O risco do devedor #nasdaq100 #NVDA #ouro #gold
Faço astutamente a seguinte pergunta: Você tomaria um
empréstimo com taxa de 1.000%? Sob condições normais, seria o caminho para a
falência — aliás, ninguém deveria oferecer um empréstimo com essa taxa se preza
pelo seu capital. No entanto, se for por um dia e para se beneficiar de um
desconto de 30%, a resposta é sim. Com esse exemplo, enfatizo que, além da
taxa, o prazo é tão ou mais importante.
E, por outro lado, você aceitaria um empréstimo com taxa de
0%? Parece bastante convidativo, nesse nível, até negócios ruins podem parecer
bons. Mas, em um cenário deflacionário, isso não é tão evidente assim, pois a
queda nos preços dos produtos inviabiliza grande parte dos bens de uma
economia. Foi nesse contexto que o Japão se encontrou durante mais de 30 anos,
elevando sua dívida sobre o PIB para níveis próximos de 250%.
No post "o-último-dos-moicanos", comentei sobre o
dilema do BOJ, que enfrenta uma inflação de 2% e ainda mantém os juros em 0%.
Se a teimosia persistir, sua moeda, o yen, continuará caindo; sua cotação
atingiu níveis de 1990 e, segundo o PPP (Purchasing Power Parity), é a mais
barata entre as moedas do G10. Não sou fã desse indicador para as moedas, mas
ele serve como um parâmetro de comparação.
Os leitores do Mosca são testemunhas da minha tese sobre o
dólar, que é: por enquanto, não existe nenhuma outra moeda que possa substituir
a hegemonia da moeda americana. Mas, se sua dívida pública seguir em uma
trajetória de alta sem que haja um corte de despesas, essa superioridade será
questionada pelo mercado.
A estrutura da dívida pública americana se encurtou muito
nos últimos anos. Isso significa que a alta dos juros impactará as despesas
mais rapidamente, além da emissão nova que serve para cobrir seu déficit
público elevado. Um artigo da Bloomberg comenta sobre a dívida, cujo título é
sugestivo: "Por favor, leve a sério o risco de um colapso fiscal".
As projeções
mais recentes do Congressional Budget Office repetem um aviso feito muitas
vezes antes: a trajetória do empréstimo governamental dos EUA é insustentável.
Washington, focada nas eleições deste ano, não só está relutante em agir; está
ignorando completamente o problema. Quão preocupado o país deveria estar com
essa negligência?
Como todas as
previsões econômicas, as projeções fiscais geralmente estão erradas, e a crise
fiscal que o CBO alerta que está por vir pode nunca acontecer. Igualmente, o
que está por vir pode ser ainda mais assustador. Uma avaliação das chances de
resultados melhores ou piores é, portanto, valiosa. Analistas realizaram tal
exercício para o Big Take da Bloomberg, e a conclusão não é tranquilizadora.
Os autores da
Bloomberg Economics tomam a nova projeção do CBO como linha de base. Isso
mostra a dívida pública subindo de pouco menos de 100% do produto interno bruto
este ano — o maior desde o final da Segunda Guerra Mundial — para 116% em 2034.
No início, eles observam que essa linha de base perturbadora é, na verdade,
bastante otimista em três aspectos.
Primeiro, é uma projeção de "lei atual", que assume que os cortes de impostos promulgados pela administração de Donald Trump em 2017 expirarão conforme programado até 2025. Independentemente dos resultados das eleições deste ano, isso é improvável. Em segundo lugar, em direção ao final do período de previsão, a projeção assume uma queda nos gastos com defesa como parte do PIB. Dadas as tensões geopolíticas atuais, isso também parece improvável. Terceiro, o CBO espera que as taxas de juros (que impulsionam os custos do serviço da dívida) sejam ligeiramente inferiores às que os mercados financeiros atualmente sugerem. Essas suposições são significativas. Por exemplo, ao ajustar as taxas para os níveis sugeridos pelo mercado, mantendo constantes as outras suposições, a relação dívida/PIB sobe para 123% até 2034.
Essas, contudo,
não são as únicas variáveis que podem mudar. Utilizando simulações
estocásticas, o exercício examinou a dispersão das futuras relações dívida/PIB
em torno da linha de base da agência, rodando um modelo da economia um milhão
de vezes com diferentes combinações de crescimento econômico, inflação,
déficits orçamentários e taxas de juros, com padrões extraídos de dados
históricos. Em quase 90% dos casos, a relação dívida/PIB continua subindo ao
longo da próxima década — e, nesse sentido, é insustentável como na linha de
base. Nos piores 5% dos casos, a relação dispara acima de 139% até 2034 e
continua subindo.
A conclusão é
simples: leve as projeções do CBO a sério, mas não literalmente. Os números
exatos podem estar incorretos, mas a incerteza pode ir em ambas as direções, e
os resultados podem facilmente ser tanto piores quanto melhores que o esperado.
O aviso de eventual colapso fiscal permanece, e políticos responsáveis deveriam
agir a respeito.
Um aspecto importante a considerar é quem são os detentores
dessa dívida. Na ilustração a seguir, os maiores credores são os estrangeiros,
incluindo uma boa parte pela posição dos bancos centrais. Outro fator a
considerar é que a parcela detida pelo Federal Reserve será substituída por
algum desses grupos, não totalmente, mais a parcela que o Fed está resgatando
mensalmente. Nesse quesito, é muito diferente da estrutura da dívida japonesa,
onde 90% estão nas mãos do público interno — mas seria muita ingenuidade do
governo achar que os japoneses aceitarão perder poder de compra numa boa.
