Refazendo os cálculos #nasdaq100 #NVDA

 


Ontem, Israel realizou uma incursão no território iraniano com prejuízos leves, segundo noticiários. Até o momento, não há informações precisas sobre o ocorrido. Os mercados reagiram inicialmente com aversão ao risco, elevando os preços do petróleo e ouro e reduzindo os valores das bolsas, com os juros retrocedendo em seguida. Nos próximos dias, saberemos como esse conflito vai se desenrolar, seja com mais incursões desse tipo ou algo mais sério, ou um ataque às usinas nucleares daquele país.

Nos anos 80, quando eu chefiava a mesa de operações do Banco Francês e Brasileiro, as sextas-feiras eram dias de angústia, pois naquela época a taxa de câmbio era administrada pelo Banco Central. Sem grandes estudos estatísticos, percebi que nesses dias a chance de um movimento de desvalorização da moeda no final de semana era frequente. Com isso em mente, dormia comprado em dólares. Isso funcionou até que deixou de funcionar, quando o governo passou a intervir de forma aleatória. Acredito que esses dias voltaram à cena por conta do embate entre Israel e Irã. Melhor não dormir vendido em dólares no final de semana!

Deixar uma década em que prevaleceu o juro de 0% e entrar numa nova fase com juros em 5% e, provavelmente, permanecer nesse patamar por um longo período, acarreta reações por parte dos investidores. Como sempre, essa mudança pega os alavancados em primeiro lugar, pois a mudança já dói no bolso rapidamente.

Posso citar como exemplo o mercado imobiliário de escritórios, que levou um golpe duplo: diminuição da ocupação por conta dos efeitos da Covid-19 e a alavancagem usada para melhorar os retornos de quem adquiria os imóveis. Também nesse rol se encontram os participantes do mercado que vêm reagindo a esse fato, alocando uma parcela maior em renda fixa em detrimento das ações. Agora, ingressamos num grupo mais lento devido à propriedade de suas carteiras. Heather Gillers e outro comentarista no Wall Street Journal observaram que os fundos de pensão americanos estão retirando bilhões de dólares das ações.

Carteiras de ações em grandes fundos de pensão tiveram um desempenho espetacular. Agora, os gestores estão realizando lucros.

Os fundos de pensão corporativos estão transferindo recursos para títulos. Fundos de governos estaduais e locais estão trocando ações por investimentos alternativos. O maior fundo de pensão público do país, o Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia, planeja mover cerca de US$ 25 bilhões de ações para capital privado e dívida privada.

Como investidores de todos os tipos, os fundos estão se adaptando lentamente a um mundo de rendimentos onde podem obter retornos consideráveis em ativos sem risco. Isso está causando ondas nos mercados à medida que os investidores avaliam quanto risco desejam assumir. Sair das ações pode significar renunciar a alguns ganhos potenciais. Manter demais, por muito tempo, e os preços podem cair.

Para os fundos de pensão, que têm metas específicas de retorno de investimento para financiar obrigações futuras, essa é uma mudança bem-vinda: significa que podem assumir menos riscos e permanecer no caminho para alcançar esses objetivos. Eles podem vender ações, garantir ganhos de preço e mover o dinheiro para títulos sem sacrificar muito retorno. Ou podem continuar buscando retornos mais altos sem assumir muito mais risco.

Embora as ações tenham caído recentemente, o S&P 500 ainda está apenas 4,6% abaixo de seu fechamento recorde. O ganho de 10% do índice até o final de março marcou seu melhor desempenho no primeiro trimestre desde 2019. Enquanto isso, uma economia persistentemente forte elevou as taxas de juros para os níveis mais altos em várias décadas.

A combinação está levando grandes fundos de aposentadoria a rotacionar suas posições. Analistas da Goldman Sachs estimam que os fundos de pensão venderão US$ 325 bilhões em ações este ano, um aumento significativo dos US$ 191 bilhões de 2023.

Os fundos de pensão para trabalhadores de empresas e governos estaduais e locais, juntos, possuíam cerca de US$ 9 trilhões no final de 2023, segundo dados do Federal Reserve. Muitos têm tentado, há anos, acumular dinheiro suficiente para cobrir benefícios futuros prometidos.

