Quando o Plano B vira Plano A #SP500
Não me lembro, em toda a minha vida profissional, de um
candidato à reeleição para a presidência perder quando o país está em
crescimento. Essa situação significaria uma população satisfeita, então por que
mudar e arriscar? No final do ano, os EUA devem escolher quem vai presidir o
país por mais quatro anos.
Até agora, custo a acreditar que o oponente do presidente
Biden tenha tantas chances de vitória como apontam as pesquisas – na verdade,
eles estão praticamente empatados, talvez com uma pequena vantagem para Trump.
Não preciso comentar sobre os inúmeros processos que correm contra este último;
como é possível que os americanos optem por uma figura tão controversa e, pior,
que nenhum outro candidato tenha surgido do Partido Republicano?
Trump, além de todos os calotes que deu a seus credores — e
não foram poucos, acredito que mais de quatro — é sem educação. Recordo-me bem
da cena em que, numa reunião com os países europeus, ele simplesmente não deu a
mão para a Chanceler Merkel, uma estadista com “E” maiúsculo, e ela ficou no
vazio.
Mas o Mosca não está aqui para tecer comentários políticos,
e sim para discutir as consequências econômicas dessas mudanças. O que poderá
acontecer se Trump for eleito? John Authers faz um relato do plano B.
Trump 2.0
As classes políticas dos EUA, juntamente com os especialistas de Wall Street, estão passando por mais um espasmo se preparando para um segundo mandato de Trump. Embora as pesquisas estejam acirradas, há uma forte crença de que ele está à frente na corrida eleitoral, sendo o mais provável vencedor. O consenso, surpreendentemente forte, é que um segundo mandato de Trump seria muito diferente do primeiro e teria grandes consequências. Isso ocorre mesmo sendo consenso que um Presidente Trump não seria capaz de divergir amplamente do Presidente Biden nas questões-chave de política monetária e fiscal, pois simplesmente não há espaço suficiente para manobra. Até mesmo na política comercial, uma de suas questões emblemáticas, ele não representaria uma mudança de direção em relação às próprias políticas protecionistas de Biden.
Mas é claro que uma segunda administração Trump buscaria
exercer muito mais controle sobre o governo dos EUA. Essa é uma perspectiva que
os investidores tendem a encontrar desconfortável — particularmente após esta
história do Wall Street Journal anunciar que a equipe de Trump estava
elaborando planos para limitar a independência do Fed, incluindo o direito de
consulta sobre movimentos da taxa de juros e a opção de demitir o presidente
Jerome Powell antes que seu mandato expire em 2026.
A questão crítica é exatamente até onde iria uma segunda
administração Trump. A Oxford Economics sugere dois cenários. Sob o “Trump
Limitado”, há uma política fiscal mais frouxa graças à extensão dos cortes de
impostos pessoais, e a relação dívida-PIB federal aumenta 4,5 pontos
percentuais até 2033; tarifas de 25% sobre importações específicas, como metais
e automóveis, são impostas à UE e China, que retaliariam; e a imigração é
reduzida em 30%. Em um cenário de “Trump Completo”, menos provável, há mais cortes
de impostos e maior gasto; mas tarifas massivas de 60% sobre a China e 10%
sobre outros principais parceiros comerciais (que retaliariam), implementadas
gradualmente, eventualmente ajudariam a reduzir a dívida em relação ao PIB; a
China desvaloriza em 10% em relação ao dólar (nessas circunstâncias, é difícil
ver como isso não aconteceria), e a imigração é reduzida em 50%.
Qualquer cenário teria efeitos. O Trump 1.0 realmente teve
um impacto massivo na parcela de exportações que os EUA derivavam da China.
Outras nações asiáticas, além do México, foram os maiores beneficiários, como
ilustra este gráfico da Capital Economics:
Assim, México e Canadá poderiam se beneficiar um pouco de uma versão limitada do protecionismo de Trump, na qual seus concorrentes são visados, mas estariam em posição de perder mais do que qualquer um, exceto a China, no desaceleramento global resultante da guerra comercial total de um “Trump Completo”. Os mercados financeiros seriam relativamente pouco afetados pelo Trumpismo limitado (afinal, não é tão diferente do Bidenismo), mas o impacto inflacionário de tarifas mais altas forçaria taxas de juros mais altas sob o cenário completo (a menos que o presidente ganhasse o direito de impedir que o Fed as impusesse). Em um mundo de estagflação de inflação mais alta e crescimento menor, os vencedores relativos, como foram durante a década de 1970, seriam os países exportadores de commodities:
Já parece que as apostas eleitorais estão insuportavelmente altas. Para os investidores internacionais, a questão de até onde um novo presidente Trump iria é possivelmente ainda mais importante. Não é surpreendente, portanto, que Evan Solomon, do think tank canadense GZero North, se refira a uma indústria de PFT (Preparação Para Trump) entre os parceiros comerciais dos EUA. Até mesmo o Canadá está ansioso para mostrar que pode entregar vitórias para um novo presidente, como mais empregos ou mais clientes para produtos feitos em estados decisivos como Michigan. E, a julgar pelos esforços que agora estão sendo canalizados para se preparar para o Trump 2.0 em todo o mundo, Solomon está correto em seu julgamento:
Talvez a indústria de PFT seja
a razão pela qual os apoiadores de Trump dizem que ele é tão eficaz. Antes
mesmo de estar no poder, ele já tem a vantagem. Sua ameaça de retaliações
exageradas efetivamente colocou os EUA em uma posição de negociação mais forte
em comércio, segurança e diplomacia — e ele ainda nem está no cargo. Sua ameaça
plausível de colapsar o status quo é sua ferramenta de negociação mais eficaz.
