Bumbum na cadeira #ouro #gold
Quando eu era pequeno, de tempos em tempos alguns amigos do
meu pai, que moravam na Argentina, vinham nos visitar. Um deles gostava de me
provocar dizendo que o Brasil só tinha banana e macaco. Eu ficava furioso, mas
naquela época era indiscutível a superioridade do nosso vizinho. Passear na Calle
Florida era como passear em qualquer cidade europeia.
Outra situação que me incomodava no passado eram as
conversas que os argentinos tinham em encontros, preferencialmente em almoços,
contando que tal pessoa fazia negócio de mil millones de dólares. Sempre
tinha a impressão de que “bilhões” era muito dinheiro. Depois fui saber que era
uma forma de enfatizar a quantia.
Na minha experiência com argentinos, não me recordo ninguém
que mencionasse algum valor em pesos, era sempre em dólares, eles desde sempre
pensavam na moeda americana sem que houvesse a conversibilidade aprovada
legalmente. Agora com Milei, terão a oportunidade de esquecer que o peso
argentino existiu algum dia, isso se o novo presidente conseguir aprovar e
implementar essa ideia. A maioria das matérias que li consideram missão
impossível, como Jon Sindreu publicou no Wall Street Journal.
O presidente eleito anarcocapitalista da Argentina tem razão
quando diz que o país precisa desesperadamente de dólares. Mas seu plano
econômico para obtê-los pode ser o errado.
A vitória de Javier Milei sobre o ministro da Economia, Sergio Massa, nas eleições presidenciais de domingo mostrou como os argentinos estão ansiosos para abraçar a mudança. A economia está em frangalhos, com a inflação rodando em 143%. Milei, uma outsider que se tornou popular no YouTube e no TikTok, prometeu "estancar" os gastos públicos, evitar aberturas favoráveis à China e, o mais atraente, "fechar" o banco central e adotar o dólar americano como moeda nacional.
O apelo da dolarização é óbvio. As fábricas argentinas não têm dólares suficientes para comprar importações importantes e tiveram que reduzir a produção e aumentar o financiamento comercial. O governo deve US$ 67 bilhões aos detentores de títulos internacionais e US$ 36 bilhões ao Fundo Monetário Internacional. Com as reservas internacionais gastas, teve que tomar emprestado yuans da China para fazer os pagamentos.As
prescrições econômicas do FMI falharam. Embora a depreciação do peso para
impulsionar as exportações e reduzir as importações funcione em teoria, a
inflação generalizada criada pelo aumento dos custos importados apagou
quaisquer ganhos na prática. O peso nominalmente caiu 92% desde maio de 2018,
mas em termos corrigidos pela inflação valorizou 12%.
Nos países emergentes, a maior parte da inflação vem do
câmbio. A hiperinflação corrói a capacidade dos países de aumentar impostos e
leva a déficits e impressão de dinheiro. O pacote de reformas do FMI está
focado em abordar essas questões, mas elas estão mais próximas de serem
sintomas do que causas da doença.
Para curá-la, a taxa de câmbio deve ser estabilizada.
Dolarizar certamente resolveria o problema: a inflação no Equador, El Salvador
e Panamá, que usam o dólar, está em níveis gerenciáveis.
No entanto, escolher a taxa de conversão errada pode ser
fatal. Além disso, os dólares necessários para trocar por todas as
participações em peso provavelmente estão acima de US$ 9 bilhões, estimou a
Capital Economics em agosto, com base na taxa do mercado negro para o peso. Parece
inviável pegar esse dinheiro emprestado quando o país não consegue pagar a
moeda forte que já deve.
E, como todos ficaram sabendo, países da zona do euro como a Grécia descobriram que abrir mão da soberania monetária pode tornar as crises econômicas ainda mais devastadoras. A inadimplência se torna mais provável, não menos. A forte indexação da Argentina ao dólar entre 1991 e 2002 já evidenciou isso.
O Congresso da Argentina pode acabar diluindo as políticas
de Milei para se parecerem mais com as do líder pró-mercado Mauricio Macri, que
governou entre 2015 e 2019 e apoiou Milei após o primeiro turno das eleições.
Milei confirmou na segunda-feira sua intenção de fechar o banco central, mas
também disse que concorda com Macri em 90% das questões, dando a entender que o
partido do ex-presidente terá um papel no novo governo.
Mas isso não é muito reconfortante. A solução encontrada por Macri para obter dólares foi tomar emprestado de investidores estrangeiros sem restrições, o que desencadeou uma crise quando a economia recuou em 2018. Ele então ligou para o FMI em vez de dar calote. Milei precisará renegociar o empréstimo do FMI e fazer mais uma reestruturação de títulos, que o mercado vem precificando há algum tempo.
