Crise no Mosca #IBOVESPA



O Mosca instituiu um serviço de 0-800, sobre o qual comentei no post forte-concorrência. Naquele momento, existia uma crença no mercado de que o yuan substituiria o dólar. Interessantemente, isso ocorreu no final de janeiro de 2024, há menos de três meses. O serviço ficou congestionado; tive que alocar vários turnos para atender a demanda. Mas agora, a situação é diferente: o telefone nem toca e esse serviço está em crise.

O que aconteceu em tão pouco tempo? O principal fator foi o recuo do mercado e do Fed, que só cortará os juros quando estiverem seguros de que a inflação está contida. Naquele momento, a aposta era de 6 cortes de 0,25% em 2024; agora, é um pouco superior a 1,5, ou seja, 0,40%. Esse fato fez com que a moeda americana se valorizasse “across the border”, ou seja, de cabo a rabo! John Authers comenta sobre a moeda americana.

Definitivamente, a política monetária é "mais alta por mais tempo". Os mercados de taxas de juros já haviam compreendido isso antes de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, participar de uma sessão de perguntas e respostas com Tiff Macklem, seu homólogo no Banco do Canadá, e declarar que poderia manter as taxas onde estão pelo "tempo que for necessário". Qualquer possibilidade de cortes iminentes agora depende de uma crise financeira repentina, e assim as esperanças foram praticamente abandonadas.

Não está claro se o impacto das taxas mais altas dos EUA já se havia infiltrado no mercado de câmbio estrangeiro ou nos cálculos de outros bancos centrais. Parece que não. Isso cria o próximo conjunto de riscos para uma crise transformadora. Powell reconheceu isso, dizendo que "estamos muito, muito conscientes" do impacto que isso pode ter nas economias ao redor do mundo. Aqui está uma rápida volta ao mundo:

Usando as taxas de política projetadas pelos swaps de índice overnight para as reuniões de dezembro dos bancos centrais, o spread a favor dos EUA aumentou drasticamente. Isso deve sustentar a força do dólar em detrimento do euro e do iene:




 Um dólar mais forte aperta as condições financeiras nos EUA e ajuda na luta contra a inflação lá, enquanto também cria um obstáculo para os lucros estrangeiros de multinacionais americanas, que são menores em termos de dólares se a moeda se fortalecer. Isso cria problemas inflacionários em outros lugares. No caso da zona do euro, as coisas se inverteram este ano a partir de uma expectativa inicial de que o Fed seria o primeiro a cortar. Agora, há um reconhecimento de que o Banco Central Europeu cortará mais cedo e mais. A pressão sobre o euro parece ser incessante, já que o diferencial a favor dos rendimentos do Tesouro sobre os bunds é o mais amplo desta década:

 


Quanto ao Japão, a questão é se deve intervir para fortalecer o iene. Não faz nem um mês desde a decisão momentosa do Banco do Japão de encerrar as taxas negativas. O problema é que esse anúncio foi acompanhado de orientações sugerindo que não esperava aumentar as taxas muito mais — e então os dados dos EUA levaram o dólar para muito mais alto. Por alguns anos, as autoridades japonesas estabeleceram ¥152 como uma taxa de câmbio que não deve ser ultrapassada, e intervieram para defendê-la. Os dados do CPI dos EUA para março ajudaram o dólar a ultrapassar esse nível. Houve especulação de que ¥153 se tornaria a nova linha na areia, mas o dólar passou esse número um dia depois. Agora, está além de ¥154.




 Enquanto isso, a fraqueza do iene contra o dólar teve um efeito colateral surpreendente. O iene agora está em seu ponto mais fraco contra o yuan chinês em mais de 30 anos, voltando à era antes de a China ter ingressado na Organização Mundial do Comércio. A taxa de câmbio com o iene tem sido importante para as autoridades chinesas no passado. O plano mestre para o crescimento econômico envolve mais exportações de bens de maior valor agregado, o que implica uma competição direta com o Japão. A China intervirá para enfraquecer sua moeda? E, se sim, qual efeito isso terá na relação ultrassensível entre os EUA e a China?




