Quando o objetivo vira teórico #EURUSD #OURO #GOLD
Perdi cerca de 17 quilos do meu peso máximo, um processo lento. Optei por não tomar medicamentos para acelerar o processo, ciente de que seria uma solução paliativa. O segredo esteve no exercício físico, alimentação e disciplina. Estabeleci um objetivo e, diferentemente de minha esposa, que evita a balança após exageros, me peso todas as manhãs sem conceder-me tal indulgência.
Para manter meu peso, pratico atividades esportivas seis
vezes por semana, e minha alimentação durante os dias úteis é controlada,
deixando o final de semana para os excessos. No entanto, percebi que meu
objetivo de peso é inatingível sem abrir mão de certos prazeres; por outro
lado, é estável, com um ciclo semanal que decresce devido aos excessos do final
de semana. Tinha duas opções: aumentar meu objetivo ou aceitá-lo como teórico –
escolhi a última.
O Fed enfrenta um dilema semelhante: seu objetivo de 2% ao
ano para a inflação está difícil de alcançar, e a situação se complica ainda
mais com a possível elevação dos juros, como veremos a seguir.
Um relatório da Gavekal sugere que transitamos de um mundo
de excesso de oferta para um de escassez de demanda. Aqui está um resumo:
Desde o início dos anos 2000, a inflação e a formação de
preços mudaram drasticamente devido à globalização, tecnologia e o surgimento
de empresas de plataforma. Em 2005, o conceito de "CPI descontínuo"
foi introduzido para explicar como a inflação não respondia mais diretamente
aos aumentos de custos tradicionais, graças à capacidade das empresas de
otimizar a produção globalmente e manter baixos os preços. No entanto, a
recente inflação sugere uma mudança nessa tendência, com a inflação trabalhista
e outros custos exibindo um comportamento "descontínuo".
Além disso, discute-se a inflação atual em várias áreas,
como o preço do cacau, urânio, Bitcoin e semicondutores de alta qualidade, e
como esses aumentos de preços estão ligados a fatores específicos, como
condições climáticas extremas, geopolítica e avanços tecnológicos. Especula-se
sobre futuros motores de inflação, incluindo a desvalorização do iene japonês,
a volatilidade dos preços da energia e o potencial aumento nos preços dos
alimentos e metais. Apesar da contínua pressão desinflacionária de empresas
chinesas em setores de alta tecnologia, vários fatores podem levar a aumentos
nos índices de inflação, com significativas implicações políticas e econômicas.
Essa visão de longo prazo sugere que, se este raciocínio estiver correto, o mundo entrou em outra era, onde o risco de deflação é substituído pelo de inflação. A publicação do CPI nos EUA foi um choque para o mercado, com resultados individuais piores que o indicador em si, como descreve John Authers na Bloomberg.
Para muitos de nós, alimentos e energia são essenciais, e o dano já foi feito. Para o Federal Reserve, a inflação de serviços é crucial, influenciada pelo aumento dos custos salariais e ainda distante da norma pré-pandemia. Os preços da moradia, criticados por não acompanhar as mudanças recentes nos aluguéis, fazem parte disso, levando o Fed a dar mais atenção à inflação "super-núcleo" — serviços excluindo moradia, que agora está claramente em alta.
Esta é a essência do alarme percebido pelo mercado com os últimos dados. Ronald Temple, da Lazard, e Ryan Wang, do HSBC, apontam para aumentos significativos em várias categorias afetadas pelo mercado de trabalho apertado, reforçando a visão de que condições apertadas do mercado de trabalho representam um risco de alta para a inflação.
As pesquisas do Fed também focam em preços "pegajosos", que raramente diminuem. O índice mantido pelo Fed de Atlanta mostra que a desinflação parou e começou a reverter — em um nível acima de 4%, muito alto para o conforto do Fed.
