Eu abri minha gaveta #usdbrl
A frase que uso com frequência, "economistas trocam de
opinião como eu troco de camisa", vem se provando verdadeira com o tempo.
Não bastasse o enorme erro no ano passado, quando a grande maioria acreditava
que haveria recessão nos países ocidentais neste ano, a revisão é na queda de
juros que o Fed iria implementar.
Eu sigo vários relatórios de bancos e, principalmente, do
Banco Goldman Sachs, que vem se mostrando mais acertado — esse banco tinha
anotado a menor probabilidade de recessão em 2023 pois acreditava que não
ocorreria. Mas no quesito queda de juros, vem patinando ultimamente. Começou o
ano acreditando em seis reduções e agora trabalha com três.
Recebi uma atualização de suas projeções para esse indicador
e, embora ainda mantenha o cenário, também apresentou a opção de nenhuma
redução — será que eu preciso abrir minha gaveta de camisas? Hahaha...
A surpresa inflacionária dos últimos três meses adiou o
primeiro corte e estreitou o caminho para que o FOMC realize cortes este ano.
Não alteramos nossa visão geral sobre a inflação porque as surpresas parecem
peculiares; as categorias que ainda estão aquecidas refletem uma recuperação
tardia em vez de pressões de custo atuais, e os pilares-chave da narrativa de
desinflação permanecem intactos. Esperamos que os próximos relatórios de
inflação sejam mais suaves e, por isso, mantivemos nossa previsão de cortes em
julho e novembro, mas até mesmo surpresas moderadamente positivas poderiam
adiar ainda mais os cortes.
Após novembro, o caminho do Fed dependerá de a inflação
continuar a cair em direção a 2%. Nossa expectativa básica é de que o fará, e
que o Fed, portanto, continuará reduzindo as taxas para normalizar a taxa de
juros. A questão-chave seria então o que é considerado normal — quanto o FOMC
repensará a taxa neutra. Continuamos a acreditar que o FOMC não desejará
permanecer indefinidamente entre 5¼-5½%, embora seja bastante incerto neste
momento onde ele pode decidir parar. Estamos prevendo uma taxa terminal de
3,25-3,5%, mas podemos imaginar que o FOMC pare muito antes.
Se, em vez disso, a inflação permanecer elevada, seja por se
mostrar mais persistente do que esperamos ou por surgirem novos choques, então
os cortes de taxas podem ser mais limitados ou adiados até mesmo além do
próximo ano. Por exemplo, um cenário possível em que a inflação poderia
permanecer muito alta para que o Fed corte no próximo ano seria se grandes
tarifas proporcionassem um aumento significativo nos preços ao consumidor.
Revisamos nossa análise de cenários do Fed para incluir
esses dois cenários específicos de alta. Agora incluímos um cenário de alta
onde o Fed não faz nenhum corte porque a inflação permanece muito alta este ano
e no próximo, e outro onde a inflação cai, mas o FOMC corta apenas três vezes,
seja porque a inflação não cai o suficiente, seja porque o FOMC eleva sua
estimativa da taxa neutra mais substancialmente. Nossa previsão ponderada por
probabilidade agora é mais alta em 4,9% no final de 2024 (12bp abaixo da
precificação do mercado) e 3,95% no final de 2025 (43bp abaixo da precificação
do mercado).
Continuamos a pensar que aumentos de taxas são bastante improváveis porque não há sinais de reaquecimento genuíno no momento, e a taxa dos fundos já está bastante elevada. Provavelmente seria necessário um sério choque de oferta global ou choques de política muito inflacionários para que os aumentos de taxas se tornassem realistas novamente. E mesmo assim, o FOMC pode preferir manter a taxa dos fundos estável em um nível alto, a menos que os choques ameacem desencadear um problema de inflação mais amplo e persistente.