Grandes empresas mudaram principalmente novas contratações para opções de aposentadoria no estilo 401(k) e acumularam economias para pensões nas últimas duas décadas. No ano passado, eles relataram ter o suficiente para cobrir suas obrigações pela primeira vez desde a crise financeira de 2008-09. Como resultado, os gestores de pensão corporativos estão investindo menos agressivamente, com ações representando menos de um quarto dos investimentos.

Os planos de pensão de governos estaduais e locais permanecem abertos a novos trabalhadores e têm cerca de três quartos do dinheiro necessário para cobrir promessas futuras de pensão. Eles mantêm cerca de metade de seus investimentos em ações e mais de 15% em outros ativos arriscados, como capital privado, segundo números medianos do Wilshire Trust Universe Comparison Service.

O conselho do Sistema de Aposentadoria dos Funcionários Públicos da Califórnia votou em março para reduzir sua alocação de ações para 37% de 42%, enquanto aumentava o investimento em capital privado e dívida privada. O fundo espera que essas duas classes de ativos retornem de 7% a 8% nas próximas duas décadas, comparado a 6% a 7% para ações. O fundo de US$ 494 bilhões tinha cerca de 72% dos ativos necessários para cobrir promessas futuras de pensão até junho.

Um tipo diferente de fundo de investimento estadual, o Alaska Permanent Fund Corp., de US$ 80 bilhões, está reduzindo o risco em ações. O fundo está no processo de reduzir seu portfólio de ações de 36% dos ativos no ano fiscal de 2023 para 32% em 2025 e cancelou um plano de reduzir títulos para 18% de 20%. Taxas mais altas significam que o APFC ainda pode esperar renda suficiente dos títulos para atingir seu alvo de investimento, retornando 5 pontos percentuais mais do que o índice de preços ao consumidor, disse Marcus Frampton, chefe de investimentos do APFC. Os altos preços das ações em relação aos lucros corporativos o deixam preocupado com perdas.

As empresas no S&P 500 são negociadas a cerca de 24 vezes seus ganhos dos últimos 12 meses, acima da média de cinco anos de 22 vezes, segundo a FactSet.

"Quando é um mercado de ações muito caro, coisas ruins podem acontecer", disse Frampton.

Os planos de pensão corporativos também estão aproveitando as taxas mais altas como uma chance de reduzir o risco sem sacrificar tanto a renda.

Esses planos geralmente montam portfólios de títulos que pagarão conforme as pensões prometidas vencem. Nas últimas duas décadas, eles moveram mais dinheiro para esses portfólios de títulos e menos para ações.

A Johnson & Johnson, empresa farmacêutica e de tecnologia médica, reduziu a alocação de ações alvo para seu fundo de pensão de US$ 34 bilhões para 58% em 2023 de 62% em 2022. A empresa planejou colocar o dinheiro adicional em títulos.

A empresa de aeroespacial e defesa RTX relatou que o investimento em ações públicas representou 19% dos ativos em 2023, abaixo dos 26% em 2022.

Pelo conteúdo desse artigo, é notório uma mudança generalizada dos fundos de pensão reduzindo sua parcela em ações em detrimento da renda fixa. É absolutamente compreensível, pois como eles têm compromissos futuros pré-estabelecidos com seus participantes, ter uma garantia de retorno oriunda da renda fixa é saudável.

Outro grupo que deverá reduzir sua participação em ações são as recompras efetuadas de forma sistemática pelas empresas, como comentei algumas vezes. Esse movimento visa aumentar o lucro por ação pela diminuição do volume de ações em circulação no mercado. Para tanto, a empresa utiliza seu caixa ou toma empréstimo. Com juro a 0%, era quase uma certeza que valia a pena, pois se a empresa gera lucro, seu retorno sobre o capital seguramente era maior que zero. Agora tem que ser maior que 5% e, na verdade, bem maior.

Esse movimento de players maiores se dará no tempo e são fatores negativos para as bolsas e, quanto maior o juro, maior será esse movimento.