Fica evidente que o que está dificultando a queda da inflação é o setor de serviços, onde a política monetária tem influência bem menor que na área de produtos. No indicador, o custo da moradia tem peso significativo e, ao contrário do esperado por analistas, mantém-se em torno de 0,4% ao mês. Existe uma escassez de moradias nos EUA, o que impediu a queda dos preços dos imóveis após o aumento expressivo durante a pandemia; eles se mantêm em níveis elevados, cessando de subir rapidamente, mas ainda em ascensão. Acrescente-se a isso o mercado de trabalho apertado.
O artigo de Mohamed A. El-Erian, publicado na Bloomberg,
discute a necessidade de o Federal Reserve (Fed) dos EUA distanciar-se de sua
excessiva dependência de dados retrospectivos em suas decisões de política
monetária. El-Erian argumenta que a inflação dos preços ao consumidor nos EUA
tornou-se persistente, conforme evidenciado por três conjuntos consecutivos de
dados mais altos do que o esperado, com a inflação básica anualizada de três
meses alcançando 4,5%.
A abordagem do Fed, influenciada por dados passados e pela
tentativa de evitar os erros de política monetária dos anos 1970, pode não ser
adequada no contexto econômico atual, marcado por uma oferta agregada
insuficientemente flexível, ao contrário da insuficiente demanda agregada das
décadas anteriores.
El-Erian sugere que o Fed adote uma visão mais estratégica,
reconhecendo que o nível ótimo de inflação de médio prazo para os EUA está mais
próximo de 3%, oferecendo, assim, flexibilidade para não reagir excessivamente
às últimas leituras da inflação. Esta abordagem permitiria que o
excepcionalismo econômico dos EUA continuasse, em vez de ser vítima de uma
desaceleração desnecessária, impactando negativamente os segmentos mais
vulneráveis da população.
Portanto, seria razoável que o Fed considerasse o objetivo
de 2% ao ano para a inflação como "teórico", da mesma forma que
encaro meu peso? Possivelmente, mas não deveria jamais anunciar ao mercado essa
decisão, pois perderia credibilidade imediatamente. Melhor seria agir como
faço: se estiver acima de 1 kg do meu objetivo, me policio; se estiver dentro
desse parâmetro, aceito como normal. De qualquer forma, no momento, é mais
fácil eu controlar minha alimentação do que o Fed elevar os juros! Hahaha...
No post "europa-um-grande-museu", fiz os
seguintes comentários sobre o euro: "...Com uma visão um pouco mais ampla,
como mostrado a seguir, podemos notar que a moeda única se encontra num impasse
entre €1,10 e €1,05, sem direção definida. No curto prazo, vejo dois pontos
críticos: o primeiro em €1,0626, que pode indicar uma possível reversão, e o
segundo em €1,0321, mais perigoso, pois adentraria a 'área do pântano'..."
A moeda única sofreu uma queda após a expectativa de corte de juros pelo Fed ser adiada, na melhor das hipóteses. Após uma análise mais detalhada do euro, parece que a tendência de queda ganhou força. O objetivo seria de €1,0321, correspondendo a um potencial ganho de 4%. Observei a formação de cinco ondas numa janela de 2 horas e sugeriria a venda da moeda única em torno de €1,08, com stop loss a €1,0885.
Como eu havia comentado no post " a-choradeira-continua" : ...” Pretendo entrar em uma correção futura, pois, nesse novo cenário, ainda há um bom potencial de alta” .... Estou entrando com uma sugestão de trade na compra do ouro quando do rompimento de U$ 2.347 e colocando o stop loss em U$ 2.300. Quero enfatizar que entrei no meio do movimento e o stop loss é mais preventivo do que segue as regras de Elliot Wave.
Nota: eu estou retirando o resumo do início do post. Não houveram manifestações a favor e sem ele o texto fica menor.
O SP500 fechou a 5.199, com alta de 0,74%; o USDBRL a R$
5,0912, com alta de 0,32%; o EURUSD a € 1,0727, com queda de 0,14%; e o ouro a
U$ 2.373, com alta de 1,75%.
Fique ligado!
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