Corrida contra o tempo #usdbrl

 


Os bancos centrais através do globo resolveram se mexer — o nosso aqui no Brasil já está a plena carga há algum tempo. Quero repetir que não deveríamos ficar surpresos, pois as taxas de juros estão baixas na maioria dos países desenvolvidos. O banco Goldman Sachs, que previa que as taxas nos EUA começariam a subir somente em 2023, atualizou de forma expressiva suas projeções, trazendo a primeira alta para julho do próximo ano, conforme expressa em seu último relatório.

Estamos antecipando em um ano inteiro, para julho de 2022, nossa previsão para a primeira alta das taxas do Fed, logo após a programada conclusão do enxugamento monetário. Esperamos um segundo aumento em novembro de 2022 e dois aumentos por ano depois disso. No entanto, a gama de resultados possíveis é ampla, especialmente a longo prazo.

O FOMC anunciará o início da redução de recompras nesta semana, presumivelmente ao ritmo de US $ 15 bilhões por mês anotado nas atas de setembro. Se a implementação começar em meados de novembro, a última redução ocorrerá em junho de 2022. Grandes surpresas sobre o vírus, inflação, crescimento dos salários ou expectativas de inflação podem levar a uma revisão, mas achamos difícil uma mudança em qualquer direção.



A principal razão para a mudança em nossa previsão para esse início é que agora esperamos que o núcleo da inflação do PCE permaneça acima de 3% — e a inflação do núcleo do IPC acima de 4% — quando a redução for concluída. A permanência do núcleo da inflação deve ser menor naquele ponto, mas ainda em torno de 2%, com custos de habitação ainda aquecidos. Tomados em conjunto, acreditamos que isso tornará mais fácil passar rapidamente do enxugamento monetário para a alta dos juros.



A maior complicação é a orientação na declaração do FOMC de que mesmo o aumento da primeira taxa requer o máximo de empregos. No entanto, com a inflação muito acima da meta, o desemprego provavelmente abaixo da estimativa média de 4% para a NAIRU e a alta disponibilidade de empregos, acreditamos que o comitê concluirá que a maior parte, senão toda a fraqueza restante na participação da força de trabalho é estrutural ou voluntária.

Mantemos nossa visão de que o crescimento desacelerará para sua tendência histórica e a inflação cairá para perto de 2% no final de 2022 ou início de 2023, sem uma resposta agressiva da política monetária. As principais razões são que o nível de apoio fiscal continuará a diminuir drasticamente e os problemas da cadeia de abastecimento estariam resolvidos, transformando o aumento inflacionário no setor de bens em um arrasto deflacionário temporário.

Como resultado, vemos os possíveis caminhos à frente como bimodais: se algo atrasar a decolagem por tempo suficiente para que o crescimento e a inflação caiam drasticamente até o final de 2022, o Fed poderia ficar parado por um tempo. Esse era o cenário que imaginávamos anteriormente.

Após 2022, prevemos um aumento a cada seis meses. Consideramos esse ritmo plausível, seja como uma resposta fraca se a inflação permanecer modestamente acima de 2%, seja como um resultado médio se a inflação flutuar acima e abaixo de 2%.



Pode-se notar, pelo tom do relatório, que não existe uma confiança maior sobre a política monetária a ser seguida no futuro, o que contrasta com a visão inicial desse banco, que acreditava numa alta de juros somente depois de 2023. Na minha visão, foram dois os fatores que originaram essa mudança: dados de atividade mais fortes e persistência na alta da inflação.

Mas tem um dado de mercado que chamou minha atenção, a inversão na curva de juros. Antes de me alongar nessa observação, e por se tratar de uma tecnicidade do mercado de títulos, veja a seguir os principais pontos extraídos do site Investopedia.

Uma curva de rendimento invertida reflete um cenário em que os instrumentos de dívida de curto prazo têm rendimentos mais elevados do que os instrumentos de longo prazo do mesmo perfil de risco de crédito.

Normalmente, os títulos de longo prazo têm rendimentos mais altos do que os títulos de curto prazo, e a curva de rendimento inclina-se para cima.

Uma curva de rendimento invertida é um forte indicador de uma recessão iminente.

O gráfico a seguir mostra a evolução de duas curvas de juros: 30 anos – 5 anos; e 30 anos-10 anos. Notem que essas curvas começaram a diminuir a partir do início deste ano. Embora ambas ainda não estejam negativas, já estão bastante próximas de ocorrer.



Tudo estaria normal se essas curvas estivessem planas ou levemente ascendentes, indicando que daqui a 5 anos ou 10 anos os juros estariam normais. Tudo isso se soma ao nível em que se encontra os juros de 30 anos: 1,99% a.a.!

Consigo entender a queda que ocorreu a partir de janeiro em função da expectativa que o Fed iria normalizar as taxas de juros em algum momento nos próximos anos, mas não nos níveis baixos em que se encontra toda a cadeia;

2 anos – 0,51% a.a.

5 anos – 1,21% a.a.

10 anos – 1,59% a.a.

30 anos – 1,99% a.a.

Isso não bate com a lógica, e somente uma recessão poderia indicar um cenário com essa estrutura. Agora, não vejo ninguém falando em recessão — ao contrário, existe a expectativa de que as economias irão crescer por alguns anos.

Só restaria o argumento de que a compra dos títulos efetuada pelo Fed distorceu os níveis de juros; se for isso, essas são apostas que o mercado deveria estar tomando, pois o estoque de dívida detido pela autoridade monetária irá diminuir.

Muito estranho. Durante minha vida profissional, não vi nada igual!

No post não-sou-o-único, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Com a quantidade de más notícias da semana passada, o dólar acabou atingindo a máxima de R$ 5,75, só recuando depois da aparição de Guedes e Bolsonaro para reafirmar seus compromissos de manter inalterado o comando do Ministério da Economia” ...



O dólar continua em sua marcha rumo o objetivo traçado de R$ 6,18. Embora venha frisando uma possibilidade de queda, cujo limite da alta atual deveria se situar entre R$ 5,66/R$5,70, ainda permanece como alternativa, conquanto não se possa eliminar. Nessa última hipótese, caso ocorra, uma queda repentina deveria se suceder. Sendo assim, fiquem de olho na evolução nos próximos dias.



Do mesmo modo que tenho um cenário alternativo de queda, tenho um outro cenário de alta que apontaria um objetivo superior em R$ 6,58. Não tenho mencionado essa hipótese, pois sendo na mesma direção que o preferido, não faz muita diferença nesse momento. 

Completados 10 meses do ano em curso e pela proximidade do final do ano, é costume a publicação do resultado que diversos ativos obtiveram durante o ano. Notem a seguir, a extensa lista — tem de tudo, bolsa do mundo desenvolvido e emergente, renda fixa, commodities etc. Estamos no glorioso último lugar. Não sei como nosso Ministro da Economia, que tem uma formação acadêmica extensa, não se sente envergonhado!



O SP500 fechou a 4.613, com alta de 0,18%; o USDBRL a R$ 5,6707, com alta de 0,59%; o EURUSD a 1,1604, com alta de 0,40%; e o ouro a U$ 1.792, com alta de 0,58%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Há muito tempo espero a reversão do dollar...acho que qualquer cenário nesse sentido não se concretiza antes da mudança de governo. Hoje o PG mais atrapalha do que ajuda. A presença dele provocará uma "morte lenta" da economia, permitindo que Brasília fique numa situação confortável, pois existe um álibi.

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