No post o-risco-do-devedor fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq100: ... “ A análise da Nasdaq100 do ponto de vista técnico é confusa quando buscamos uma contagem em janelas menores. Quando isso acontece, prefiro observar a opção em janelas maiores até que a situação fique mais clara. Os motivos não faltam, como mencionei, é natural que o mercado esteja indefinido. O gráfico a seguir é o melhor que posso oferecer neste momento, o qual é: objetivo de alta entre 18.950 / 19.160, desde que 16.969 não seja violado. Posições agora? Nem pensar” ...

 


Esses comentários foram feitos antes da abertura do mercado hoje; se ao final do dia algo muito diferente ocorrer, incluo no final. Da mesma forma que o SP500, fiz algumas modificações nas contagens de ondas que vinha adotando. O leitor assíduo do Mosca sabe como venho trabalhando com cautela nas últimas semanas, cujo principal motivo é saber se: a onda (1) azul terminou ou não?

Acredito que estamos chegando na hora da verdade e saber se existe mais uma alta ou já terminou.




Teoricamente, a queda que se iniciou em março pode estar prestes a terminar e uma alta deveria ocorrer prontamente para atingir o nível de 19,2 mil, terminando a onda v laranja e 5 verde, conforme se nota no gráfico. Eu ainda aceito uma queda marginal até ~17 mil. Abaixo disso, já começo a trabalhar com a hipótese de término da onda (1) azul que, do ponto de vista técnico, se confirma abaixo de 16,1 mil.

Meus comentários sobre a NVDA foram: ... “Tudo indica que a NVDA terminou a onda (4) azul e se prepara para seu último movimento de alta. Note que, segundo minha contagem, após a conclusão deveria ocorrer uma correção significativa, o que implica que todo cuidado é pouco neste momento” ...



Minha ideia de que a onda (4) azul tinha terminado acabou não vingando, pois o movimento foi “suave” e possível acomodar essa onda um pouco mais abaixo. Como as ações dessa empresa subiram como um foguete, as retrações podem ser bem “salgadas”, e assim como a Nasdaq100, essa onda (4) azul pode ir até U$ 717 ou até mais abaixo ainda – stop loss a U$ 505. Porém, como estabeleci os níveis máximos de queda para a Nasdaq100 acima, provavelmente vou rever a contagem se atingir esse último nível. Caso comece a subir, o primeiro objetivo seria U$ 979, a ser mais bem calculado à frente.




Replicando o temor das “sextas-feiras” as bolsas terminaram com baixas expressivas o que coloca em xeque minha contagem mesmo não atingindo o nível de eliminação total. Vou trabalhar com os cenários alternativos de queda.

No post o-risco-do-devedor fiz comentários sobre a evolução da dívida americana em função do novo cenário de juros. Mas não é só os americanos que estão em situação desconfortável em relação à sua dívida; a grande maioria dos países desenvolvidos se encontram em conjuntura semelhante.




O gráfico acima é composto pela dívida desses países considerados desenvolvidos, ponderados pelo seu tamanho econômico, o PIB. Depois de atingir um pico em 2020 ao redor de 130% em função da pandemia, houve um leve retrocesso e, desde então, caminha para níveis superiores nos próximos anos.

Sem dúvida, o Japão contamina essa estatística, dado seu nível de 250% do PIB; por outro lado, em função de manter juro ainda diminuto, também contribui lentamente na alta daqui em diante, o que não é o caso dos outros países.

Os economistas Kenneth S. Rogoff e Carmen M. Reinhart publicaram um estudo no livro que lançaram em 2009, “This Time is Different”, calculando que dívidas acima de 90% levaram a default diversos países. Essa regra não se aplicou ao Japão, pois está muito acima desse patamar há muito tempo.

Sem saber qual o nível que desencadeia uma crise financeira, é como o caso do castelo de areia na praia onde uma gota a mais derruba o castelo inteiro. Esse teste, feito com milhares de simulações em computador, não se sabe qual partir de que grão derruba o castelo. Isso é o que se denomina em física equilíbrio instável.



O SP500 fechou a 4.967, com queda de 0,88%; o USDBRL a R$ 5,1997, com queda de 0,94%; o EURUSD a € 1,0652, sem variação; e o ouro a U$ 2.386, com alta de 0,37%.

Fique ligado!

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