Deflação raiz #nasdaq100 #SP500

 


Ontem o presidente do Fed fez algumas declarações das quais os mercados não gostaram muito. A que teve mais impacto foi “[O FOMC] está empenhado em alcançar uma orientação de política monetária que seja suficientemente restritiva para reduzir a inflação para 2% ao longo do tempo; não estamos confiantes de que alcançamos tal posição. Sabemos que o progresso contínuo na direção ao nosso objetivo de 2% não está garantido: a inflação deu-nos algumas falsas esperanças. Se for apropriado apertar ainda mais a política, não hesitaremos em fazê-lo”.

Essa postura está muito de acordo com o que relatei no post de ontem vamos-devagar-nos-juros: ...” os juros só poderiam cair de forma mais forte se ocorrer uma recessão, caso contrário será mais lento e mais adiante do que o mercado projeta” ... Powell, tamo junto!

Se viesse um marciano aqui e recebesse os dados de inflação de todos os países exceto da China, ele perguntaria o que aconteceu, pois quando estudou economia em seu planeta nunca viu algo semelhante. Em seguida, recebeu os dados da China que está em deflação, sua reação imediata seria “Fake News!” – lá em Marte também tem. Hahahaha ....

Stella Yifan Xie, em artigo do Wall Street Journal, reporta o que está acontecendo na China enfatizando seus riscos.

A China voltou à deflação em outubro após um breve alívio, destacando como é difícil para Pequim revigorar a demanda doméstica na segunda maior economia do mundo.

Em contraste com os EUA e muitas economias avançadas, onde domar a inflação continua sendo uma alta prioridade para os bancos centrais, a China tem lutado para reanimar a inflação durante a maior parte do ano – a mais recente evidência de que uma série de medidas de estímulo até agora não conseguiu aumentar a confiança do consumidor em meio a uma prolongada crise imobiliária.

Os novos sinais de deflação vieram após outros dados decepcionantes que apontam para uma perda de ímpeto na recuperação do país. As exportações caíram por seis meses seguidos em outubro, e  a atividade manufatureira contraiu inesperadamente.

Alguns economistas disseram que a leitura negativa do CPI indica que a demanda subjacente da China permanece fraca, mas não significa necessariamente que o país está caminhando para uma forte desaceleração.

"O que estamos vendo hoje é principalmente o resultado de um excesso de oferta, em vez de um colapso na demanda", observou Robert Carnell, chefe regional de pesquisa na Ásia-Pacífico do ING.

Os preços ao consumidor caíram 0,2% em outubro, depois de ficarem estáveis em setembro, informou o Escritório Nacional de Estatísticas da China nesta quinta-feira, a segunda vez que o CPI caiu para território negativo no ano desde julho. O número está muito abaixo da meta de 3% de aumento anual estabelecida pelo governo para o ano.

A inflação fraca foi impulsionada principalmente por uma queda mais acentuada nos preços dos alimentos, que caíram 4% em outubro, em comparação com uma queda de 3,2% em setembro. Os preços da carne suína, um prato principal nas mesas de jantar chinesas, despencaram 30% em relação ao ano anterior, já que o excesso de oferta assombra o setor.

Dong Lijuan, estatístico sênior do departamento de estatísticas, disse que a queda na inflação ao consumidor se deve à "oferta suficiente de produtos agrícolas à medida que as condições climáticas melhoraram", bem como a uma queda na demanda de consumo após um feriado de uma semana em outubro.

O núcleo da inflação, que exclui alimentos e outros bens voláteis, foi de 0,6%, desacelerando em relação ao ganho de 0,8% em setembro.

Em comparação, o índice de preços ao consumidor nos EUA subiu 3,7% em setembro em relação ao ano anterior, ainda acima da taxa de inflação de 2% que o Federal Reserve estabeleceu como meta.

A pressão persistente da deflação, continua a assombrar a China, à medida que os preços ao consumidor voltam a ficar negativos.




Enquanto isso, os preços ao produtor na China, que são cobrados pelos fabricantes na porta da fábrica, caíram 2,6% em relação ao ano anterior, em outubro. Isso marca o 13º mês consecutivo de deflação, alimentando preocupações de que muitos proprietários de fábricas estão cortando preços para competir por participação de mercado.

No parque industrial Longgang de Shenzhen, o gerente da fábrica, Huang Guanhua, disse que sua operação de fabricação de câmeras de painel para carros teve que oferecer descontos acentuados depois que os pedidos caíram quase 40% este ano em comparação com o ano anterior, reduzindo as margens de lucro da empresa.

"Este é o pior ano que tivemos", disse Huang, cuja fábrica começou a fabricar câmeras em 2013 e emprega cerca de 70 trabalhadores.

A pressão deflacionária assombrou a economia chinesa durante a maior parte do ano. O país teve um boom de gastos no início depois de abandonar todas as restrições relacionadas à Covid-19, mas rapidamente desapareceu à medida que uma crise imobiliária se aprofundou.

Economistas debatem se o país enfrenta risco de uma armadilha de deflação da dívida, em que a queda dos preços faz com que a dívida aumente em valor real, fazendo com que os consumidores fiquem inadimplentes com empréstimos e reduzam os gastos.

