More of the same #SP500
Ontem
o presidente Biden indicou Powell para um segundo mandato no Fed, mesmo sendo o
diretor um republicano. O outro candidato para o cargo era Lael Brainard que,
além de democrata, é considerada mais dovish que Jay — apelido também usado
nos EUA para pessoas com o nome Jerome. Mas ela não ficou sem nada: Biden a
elevou à vice-presidência do Fed.
Como
diz o velho ditado, em time que está ganhando não se mexe. A dúvida é se
realmente está ganhando.
Desafio
os leitores a encontrar qualquer artigo econômico que não contenha a palavra
inflação. Eu particularmente tenho evitado tanto ler, como escrever, sobre o
assunto, não que não seja importante — ao contrário —, mas me convenci que só o
tempo nos dirá se a dita cuja é temporária ou definitiva, o resto são teorias.
Como
ambos têm uma mesma visão sobre como conduzir a política monetária — juros
baixos —, garantirão consistência ao banco central à medida que a economia dos
EUA lida com as consequências contínuas da pandemia e do aumento da inflação.
"Este
é
uma espécie de time dos sonhos", disse segunda-feira
Peter Orszag, chefe de assessoria financeira da Lazard Ltd., em entrevista à Bloomberg Television.
"Juntos vocês verão uma aliança e uma combinação ainda melhores."
A Bloomberg, através de seu articulista John
Authers, fez as seguintes observações sobre essas escolhas.
O
que os mercados acharam disso? Eles claramente pensam que Powell será muito
mais hawkish do que Brainard teria sido, por razões que me escapam. O
gráfico a seguir mostra o número de aumentos precificados pelo mercado futuro
de fed funds, para cada reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto, entre
agora e fevereiro de 2023. As barras mostram expectativas do mercado em 1º de
setembro, antes do susto da inflação atual tomar conta; 9 de novembro, o dia em
que saiu a notícia de que Brainard havia sido entrevistada para o cargo
principal; sexta-feira passada; e nesta segunda-feira. Em comparação com o
"Brainard Day", há menos de duas semanas, o mercado tem um aumento
extra até fevereiro de 2023. Estava pronto para dois aumentos quando Brainard
estava na disputa, e agora está preparado para três:
Isso me parece uma reação exagerada. Ao contrário de Powell, Brainard é democrata de carteirinha, mas tinha acompanhado a maioria em cada voto do Fomc desde que entrou no comitê sete anos atrás. Com a luta contra a inflação agora obrigatória, e com o mercado provavelmente testando qualquer nova cadeira, isso parece um erro de avaliação.
No entanto, isso pelo menos indica que Brainard pode ter sido parte da explicação para os rendimentos reais notavelmente baixos dos últimos tempos. É assim que os rendimentos reais de 10 anos se moveram no último mês. Eu juntei a publicação da entrevista de Brainard, a divulgação dos chocantes números da CPI de outubro, e as notícias da nomeação de Powell. De alguma forma, os rendimentos reais subiram 25 pontos base desde o choque inicial com os números da inflação:
Há muitos comentários sobre a decisão em outros lugares neste site, e também pela internet afora. O significado da decisão pode estar sendo superavaliado, e é justo dizer que Biden fez a escolha segura. Isso provavelmente foi sensato. Esta é uma situação perigosa, o risco de um erro de política ou acidente de mercado é alto, e era duvidoso que valesse a pena adicionar o risco de uma nova cadeira ter uma falha de comunicação com o mercado (o que sempre parece acontecer no primeiro ano de um novo chefe do Fed). Dada a situação, Biden parece ter feito a escolha certa. Muitos relatórios indicam que a renomeação de Powell era necessária para garantir o apoio de centristas democratas.
Você pode encontrar minha própria coluna pós-Powell aqui. Minha maior preocupação é que o Fed é agora, sem qualquer dúvida, a entidade econômica mais poderosa do
planeta, as decisões que toma sobre a inflação são de grande importância para
todos, e, portanto, precisa de uma legitimidade democrática ou política muito
maior do que tem atualmente. No entanto, a questão real do que o Fed deve fazer
sobre a inflação parece ter sido quase irrelevante para a decisão, embora
importe para o sucesso político do presidente, e para os eleitores. Esta não é
uma boa maneira de escolher a liderança de um corpo tão importante.
