Brasil: sem rumo #usdbrl
A frase “os incompetentes escolhem pessoas incompetentes
para trabalhar a seu lado”, que usei em toda minha vida profissional, aplica-se
muito bem à equipe do governo atual. Neste caso faria um acréscimo à origem: os
mal-intencionados também escolhem incompetentes, assim podem executar suas
ideias sem contestação.
A Petrobras passou por maus bocados na mão do PT, que quase
levou a estatal brasileira à falência. Depois que a Lava Jato desmascarou o
maior roubo da história mundial feito numa companhia, muitas medidas de
salvaguarda foram tomadas para evitar que acontecesse no futuro. Essa garantia
se encontra em risco novamente.
Segundo editorial do Estadão de ontem, o novo plano de
investimento da Petrobras parece sob medida para alimentar o projeto de poder
do Lula, à custa de obras e prioridades do governo bancadas pela companhia. Não
foi dado muito destaque a esse anúncio, mas uma análise mais detalhada não nos
deixa tranquilos. Samantha Pearson e outra escreveram no Wall Street Journal
sobre as condições de tal investimento.
A Petrobras anunciou que investirá US$ 102
bilhões até o final de 2028, enquanto a maior nação da América Latina se
posiciona para se tornar uma das maiores potências petrolíferas do mundo.
"Alguém tem que produzir petróleo, certo?", disse
o presidente-executivo da empresa, Jean Paul Prates, em entrevista na
sexta-feira.
O plano de investimentos, revelado na noite de quinta-feira
por Prates, é 31% maior do que os US$ 78 bilhões que a Petrobras havia
anunciado em seu plano quinquenal anterior para o período 2023-2027. Mais de
70% do desembolso será gasto em produção e exploração, segundo o plano.
Enquanto as principais economias do mundo investem
pesadamente em energia limpa, livrando-se dos combustíveis fósseis (destaque
meu),
o Brasil tem jogado cada vez mais dinheiro na produção de petróleo,
explorando reservas de águas profundas na costa do Rio de Janeiro e de olho em
novas jazidas potencialmente vastas perto da foz do rio Amazonas.
"Só porque chegamos à conclusão de que o mundo precisa
de energia limpa e cada vez mais", disse Prates, "isso não significa
que devemos condenar o petróleo e parar de bombear da noite para o dia". (Comentário
meu: entre parar de bombear do dia para noite e aumentar fortemente o
investimento nessa área tem uma enorme diferença. Será que ele pensa que somos
idiotas, ou será ele?)
Se não fossem os lucros do petróleo, disse Prates, a
Petrobras não teria condições de investir em energia renovável. Tornar-se verde
é um processo de "metamorfose contínua", disse ele.
Com os cortes de produção da Arábia Saudita e da Rússia, o
Brasil deve ser uma das três principais fontes de crescimento da produção
global de petróleo este ano, ao lado dos EUA e do Irã, de acordo com a Agência
Internacional de Energia, um grupo com sede em Paris de alguns dos maiores
usuários de energia do mundo.
O Brasil já é, de longe, o nono maior produtor de petróleo
do mundo e o maior da América Latina. A empresa registrou produção recorde de
petróleo e gás em setembro, de 4,7 milhões de barris de óleo equivalente por
dia, mais que o dobro do México. Desse total, 3,7 milhões de barris foram de
petróleo bruto, o equivalente a mais de um quarto da produção dos EUA e 17% a
mais do que no mesmo mês do ano anterior, segundo a reguladora do petróleo ANP.
"A Petrobras tem uma capacidade absurdamente alta de
gerar caixa", disse Pedro Galdi, analista de investimentos da corretora
Mirae Asset Brasil, com sede em São Paulo.
O problema da Petrobras não é o fluxo de caixa ou o know-how
técnico, disse Galdi. "A grande preocupação é a política", disse,
citando temores de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o
cargo em janeiro, possa buscar maior influência sobre como a maior empresa do
Brasil é administrada.
Entre 2011 e 2016, na última passagem do PT pelo governo, a
Petrobrasdesembolsou
cerca de US$ 30 bilhões depois que o governo obrigou a empresa a financiar
subsídios à gasolina e ao diesel para combater a inflação. Em 2015, a Petrobras
se tornou a petroleira mais endividada do mundo, devendo US$ 130 bilhões aos
credores.
Políticos também usaram a empresa como cofrinho por décadas,
recebendo propina em troca de contratos, descobriram os procuradores enquanto
investigavam o escândalo de corrupção da Lava Jato. O caso, descoberto em 2014,
envolveu dezenas dos empresários mais poderosos do Brasil. Lula também foi preso
em abril de 2018 e solto 19 meses depois, antes de suas condenações serem
anuladas.
Prates disse que não sofreu pressão de Lula para baixar os
preços e não a esperava. "Lula nunca me pediu direta – ou indiretamente –
para interferir nos preços", disse Prates, usando uma versão abreviada do
nome do presidente, que é filiado ao Partido dos Trabalhadores. "Estamos
comprometidos em honrar a confiança que os investidores depositaram em
nós."
As mudanças na governança após o escândalo ajudaram a
"blindar" a Petrobras contra os erros do passado, disse Carolina
Chimenti, analista sênior da Moody's Investors Service em São Paulo.
As decisões sobre contratos agora são tomadas por grupos de
executivos, não apenas um, aumentando a transparência e dissuadindo a
corrupção, disse ela. (Comentário meu: e se o grupo de executivos for do PT?)
