O mapa da mina #USDBRL


 

Resumo:

No cenário global, a corrida tecnológica se acirra: Índia vs. China nos chips, com a Índia entrando no jogo e a China expandindo sua capacidade produtiva massivamente, prometendo ultrapassar o mundo com um milhão de wafers a mais por mês até 2024. Enquanto isso, no mercado financeiro, a Nvidia dispara com alta de 37.2%, ilustrando o fervor pela IA.

O cenário do dólar sugere uma trajetória potencialmente ascendente, com indicativos de alcançar R$ 5,1274 a R$ 5,1755, marcando a análise técnica com uma perspectiva de volatilidade e cautela para investidores.

Que a Inteligência Artificial (IA) é a bola da vez, ninguém tem a menor dúvida. Nas reuniões das empresas para divulgação de resultados e projeções futuras, sempre há menção sobre algo relacionado a esse tema; quem não tiver, passará a imagem de obsoleto. Entre as grandes empresas, parece que a Apple não acreditava tanto nesse tema; porém, recentemente, saiu atrás do prejuízo.

Mas, para poder processar informações em doses cavalares, é preciso que a indústria de chips entregue na velocidade demandada. Nessa área, a Nvidia domina o mercado, como relatei recentemente. Um complicador é a postura americana em relação à China, proibindo a exportação desse componente pelas empresas, principalmente os mais sofisticados. O quadro a seguir mostra, com clareza, que entrar nesse negócio mais sofisticado não é para qualquer um: o tamanho em nanômetros implica custos exponenciais, tanto no desenvolvimento quanto na fabricação.




A Índia, candidata a produzir tudo que a China não pode, tem intenções de entrar nesse mercado, mas a China está brigando com unhas e dentes para liderar a fabricação. Megha Mandavia, no *Wall Street Journal*, comenta como a China pode destruir as ambições desse país.

Quando o maior conglomerado da Índia, o Tata Group, iniciou a construção de uma fábrica de semicondutores de 11 bilhões de dólares esta semana, o Primeiro Ministro Narendra Modi disse que o país estava pronto para se tornar um líder mundial no setor.

Ele pode ter uma surpresa desagradável.

A Tata não está indo sozinha, o que aumenta a probabilidade de sucesso. A empresa formará uma parceria com a Powerchip Semiconductor Manufacturing de Taiwan para fabricar chips de gerações mais antigas, de chips maduros, que têm características medindo 28 nanômetros ou mais.

O problema é que a China, cujas ambições em chips de ponta foram frustradas pelos controles de exportação dos EUA e da Europa, está investindo capital em fabricação de chips legados em uma escala impressionante. Isso vai comprimir as margens para todos — e tornar a vida especialmente difícil para novos players de pequena escala.

A China adicionará mais capacidade de fabricação de chips do que o resto do mundo combinado em 2024, segundo a firma de consultoria de pesquisa Gavekal Dragonomics: um milhão a mais de wafers por mês do que em 2023 — todos de chips maduros. A Tata planeja fazer 50.000 wafers por mês. A TrendForce, rastreadora da indústria, projeta que a participação da China na produção global de nós maduros crescerá de 31% em 2023 para 39% em 2027.

A expansão agressiva da China ocorre em um momento em que o mercado para chips legados já está bem abastecido. A revolução da inteligência artificial está impulsionando a demanda por chips avançados, mas os mais antigos são outra história. As taxas de utilização para produtores de chips de nós maduros caíram de quase 100% em 2020 para 65-75% no momento, segundo a Gavekal.

Os incentivos governamentais da China — no valor de mais de 150 bilhões de dólares — ajudarão os produtores a absorver perdas. Mas a Índia teria dificuldades em investir esse tipo de capital em uma indústria nascente tão intensiva em capital, especialmente considerando sua já alta dívida governamental e enormes necessidades de financiamento para infraestrutura em geral. Esses desafios de infraestrutura representam um desafio direto ao processo de fabricação de chips também. Água e energia confiáveis são essenciais — interrupções de energia não apenas interrompem as operações, mas podem danificar equipamentos e wafers em produção. O projeto Tata já está preparado para absorver bilhões de dólares em financiamento estadual.

O protecionismo — isto é, grandes tarifas sobre chips chineses — pode ser uma solução. Mas, como as nações ocidentais aprenderam com desgosto nos últimos dois anos com a Rússia, controlar os fluxos comerciais de chips legados é difícil. Os incentivos para corrupção e manipulação do sistema através de países terceiros seriam enormes. E mesmo assumindo que um sistema de tarifas funcionasse como pretendido, colocaria o resto do próspero negócio de eletrônicos da Índia em uma séria desvantagem.