Há efeitos mais amplos nos mercados emergentes. Os títulos do governo, conforme medidos mais popularmente pelos índices EMBI da JPMorgan, haviam estreitado para sua menor diferença em relação ao mundo desenvolvido desde 2013 — notável dado o aumento das tensões globais e as dúvidas sobre a economia. Nos últimos dias, os títulos de EM enfraqueceram novamente. Um dólar mais forte os torna menos atrativos. Como muitos traders evidentemente trabalharam na suposição de que o mundo emergente está seguro atualmente, será que alguns serão pegos desprevenidos?

 



No mercado de câmbio internacional, isso poderia apresentar um problema tanto para os carry traders — que investem em moedas emergentes de alto rendimento apostando que não enfraquecerão — quanto para os governos de mercados emergentes. O índice da Bloomberg dos retornos que seriam obtidos de um carry trade em uma cesta de oito moedas emergentes acaba de sofrer uma reversão surpreendente. Enquanto isso, o índice amplo de moedas EM do JPMorgan mergulhou para um novo mínimo histórico que promete dificultar o pagamento de dívidas denominadas em dólares. Quanto tempo essas tendências continuarão ou poderão continuar?




Portanto, a questão da inflação nos EUA agora ultrapassou as fronteiras americanas. Temos uma ideia do que o Fed vai fazer a respeito. A próxima questão crítica é como escolherão responder todos os outros que têm que compartilhar um planeta com os EUA. Será interessante.

Bastou tão pouco para que os investidores abandonassem a crença na derrocada do dólar que deveria fazer com que essas pessoas parassem para pensar quando isso ocorrer novamente puramente por expectativa e não por fatores concretos. No caso do real, o que aconteceu é que a “Faria Lima” tinha apostado pesadamente na queda do dólar. Como comentei diversas vezes aqui, a cotação tinha um lado positivo de entrada pela balança comercial – e não é pouca coisa – mas um negativo pela saída de recursos no financeiro, função da perda de atratividade no carry trade, além da diminuição dos investimentos diretos. Mas seguramente, o movimento de curto prazo foi a realização de stop loss.

Para que o leitor tenha uma dimensão do volume vendido nos contratos futuros de dólar, a tabela a seguir aponta para um valor aproximado de U$ 10 bilhões, e se todos querem sair ao mesmo tempo, posições essas feitas durante um período mais longo, deu no que deu!




Embora o Mosca não tenha se beneficiado desse movimento de alta do dólar - fomos estopados, mas pelo menos não estávamos do outro lado, onde predominavam previsões de dólar a R$ 4,80 ou até menos.

Nota: Sobre as entradas que não foram bem-sucedidas este ano, vou fazer um comentário talvez na próxima sexta-feira, mas posso adiantar que foram função de erro meu. Não segui a regra que deveria ter me orientando e me precipitei.

 No post sobrou-torcida fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: ... “Mantenho exatamente a posição de observador com uma visão otimista para o futuro sem que isso justifique uma posição agora pois ainda não posso descartar a possibilidade de uma queda no intervalo entre 123,3 mil e 122,4 mil” ...

 



 Espero que o leitor perceba com o tempo a utilidade da análise técnica; a bolsa brasileira é mais um caso em que, com uma boa precisão, o ativo atingiu o nível projetado – embora nem sempre ocorra no que considero o “mais provável”. Se eu me posicionasse quando uma correção em especial atinge esse ponto, agora seria o momento, mas não é meu caso; quero ver as 5 ondas da reversão antes de mais nada. E é assim que vou ficar esperando as 5 ondas de alta numa janela menor, pois a bolsa pode ainda continuar caindo.

 



Como prometido, estou incluindo mais uma correlação que foi para o espaço. Normalmente, quando o dólar subia, a bolsa americana caía, como poderão ver a seguir – notem que no gráfico o DXY – dólar index está plotado invertido. Era bem-comportada com uma correlação elevada. A partir do meio do ano passado, começaram a se descolar e de tal forma que hoje parece que virou inversa. O que aconteceu? Só os EUA estão crescendo de forma robusta e têm as ações mais desejadas do momento, leia-se IA.




O SP500 fechou a 5.022, com queda de 0,58%; o USDBRL a R$ 5,2405, com queda de 0,80%; o EURUSD a € 1,0672, com alta de 0,51%; e o ouro a U$ 2.372, com queda de 0,43%.

Fique ligado!

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