Agora vai? #ouro #gold

 


Lembro quando em 1.999 o ouro estava largado ao redor de U$ 200. Naquela época, decidi embarcar numa estratégia contra o dólar — não porque fosse virar pó, mas por estar muito valorizado —. Solicitei a cotação para compra de ouro. A pessoa que me atendia ficou surpresa, dada a falta de interesse por décadas, e perguntou se eu estava certo da minha decisão. Talvez tenha sido um momento em que acertei no bumbum da mosca (sem ela existir ainda) que, agora encaro, foi por sorte, pois não era grande entendido nem em metais nem em câmbio, além de não estar envolvido em análise técnica.

Quando comecei a publicar o Mosca, não se falava em outra coisa que não fosse o ouro. Isso era em agosto de 2011, quando a cotação chegou próxima aos U$ 2.000. O argumento para tamanha pujança era que o dólar estava prestes a virar pó. Foi nessa época que lancei a opção do 0800-Mosca, um serviço 24/7 para retirar os dólares de quem achava que não iriam valer nada.

Em seguida, o ouro caiu até U$ 1.050 em dezembro de 2015 e só então retomou o rumo da alta, culminando na pandemia a U$ 2.070. Com a guerra da Ucrânia, novamente testou esse nível em março de 2022 e em marco de 2023. Tudo isso para uma nova tentativa agora. Será que agora vai? O Mosca acredita que sim, ao se envolver num trade de compra nessa segunda feira quando o ouro rompeu o nível de U$ 2.008, conforme o post bumbum-na-cadeira: ... “Um rompimento acima de U$ 2.008 pode ser o triger para entrar com um trade de compra” ... John Authers comenta na Bloomberg que o ouro acordou.

O Federal Reserve parece ter acordado o mercado de ouro. A terça-feira teve uma série de discursos de autoridades seniores do banco central. Os operadores de títulos do Tesouro e ouro adoraram o que ouviram, tomando isso como a confirmação de que "mais alto por mais tempo" acabou. Isso aparece de forma mais dramática no rendimento real de 10 anos, que está de volta pouco abaixo de 2,10% depois de uma viagem de ida e volta:




O ouro foi levado à beira de uma grande ruptura. A análise técnica importa muito para os traders de ouro, e o metal agora está quase exatamente no preço em que estagnou três vezes antes desde a pandemia. Ultrapassar seria tratado como um grande sinal para comprar:




O que foi tão emocionante? Christopher Waller,  presidente do Fed, disse que a política parece apertada o suficiente para conter a inflação. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse estar "encorajado" que "a trajetória da inflação tenha mudado". A presidente do Fed, Michelle Bowman, sugeriu que seu apoio a  um aperto adicional está ficando mais condicional, mas fez um alerta hawkish:

Devemos ter em mente as lições históricas e os riscos associados à declaração prematura de vitória na luta contra a inflação, incluindo o risco de que a inflação possa se estabelecer em um nível acima de nossa meta de 2% sem mais aperto da política.

Em conjunto, o Fed parece estar deixando todos saberem que mais aumentos provavelmente não estão em andamento. Isso teve o tipo de efeito sobre os títulos de curto prazo que se poderia esperar — este gráfico foi desenhado pelo meu colega Felice Maranz:




O que é mais controverso é o aparente sentimento de que, ao se esquivar das perspectivas de mais altas, o Fed está nos informando que os cortes em breve chegarão. Pessoalmente, não vejo indícios fortes nesse sentido, mas outros claramente o fizeram. Este gráfico compreende a taxa implícita esperada do mercado futuro de fed funds na reunião de janeiro de 2025 (conforme calculado pela função Bloomberg World Interest Rate Probabilities) em relação ao preço do ouro. O mercado voltou a pensar que os fed funds ficarão abaixo de 4,2% até lá, uma opinião que parecia ter deixado para trás em agosto. Enquanto isso, o ouro disparou acentuadamente:




Geralmente, o ouro se sai bem com uma queda nos rendimentos reais; o metal não paga rendimento e tem melhor desempenho quando os títulos não oferecem renda protegida pela inflação. Mas, além disso, o ouro é visto como uma forma de apostar na incompetência dos bancos centrais. Enquanto os mercados de títulos apostam que o Fed cortará em breve, o mercado de ouro aposta que os banqueiros centrais logo se arrependerão disso.

Acredito que Authers divagou sobre os argumentos de que o mercado de ouro estaria pensando que “os bancos centrais se arrependerão”. Além do mais, tudo que foi captado nessas conversas citadas já era esperado pelo mercado.

Para dezembro próximo, elenco dois momentos importantes: a publicação dos dados de inflação (12/12) e a reunião do Fomc (13/12). Na primeira, é necessário que o processo de desinflação continue, e na segunda o Fed deveria dar sinais que o ciclo de alta terminou, mas também acredito que não indicará quando pretende reduzir os juros. Como se diz no jargão, está tudo precificado no sentido benigno. Do ponto de vista técnico, para o ouro é necessário romper a barreira de U$ 2.080.

No post bumbum-na-cadeira fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “ Um rompimento acima de U$ 2.008 pode ser o trigger para entrar com um trade de compra, ou a correção de curto prazo destacada acima ainda terá mais desdobramentos, em todo caso por enquanto trabalho com um mercado em alta para o ouro.” ...




Em relação ao trade executado, vamos manter o stop loss no preço de entrada a U$ 2.008. A “parede” demarcada no gráfico tem que ser penetrada e rompida. O mercado já deve estar bem comprado e, se não conseguir ultrapassar, poderá ter uma queda indigesta.




O SP500 fechou a 4.567, com alta de 0,38%; o USDBRL a R$ 4,9232, com alta de 0,36%; o EURUSD as € 1,0885, com queda de 0,76%; e o ouro a U$ 2.035, com queda de 0,45%.

Fique ligado!

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