Decisão arriscada #SP500
Durante
minha vida profissional, já presenciei diversas situações de risco assumido por
pessoas que não tinham a exata dimensão do que estavam fazendo ou acreditavam
ser impossível acontecer o pior. Certa vez, quando estava na Linear, um
investidor pediu para que eu calculasse a alavancagem que deveria assumir para
obter um determinado retorno. Fiquei abismado: como aquele profissional podia
pensar em tomar tal medida?
Tentei
explicar. A pergunta deveria ser exatamente a inversa, ou seja: dado o risco
que se quer assumir, qual seria o retorno esperado. Acabei não o convencendo,
pois ele queria porque queria, e num momento futuro de stress o prejuízo foi
substancialmente superior.
Mas
não foi somente esse caso, inúmeros outros ocorreram e ocorrem, como relata
Paul J Davies em artigo na Bloomberg.
Já
há
muito dinheiro perseguindo poucos ativos e mesmo assim até os investidores mais
sóbrios
parecem prontos para adicionar ao problema.
Calpers,
o fundo de pensão de US$ 495 bilhões
da Califórnia, está planejando colocar mais
dinheiro na busca de retornos tomando empréstimos no valor de até
5% do valor de seu fundo — ou cerca de US $ 25 bilhões
— para investir em ativos financeiros. Ele está fazendo isso porque não consegue
ver outra maneira de atingir sua meta de retorno de longo prazo de 6,8% para
cumprir seus compromissos de pagamento.
Isso
me parece notável: um plano de pensão
muito grande,
que investe em muitos
fundos diferentes, incluindo muitos que usam alavancagem para aumentar seus
retornos, agora vai começar a adicionar sua própria alavancagem para tentar
aumentar seus retornos. Isso ressalta como investidores de todos os tipos estão
tendo que correr mais risco para ganhar dinheiro.
A
estratégia de Calpers pode, em última
análise, ser autodestrutiva: Quanto mais
dinheiro você joga em qualquer classe de ativo, menor
será seu rendimento e mais difícil
se torna para qualquer um obter um bom retorno. Sim, eu sei que novos ativos
são criados — novas empresas, novos títulos e novas piadas monetárias como as
Shiba-Inu Coins, ou qualquer outra coisa. Mas os mercados foram inundados com
dinheiro para combater as consequências da pandemia de Covid, aumentando os
preços e deprimindo os retornos futuros em todos os lugares.
A outra questão é que a alavancagem nos mercados financeiros é alta — e crescente — e isso torna as coisas mais arriscadas e potencialmente instáveis. Vamos olhar só para as empresas. Nos mercados de ações dos EUA, a quantidade de dinheiro emprestado por trás dos preços das ações atingiu um recorde. O empréstimo líquido garantido por margens nas contas de corretagem atingiu US$ 509 bilhões em outubro, de acordo com os dados mais recentes da Autoridade Reguladora da Indústria Financeira dos EUA, ou Finra.
Os empréstimos garantidos por margem cresceram rapidamente este ano, quebrando novos recordes quase todos os meses. Mas os valores das ações também subiram rapidamente, então a maneira de julgar a importância desse empréstimo é compará-lo com a capitalização de mercado. Contra o S&P 500, a quantidade de dólares de margem por dólar de capitalização de mercado também está perto de níveis recordes. Foi ligeiramente maior apenas durante três meses no verão de 2018, e poderia superar esses níveis em novembro.
Outra forma de investir em empresas é por meio do private equity. Olhe só: a avaliação das ofertas de compra e os múltiplos de alavancagem também saltaram. O preço em mais de dois terços das compras nos EUA no ano passado foi de mais de 11 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda), de acordo com consultores da Bain & Co. No auge do último boom de compras em 2007, apenas cerca de um quarto das compras nos EUA estavam em múltiplos tão altos.
Enquanto
isso, a dívida total é mais de sete vezes o Ebitda
em quase 60% dos negócios, de acordo com a Bain & Co.; em
2015, foi menos de 20% dos negócios.
E
ainda assim empresas de private equity estão adicionando mais dívida a
essas empresas, a fim de tirar dividendos em uma taxa recorde este
ano —
mesmo com o frenesi de compra que continua. Empresas de private equity
com sede nos EUA perto de tomar emprestados quase US$ 90 bilhões para financiar
pagamentos de dividendos este ano, o maior número desde que a Bloomberg começou
a coletar esses dados em 2013.
