Inflação causa raiva #usdbrl
Uma das muitas distorções que ocorreram depois da pandemia é o sentimento dos americanos. É esperado que a população fique feliz quando a economia está indo bem. Entretanto, não é o que se nota recentemente nos EUA, onde o PIB cresceu substancialmente, porém a pesquisa de sentimento está na mínimas.
Acredito que Reade bateu na trave, não acredito que uma pesquisa de inflação para um prazo tão longo possa afetar o sentimento hoje. Robert Armstrong comenta na sua coluna Unhedged um outro motivo mais palatável em meu entender.
Uma queixa comum entre os partidários democratas é que Joe
Biden e seu partido não recebem crédito por uma economia forte, que apresenta
níveis de emprego e crescimento real à frente dos vistos no resto do mundo
desenvolvido. E o sentimento não está melhorando, mesmo com a taxa de inflação
caindo e os mercados encenando uma recuperação. A leitura preliminar de
novembro para a pesquisa de sentimento do consumidor da Universidade de
Michigan foi de 60,4, a mais baixa
desde maio e consistente com a tendência miserável que se estende por quase
dois anos:
Na Unhedged, não achamos isso nada surpreendente. Os preços subiram quase 20% desde o início da pandemia; o preço dos alimentos subiu 24%, a energia 37%. Que isso faça o mundo parecer maligno e imprevisível é natural. Não importa que os salários, em média, tenham acompanhado o ritmo. Se eu recebo um aumento, eu ganho; não é um mero sintoma de uma forte produção nacional. Se o preço dos alimentos está subindo, isso é uma economia ruim, ou culpa do governo. Também não importa que a taxa de inflação tenha caído. As pessoas não veem a taxa de mudança do lado de um galão de leite. Eles veem um preço muito diferente do que já foi.
Mesmo assim, pode-se perguntar por que o sentimento não
melhorou, mesmo quando indiscutivelmente o preço mais importante de todos – a
gasolina – caiu nas últimas seis semanas. Isso pode ser explicado pelo fato de
que, embora o sentimento do consumidor possa cair rapidamente, ele demora a se
recuperar. É como uma reputação pessoal: construída lentamente, perdida em um
instante. Observe como o sentimento (a linha azul no gráfico abaixo) caiu muito
rapidamente nas recessões de 1991, 2001 e 2008, mas depois demorou para voltar
a um nível consistentemente alto.
O momento atual pode parecer um pouco estranho, na medida em que o sentimento do consumidor e as mudanças nos gastos reais (a linha rosa) parecem acompanhar um ao outro historicamente, mas agora estão se separando. Como as pessoas podem sentir que os tempos são ruins e, ainda assim, continuar gastando alegremente? Bem, se você aceitar que as pessoas acreditam que as mudanças nos preços nominais são algo ruim por si só, qualquer que seja a renda nominal que esteja fazendo, esse mistério desaparece. Sentimento e gastos não precisam viajar juntos.
Essa é uma conclusão que deveria fazer qualquer governante
com intenções de se reeleger não descuidar nenhum minuto dos índices de
inflação. O emprego também é importante e é uma condição necessária, mas não
suficiente, para garantir a reeleição. Isso me remete ao país vizinho,
Argentina que se encontra a uma semana de suas eleições para presidente. De um
lado um maluco – assim se denomina — Javier Milei e o socialista Sergio Massa
que ocupa o cargo de ministro da Economia no atual governo. A eleição será no
próximo domingo cujas pesquisas apontam um empate técnico.
Um documento de apoio a Milei foi assinado por vários
ex-líderes sul-americanos. Dentre os nomes o que chamou minha atenção foi Mario
Vargas Llosa, ganhador de prêmio Nobel de Literatura. O comunicado diz: o candidato
governista Sergio Massa representa a continuidade de um modelo econômico “fracassado” que
jogou o país “em permanente estagnação durante décadas”. Se as
conclusões acima forem verdadeiras, Milei deveria ser eleito presidente pois no
quesito inflação nuestros Hermanos têm a medalha de ouro. Saberemos em
breve.
Quanto às boas notícias vindas dos EUA sobre crescimento do
PIB, quando observadas em valores reais este é menos pujante do que parece. O
gráfico abaixo deixa claro que o PIB cresce de acordo com a curva que prevalece
de longo prazo e não houve a aceleração que se mostra em valores nominais.
Talvez esse também seja o motivo do mau humor dos consumidores.
No post melhora-pero-no-mucho fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ No momento, o patamar está em teste e ,caso não ocorra a reversão, o próximo será ao redor de R$ 4,80 conforme destacado com o símbolo em verde” ...
Muito cuidado se deve tomar em situações semelhantes ao que ocorre com o dólar – movimento complexo de correção, para não se deixar influenciar pelo viés da análise. Existe uma tendência de “querer estar certo” não observando as regras da análise técnica, como fazer vistas grossas a situações ainda não confirmadas.
O leitor assíduo sabe que tenho a visão de alta do dólar há
muito tempo, e nesse período houve falsos movimentos nesse sentido. Procurei, e
procuro ser diligente, mas também sou humano. Bem, se eu me precipitar, o stop
loss é meu guardião.
O SP500 fechou a 4.411, sem alteração; o USDBRL a R$ 4,9095,
com alta de 0,13%; o EURUSD a € 1,0697, com alta de 0,15%; e o ouro a
U$ 1.946, com alta de 0,47%.
Fique ligado!
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