A
desconfiança em relação a instituições vitais está atingindo níveis
assustadores. O último relatório de sentimento do consumidor da Universidade de
Michigan incluiu uma atualização sobre o Fed, do qual pergunta
periodicamente. O gráfico, produzido pela BCA Research Inc., mostra
que a confiança está caindo:
Enquanto isso, como você poderia prever, as buscas pela palavra "inflação" atingiram um alto nível para o ano (falei!) tanto nos EUA quanto no mundo como um todo. O trabalho de Powell é extremamente difícil e importante:
Se alguma coisa tem mais poder sobre a economia mundial do que o Fed, pode ser apenas nosso velho amigo coronavírus. Indicadores em tempo real sugerem que a economia se recuperou bem nas últimas semanas. No entanto, o índice MSCI World de hotéis, restaurantes e ações de lazer acaba de cair para uma baixa de 16 meses em relação ao mais amplo MSCI World. O setor de lazer mal recuperou algo dos terrenos perdidos durante a paralisação do Covid-19 na primavera do ano passado:
Todos nós podemos neste momento achar que o coronavírus tem algo a ver com isso. O fato de os países europeus voltarem a recorrer a confinamentos, algo que os políticos certamente não queriam, é difícil de ignorar. Pode-se discutir se os bloqueios são necessários ou corretos, e há muitos outros lugares para discutir isso; o que podemos concordar é que, a curto prazo, os bloqueios são ruins para a economia.
Olhando para a contagem oficial de casos da UE versus EUA, você pode ver que esta última onda é grande — pelo menos em termos de infecções. O gráfico que se segue é de novas infecções por cinco dias. Multipliquei o número dos EUA em 1,37 para dar o número de casos que teria havido se tivesse a mesma população que a UE. A mensagem básica é clara o suficiente:
De alguma forma, a UE está agora em sua pior onda da pandemia, que se aproxima da gravidade da onda de inverno nos EUA. Enquanto isso, as infecções nos EUA parecem ter começado a subir novamente.
A primeira reação das bolsas ontem foi de uma alta
ao redor de 1%, mas durante o dia perderam ímpeto, fechando no negativo. Esse
comportamento pode ser um pouco surpreendente, dado que já sabiam o que se podem
esperar dessa dupla. Acontece que está tendo um burburinho por parte de alguns
diretores do Fed, que vêm dizendo ser necessário acelerar o enxugamento
anunciado na última reunião, denotando uma clara preocupação com os excessos de
liquidez ainda existentes. Outro fator que também conta nesta semana é o
feriado do Thanksgiving, com redução da liquidez.
Resumindo: More of the
same no Fed
No post calculando-o-relacionamento, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” é possível que a onda (IV) em laranja tenha terminado, e mais interessante, se formou 5 ondas em seguida, conforme destacado na elipse, tudo isso na janela de 1 hora. Todas essas são indicações que um trade poderá ser sugerido em pouco tempo” ...
Ontem eu estava pronto para embarcar num trade de compra do SP500, mas resolvei aguardar o final do dia, onde ocorreu uma retração conforme relatei acima.
Eu venho insistindo ultimamente que é necessária
muita cautela com a posição em que se encontram as bolsas. Também tenho insistido
que observações em janelas menores podem levar a conclusões erradas quando medidas
num prazo maior.
Eu apontei no gráfico as 2 principais dúvidas que existem nesse momento: 1) A mais perigosa diz respeito a antecipação da onda 1 em verde, que se já terminada, estaria entrando na onda 2 em verde, cujos objetivos estariam ao redor de 4.500 (a ser mais bem calculado); 2) A onda IV em amarelo, que teria ainda uma pequena queda antes do seu término.
A outra possibilidade é a que está estampada no
gráfico, que levaria o SP500 até 4.900.
Dentre todas essas possibilidades, a que mais
preocupa é a primeira descrita acima. Como venho repetindo, meu envolvimento
depende muito dos próximos movimentos e de ter uma certa confiança do cenário.
O pessoal do mercado é bastante criativo e gostam
de inventar índices. Como a inflação está perturbando quase todos os países e
pelo fato da grande maioria ter adotado uma política monetária frouxa, o termo Behind
The Curve é visto por todo lado. Mas como comparar se um país está mais Behind
que o outro? A empresa de consultoria econômica Oxford resolveu elencar
alguns pontos para sua medição colocando um nível de 0 – Ahead Of The Curve,
e 10 – Behind The Curve. No gráfico abaixo conxtam somente países
emergentes e sob esse critério estamos muito bem só perdendo para a Checoslováquia.
O SP500 fechou a 4.690, com alta de 0,17%; o USDBRL a R$ 5,5792, com queda de 0,14%; o EURUSD a € 1,1249, com alta de 0,13: e o ouro a U$ 1.789, com queda de 0,85%.
Fique ligado!
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