Um político, ao se deparar com esse gráfico, não deveria ficar preocupado, pois, na melhor das hipóteses, o maior problema ocorreria daqui a 10 anos. No entanto, a reação do mercado não precisa ser tão complacente e pode, como medida de cautela, começar a comprar títulos de maturidade curta, o que levaria a estrutura de vencimento a se tornar uma bomba-relógio nas mãos do Fed.
O mercado acionário se encontra num dilema: é mais
importante considerar que talvez os juros não caiam, o que elevaria as taxas
dos títulos de renda fixa, ou considerar que a economia está a pleno vapor, o
que elevaria o lucro das empresas? James Mackintosh discutiu esse assunto no
The Wall Street Journal, cujo resumo se encontra a seguir.
Empresas estão divulgando seus primeiros resultados de
lucros para 2024, destacando-se por uma razão além do usual: a diminuição da
esperança por cortes nas taxas de juros, que era um dos principais suportes
para os mercados elevados. Há grandes expectativas de lucro para este ano, o
próximo e até 2026, apesar de a realidade raramente superar as previsões
iniciais. O mercado está precificado para um crescimento rápido, com o S&P
500 negociando a múltiplos elevados baseados em lucros futuros. No entanto, uma
economia mais forte que o esperado, apesar de positiva para os lucros, reduz a
possibilidade de cortes nas taxas de juros, impactando negativamente a
avaliação dos lucros futuros.
Recentemente, a inflação superou previsões, elevando os rendimentos dos títulos e derrubando as ações, com os mercados futuros reduzindo as expectativas de cortes nas taxas de juros. Apesar disso, os investidores mantêm a aposta de que lucros maiores compensarão os impactos de taxas de juros mais altas do que o previsto.
Historicamente, os lucros do S&P frequentemente ficaram
abaixo das previsões iniciais, com expectativas particularmente altas para os
próximos anos. As empresas enfrentam o desafio de aumentar ainda mais as
margens de lucro, que já estão em níveis elevados. A esperança reside na
possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve, em caso de
enfraquecimento da economia, oferecendo um suporte indireto ao mercado de
ações. Contudo, o risco permanece: se a economia não entregar os lucros
excepcionais esperados, a decepção entre os investidores poderá ser grande.
No post "mecânica-dos-fluidos-aplicada", fiz os seguintes
comentários sobre a Nasdaq100: "... a Nasdaq100 entrou dentro da mesma
elipse destacada acima, tornando a análise segundo a teoria de Elliott Wave um
desafio. Quando isso ocorre, é recomendável esperar algum tempo a fim de que
surja uma melhor interpretação ..."
A análise da Nasdaq100, do ponto de vista técnico, é confusa quando buscamos uma contagem em janelas menores. Quando isso acontece, prefiro observar a opção em janelas maiores até que a situação fique mais clara. Os motivos não faltam, como mencionei, é natural que o mercado esteja indefinido. O gráfico a seguir é o melhor que posso oferecer neste momento, o qual é: objetivo de alta entre 18.950 / 19.160, desde que 16.969 não seja violado. Posições agora? Nem pensar.
Meus comentários sobre a NVDA foram: "... Assim como a Nasdaq100, essa ação se encontra dentro de uma correção destacada na elipse, e por enquanto, não se pode descartar os objetivos acima de US$ 1.000. Como podem notar no gráfico, a distância entre a onda (1) azul e a onda (3) azul é enorme, compatível com o desempenho dessa ação. O stop loss mais adequado seria no pico da onda (1), mas acredito que ninguém suportaria uma queda de 42%, razão pela qual mantenho o stop loss que estabeleci em US$ 770 ..."
Tudo indica que a NVDA terminou a onda (4) azul e se prepara para seu último movimento de alta. Note que, segundo minha contagem, após a conclusão, deveria ocorrer uma correção significativa, o que implica que todo cuidado é pouco neste momento. Se minha contagem estiver correta, pode-se associar o stop loss a US$ 830. É importante enfatizar que, caso esse nível seja violado, não significa necessariamente que a grande correção comentada acima tenha começado; serão necessárias mais evidências.
Muitos analistas estão comparando a recente alta das bolsas com a bolha dos anos 2000, conhecida como pontocom. Em termos de P/L, não há comparação.
Na bolha pontocom, o P/L estava ao redor de 70x, o que significa que seriam necessários 70 anos para que os lucros se igualassem ao capital investido, principalmente porque a grande maioria das empresas não tinha lucro. No evento pós-Covid, o P/L atingiu 37x, mais por conta da expectativa de lucros ascendentes depois que o mundo se adaptou à pandemia. E recentemente, o P/L se encontra em 29x nas Big Tech, em função da esperança de lucros e da preferência pelas empresas de IA. Isso significa que estão baratas? Não exatamente, mas é uma situação muito diferente daquela com a qual os analistas buscam comparar.
o ouro sofreu uma reviravolta durante o dia depois de subir
até U$ 2.426 (+2%). No final da manhã começou um movimento de queda de forma ininterrupta
questionando a minha leitura desse mercado. Resolvi liquidar a posição no nível
de entrada, o que eu já iria fazer mesmo se essa queda não tivesse ocorrido.
Como fica daqui em diante? Ainda não sei dizer, vamos observar mais alguns
dias.
O SP500 fechou a 5.123, com queda de 1,46%; o USDBRL a R$ 5,1205, com alta de 0,57%; o EURUSD a € 1,0636, com queda de 0,82%; e o ouro a U$ 2.342, com queda de 1,31%.
Fique ligado!
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