Empresa boa em mãos ruins #EURUSD
Na época em que eu era sócio da Linear, fizemos um experimento no mercado de reorganização de empresas. Eu não tinha experiência nesse ramo, porém resolvi acompanhar meu sócio, Luis Paulo Rosenberg, nessa empreitada. Uma das empresas que solicitou nossos serviços foi a Lacta, cujos produtos eu conhecia como consumidor. Naquele momento, sua situação financeira era delicada devido a elevadas dívidas.
Usei meu bom senso e pensei: ela poderia estar assim por ter
prejuízo recorrente em suas vendas, associado a um elevado custo fixo com
margem negativa, ou ainda pelos investimentos fixos. Ao analisar o balanço,
fiquei abismado, pois havia vendas elevadas, visto que seus produtos eram
líderes em vários segmentos com margens enormes, e nada estava errado nos
investimentos. Por que, então, a empresa teria que tomar empréstimos e estar
tão endividada?
Fui perguntar quem eram os gestores dessa empresa e aí
percebi onde estava o problema: era uma família que fazia a gestão e eles
usavam o caixa da empresa para sua vida pessoal, da família inteira, que era
bem grande. Nessa hora, percebi que mesmo uma empresa boa, na mão de pessoas
ruins, vira ruim também. Nossa sugestão era trocar a gestão por profissionais
e, lógico, não ganhamos o mandato.
A Petrobras se encaixa nesse rol, uma empresa que tem
técnicos extremamente qualificados e abundância de petróleo que nos coloca hoje
como o quarto maior produtor mundial, mas cujo acionista majoritário é o
governo. Nos anos em que o PT ficou no governo, houve uma drenagem sem
precedentes de seus recursos, como todos já sabem. Quando nas mãos da direita,
uma série de mudanças foram feitas para que se tornasse uma empresa
profissional, mas não teve jeito; com a volta do PT ao governo, a tentação é
grande e, novamente, querem ditar as regras.
Acontece que, além do governo, existem investidores privados
e boa parte são estrangeiros que começam a perceber que a Petrobras não é uma
empresa como a Chevron, Exxon e outras desse segmento, como relata Juan Pablo
Spinetto na Bloomberg.
Ufa!!!
É isso que os acionistas da gigante petrolífera brasileira
Petrobras deve estar pensando enquanto se preparam para a reunião anual nesta
quinta-feira.
No mês passado, eles assistiram horrorizados quando o
conselho rejeitou uma proposta muito esperada de pagamento de um dividendo
extraordinário, levando a empresa estatal a perder $13 bilhões em valor de
mercado em uma semana. Mas, justamente quando o ruído político atingia um
crescendo doloroso, a Petrobras fez uma reviravolta e aprovou metade do
pagamento. A AGM de hoje deve chancelar o acordo, entregando mais de $4 bilhões
aos acionistas, incluindo o governo, que controla 50,3% das ações com direito a
voto, apesar de possuir apenas 36,6% do capital total.
Na realidade, o incidente oferece algumas lições para os
acionistas privados: primeiro, apesar dos evidentes conflitos entre a gestão da
Petrobras e Brasília, no final, a decisão mais sensata prevaleceu —
provavelmente porque o governo não queria causar mais danos à sua imagem com os
investidores e precisava do dinheiro extra de qualquer forma. Essa boa notícia
para os acionistas minoritários é um testemunho das regras e estatutos
melhorados da empresa, que foram manchados no vergonhoso escândalo de corrupção
Lava Jato há uma década. O preço das ações até se recuperou aos níveis vistos
antes das notícias iniciais do dividendo.
Mas, de forma mais ampla, a controvérsia também é um bom lembrete de que a política é inerente à Petrobras e, se você não está pronto para suportar as maneiras caprichosas dos formuladores de políticas brasileiros, claramente esta não é a ação para você. Uma das poucas coisas que unem os dois últimos presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e seu adversário Jair Bolsonaro, são as brigas com a Petrobras — geralmente em torno de aumentos nos preços dos combustíveis, dividendos e estratégia de investimento.
De uma perspectiva operacional, a Petrobras é uma das mais empolgantes
grandes companhias de petróleo do mundo após a descoberta de enormes
reservatórios no Oceano Atlântico. Ao mesmo tempo, as intervenções periódicas
do governo a tornam uma aposta arriscada. Vimos isso no passado recente: a Lava
Jato resultou em multas enormes, acordos com autoridades dos EUA e brasileiras
e dano reputacional massivo. E quando a ex-presidente Dilma Rousseff pressionou
agressivamente a empresa a subsidiar os preços dos combustíveis ao consumidor,
o resultado foram perdas de vários bilhões.
Não tenho dúvidas de que uma Petrobras isolada de
intervenções políticas seria uma empresa mais eficiente que, em última análise,
serviria melhor ao Brasil. Mas isso é um pouco como dizer que, se eliminarmos
toda a burocracia de Washington, as empresas dos EUA prosperarão: um exercício
teórico de pensamento positivo. A expectativa de Lula de que a Petrobras
deveria desempenhar um papel chave na industrialização e no desenvolvimento
social do Brasil é compartilhada, em graus variados, pelos eleitores e pela elite
política do país. Mesmo o governo pró-empresa de Bolsonaro não conseguiu
avançar na privatização completa da Petrobras, o que também seria profundamente
impopular entre os brasileiros (57% se opuseram a tal venda em uma pesquisa
recente). A Petrobras explicitamente adverte sobre os riscos políticos que
afetam a empresa em seus formulários 20-F para a Comissão de Valores
Mobiliários dos EUA:
"Os interesses de nosso acionista controlador podem
diferir e não estar no melhor interesse de nossos acionistas minoritários, e as
decisões tomadas por nosso acionista controlador podem envolver considerações,
estratégias e políticas diferentes das que tiveram no passado. Como nosso
acionista controlador, o governo federal brasileiro tem orientado, e pode
continuar a orientar no futuro, certas políticas macroeconômicas e sociais
através de nós, no que for permitido por lei."