Segundo Ashok Chandak, presidente da Associação de Eletrônicos e Semicondutores da Índia, o sucesso da Tata será crítico para atrair outros fabricantes de chips para a Índia — e terá que superar grandes desafios para que se torne mais fácil para os que seguirem. A ITIF diz que é provável que a Índia comissione duas a três fábricas para chips de nós maduros nos próximos cinco anos.

Mas a China poderia jogar um balde de água fria nessas ambições. Conseguir um ponto de apoio na área menos exigente de embalagem e teste de chips — com a ajuda de empresas estrangeiras, como a Micron — faz sentido para as empresas indianas. No entanto, gastar fundos governamentais escassos em fábricas de fabricação de chips infantis, que consomem muito dinheiro, em vez de em infraestrutura em geral, pode ser uma jogada muito mais arriscada.

A corrida no mercado de chips se acelerou de forma incrível: países e empresas buscam a dominância na fabricação desse componente, que é crucial na área de IA. As margens apresentadas pela Nvidia são um convite feroz para a concorrência, ainda mais em um mercado cuja demanda se acelera em escala exponencial. A história é cruel para empresas pioneiras em um setor, pois quem descobre não é quem perdura; sempre aparece alguém que produz melhor e mais barato. A entrada nesse negócio aparenta ainda estar no início, e todos buscam encontrar o mapa da mina.

Você viu noticiado que as ações da Nvidia subiram acentuadamente nos últimos tempos. No último trimestre, as Magníficas Sete subiram 37,2%, enquanto as outras 493 ações do S&P 500 caíram 2,5%. Mas nem todas as sete são tão magníficas assim: a Nvidia (87%), em conjunto com a Meta (40,1%), carregou as outras, onde duas delas apresentaram retorno negativo, a saber: Apple (-11,9%) e Tesla (-28,5%) — será que a Tesla está agora na fase que citei acima, sobre as empresas pioneiras? O gráfico a seguir mostra claramente a mudança de preferência por parte dos investidores na área de IA nos últimos 6 meses.




O leitor pode imaginar — e ficar furioso ao imaginar — que o melhor investimento no último ano foi comprar ações da Nvidia. É verdade que foi um estrondo, mas algo mais básico e antigo rendeu muito mais: o cacau.

Para compreender isto, precisamos nos dirigir à África Ocidental. O custo do caroço mais do que duplicou só este ano, à medida que os agricultores da Costa do Marfim e do Gana, que representam 70% da produção mundial, lutam para tirar o máximo partido das suas colheitas. Para eles, tem sido uma época de colheita extremamente dolorosa, pouco antes do tradicional período de pico de vendas para os chocolateiros no Ocidente — o feriado da Páscoa.



Este é o maior déficit já sofrido pelos produtores de cacau, conforme mostram os dados da Organização Internacional do Cacau. O que correu mal para estes agricultores? Praticamente tudo o que poderia acontecer: surtos de doenças nas plantações, clima extremo e agricultores redirecionando terras para outros negócios, incluindo imobiliários. Isso resultou em um déficit brutal de 374.000 toneladas métricas na oferta.

Para os aficionados por chocolate, é sábio fazer um bom estoque de chocolate! Hahaha...

No post receio-de-overdose fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “O dólar pode voltar a ficar contido, só que agora, diferentemente do anterior, tem uma tendência ascendente, como se nota no gráfico abaixo. Notem que a alta não pode ser descartada, pelo menos até os níveis apresentados dentro do quadrado” ...




Como comentei no post acima, tudo indica que o dólar deverá atingir os níveis de R$ 5,1274 ou um pouco mais acima, R$ 5,1755, de forma tortuosa. Ultrapassar esses níveis é possível, mas, por enquanto, nenhum ímpeto se observa na alta, o que pode abrir a possibilidade de novas quedas mais adiante. Fica o nível apontado em R$ 5,22 como um ponto a observar, caso ocorra.



- Hahaha, perdeu uma chance, David, quem mandou colocar um stop loss tão curto!

Não estou chateado, a decisão foi consciente, lógico que não gostei. Essa situação mostra como é difícil operar dentro de correções. Se você entra, tem que estar sujeito a esse tipo de resultado – você é estopado, e o mercado, em seguida, vai na sua direção.

Mas o movimento observado não me sugere que deveria entrar novamente "só para buscar o prejuízo", situação que normalmente vai gerar outro prejuízo na sequência, pois a decisão é emocional. Vamos acompanhar os próximos dias.

O SP500 fechou a 5.243, com queda de 0,20%; o USDBRL a R$ 5,0585, com alta de 0,86%; o EURUSD a € 1,0741, com queda de 0,47%; e o ouro a U$ 2.243, com alta de 0,51%.

Fique ligado!

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