Ao ler esse artigo, fico com a impressão de que já não estão
tão seguros assim em sua opção por três cortes esse ano. Seus argumentos
parecem daquele trader que comprou uma determinada ação, e seu preço começa a
cair; seu argumento: estava indo tudo bem, mas entraram muitos vendedores, e
assim ela caiu. Já deixei a gaveta aberta!
Cada início de trimestre, o mercado acionário americano fica
antenado na divulgação de resultados; desta forma, podem comparar suas
previsões e ajustar. As empresas denominadas de crescimento, “Growth”, são as
que preocupam mais, pois basta um pequeno desvio para que despenquem suas
cotações. Como esse anúncio é feito na sua grande maioria depois do fechamento
de mercado, é interessante acompanhar o que ocorre com seus preços no “after
market” – oscilar menos de 3% é raridade. John Authers faz uma avaliação na
Bloomberg sobre esse assunto.
São as Sete Magníficas que realmente importam. O serviço de
expectativa de lucros da Bloomberg mostra que a previsão combinada e os lucros
reais do primeiro trimestre são 58,1% maiores do que no seu ponto mais baixo em
novembro de 2022. Enquanto isso, as 493 empresas no índice Large-Cap 500 da
Bloomberg, excluindo as Sete Magníficas, estão a caminho de ficar 8,4% abaixo
da estimativa da mesma data. Então, se você está se perguntando por que os
observadores do mercado parecem obcecados por apenas essas sete ações, essa
seria uma razão:
Ed Clissold, estrategista-chefe de ações dos EUA na Ned Davis Research, aponta que o desempenho excepcional das Magníficas tem sido apoiado por fundamentos, com os lucros das Sete aumentando 11,8%, enquanto os lucros do restante do S&P 500 caíram 3,2%. Ele espera que essa diferença aumente nos próximos quatro trimestres. As estimativas de consenso, diz ele, preveem que os lucros das “Mag 7” subirão 36,9% em 2024, versus 1,0% para as outras 493 empresas.
Essa é uma dependência muito profunda de um pequeno grupo de
empresas, todas bem estabelecidas mas vulneráveis de várias maneiras às
mudanças de correntes políticas. Os quatro que já reportaram incluem a
Microsoft Corp. e a Alphabet Inc. (acima das expectativas e recompensadas com
uma grande alta nos preços das ações), a Tesla Inc. (decepcionante, mas o
mercado se recuperou mesmo assim), e a Meta Platforms Inc. (punida por não
atender às expectativas). Quão sustentáveis são esses lucros e em que medida eles
estão sendo feitos à custa direta de outras grandes empresas? Um aumento na
receita para um fabricante de chips como a Nvidia Corp., por exemplo,
representa um grande aumento nos gastos de capital para outra empresa. Enquanto
isso, a ação de preço nessas sete empresas nas últimas duas semanas foi
fenomenal. Até mesmo a Nvidia, que ainda não reportou, caiu mais de 15% antes
de recuperar a maior parte disso.
Empresas dessa escala simplesmente não deveriam se mover tanto em qualquer direção. O dinheiro envolvido é impressionante; a Alphabet ganhou $197 bilhões na sexta-feira após seus lucros, enquanto a Nvidia perdeu ainda mais do que isso na sexta-feira anterior, um dia em que não houve novidades. É bom que alguns dos movimentos tenham sido para cima, em vez de para baixo, mas esse comportamento de mercado exige uma explicação. É difícil encontrar uma. Peter Tchir, da Academy Securities, explica sua ansiedade em uma passagem que vale a pena citar extensivamente:
Quatro empresas 'megacap' se
moveram cerca de 10% (ou mais) em um dia! Eu entendo que empresas de pequena
capitalização façam isso. Eu entendo que periodicamente acontece algo altamente
incomum... Isso foi 'apenas' lucros. Talvez eu esteja sendo excessivamente
dramático? Talvez eu não tenha ajustado meu processo de pensamento ao tamanho
real das empresas (provavelmente parte do problema)? De qualquer forma, parece
completamente estranho (até mesmo antinatural) para empresas tão grandes se
moverem tanto em uma única sessão (quanto mais ver isso ocorrer quatro vezes em
seis dias)! Estou disposto a acreditar que isso é apenas minha percepção, e
talvez seja mais comum do que percebo, mas é tão diferente do que eu pensava,
que tenho que respeitá-lo.