A Petrobras também vendeu algumas de suas refinarias,
abrindo mão do monopólio sobre o setor e reduzindo sua participação para cerca
de 80%, dificultando o controle dos preços na bomba, disse Chimenti.
No entanto, um aumento nos preços globais do petróleo pode
significar que o governo aumente a pressão mais uma vez, forçando a Petrobras a
não repassar preços mais altos aos clientes, disse Adriano Pires, especialista
em petróleo do Rio de Janeiro. Ele recusou ao cargo de presidente-executivo da
empresa no ano passado em meio a uma
série de mudanças tumultuadas na gestão.
"O presidente-executivo da Petrobras é o único chefe de
uma petroleira a torcer por preços mais baixos", disse Pires.
Segundo o Estadão: “Lula tem pressa em reeditar situações
que lhe renderam imagens célebres. Quer aparecer, no pátio de algum estaleiro
reativado à custa de subvenções do governo, cercado por trabalhadores; descer
de helicóptero no prédio-sede da Petrobras para anunciar a descoberta de uma
nova e promissora fronteira exploratória e anunciar que todos os campos serão
da petroleira nacional, como fez com o pré-sal; posar com as mãos lambuzadas do
óleo das novas reservas; batizar navios, ainda que não totalmente finalizados,
como fez em 2010, ano de campanha presidencial. Cenas que espera converter em
votos.
“Mas não há como esquecer o que veio depois das fotos que
ilustraram campanhas petistas. Navios com inúmeros problemas técnicos e
encarecidos pelo modelo de uma indústria sem expertise para enfrentar a
concorrência externa; um vácuo de ofertas nos leilões de petróleo que resultou
em imenso atraso na produção de petróleo no País; e empresas que haviam sido
alçadas de forma artificial à condição de grandes fornecedoras e que acabaram
quebrando”.
Desde a última reunião do Brics que aceitou novos parceiros,
uma ilustração autoexplicativa não me sai da cabeça. Republico a seguir, e
acredito que são as seguintes as intenções da China: usar o grupo para
“desencalhar” sua produção a esse países, pois suas exportações aos países
desenvolvidos (USA e Europa) estão caindo pelas tabelas; aumentar a pressão que
aceitem sua o yuan como moeda de transação diminuindo sua dependência do dólar;
e por último, obter a “garantia” de quase a metade de toda produção de petróleo
no mundo.
Talvez a China tenha induzido o governo brasileiro a acelerar os investimentos na área de petróleo — afinal, o Lula está encantando com sua aproximação com esse governo. Nesse caso, essa ação atende a vários objetivos seus, como relatados acima, e quem sabe abre uma brecha para o Petrolão II – the Return.
A China vai usar o Brasil até onde lhe interessar, pois
existe uma incongruência enorme. Explico: os chineses dominam a fabricação de
elementos da energia limpa. E, como aquela piada da pessoa que ganhou um
Ketchup — não sabia o que fazer e abriu uma lanchonete —, eles desenvolveram
fábricas de carros elétricos, já dominam o mercado exportador de carros.
É incontestável que a população mundial quer se livrar da poluição originada na queima de carbono. Vários países da Europa têm data definida para parar a produção e vendas de carros a combustão. Por que então teria a China tanto interesse no óleo? Sendo uma grande (enorme) importadora de petróleo, atualmente quer garantir que chegue até lá sem problemas — depois, é problema de cada um.
Não vejo como o Brasil não rume no mesmo caminho, é uma
demanda da geração jovem que deve prevalecer no tempo. Se minha ideias
estiverem certas, daqui a 10 anos estaremos como um dos maiores produtores de
petróleo, cujo preço será fração do atual, vendendo gasolina com desconto para
os poucos carros que sobraram. Esse U$ 100 bilhões terão sido um grande
investimento – para quem implantou esses projetos, ou pior, para quem
eventualmente se aproveitou na pessoa física. O Brasil está sem rumo!
No post confundindo-as-bolas fiz os seguintes
comentários sobreo dólar: ... “Acabou acontecendo a opção que inviabiliza a
opção de término da onda (B) azul, e agora contrariamente a
alta a violação do nível de R$ 4,8358 expõe o dólar a novas quedas. Para que os
leitores possam se posicionar nessa outra hipótese, o gráfico abaixo aponta
para um objetivo entre R$ 4,6940 / R$ 4,6550, violando o primeiro stop
loss de R$ 4,6940” ...
Demarquei uma área de “indecisão”, que compreende R$ 4,95 / R$ 4,83. O que quero dizer com “indecisão” é que nesse intervalo nada fica definido. Abaixo do nível de R$ 4,83, a opção traçada acima entra em vigor e, para quem gosta de emoção, um trade de venda pode ser iniciado: por outro lado, acima de R$ 4,95 existem algumas hipóteses a se considerar.
Ao se fazer uma análise técnica, é importante que se tenha claro quais suas chances de sucesso e não se procurar ter uma opinião a qualquer custo. A humildade de se colocar um “não sei” vai lhe economizar dinheiro e dar mais credibilidade no futuro. Não se deixe levar pelo achismo. O dólar está nessa situação, não sei o que vai acontecer no curto prazo.
O SP500 fechou a 4.550, com queda de 0,19%; o USDBRL a R$ 4,8986,
sem variação; o EURUSD a € 1,0952, com alta de 0,12%; e o ouro a U$ 2.014, com alta
de 0,61%.
Fique ligado!
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