Muitos pensam que a China evitará um período prolongado de deflação, ao ponto que mais medidas de estímulo entrarem em ação.

"A inflação chinesa deve permanecer baixa no futuro próximo. Mas não achamos que o país esteja prestes a entrar em uma espiral deflacionária", escreveram economistas da Capital Economics. Eles observaram que, à medida que os apoios da política diminuem, o núcleo da inflação provavelmente retornará acima de 1% no primeiro semestre do próximo ano.

Alguns alertam que a pressão deflacionária veio para ficar, em parte porque a China está lutando para lidar com o risco crescente de excesso de capacidade de fabricação, à medida que as economias ocidentais lideradas pelos EUA intensificaram os esforços para reduzir a dependência das cadeias de suprimentos chinesas.

"A China provavelmente enfrenta pressão deflacionária de longo prazo, já que a demanda doméstica pode não ser capaz de absorver a capacidade ociosa", disse Serena Zhou, economista sênior para China da Mizuho Securities Asia, acrescentando que o impacto pode ser leve, mas duradouro. Ela espera que o CPI da China atinja cerca de 0,2% até o fim do ano.

A queda nos preços diminuiu as esperanças de que a economia da China estava se recuperando após uma ampla desaceleração das atividades no verão.

Dados publicados nesta semana mostraram que  as exportações caíram ainda mais em outubro, à medida que o aperto da política no Ocidente atingiu a demanda do consumidor por bens. Os indicadores de atividade nos setores de manufatura, serviços e construção do país enfraqueceram em outubro em relação ao mês anterior. 

Além de reduzir as taxas de hipoteca e aliviar os requisitos para compras de casas em grandes cidades, a China revelou no mês passado um plano  para emitir 1 trilhão de yuans, o equivalente a cerca de US$ 137 bilhões, em dívida para apoiar a economia, embora muitos economistas digam que medidas mais enérgicas são necessárias para estabilizar o crescimento.

"Os formuladores de políticas precisam permanecer em alerta máximo e continuar a apoiar a recuperação econômica", disse Carlos Casanova, economista sênior para a Ásia da Union Bancaire Privée em Hong Kong. Ele espera que o BC reduza ainda mais os juros em dezembro.

Como citou Stella no artigo a deflação se deve ao excesso de oferta, o caso clássico em que os preços caem e que denominei de “deflação raiz”. Essa abundância pode ser consequência de dois fatores no caso da China:  queda na demanda interna função dos vários problemas atuais desse país; e/ou pela diminuição das exportações função do embate que ocorre entre os países ocidentais – leia-se EUA e Europa. O gráfico a seguir aponta a mudança de direção de suas exportações. Embora possa parecer que o Brics estaria mais que compensando a queda dos EUA e Europa, enfatizo que o nível inicial dessa ilustração é indexado a 2018, sendo assim, o valor nessa data, do volume exportado pelo Brics, é muito inferior à desses países.



A deflação não é Fake News. A China está na contramão do mundo, fruto da sua política econômica e externa.

No post o-que-aconteceu fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “ A reação hoje deixa a impressão de que está em curso uma onda 3, o que não sei é de qual grau. Porém, posso afirmar que para essa alta assegurar um retorno ao cenário esperado, é necessário que a nasdaq100 ultrapasse a área destacada no gráfico abaixo entre 15.160/15.470” ...




Como podem notar no gráfico a seguir, a nasdaq100 ainda não conseguiu ultrapassar a área destacada. Uma análise na janela de 1 hora indica que a onda 1 em laranja foi completada essa semana1. Em menos de poucas horas fui forçado a rever minha contagem. Na nova versão a onda 1 laranja ainda não completou. O primeiro objetivo seria 15.527 conforme indica a ilustração abaixo. O intervalo apontado no gráfico acima como “precisar ultrapassar” foi ultrapassado indicando que a opção da alta fica mais sedimentada.




O Mosca iniciou uma posição no SP500 na semana passada quando não havia confirmação das 5 ondas, uma atitude conscientemente arriscada. Agora tudo indica que as 5 ondas está prestes a completar, em seguida um período de correção deve iniciar. Da mesma forma que a nasdaq100, a onda 1 em azul ainda tem um espaço de alta, o primeiro objetivo seria 4.476.

 


1 comentário elaborado no período da manhã que se mostrou incorreto a tarde. Deixei no texto para enfatizar a necessidade de uma postura dinâmica, principalmente quando a análise é feita em janelas de 1 hora.




O SP500 fechou a 4.415, com alta de 1,56%; o USDBRL a R$ 4,9065, com queda de 0,57%; o EURUSD a € 1,0684, com alta de 0,17%; e o ouro a U$ 1.935, com queda de 1,14%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Entrei comprado em NASDAQ 100. Tudo indica que a inflação vira baixa na terça, assim como ocorreu no Brasil, e a bolsa pode explodir para cima. Essa é a minha hipótese. Se basear no que o Fed diz, e não no que faz é um erro. Se eles estivessem com dúvidas teriam subido os juros. Tudo indica que virá rally de fim de ano na aba de uma narrativa de pouso suave.

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    1. É uma aposta que faz sentido, sugiro um stop loss curto para evitar surpresas. O Mosca espera um momento para entrar também nesse mercado.

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