, com queda de 0,82%; o EURUSD a € 1,0871, com alta de 0,51%; e o ouro a U$ 2.054, com alta de 0,86%.

Fique ligado!

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