A outra maneira de ver isso é que as minorias estão
contribuindo para o desenvolvimento da vasta riqueza em hidrocarbonetos do
Brasil e mantendo uma boa parte de seus lucros, mesmo que não possam ter o bolo
inteiro (é claro que são livres para investir em outras companhias de petróleo
que operam no país). De fato, esse sistema misto em que a Petrobras é tanto uma
empresa listada em Nova York quanto uma entidade controlada pelo estado
funcionou bem para um país nacionalista como o Brasil — especialmente quando
você olha para as alternativas. A Petrobras é agora uma das maiores produtoras
de hidrocarbonetos do mundo, o desenvolvimento das descobertas do pré-sal foi
tecnicamente impressionante, seus custos de extração de óleo são inferiores a
$6 por barril e a empresa melhorou seus padrões corporativos. Além disso,
possui um plano ambicioso para cortar emissões e enfrentar a transição
energética.
Compare isso com outras empresas nacionais de petróleo na
América Latina, como a Pemex, que é totalmente controlada pelo governo
mexicano, e a diferença é notável: a Petrobras produz 50% mais petróleo e gás
com pouco mais de um terço dos funcionários da Pemex, sua dívida total é 41%
menor que a de sua concorrente mexicana e sua margem de lucro é quase três
vezes maior. Impressionante.
Com certeza, a Petrobras pode e deve melhorar. Ainda há muito espaço para melhorar a governança e ela deveria evitar a tentação de entrar em outros negócios com retornos mais baixos. Deveria fortalecer os sistemas anticorrupção para garantir que uma Lava Jato II não aconteça. Dar mais estabilidade à gestão após sete CEOs nos últimos oito anos ajudará a resistir à pressão do governo e evitar outra disputa tola como a do mês passado. Em termos de política, o Brasil deveria promover mais competição nos mercados de energia, especialmente no lado do refino, em benefício dos consumidores. Comentário meu: Impossível com esse governo!
Os impulsos intervencionistas de Lula não são uma surpresa.
Um novo teste pode surgir em breve se a recente pressão ascendente sobre o
petróleo bruto, combinada com um real brasileiro mais fraco, levar a preços
mais altos de combustíveis domésticos. Analistas do Itaú BBA estimaram em um
relatório de 16 de abril que o preço da gasolina doméstica da Petrobras está
atualmente 6% abaixo do limite inferior de uma faixa usada como referência. Se
esse desconto persistir por muito tempo, o aumento será inevitável, para a
irritação da maioria dos brasileiros, especialmente do presidente.
Lula argumentou repetidamente (como Bolsonaro fez antes
dele) que a Petrobras não deveria acompanhar referências internacionais para
decidir sua política de preços locais. A empresa desafiará esses desejos
novamente?
Se você tem coragem para enfrentar a montanha-russa
ocasional, isso ainda parece uma oportunidade para mim.
Embora Juan Pablo tenha buscado uma forma polida de apontar
o grande problema da interferência do governo, ele não pode colocar de forma
clara "fique fora dessa empresa enquanto tiver um governo do PT", se
fizesse isso arriscaria seu emprego e talvez a Bloomberg levasse um processo,
mas não é o caso do Mosca.
Como no caso da Lacta e muitos outros existentes, de nada
adianta uma empresa boa em mãos ruins, é uma questão de tempo para virar ruim!
Análise Técnica
No post --- quando o objetivo vira teórico --- fiz os
seguintes comentários sobre o euro: ... “O objetivo seria de €1,0321,
correspondendo a um potencial ganho de 4%. Observei a formação de cinco ondas
numa janela de 2 horas e sugeriria a venda da moeda única em torno de €1,08,
com stop loss a €1,0885” ...
A moeda única não chegou ao nível desejado para iniciar um trade de venda, desta forma este fica cancelado. Observado o movimento destacado no retângulo, não se consegue observar nenhuma tendência clara oriunda de uma correção extensa – as moedas vêm apresentando poucas oportunidades, com exceção do yen japonês que não para de cair ‑ por conta de uma diminuição da volatilidade, além da falta de tendência.
Como venho frisando, a moeda única deveria encontrar um
suporte entre os níveis apontados na elipse, inicialmente € 1,0540 (antes de
entrar no “Pântano”, ou mais abaixo entre € 1,0321 / € 1,0277. Não custa
reforçar que a área do Pântano é muito perigosa pois existe uma enorme formação
conhecida como ombro – cabeça – ombro que levaria o euro muito mais abaixo,
embora não seja a opção neste momento.
O SP500 fechou a 5.046, com queda de 0,50%; o USDBRL a R$ 5,1643, com alta de 0,35%; o EURUSD a € 1,0727, com alta de 0,26%; e o ouro a U$ 2.331, com alta de 0,69%.
Fique ligado!
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