Em última análise, os investidores continuarão queimando os
dedos com a Argentina até que as reformas do lado da oferta criem um fluxo
sustentável de dólares.
Até agora, o máximo que os governos pró-mercado e o FMI
parecem querer fazer é se livrar das restrições de capital e do sistema de
múltiplas taxas de câmbio do país adaptadas a setores específicos. Embora abaixo
do ideal, isso existe por uma razão. A Argentina, como descreveu o economista
Marcelo Diamand em 1969, sofre de uma "estrutura produtiva
desequilibrada". É a única nação do mundo onde a agricultura é dezenas de
vezes mais produtiva per capita do que a indústria, como mostram dados do Banco
Mundial.
A fecundidade excepcional da região dos Pampas traz dólares, mas isso leva o peso a um nível alto demais para o menos eficiente setor manufatureiro. A dependência das exportações de soja, milho e trigo torna a economia vulnerável a preços globais voláteis e a secas. Estes torpedearam a balança de pagamentos em 2018 e novamente neste ano.
Explorar a formação de xisto de Vaca Muerta pode ajudar, mas
a Argentina precisa fechar a lacuna de produtividade através do tipo de
políticas industriais lideradas pela exportação que funcionaram na Coreia do
Sul e no Vietnã. As receitas populistas não conseguiram produzir isso, assim
como as de Milei.
A dolarização erra o alvo: se uma nação pode trazer dólares
suficientes para torná-la sustentável, é melhor não dolarizar em primeiro
lugar.
Os valores mencionados para uma eventual dolarização são
muito pequenos, como cita o artigo acima — U$ 9,0 bilhões para uma economia que
tem um PIB ao redor de U$ 630 bilhões representa 1,5%. Esse cálculo foi feito à
taxa de câmbio do mercado negro atual. Em todos os processos em que há conversão
da moeda antiga em moeda nova, a moeda antiga sofre uma hiperinflação enorme
pois é “expulsa” do sistema de forma violenta e rápida. As pessoas, para se
protegerem, trocam seus pesos a qualquer taxa, o mesmo acontecendo com os
preços dos produtos e serviços. Desta forma, nem os U$ 9,0 bilhões serão
necessários.
Agora, o que ninguém comenta é a recessão que vai se suceder
na sequência, pois esse processo gera pobreza generalizada. Não sei dizer
quanto da poupança se encontra em pesos, mas certamente as perdas serão muito
menores das que ocorreriam em outros países – imaginem isso acontecer no Brasil,
onde U$ 1,0 trilhão de dólares estão investidos em fundos locais.
Todas essas contas serão feitas pelos economistas que farão
parte da equipe econômica de Milei e, na hora que colocar o bumbum na cadeira
de presidente, algumas promessas virarão só promessas. Os próximos meses serão
interessantes naquele país, mas a decisão da dolarização não pode demorar nada,
pois cada dia que passa vai fazer as reservas caírem e o mercado negro explodir
– o que pode ser sua estratégia para pressionar pela dolarização. Sobre os
dólares necessários, sempre existirão “abutres oportunistas” dispostos a
arriscar nessas situações.
Hoje é feriado de Thanksgiving, onde as bolsas e mercados de
títulos ficam fechados nos USA; como já sabem, nada de importante acontece nos
mercados mundiais.
No post bitcoin-ultima-alta fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ...” desta forma, o Mosca está a busca
de um nível para sugerir um trade de compra. Conforme o gráfico abaixo sugere
esse nível deveria ocorrer entre U$ 1.923/ U$ 1.900 na retração de uma
possível onda 2 laranja” ...
O ouro retraiu até muito próximo do intervalo sugerido a U$ 1.931 e depois disso uma pequena alta ocorreu levando o metal próximo a marca de U$ 2.000.
- Xiiii David, perdeu mais uma oportunidade!!! Estava
dormindo?
Eu assumo que deveria ter comprado quando da complementação
de 5 ondas numa janela mais curta e. se tudo corresse de forma perfeita – o que
nunca é o caso, a compra se daria em U$ 1.960 mostrado na janela de 1 hora. Em
seguida, chegou a atingir a marca de U$ 2.005 e retrocedeu levemente ‑ o que
ficou estranho foi o movimento depois, não parecer 5 ondas.
Um rompimento acima de U$ 2.008 pode ser o triger para entrar com um trade de compra, ou a correção de curto prazo destacada acima ainda terá mais desdobramentos, em todo caso por enquanto trabalho com um mercado em alta para o ouro. Fiquem atentos (eu inclusive segundo meu amigo!) ao Mosca.
O USDBRL fechou a R$ 4,9050, sem alteração; o EURUSD a € 1,0903,
com alta de 0,15%; e o ouro a U$ 1.992, com alta de 0,12%.
Fique ligado!
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