A recuperação das ações, quando haveria justificativa
suficiente para continuar vendendo, sugere que talvez não haja sentimento
baixista suficiente para levar a venda adiante. A longo prazo, a extrema
dependência de algumas plataformas monopolistas é inquietante.
No post conectando-os-fios elaborei um pensamento
que explica parte das distorções vividas atualmente. Para quem se utiliza de
fundamentos, é um momento difícil pois os modelos não conseguem capturar o
fluxo de recursos que optou por uma determinada categoria de ações associadas à
IA em detrimento de outras onde existe uma nova divisão: as que podem se
beneficiar da IA e as que têm pouca chance.
Não estou advogando que o céu é o limite; em algum momento,
podem cair por vários motivos, sendo o principail a desaceleração dos lucros
por interferências políticas. Mas enquanto isso não ocorre, estão mantendo a
preferência dos investidores.
No post buscando explicações fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ... “Como vamos navegar com tamanha indecisão? Eu
vejo o nível ao redor de R$ 5,33 como um pivô. O que devemos observar? Se ao
atingir esse nível, o dólar começar a cair, a opção que está apresentada aqui
continua válida; mas se, ao invés de cair, o dólar continuar subindo, vou ter
que considerar outra hipótese. Por enquanto, meu cenário de alta para níveis
bem mais elevados está em curso; a dúvida é como chegar lá: no primeiro caso,
será extremamente difícil operar (diagonal); no segundo, mais provável, essa
ação” ...
Venho enfatizando as inúmeras opções que se colocam no dólar. O principal motivo de não se ter uma opinião mais assertiva é o fato de não ocorrer nenhum movimento direcional satisfatório. Essas situações deixam a análise sujeita a várias hipóteses, sendo que nenhuma oferece um certo grau de confiança. Também sei que esse mercado é de muito interesse dos leitores, mas não vou “arriscar” um palpite por conta disso. “I’m sorry!”
No momento, não posso descartar a opção de alta em
andamento, mas a mesma se enfraqueceu bastante durante a semana. A principal
razão é que posso observar 5 ondas de queda cujo objetivo preliminar seria
entre $ 4,92 / R$ 4,91. Apresento a seguir os objetivos dentro dessa nova
opção, o que pode originar uma sugestão de venda do dólar.
- David, estou gostando de ver, embora observe uma certa disputa de opinião com o economista “carequinha”; você muda de uma ponta para a outra sem o menor constrangimento.
O economista a que você se refere é Robin Brooks, que vem
fazendo projeções muito otimistas para o Brasil – até enviei uma mensagem para
ele, convidando-o para morar aqui! Dentro de suas previsões, a do dólar é de R$
4,50. Em relação à sua observação, não sei se estou competindo com ele, mas
temos visões diferentes sobre o dólar. Por enquanto, não existe vencedor. Em
relação ao Mosca, enfatizo que o compromisso é com o bolso, e posso dizer que
minha gaveta está cheia de camisas, caso necessite trocar! Hahaha...
O SP500 fechou a 5.116, com alta de 0,32%; o USDBRL a R$ 5,1124,
sem alteração; o EURUSD a € 1,0724, com alta de 0,30%; e o ouro a U$ 2.334, com
alta de 0,25%.
Fique ligado!
O Campos Neto é muito volátil para um banqueiro central. Parece que ele acaba absorvendo muita flutuação de curto prazo do mercado.
ResponderExcluirPode ser, mas é extremamente qualificado e fez muitas implementações durante sua gestão. Um banqueiro central tem que ter coragem e não conheço Galípolo ...
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