Tudo
isso é um perigo para os mercados de ações e
investidores, mas também para os bancos, que fornecem a alavancagem em primeiro
lugar. Algumas dívidas, como empréstimos garantidos por margem, os bancos e
corretoras irão contabilizar em seus próprios livros. Quanto a empréstimos a
grandes instituições, como o Calpers, os bancos venderão alguns para outros
bancos.
Enquanto
isso, os grandes empréstimos que financiam as compras de private
equity são vendidos principalmente para outros
bancos, fundos mútuos e veículos estruturados
chamados Obrigações de Empréstimo Colateralizado, ou CLOs.
Mas os bancos manterão muitos empréstimos alavancados por um tempo enquanto
esperam que um acordo de compra seja fechado, ou guardando espaço para um novo
CLO enquanto seus gerentes estão coletando empréstimos suficientes para lançar esse
veículo.
Todos
esses tipos de dívida são garantidos por ações
ou empréstimos para proteger o banco: Se o tomador
se meter em problemas, então o banco fica com os ativos. Mas aqui está
o problema, geralmente os mutuários se metem em problemas e os bancos micam
com os ativos quando os mercados caem, os ativos perdem valor de forma drástica
e vendê-los por dinheiro não é fácil. Quando isso acontece, todos perdem —
incluindo os bancos.
Uma
preocupação predileta dos investidores agora é um
choque de taxa de juros no próximo ano em sequência ao choque de inflação deste
ano, de acordo com Michael Hartnett, estrategista-chefe de investimentos do
Bank of América. O choque seria um rápido e agudo aumento das taxas de juros,
que é exatamente o tipo de coisa que puxaria o tapete debaixo de toda essa
alavancagem.
Você
nunca imaginaria que os investidores — ou seus banqueiros — estivessem remotamente
preocupados com isso do jeito que eles parecem estar se comportando.
Paul reconhece os riscos que esse renomado fundo de
pensão está assumindo. O mundo com taxas de juros baixas cria um grande problema
para essa categoria de investidor institucional, que depende da renda para
garantir o fluxo futuro. Mas esse problema é criado na sua origem, quando foi
calculado o valor atuarial com uma taxa de juros superior à atual. Em outras
palavras, os bancos centrais colocaram em risco todo o sistema previdenciário.
Tudo isso não justifica aumentar o risco com
alavancagem. Para esse segmento, ganhar U$ 1,00 é muito menos importante que
perder U$ 1,00!
No post more-of-same, fiz os seguintes
comentarios sobre o SP500: …” Eu apontei no gráfico
as 2 principais dúvidas que existem nesse momento: 1) A mais perigosa diz
respeito a antecipação da onda 1 em verde, que se já terminada, estaria
entrando na onda 2 em verde, cujos objetivos estariam ao redor de 4.500 (a ser
mais bem calculado); 2) A onda IV em amarelo, que teria ainda uma pequena queda
antes do seu término” ...
Vocês não acham que o Mosca sabia que o mercado seria chacoalhado pelo Omicron! Talvez os leitores fiquem perplexos em situações como essa. A teoria de EW é conceitualmente bastante simples, existem apenas 3 regras básicas, o restante são guias sem serem mandatórios. Cada onda tem sua personalidade e na análise é importante levá-la em consideração.
As dúvidas colocadas acima ainda não foram sanadas,
mas nos próximos dias iremos saber qual dos dois caminhos está ocorrendo. Em
outras palavras, se o mercado se convencer que a Omicron não é tão letal, é
provável que a onda 4 terminou ontem e estamos no caminho de alta; agora, se a
dúvida persistir, é provável que a onda 2 esteja ainda em curso.
Incialmente
analisemos o caso 1, onde o movimento de alta estaria em curso. Neste caso, é
imperativo que a mínima de 4.585 não seja ultrapassada.
No caso 2 apresentado a seguir é provável que a onda termine entre 4.560/4.500. Pode ser que a retração ainda tarde um pouco. Se por acaso, ao invés de cair, o SP500 subir, é imperativo que a área dentro da elipse contenha essa alta – 4.682/4.709; passado esse limite, vou ficar desconfiado que se trata do caso1.
Estamos próximos a sugerir um trade de compra, mas vou ficar observando sem nenhum viés cada uma dessa opções. Fiquem atentos ao Mosca nos próximos dias.
O
SP500 fechou a 4.567, com queda de 1,90%; o USDBRL a R$ 5,6239, com alta de
0,40%; o EURUSD a € 1,1337, com alta de 0,43%; e o ouro
a U$ 1.774, sem variação.
Fique
ligado!
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