Isso pode resultar em alianças menos confiáveis, tratados internacionais mais
fracos e um mundo mais perigoso e menos próspero, mas cumpre a promessa número
um de Trump a seus apoiadores: America First.
Trump tem uma forma de administrar a presidência, gerando
conflitos; ele acredita que essa estratégia coloca a contraparte em desvantagem
na negociação, o resultado é que arruma um monte de inimigos. Tyler Cowen
comenta na Bloomberg uma mudança que pretende que pode ter impacto na política
monetária do Fed.
Uma segunda administração Trump poderia ser muito diferente
da primeira, e isso inclui como o presidente trata o Fed. Donald Trump
reclamava muito do Federal Reserve dos EUA quando era presidente, pressionando
por taxas de juros mais baixas e questionando sua competência. No entanto, no
final das contas, o Fed manteve sua independência e credibilidade. Agora, tudo
isso está em perigo.
Os assessores de Trump têm elaborado planos para limitar
significativamente a autonomia operacional do Fed. A campanha de Trump
desautorizou esses planos, mas as ideias gerais têm se espalhado nos círculos
republicanos, como evidenciado pelo relatório Project 2025 da Heritage
Foundation. O próprio Trump defendeu uma política de dólar mais fraco, que não
poderia ser realizada sem algum grau de cooperação do Fed.
Como ex-empresário e incorporador imobiliário, Trump parece
se preocupar principalmente com taxas de juros, bancos e moedas.
Um relatório concreto divulgado no Wall Street Journal
indicaria que o Fed deveria consultar informalmente o presidente sobre decisões
relativas a taxas de juros e outros aspectos importantes da política monetária.
Isso tornaria mais difícil para o banco central se comprometer com uma política
declarada de desinflação, já que a influência contínua do presidente seria um
fator imprevisível na decisão. Provavelmente, os presidentes dariam mais
consideração às suas próprias perspectivas de reeleição do que aos conselhos da
equipe do Fed. Mais confusão resultaria da realidade de que a responsabilidade
do presidente nessas questões simplesmente não seria clara.
Pois é, ele nem foi eleito e já está causando temores pela
sua maneira troglodita de tratar as pessoas e governos. Espero que o Plano B
não vire Plano A.
No post bons-até-na-defesa fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “Não tenho muita convicção ainda nessa nova
contagem; somente com o desenrolar dos pregões vou verificar se é este o caso –
existe outra opção além desta. Neste caso, estaríamos dentro de uma onda 4
verde que deve perdurar por dois a três meses e cujo shape ainda está
indefinido. O objetivo de queda seria ao redor de 4.960 ou abaixo disso a
4.780” ...
No post acima, comentei que tinha abandonado a opção que vinha trabalhando até então. Talvez minha colocação tenha indicado que houve uma violação, o que não foi o caso. Também observei, algumas semanas atrás, que não “gostava” da extensão da onda (iv) azul – muito demorada. Tudo isso não viola nenhuma regra principal de Elliot Wave. Anotei no gráfico a seguir as pré-condições para que essa opção volte à preferência: Não violar 4.990 e ultrapassar 5.214. Agora só nos resta: “Let The Market Speak!”
O SP500 fechou a 5.036, com queda de 1,57%; o USDBRL a R$ 5,1931, com alta de 1,43%; o EURUSD a € 1,0672, com queda de 0,46%; e o ouro a U$ 2.291, com queda de 1,81%.
Fique ligado!
Uma coisa que talvez alguns não saibam: Trump não poderá concorrer ah reeleição,então ele terá somente quatro anos para mostrar serviço.
ResponderExcluirComo está em idade avançada,e é extremamente narcisista e vaidoso,desejando obviamente deixar sua marca como "o redentor dos EUA",sendo eleito agora ele virá com tudo e turbinado,será muito mais agressivo,inconsequente e irresponsável do que foi no primeiro mandato.
Ou seja, um perigo!
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